Ser eliminado nas oitavas-de-final da Copa mais promissora pós-Jules Rimet - e isso não é mero clichê -, pela Alemanha, com goleada e com erro abissal da arbitragem é o maior pesadelo que os ingleses poderiam viver na África do Sul. O primeiro passo para entender o que aconteceu é o estabelecimento de algo muito simples: a goleada - não a eliminação - diante dos alemães foi circunstancial. Não quero tocar no velho debate sobre a exploração de recursos tecnológicos no futebol, uma vez que me parecem óbvias sua viabilidade e sua potencial eficácia. Mas vale dizer que, quando a Inglaterra empatou por 2 a 2 e o gol de Lampard lhe foi tirado, havia duas possibilidades claras: Capello utilizar o evento para enfurecer, no melhor sentido, os jogadores, ou estes sucumbirem definitivamente.
A segunda opção foi estampada na atuação ridícula da equipe na meia-hora final. Sim, a Inglaterra manteve a bola em seus pés durante a maior parte do tempo, mas a postura estabanada e, por vezes, pouco interessada assustou. Após uma série de toques laterais, a Alemanha recuperava a bola com facilidade e partia, com a habitual eficiência na execução de tarefas (e, nesse aspecto, nenhum germânico é melhor do que Thomas Müller), para sempre ameaçar a desastrosa defesa (des)armada por Fabio Capello. Ao fim do jogo, o fato de nenhum inglês ter demonstrado sofrimento com o fracasso também chamou a atenção. Lampard, o menos pior do English Team na partida de hoje, conversava com Schweinsteiger como se estivesse deixando o campo após uma tranquila vitória do Chelsea sobre o Stoke City.
O aspecto físico também foi decisivo. Na jogada do quarto gol alemão, a Hispania de Gareth Barry foi pulverizada pela Red Bull de Özil, que não precisou fazer nada além de correr e controlar a bola, sem resistência, para dar a alegria a Müller. Com Rooney a fazer sua pior partida nos últimos tempos e Capello a ignorar o despedaçado Lennon, são computadas mais duas peças que seriam absolutamente fundamentais a qualquer pretensão de sucesso da Inglaterra.
No fim do cotejo, Capello ratificou sua confusa Copa ao substituir o pendurado Glen Johnson por Wright-Phillips. Daí, surgem algumas perguntas: (1) Qual era a intenção do atrapalhado italiano ao recorrer ao reserva do ignorado Adam Johnson no Manchester City para atuar na lateral-direita, a quatro minutos do fim da tragédia? (2) O que Wright-Phillips, Heskey, Carragher e Warnock faziam na África do Sul? (3) O que Ashley Young, Adam Johnson, Richards e Bent (ou Walcott, Agbonlahor, whoever) fazem na Inglaterra? (4) Foi cogitada a possibilidade de implementação de esquemas alternativos. Se o time estava tão mal nos dois primeiros jogos, por que ele não fez nada para evitar o fracasso?
Não obstante, a Inglaterra fez um jogo razoável contra a Eslovênia, com alguns momentos muito positivos. Diante da Alemanha, os tais momentos positivos ficaram restritos a cinco minutos, quando a equipe marcou, de fato (não de direito), dois gols. Os grandes problemas da fatídica eliminação foram a parca atenção prestada à movimentação alemã e o ridículo posicionamento que permitiu a Klose, Podolski (aquele pessoal que joga a cada quatro anos), Müller e Özil (esse pessoal que deve jogar demais nos próximos dez) fazerem a festa. Não tacharia o trabalho feito nos últimos dois anos de equivocado. Faltou compreender que o planejamento ajuda, mas não garante uma Copa decente. Trabalha-se bem em 24 meses, mas uma sucessão de falhas em 15 dias é suficiente para alimentar o desastre.
Assim, o cansaço e a má fase de alguns jogadores dão razão a Tim Vickery, colunista da BBC no Brasil: "a Copa, para a Inglaterra, chegou com um ano de atraso". Afirmação que, por sua vez, não anula o potencial que esse time tinha para explodir durante o torneio. Por outro lado, os níveis de concentração e gana de alguns jogadores decepcionaram. A única das principais peças que fez jus às expectativas foi o capitão Gerrard, aquele de quem, curiosamente, menos se esperava por conta da fraca temporada. Com ou sem Jorge Larrionda e Mauricio Espinosa, o destino da Inglaterra, com a maior parte dos minutos a que assistimos, seria o mesmo.
Foto: Divulgação
A segunda opção foi estampada na atuação ridícula da equipe na meia-hora final. Sim, a Inglaterra manteve a bola em seus pés durante a maior parte do tempo, mas a postura estabanada e, por vezes, pouco interessada assustou. Após uma série de toques laterais, a Alemanha recuperava a bola com facilidade e partia, com a habitual eficiência na execução de tarefas (e, nesse aspecto, nenhum germânico é melhor do que Thomas Müller), para sempre ameaçar a desastrosa defesa (des)armada por Fabio Capello. Ao fim do jogo, o fato de nenhum inglês ter demonstrado sofrimento com o fracasso também chamou a atenção. Lampard, o menos pior do English Team na partida de hoje, conversava com Schweinsteiger como se estivesse deixando o campo após uma tranquila vitória do Chelsea sobre o Stoke City.
O aspecto físico também foi decisivo. Na jogada do quarto gol alemão, a Hispania de Gareth Barry foi pulverizada pela Red Bull de Özil, que não precisou fazer nada além de correr e controlar a bola, sem resistência, para dar a alegria a Müller. Com Rooney a fazer sua pior partida nos últimos tempos e Capello a ignorar o despedaçado Lennon, são computadas mais duas peças que seriam absolutamente fundamentais a qualquer pretensão de sucesso da Inglaterra.
No fim do cotejo, Capello ratificou sua confusa Copa ao substituir o pendurado Glen Johnson por Wright-Phillips. Daí, surgem algumas perguntas: (1) Qual era a intenção do atrapalhado italiano ao recorrer ao reserva do ignorado Adam Johnson no Manchester City para atuar na lateral-direita, a quatro minutos do fim da tragédia? (2) O que Wright-Phillips, Heskey, Carragher e Warnock faziam na África do Sul? (3) O que Ashley Young, Adam Johnson, Richards e Bent (ou Walcott, Agbonlahor, whoever) fazem na Inglaterra? (4) Foi cogitada a possibilidade de implementação de esquemas alternativos. Se o time estava tão mal nos dois primeiros jogos, por que ele não fez nada para evitar o fracasso?
Não obstante, a Inglaterra fez um jogo razoável contra a Eslovênia, com alguns momentos muito positivos. Diante da Alemanha, os tais momentos positivos ficaram restritos a cinco minutos, quando a equipe marcou, de fato (não de direito), dois gols. Os grandes problemas da fatídica eliminação foram a parca atenção prestada à movimentação alemã e o ridículo posicionamento que permitiu a Klose, Podolski (aquele pessoal que joga a cada quatro anos), Müller e Özil (esse pessoal que deve jogar demais nos próximos dez) fazerem a festa. Não tacharia o trabalho feito nos últimos dois anos de equivocado. Faltou compreender que o planejamento ajuda, mas não garante uma Copa decente. Trabalha-se bem em 24 meses, mas uma sucessão de falhas em 15 dias é suficiente para alimentar o desastre.
Assim, o cansaço e a má fase de alguns jogadores dão razão a Tim Vickery, colunista da BBC no Brasil: "a Copa, para a Inglaterra, chegou com um ano de atraso". Afirmação que, por sua vez, não anula o potencial que esse time tinha para explodir durante o torneio. Por outro lado, os níveis de concentração e gana de alguns jogadores decepcionaram. A única das principais peças que fez jus às expectativas foi o capitão Gerrard, aquele de quem, curiosamente, menos se esperava por conta da fraca temporada. Com ou sem Jorge Larrionda e Mauricio Espinosa, o destino da Inglaterra, com a maior parte dos minutos a que assistimos, seria o mesmo.
Foto: Divulgação