28 de abril de 2011

Grupo restrito

Mais de dez clubes estão matematicamente ameaçados pelo rebaixamento, mas apenas cinco realmente lutam contra a degola - entre eles o West Ham de Scott Parker e o Blackpool de Charlie Adam

Já faz um bom tempo que usam a briga pelo rebaixamento como um dos parâmetros da competitividade vista na atual temporada da Premier League. Afinal, há várias rodadas poucos pontos separam os dez times localizados na parte inferior da tabela de classificação, fazendo com que o temor do rebaixamento rondasse muitos clubes nos últimos meses.

De fato, a situação não mudou muito. A diferença do Fulham, 9º colocado, para o West Ham, lanterna da Premier League, é de apenas 10 pontos. O problema é que, a quatro rodadas do final da competição, o grupo de reais candidatos ao descenso diminuiu. Com 12 pontos a serem disputados, a tendência é que Fulham (com 42 pontos), Stoke (42), Newcastle (41), Sunderland (41), Aston Villa (41), West Brom (40) não sejam superados. Além de manterem uma distância razoável para o Wigan, que possui 34 pontos e é o primeiro clube a figurar na zona de rebaixamento, as equipes citadas possuem elencos minimamente razoáveis e vem conseguindo resultados que lhes permitem continuar na elite inglesa.

Levando isso em consideração, é possível limitar a briga pelo rebaixamento entre cinco clubes, mais precisamente os cinco últimos colocados: Blackburn (com 35 pontos), Blackpool (34), Wigan (34), Wolverhampton (33) e West Ham (32). O Birmingham, com 38 pontos, pode ser engolido por esse grupo, mas isso parece ser difícil – os Blues vem se dando bem em casa. De qualquer modo, a briga aqui será de cachorro grande – ou melhor, de cachorro pequeno.

Os cinco times passam por momentos bem ruins na competição – alguns tão deploráveis de dar pena -, e dão poucos sinais de reação nessa reta final. O drama das equipes está carimbado no desempenho recente de cada um: o Blackburn não vence há incríveis dez jogos; o Blackpool, há sete; o West Ham, há cinco; e os Wolves, há quatro. Esse retrospecto ruim, além de coloca-los entre os mais cotados para cair, ainda ajuda a suportar a tese citada dois parágrafos acima: afinal, os cinco últimos colocados vão tão mal na Premier League que talvez mal incomodem West Brom e os clubes acima dos Baggies.

Aliás, é esse retrospecto que tornará imprevisível a briga pelo rebaixamento entre os cinco conjuntos. Quem apresentar um mínimo de melhora fatalmente escapará. O exemplo disso é o Wigan. Cotado para cair desde o começo da temporada, os Latics, enquanto seus concorrentes sofriam com suas secas de resultados positivos, venceram duas das últimas cinco partidas, conquistaram 7 dos últimos 15 pontos disputados, deixaram a lanterna e até chegaram a sair da zona de descenso. Não é a equipe mais apropriada para sair lá (frequentam a zona de rebaixamento desde o começo do campeonato), mas bastou algum sucesso para aproveitar a ineficácia dos outros.

Difícil mesmo é prever melhora para times tão fragilizados ultimamente e sem confiança alguma. Logo, o ideal é apostar nos confrontos diretos, que poderão resolver muita coisa. O West Ham receberá o Blackburn na 36ª rodada e visitará o Wigan na ronda seguinte, enquanto os Wolves enfrentarão os Rovers dentro de seus domínios na rodada decisiva. Mal conseguindo arrancar pontos de alguém, a salvação contra o rebaixamento pode estar justamente nesses jogos dos desesperados.

Imagem: Daylife

25 de abril de 2011

Período decisivo

Rooney, Berbatov e Giggs terão de ser fundamentais na sequência decisiva que espera o Manchester United nas próximas duas semanas

A vitória sobre o Everton por 1 a 0 foi essencial para o Manchester United na Premier League. O resultado permitiu que o clube mantivesse sua vantagem de seis pontos na classificação geral para o embalado Chelsea e abrisse nove para o titubeante Arsenal a quatro rodadas do fim do campeonato. Porém, mais do que isso, dá maior tranquilidade para os mancunianos encararem uma sequência decisiva de jogos nas próximas duas semanas.

Nesse tempo, os Red Devils irão decidir o seu destino na atual temporada. Nesta terça e na quarta da semana que vem, terão pela frente o Schalke 04 pelas semifinais da Champions League. Já nos próximos dois domingos, pela Premier League, enfrentarão o Arsenal, fora de casa, e o Chelsea, dentro de seus domínios. Serão quatro partidas duríssimas em menos de quinze dias que indicarão o caminho do sucesso (final europeia e título nacional) ou o do fracasso (queda diante dos alemães e complicação na briga pelo campeonato doméstico).

Em tese, o Manchester United é levemente favorito em todos os confrontos. Os ingleses possuem um conjunto melhor do que o dos alemães, mas deve tomar cuidado contra um time embalado e que joga com menos pressão porque sabe que já chegou longe demais. Enquanto isso, possuem certa tranquilidade para praticar seu estilo de jogo pragmático e cauteloso contra Arsenal e Chelsea, que, pressionados pela necessidade de vencerem, terão de se arriscar mais do que o normal contra a equipe de Sir Alex Ferguson.

Porém, não há dúvidas que tanto o estresse quanto o cansaço serão os maiores inimigos do Manchester United nessa mini-campanha. Por mais que a equipe possa contar com algumas facilidades a seu favor, a série de partidas muito importantes irá exigir demais do jogadores. Além dos embates demandarem grandiosos confrontos psicológicos e exigirem demais do físico do físico de cada um, os atletas estarão expostos a cansativas viagens: terça jogarão na Alemanha, no domingo atuarão em Londres e na quarta estarão em Manchester, assim como no outro domingo. A correria desenfreada fora do campo, aliada a possíveis pressões provenientes de derrotas (como a necessidade de uma vitória contra o Schalke na segunda partida ou uma inesperada perda na Premier League) pode ser o principal inimigo do clube nessa época.

Os Red Devils, mais do que nunca, precisarão das assistências de Nani, dos gols de Berbatov, da estrela de Chicharito, da ressurreição de Rooney e da solidez proveniente do trio van der Sar/ Ferdinand/ Vidic. Os grandes momentos desses jogadores serão fundamentais para ajudar o time a ter sucesso nessa fase. Porém, isso também denuncia um defeito: devido às peças de reposição nem sempre corresponderem muito bem - veja o risco que foi poupar jogadores contra o Everton, com a vitória sendo conseguida já nos últimos minutos -, a rotatividade deverá ser baixa nessa época, o que pode agravar ainda mais o desgaste dos titulares. Ou seja: de fato, será um período bem complicado para o clube.

Imagem: Zimbio

24 de abril de 2011

34ª rodada - Comentários

Primeiro gol de Fernando Torres com a camisa do Chelsea foi o ápice dos fatos históricos que ocorreram na rodada

O fato da maioria dos jogos terem sido disputados no sábado de aleluia inspirou equipes e jogadores a alcançarem diversos feitos. Só nessa data, o Sunderland voltou a vencer após nove jogos, o Liverpool pode comemorar um gol de Joe Cole e um hat-trick de Maxi Rodriguez e até mesmo Fernando Torres marcou seu primeiro gol pelo Chelsea, após quatorze partidas de seca. Porém, o Manchester United não amoleceu e venceu mais uma vez, mantendo sua distância de seis pontos para o Chelsea e ampliando a sua para o Arsenal para nove, devido a derrota dos londrinos. Abaixo, os comentários dos jogos. Aqui, a classificação geral.

Manchester United 1 x 0 Everton (Hernandez) – O Everton foi muito bem defensivamente e teve em Jagielka e Distin seus grandes pilares, mas ainda assim não conseguiu deter a força do Manchester United. Mesmo sem brilhar, o time da casa buscou a vitória (Rooney chegou a jogar quase como volante para acomodar tantos homens ofensivos na equipe), praticou um verdadeiro bombardeio em vários momentos do jogo e mereceu a vitória, embora ela tenha vindo com um gol irregular (Chicharito estava impedido). Com a vitória, os Red Devils podem partir para uma dura sequência de quatro jogos decisivos na temporada com seis pontos para o Chelsea, segundo colocado. Já os Toffees estão em 7º, com 47 pontos.

Aston Villa 1 x 1 Stoke (Bent; Jones) – O Stoke finalmente conquistou o seu primeiro ponto fora de casa em 2011, mas deixou o campo frustrado. Em meio aos problemas de saúde de Gerard Houllier, o Aston Villa teve sorte ao sair com um empate, após ter sido superado pelos visitantes, sobretudo no primeiro tempo. Darren Bent provou ter sido uma excelente aquisição do clube, ao empatar a partida quando poucos esperavam e, com sete gols, se tornar o artilheiro da equipe na temporada, mesmo tendo chegado apenas em janeiro. O Villa, a quatro jogos sem perder, está na 11ª posição, com 41 pontos. Os Potters estão em 14º, com 39.

Blackpool 1 x 1 Newcastle (Campbell; Lovenkrands) – O Newcastle ainda se mostrava cansado devido ao jogo contra o Manchester United no meio da semana e era sábado de aleluia, mas nem assim o Blackpool voltou a vencer. Os anfitriões até jogaram melhor, criaram mais e colocaram bola na trave, mas o gol dos visitantes no começo do jogo pesou na recuperação dos comandados de Ian Holloway. Com o resultado, os Tangerines voltam à 17ª posição, com 34 pontos, mas ainda está bem ameaçado de cair. Já os Mapgies estão mais tranquilos, com 41 pontos e na 9ª colocação.

Liverpool 5 x 0 Birmingham (Maxi Rodriguez (3), Kuyt, Joe Cole) – O sábado de aleluia foi bem inspirador aqui, numa partida já decidida pelo Liverpool assim que estavam dois gols a frente no placar. Maxi Rodriguez e Joe Cole, figuras apagadíssimas do Liverpool na atual temporada, marcaram quatro dos cinco gols da equipe – Maxi marcou um hat-trick! O argentino, aliás, foi uma arriscada mas acertadíssima aposta de Kenny Dalglish para substituir o machucado Andy Carroll. De certa forma, é graças ao mítico escocês que os Reds se recuperaram e chegaram à 6ª posição, com 52 pontos e a apenas 3 do Tottenham, clube que está na zona de classificação para a Liga Europa. Já os Blues, com 38 pontos, caíram para a 15ª posição.

Sunderland 4 x 2 Wigan (Gyan, Henderson (2), Sessegnon; Diamé, Di Santo) – O Wigan foi outra vítima dos milagres da rodada. Depois de saírem na frente no começo da segunda etapa, foram literalmente atropelados por um sensacional Sunderland, que não sucumbiu ao ver seus dois atacantes machucados e utilizou seu povoadíssimo meio campo (em tese, havia seis jogadores no setor) para anotar quatro gols em vinte minutos. É necessário destacar Henderson, que voltou a ser um dos grandes condutores da equipe depois de cair demais de produção. Com a vitória, a primeira em dez jogos, os Black Cats pularam para a 10ª posição, com 41 pontos. Já os Latics caíram para o 18º posto, com 34 pontos.

Tottenham 2 x 2 West Brom (Pavlyuchenko, Defoe; Odemwingie, Cox) – Mais um belíssimo resultado do conjunto de Roy Hodgson, que, sempre explorando os contra-ataques, quase arrancou uma vitória fora de seus domínios. O Tottenham, porém, tem muito a lamentar: deu terreno ao adversário quando abriu 2 a 1 e foi castigado ao fim do jogo. Provando ter uma campanha irregular em casa (já são oito empates em White Hart Lane) e contra equipes pequenas (vários pontos perdidos para times da parte de baixo da tabela), os Spurs, na 5ª posição e com 55 pontos, se veem cada vez mais longe da próxima Champions League – não por estarem longe dos quatro primeiros, mas sim por perderem muitos pontos bobos. Já os Baggies, em 12º e com 40 pontos, estão bem perto de se verem livres do descenso.

Wolverhampton 1 x 1 Fulham (Fletcher; Andrew Johnson) – O Wolverhampton, após marcar o seu gol antes da metade da etapa inicial, vacilou ao recuar muito e assistir o Fulham crescer no jogo e tomar as rédeas da situação até marcar seu tento já ao fim da partida. Méritos para os visitantes e para Mark Hughes, que colocou seu time para frente buscando o empate – na verdade, seu conjunto foi tão dominante que poderia até ter vencido. Os Wolves, cada vez mais sem conseguir reagir, estão na 19ª posição, com 33 pontos. Já os Cottagers estão em 13º, com 39 pontos.

Chelsea 3 x 0 West Ham (Lampard, Torres, Malouda) – Com tantos milagres acontecendo na rodada e uma das defesas mais frágeis do campeonato da Inglaterra a sua frente, Fernando Torres conseguiu, após quatorze jogos, marcar seu primeiro gol pelo Chelsea, ofuscando qualquer outra constatação sobre a partida. Na verdade, o West Ham até chegou a ameaçar em alguns momentos, mas, sem Parker e com Noble se machucando durante o confronto, as coisas ficaram mais fáceis para os anfitriões. Os Blues continuam em 2º e a seis pontos do Manchester United. Já os Hammers estão na lanterna do campeonato, com 32 pontos. Embora estejam a apenas dois pontos do 17º colocado, as quatro derrotas seguidas abalaram um time que aparentava subir de produção.

Bolton 2 x 1 Arsenal (Sturridge, Cohen; van Persie) – Num jogo que serviu para Sturridge e van Persie aumentarem suas incríveis marcas (o primeiro marcou 7 vezes em 9 jogos , e o segundo, 15 vezes em 21), o Bolton venceu numa partida em que o Arsenal nunca deveria ter perdido. Os visitantes dominaram o segundo tempo por completo e não saíram com os três pontos porque van Persie, magistral na partida de hoje, não foi correspondido pelos seus apagados companheiros e pela sua pobre defesa, que teve péssima atuação hoje. Com a derrota, os Gunners, a nove pontos da liderança, já são quase carta fora do baralho na disputa pelo título. Já os Wanderers continuam na 8ª posição, com 46 pontos. Importante destacar a bela comemoração de Tamir Cohen, que homenageou seu pai, ex-jogador do Liverpool e falecido no final de 2010.

Blackburn 0 x 1 Manchester City (Dzeko) – A árdua adaptação de Dzeko ao futebol inglês adiou demais o primeiro gol do atacante pelo Manchester City na Premier League, mas ele veio em grande hora. A equipe de Mancini, sem o machucado Tevez, esteve bem abaixo do esperado, mas conseguiu um importante gol que garantiu a 4ª posição do time na tabela e aumentou a diferença para o Tottenham para quatro pontos. Já o Blackburn está em péssima condição. Sem conseguir uma vitória nos últimos 10 jogos e jogando cada vez mais sem confiança, os Rovers estão na 16ª posição, com 35 pontos. Ninguém mandou ter demitido equivocadamente Sam Allardyce e não ter jogado no sábado...

Imagem: The Guardian

21 de abril de 2011

A dura missão dos Wolves

Com seis jogos pela frente, Mick McCarthy terá de lutar contra o retrospecto desfavorável de sua equipe para manter o Wolverhampton na Premier League

Além de ter acabado com a longa invencibilidade do Manchester United na temporada, o maior feito do Wolverhampton na atual temporada foi ter tirado úteis pontos de equipes grandes. Além de ter derrotado os Red Devils, ainda venceu Manchester City, Liverpool (em pleno Anfield) e Chelsea e arrancou um empate contra o Tottenham. Devido ao fato de ser uma equipe pequena, tais conquistas deveriam ter ajudado o clube a se manter numa posição estável na tabela. Mas não é bem assim.

Com seis jogos para disputar, os Wolves se encontram na lanterna do campeonato, com 32 pontos. Se o time já abocanhou 13 pontos das temidas equipes da Inglaterra, conquistou apenas 19 contra as demais, o que demonstra uma grande capacidade da equipe se concentrar e tirar tudo de si em jogos grandes e uma preocupante incapacidade de se impor diante de conjuntos de igual ou parecida reputação. Aliás, as seis derrotas em casa e apenas duas vitórias fora (uma delas, contra o gigante Liverpool) provam isso. É justamente esse fato que deve preocupar o clube para os próximos jogos, que, inicialmente, conspiram a favor dos comandados de Mick McCarthy.

Além de haver muita gente interessada em cair, o Wolverhampton não terá pela frente uma sequência de jogos complicada. A princípio, encarar Fulham, West Brom e Blackburn em casa, todos também na luta pelo rebaixamento, não parecer ser das missões mais difíceis. Da mesma forma, arrancar bons resultados contra Stoke, Birmingham e Sunderland (todos também tentando não cair) fora do Molineux também não parece ser impossível, embora, obviamente, requeira muito mais concentração e determinação (sobretudo contra os Potters, fortíssimos no Britannia). Porém, o retrospecto desfavorável da equipe nesse tipo de jogos suscita desconfianças sobre a possibilidade de sucesso nessa série decisiva.

De certa forma, seria uma pena ver o Wolverhampton cair. Com um dos elencos mais limitados da Inglaterra, McCarthy faz o que pode e ainda conseguiu grande simpatia ao acabar com as chances do Manchester United conquistar o título da Premier League de forma invicta, quando os Wolves parecia uma das únicas equipes que não teria calibre para fazer isso. Mas, se não conseguir se impor e vencer pelo menos as três partidas que terão em casa, evitar o rebaixamento será uma missão ainda mais complicada.

Imagem: Telegraph