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6 de outubro de 2011

O melhor dos piores


Quem assistiu ao clássico entre Liverpool e Everton viu que o time azul fazia um jogo equilibrado até a expulsão, injusta, do volante Rodwell aos 30 minutos do primeiro tempo. Mesmo assim, os Reds foram marcar apenas na metade na metade da segunda etapa.

Isso prova que o Everton é um time muito organizado e com bons jogadores. Nas últimas temporadas, acostumou-se a terminar na sétima colocação da Premier League, posição que significa ser o melhor dos piores.

Com um orçamento baixo, o time dirigido há nove anos por David Moyes não consegue enfrentar o top 6, formado por Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Liverpool e Tottenham. A equipe não faz contratações caras e muda muito pouco o elenco de uma temporada a outra.

Se grandes estrelas não chegam, o clube também não faz muitas vendas, o que garante o entrosamento dentro de campo. Difícil lembrar de jogadores que saíram do Everton para figurar nos grandes clubes do país. Nas últimas temporadas destaco apenas três transações. O jovem Rooney, que desde cedo mostrava potencial para ser uma grande estrela, foi para o Manchester United. O zagueiro Lescott saiu para o Manchester City, enquanto, há poucas semanas, Arteta se transferiu ao Arsenal.

São poucas saídas, se considerarmos que o Everton faz boas campanhas nos últimos campeonatos. O time montado por Moyes não é vistoso e nem conta com grande técnica. Entretanto, é muito competitivo e difícil de ser batido.

O time azul conta com refugos de grandes clubes, como o goleiro Howard, o lateral/volante Phil Neville, o zagueiro Distin e o atacante Saha. As estrelas do time são o ótimo zagueiro Jagielka, o desengonçado volante/meia Fellaini e o meia-atacante australiano Cahill (foto), que, apesar de baixo, é ótimo do jogo aéreo e sempre marca seus golzinhos. Revelações como Rodwell e o meia Coleman também já começam a ganhar espaço.

Mesmo os principais jogadores do time não seriam titulares absolutos em equipes do top 6 (talvez apenas Jagielka). Assim como Arteta, que só chegou com status no Arsenal pois o caos se instalou nos Gunners após a derrota de 8 a 2 contra o rival Manchester United, e já mostrou que não será substituto de Fabregas ou Nasri. O espanhol, assim como Cahill, é apenas um bom jogador.

Nas últimas temporadas, o Everton sempre começa mal e vai se recuperando com o tempo. Passadas sete rodadas, o time é o 13º, mas tem um jogo a menos que os demais. Uma vitória nesse duelo já leva a equipe a 8ª colocação. Uma campanha consistente, com um futebol sólido, mas nunca bonito de se ver. É certo que o Everton será assim. O título de melhor dos piores, isto é, a 7ª colocação, também é muito provável.

27 de agosto de 2011

Resumo dos jogos deste sábado da terceira rodada da Premier League

A terceira rodada da Premier League foi iniciada neste sábado com seis jogos. Confira o resumo de cada uma das partidas.

Aston Villa 0x0 Wolverhampton Wanderers


E no primeiro jogo da rodada, tivemos uma partida bem fraca tecnicamente, podemos dizer que sonolenta. Placar de 0 a 0 foi justo. O Aston Villa conquistou o seu segundo empate em três jogos e ocupa o sexto lugar, enquanto o Wolves perdeu a sequência de vitórias e está em 3º. O time da casa era quem tentava algo mais, no 4-3-3, enquanto o visitante se limitava aos contra-ataques. Na próxima rodada, dia 10/09, o Aston Villa vai até Liverpool encarar o Everton, enquanto o Wolverhampton recebe o Tottenham no Molineux.

Wigan Athletic 2x0 Queen Park Rangers


E numa partida bem confusa, o Wigan se manteve invicto em casa, enquanto o QPR que parecia ir bem na Premier League, perdeu o segundo jogo seguido. Com dois gols de Di Santo (isso mesmo, você não leu errado) o time da casa assumiu a sétima colocação. Enquanto o QPR que até foi bem no jogo (como nos outros dois jogos) está em 11º. Na próxima rodada, o Wigan vai até Manchester enfrentar o City no dia 10/09, enquanto o QPR recebe o Newcastle (no dia 12/09).

Blackburn Rovers 0x1 Everton


Com direito a show particular de Tim Howard, o Everton venceu fora de casa o Blackburn por 1 a 0, com gol de Arteta, no finalzinho. O jogo foi muito brigado (literalmente, foram 7 cartões amarelos e dois jogadores se lesionaram), o time da casa se deu ao "luxo" de perder dois pênaltis e levou a pior, quando Arteta de pênalti fez o gol do jogo. Os Rovers continuam se pontuar e é o lanterna, enquanto os Toffees ocupam o 10º lugar. Na próxima rodada o Everton recebe o Aston Villa no Goodison Park no dia 10/09, enquanto o Blackburn vai até Londres enfrentar o Fulham no dia 11/09.

Chelsea 3x1 Norwich City


E o jogo no Stamford Bridge, os Blues conseguiram a segunda vitória e agora ocupa o segundo lugar, enquanto os Canários continuam sem vencer e estão em 14º. Apesar do placar, o jogo foi bem disputado, mas a qualidade do elenco do Chelsea prevaleceu sobre o modesto Norwich e o time da casa saiu vitorioso. Os gols da partida foram marcados por  Bosingwa, Lampard e Mata (a sua estreia na EPL) a favor do Chelsea, e Holt para o Norwich. Na próxima rodada o Chelsea enfrenta o Sunderland no Stadium of Light no dia 10/09, enquanto Norwich recebe o WBA em casa no dia 11/09.

Swansea City 0x0 Sunderland


E o jogo no Liberty Stadium o time da casa empatou em zero com os Black Cats. Jogo movimentado, porém os goleiros Vorm (Swansea) e Mignolet (Sunderland) impediram os gols. O Swansea ocupam o 15º lugar, enquanto o Sunderland está em 13º. Na próxima rodada, no dia 10/09, o Swansea vai até Londres enfrentar o Arsenal, enquanto o Sunderland recebe o Chelsea.

Liverpool 3x1 Bolton Wanderers


O Liverpool recebeu o Bolton no Anfield, venceu bem e apresentou um bom futebol. Os Reds conquistaram a segunda vitória e agora ocupam a liderança, enquanto os Trotters perderam a segunda e ocupam o 9º lugar.  Com amplo domínio o Liverpool fez 3 a 0 com certa facilidade (Henderson, Skrtel e Adam), e numa infelicidade de Carragher, o Bolton fez o gol de honra aos 92 minutos com Klasnic. Na próxima rodada, no dia 10/09, o Liverpool enfrenta o Stoke fora de casa, enquanto o Bolton recebe o Manchester United no Reebok Stadium.

Neste domingo, teremos ainda quatro jogos: Newcastle United x Fulham, Tottenham Hotspur x Manchester City, West Bromwich Albion x Stoke City e Manchester x United. A classificação da Premier League ficou da seguinte maneira:

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Por Arthur Barcelos (@arthurbarcelos_)

20 de agosto de 2011

Resumo dos jogos deste sábado da segunda rodada da Premier League

A segunda rodada da Premier League foi iniciada neste sábado com seis jogos. Confira o resumo de cada uma das partidas.

Sunderland 0x1 Newcastle



No duelo que abriu a jornada, o Sunderland começou melhor e atacou o Newcastle. Jogando em casa, no Stadium of Lights, os Black Cats criaram chances, principalmente com Sessegnon e Larsson, mas a bola não entrou, ora por Krul defendendo, outrora pela bola tirada em cima da linha por Barton, supostamente com o braço. O árbitro Howard Webb mandou seguir. Preso na defesa no primeiro tempo, os Magpies se arrumaram na etapa final e conseguiram organizar mais jogadas de ataque. E foi o Newcastle que abriu o marcador com Ryan Taylor, de falta, aos 17 minutos. O técnico Steve Bruce mexeu rapidamente no Sunderland, mas não adiantou nada e viu seu time perder em casa o clássico do nordeste inglês (chamado de Tyne-Wear Derby).

Arsenal 0x2 Liverpool


O primeiro clássico de times grandes da temporada teve desfecho ruim para o Arsenal, que perdeu por 2x0, mesmo jogando no Emirates Stadium. O time até que foi bem, criou algumas oportunidades, com Frimpong e Nasri (um dos poucos que se salvaram das vaias), mas também se expôs ao contra-ataque. Carroll e Adam davam trabalho à Szczesny. No segundo tempo, os Gunners tiveram boa chance com Van Persie, mas Reina salvou. Perto do fim, o Arsenal levou o castigo. O primeiro gol dos Reds foi de Ramsey, contra, após falha generalizada da defesa; e o segundo foi de Suárez, que tocou pras redes sem goleiro. A fraca atuação dos londrinos fizeram a torcida vaiar o time no final do jogo. Para o Liverpool, a vitória levou a equipe para quatro pontos em dois jogos.

Swansea 0x0 Wigan


Na primeira partida do Swansea como mandante na Premier League, o time não saiu do zero contra o Wigan. Mas o jogo não foi tão ruim como o resultado sugere. No primeiro tempo, os Cisnes tiveram a iniciativa e o Wigan se fechava, explorando o contra-ataque. O placar não foi aberto porque o Swansea teve incompetência na hora da finalização. Nos 45 minutos finais, o duelo foi mais equilibrado e o Wigan poderia ter vencido em um pênalti, mas Watson perdeu, quando bateu e Vorm defendeu. É o primeiro ponto dos Cisnes na volta à primeira divisão. Já os visitantes foram para o segundo empate em dois jogos.

Everton 0x1 QPR


A estreia do Everton (não jogou na primeira rodada diante o Tottenham devido aos ataques em Londres) não foi das melhores. O QPR foi ao Goodison Park mordido pela goleada sofrida na primeira rodada (4x0 do Bolton) e foi determinado a tentar pontuar. E aos 30 minutos, o time conseguiu isso, com Tommy Smith, que fez 1x0. Na etapa final, os Toffes pressionaram desesperadamente, mas sem sucesso. Os Rangers se recuperam da humilhação de sábado passado e conquistam seus três primeiros pontos na Premier League.

Aston Villa 3x1 Blackburn


Aproveitando a fragilidade do adversário, o Aston Villa venceu com tranquilidade o Blackburn por 3x1, no Villa Park. Agbonlahor e Emile Heskey colocaram o Villa com 2x0 de vantagem no primeiro tempo. O Blackburn não conseguia sair para o jogo e tomou ainda mais sufoco. Na etapa final até conseguiu diminuir com Pedersen, mas logo levou o terceiro, com Darren Bent. Com isso, o Aston Villa foi para quatro pontos. Já o Blackburn segura a lanterna, com ainda nenhum ponto.

Chelsea 2x1 West Bromwich


Na partida que fechou o sábado, o Chelsea, a duras penas, venceu o West Bromwich por 2x1, em Stamford Bridge. Mas o resultado apertado foi o de menos para o técnico André Villas-Boas, que venceu oficialmente seu primeiro jogo pelos Blues. No primeiro tempo o WBA logo abriu o placar, com Long, depois de Ramires errar passe no meio-campo. O Chelsea esbarrou no meio-campo do adversário, devido a forte marcação que o WBA tinha. Na etapa final, os londrinos mudaram de atitude e empataram com Anelka, aos 8. Porém, o West Bromwich também assustava com Scharner. Fernando Torres, apagado, deu lugar a Drogba, e isso fez os Blues melhorarem ainda mais no poder ofensivo, tanto que, aos 38 minutos, Malouda empurrou para as redes, após jogada de Bosignwa, definindo a vitória do Chelsea, que foi para quatro pontos na Premier League. Os Baggies seguem sem ganhar, com duas derrotas.

A rodada será completada neste domingo com Wolves x Fulham, Norwich x Stoke City e Bolton x Manchester City. Na segunda-feira, Manchester United x Tottenham se enfrentam no Old Trafford.

Por: Márcio Donizete (@marciodonizete)

10 de maio de 2011

Repeteco

Devido ao começo ruim de temporada, a grande conquista do Everton será mesmo a vitória sobre o Chelsea nos pênaltis fora de casa pela FA Cup

A vitória do Everton sobre o Manchester City por 2 a 1 no último sábado ratificou o bom momento vivido pelos Toffees em 2011. A equipe de Liverpool vem se recuperando do péssimo início de campeonato, quando chegou a flertar por um bom tempo com a zona de rebaixamento, e no momento se encontra na sétima posição. Porém, tal recuperação não seria necessária se o clube tivesse aprendido a lição do ano passado.

Tudo o que os Toffees fizeram nessa temporada foi repetir o que fizeram na época passada. Na temporada 2009/10, o Everton também começou o campeonato de maneira lamentável; porém, se recuperou com maestria, chegando a perder apenas 2 das 19 partidas em 2010. Na atual campanha, após um começo igualmente fraco, a arrancada no segundo turno também está sendo excelente: desde a derrota para o Arsenal no começo de fevereiro, o conjunto de David Moyes já venceu 7 dos últimos 12 jogos e conquistou 24 dos 36 pontos disputados. O que deveria ser motivo para comemoração, no entanto, só deixa um gosto amargo.

Vendo o Tottenham fazendo força para não se classificar para a Liga Europa e o Liverpool, que iniciou sua recuperação antes do seu maior rival, perto de roubar a vaga dos Spurs, a sensação que fica é que o Everton também poderia estar brigando por uma vaga na competição se não tivesse tropeçado tanto, principalmente em 2010. A 5 pontos dos londrinos, é quase impossível pensar que os Toffees conseguirão a milagrosa classificação. Para piorar, essa será a segunda temporada consecutiva em que o clube terminará a Premier League fora da zona de classificações para competições continentais. Algo muito ruim para quem precisa de melhorias nas receitas – a condição financeira do clube, embora não seja necessariamente ruim, também não é das melhores.

Como consolo, fica a curiosa maneira como o Everton conseguiu se recuperar. David Moyes conseguiu fazer seu time engrenar justamente quando se viu sem suas principais peças. Com Pienaar se transferindo para o Tottenham, Fellaini, Cahill e Arteta se machucando quase que simultaneamente e Saha sofrendo com as costumeiras lesões, o treinador conseguiu manter a qualidade do time mesmo tendo o seu setor mais forte bem desfigurado. Houve vezes em que o banco de sua equipe era formado por jovens jogadores que mal haviam jogado uma partida oficial. Por sorte, os substitutos, sobretudo um fantástico Osman, conseguiram dar conta do recado. Só não foi possível mesmo praticar o milagre de colocar o conjunto na zona de classificação para torneios europeus.

Sem muito dinheiro para se reforçar, é bem capaz que o elenco do Everton seja praticamente o mesmo para a próxima temporada. Caberá a todos manter um alto nível de concentração e aplicação para que o apagão do primeiro turno não se torne uma coisa rotineira pelos lados de Goodison Park.

17 de outubro de 2010

Noroeste selvagem

Poder de investimento e confiança no próprio taco: Roberto Mancini e David Moyes ilustram relevância de City e Everton no "Noroeste selvagem"

"Antes, faltava-nos qualidade em relação ao Liverpool. Penso que não é mais assim". O raciocínio é do excelente treinador do Everton, David Moyes. A alusão é à primeira vitória no Merseyside Derby na Premier League desde 2006, quando Andy Johnson (hoje no Fulham) e Tim Cahill construíram o revés do Liverpool por 3 a 0 no Goodison Park. O australiano, por sinal, marcou o primeiro gol do triunfo por 2 a 0 de ontem e ratificou o posto de segundo maior artilheiro do clássico, restringindo-o a confrontos na Premier League. Com cinco gols contra os Reds, Cahill perde apenas para Robbie Fowler, que já anotou seis diante dos Toffees. A façanha do meia/boxeador e o placar de quatro anos atrás mostram que a capacidade do Everton, com Moyes, sempre esteve ali, embora às vezes adormecida.

É evidente que o treinador escocês pretende valorizar um suposto acréscimo de qualidade a seu time. Entretanto, as campanhas passadas provam que essa evolução não existe. A agora equilibrada rivalidade de Merseyside tem de ser atribuída ao enfraquecimento dos Reds, que, graças ao New England Sports Ventures (que sempre chamaremos de NESV), pode ser passageiro. Turbulências a que não estão sujeitos os Toffees, de notável consistência nos últimos anos. Se, recentemente, o balanço entre Liverpool e Everton tem a ver com Hicks e Gillet, mais amplamente o equilíbrio é obra de Moyes, que chegou ao Goodison Park em março de 2002 para mudar o clube de patamar.

De 1997 a 2002, o Everton sempre flertou com o rebaixamento. Com Moyes - e sem significativo aporte financeiro -, aproximou-se da Champions, apesar da quebra de forma em 2003-04. Ademais, ainda que não possa chegar perto dos primeiros postos, o Everton sempre é um rival indigesto nos grandes confrontos. Embates como os da temporada passada contra o endinheirado Manchester City. No primeiro, vitória do Everton por 2 a 0 no Goodison Park, com um show de marcação de Fellaini sobre Robinho. No City of Manchester, novo triunfo dos Toffees por 2 a 0, em jogo marcado por confusão entre Moyes e Roberto Mancini.

Equiparando-se a seus rivais em nível municipal, Everton e Manchester City incitam o surgimento de nova rivalidade em âmbito regional, nos mesmos moldes de Liverpool x Manchester United. Contudo, a situação na capital do Norte é um tanto diferente. A evolução dos Citizens não está relacionada à consistência de um trabalho, mas ao repentino e absurdo aumento do poder de investimento. Disso, porém, todos já sabem. Passível de investigação é a validade das frequentes declarações de Alex Ferguson em tom de desprezo pelo crescimento do City. Isso até a temporada passada, quando ele tinha alguma razão, comprovada pela tabela e os confrontos municipais.

Na segunda posição da Premier League, a dois pontos do Chelsea, o Manchester City começa a ratificar a tese de que não há muitos argumentos contra um infinito poder de compra. Por exemplo, qual equipe inglesa tem mais opções para os lados do campo? Alguém pode equivaler seu elenco à abundância representada por Adam Johnson, David Silva, Milner, Wright-Phillips e Balotelli? E assim acontece em outros setores. Os Citizens não parecem ter jogadores realmente decisivos para desafiar o Chelsea ao fim do campeonato, mas podem vencer embates diretos - já o fizeram nesta temporada - e marcar mais pontos que os instáveis United, Arsenal e Tottenham.

O movimento que simboliza o novo momento do Manchester City é o de Tévez, de Old Trafford ao City of Manchester. O argentino, sim, é um jogador de quem Mancini não pode prescindir, do tipo que, se acompanhado por outros dessa espécie, pode levar o clube a um título relevante nos próximos anos. Com seis gols na Premier League, o Apache, agora capitão, é o mais valioso jogador da Inglaterra se pensarmos sobre o impacto que ele tem sobre o time. Há pouco mais de um ano, porém, Sir Alex Ferguson não pensava assim, preferiu não comprá-lo. Gary Neville disse que o escocês estava certo. É claro que não estava, mas a decisão é compreensível: em momento financeiro complicado, o United tem de ponderar cada possibilidade de investimento. O City não precisa, pode correr o risco de apostar alto num eventual flop. É aquela história: dentre tantas contratações, alguém certamente vai ser muito importante.

Outro fato que chama a atenção na rivalidade é a iminente saída de Rooney de Old Trafford. Habitualmente motivado por questões pessoais, Ferguson já vendeu Beckham, van Nistelrooy e Ronaldo ao Real Madrid. O mau relacionamento com o Shrek deve terminar da mesma forma. Muitos ventilam o interesse do City, mas essa transferência soa impossível. Ainda assim, a saída de Rooney é perigosa para o United porque não há cobertura para o posto de protagonista. Quando Bekcham saiu, havia van Nistelrooy. À saída do holandês, Cristiano estava lá. No momento em que o português partiu para Madrid, todos podiam confiar em Rooney. Agora, quem o cobrirá?

A menos que a transferência do atacante, que certamente será consumada em janeiro, renda uma troca, é muito possível que o Manchester United se torne algo similar ao City da temporada passada: ótimo time, boas opções para quase todas as posições, mas pouca gente para de fato decidir. O desdém de Ferguson em relação ao rival provinciano não vale mais, visto que, com Rooney ou ainda mais sem ele, os Citizens podem se equiparar aos Red Devils, da mesma forma - e por motivos diferentes - que o Everton é suficientemente forte para lutar contra o Liverpool. No Noroeste selvagem, em confrontos diretos, já se foi o tempo em que podia haver resultados surpreendentes.

Imagem: The Guardian

14 de outubro de 2010

Clássico dos desesperados

Uma cena desse tipo é tudo o que Gerrard não quer ver. E pela situação atual do Liverpool, nem pode

Não será dessa vez que o Liverpool deixará de ser o centro das atenções na Inglaterra. Ainda passando por um complicado processo de venda, o clube fará parte do jogo mais esperado da próxima rodada da Premier League: os Reds terão pela frente o clássico contra o grande rival Everton, num confronto mais conhecido como Derby do Merseyside. Uma partida que, aliás, será um verdadeiro clássico dos desesperados, já que não é somente a equipe de Roy Hodgson que passa por maus bocados an competição.

Sim, o Everton também não vai nada bem. Após um péssimo começo de campeonato e um desempenho pífio em casa, os Toffees conquistaram apenas dois dos quinze primeiros pontos possíveis. Dois bons resultados seguidos fora de casa (um empate contra o Fulham e uma vitória contra o Birmingham) salvaram a equipe de um trágico começo de temporada, mas ainda assim o clube se encontra apenas na décima-sétima posição - o que é muito pouco para quem deveria estar na zona de classificação para a Liga Europa, ou ao menos perto dela.

Porém, o Liverpool está bem pior. Além de estar um posto abaixo dos rivais, o que significa uma raríssima presença na zona de rebaixamento, o clube passa não só por uma série crise política como também técnica. Afinal, Roy Hodgson não consegue encontrar uma equipe ideal, seu elenco não ajuda e os reforços que chegaram não somaram muita coisa ao time - se Konchesky for lembrado, muito pelo contrário.

E talvez seja por isso que o Everton, à primeira vista, carrega consigo um leve favoritismo para o próximo domingo. Embora numa má posição na tabela, não se pode negar que o clube iniciou uma tímida recuperação nos dois últimos jogos; aliás, a parada para as eliminatórias da Euro foi péssima para os Toffees, justamente por ter freado esta reação. Além disso, os comandados de David Moyes não estavam jogando tão mal como os resultados finais davam a entender: todo o meio-campo vinha se destacando, e Tim Cahill continuava a ser o grande comandante da equipe. Porém, o time vinha sendo prejudicado por dois fatores que, como pode ser visto na tabela de classificação, colocavam tudo a perder: um grande número de finalizações perdidas pelo seu ataque e vacilos fora de hora da defesa e do goleiro Tim Howard.

No entanto, isso não é o que vem acontecendo com o Liverpool, já que os problemas por lá parecem ser maiores. Até agora, os Reds só conseguiram ser um time sem pegada e sem criatividade alguma, mas com excessiva desatenção e apatia. Já individualmente, a crise parece ganhar contornos ainda maiores: Gerrard não se sobressai, Torres continua deixando o time na mão devido aos seus problemas físicos, e os reforços - sobretudo Joe Cole - não correspondem. Isso para não falar de jogadores como Glen Johnson e Maxi Rodriguez, que seriam mais úteis se se preocupassem apenas em aparecer para o jogo em vez de atrapalhar mais ainda. E sinceramente, não se pode colocar a culpa do desempenho atual da equipe no tenso momento político vivido pelo clube: nesse caso, grande parte da questão parece mesmo ser técnica.

Se fosse necessário prever resultados e suas possíveis consequências, seria certo dizer que uma derrota seria muito mais atordoante ao Liverpool. É claro que um resultado negativo seria um baque para o Everton, tanto por interromper seu início de reação quanto pelo fato de perder em casa. Porém, deixar Goodison Park domingo sem nenhum ponto no bolso significaria aos Reds continuar mais uma rodada na zona de rebaixamento, algo inadmissível para um clube desse porte; além disso, passaria a sensação de que Hodgson não está tendo e nem terá sucesso em resolver os problemas do time, o que jogaria ainda mais pressão sobre o treinador, que já começa a ser contestado pela torcida.

Clássicos, entretanto, têm um poder incrível de revelar surpresas. Logo, mesmo não sendo favorito para vencer, o Liverpool pode surpreender no domingo. O retrospecto recente, aliás, é bastante favoráve para si, já que não perdem o Merseyside Derby pela Premier League desde 2006, quando foram impiedosamente derrotados por largos 3 a 0 na casa do rival, após trágicas atuações de Fabio Aurelio e Pepe Reina. Porém, caso Cahill e companhia estejam. E mais uma pitada de crise seja jogada em Anfield.

Imagem: Site oficial do Everton

23 de setembro de 2010

Desprezando a Carling Cup

A terceira rodada da Carling Cup (Copa da Liga Inglesa) reservou uma série de surpresas aos fãs do futebol da Terra da Rainha. Ao menos cinco times que estavam na lista de candidatos ao título da competição acabaram sendo eliminados precocemente: Liverpool, Manchester City, Tottenham, Everton e até mesmo o Chelsea já estão fora do torneio. Certamente um "fenômeno" curioso e que encontra respostas nas escalações iniciais de cada time.

Uma rápida olhada nos titulares das equipes citadas acima faz os mais desavisados acharem que a competição em questão era uma daquelas disputadas entre times formados por reservas, preteridos e juniores, e não a Carling Cup. Sobretudo Liverpool, City e Tottenham mandaram a campo times recheados de reservas e jovens desconhecidos, cheio de jogadores que seriam reconhecidos apenas por fanáticos pelos respectivos clubes ou por Football Manager. O resultado disso pode ser visto nos resultados finais. Resultado que evidencia um equívoco, se não um erro grosseiro, dos seus treinadores.

Contra o Northampton, da 4ª Divisão Inglesa, Roy Hogdson poupou todos os seus titulares e escalou um time com garotos como Kelly, Spearing, Wilson e Pacheco. A tarefa realmente parecia muito fácil, mas a verdade é que deixou Anfield com um improvável e amarga derrota

Tudo bem que a Copa da Liga não é a competição mais badalada da Inglaterra; aliás, de todas que um time inglês pode disputar, contando as europeias, é a que menos chama a atenção. Porém, ao final de fevereiro, oferece algo muito valioso: mais um título para a história do clube - coisa de que muitos treinadores se esqueceram ao arriscar colocando times praticamente reservas e inexperientes em campo, o que é muito diferente do que querer poupar somente alguns titulares para jogos mais importantes da Premier League.

E é justamente por isso que Liverpool, Man City e Tottenham foram destacados no segundo parágrafo, quando qualquer time que tivesse poupado seus principais jogadores poderia ter sido citado. Os três clubes figuram em qualquer lista que cite os clubes ingleses que podem conquistar algum título nessa temporada. Porém, analisando friamente, a chance de algum deles ganhar a Premier League é quase nula, e no momento somente os Citizens parecem ter capacidade de conquistar a Liga Europa - e mesmo assim poucos já colocariam a mão no fogo para apostar neles. Ou seja: a maior esperança de se conquistar algo teria de ser depositada justamente nas copas domésticas, sendo que uma chance agora já foi desperdiçada.

Roberto Mancini, querendo poupar jogadores para o próximo sábado, escalou um time cheio de nomes desconhecidos, como Mee, Vidal, Cunningham e Guidetti. Foi eliminado pelo West Brom, perdeu boa chance de conquistar um título e ainda não achou a derrota tão grave...

É nessas horas que não dá para entender o que se passa na cabeça de um treinador que dirige uma equipe que necessita urgentemente de títulos. Os Spurs pelo menos conquistaram a própria Copa da Liga em 2008, mas os Reds não conquistam nada desde 2006, quando abocanharam a Copa da Inglaterra, enquanto os Citizens, coitados, não festejam algo decente desde 1976! Além disso, a expectativa sobre todos para essa temporada é muito alta, e mesmo um título um tanto quanto menosprezado como a Carling Cup seria útil aos comandados de Roberto Mancini, que precisa provar que os milhares de euros não estão sendo gastos a toa, ou ao conjunto de Roy Hodgson, que está em queda livre e precisa se reerguer com alguma façanha. Enfim, uma eventual conquista seria pelo menos um prêmio de consolação.

As falhas nas escalações de certos treinadores agora é visto numa simulação de possíveis finais. O caminho está aberto a uma mais tradicional, contendo Manchester United, Arsenal, um embate entre os dois, ou até mesmo uma mais alternativa, entre clubes como Stoke, Birmingham e West Ham - o que até seria bem interessante...

E Chelsea e Everton? - Como dito antes, os dois clubes também poderiam estar entre os favoritos, mas já caíram. Porém, Carlo Ancelotti e David Moyes se saíram melhor, já que escalaram equipes mistas, misturando medalhões com alguns reservas. A derrota dos Blues até é desculpável, já que possuem grandes chances de conquistar um título mais expressivo na temporada; porém, a dos Toffees mostra apenas que as coisas não estão nada bem para os lados de Goodison Park. O elenco é muito bom, mas os resultados não aparecem e a má fase certamente já começa a preocupar.

Imagens: A Bola e Daily Mail

9 de setembro de 2010

Aqui não é meu lugar

O começo de qualquer campeonato geralmente reserva surpresas. Há aquele azarão que começa muito bem, um favorito ao título que inicia sua campanha de forma titubeante e outros times que inesperadamente se saem muito mal. Logo após a primeira rodada para as datas Fifa e dias antes do início da quarta rodada da Premier League, pode-se encaixar Everton, Stoke e West Ham neste último grupo.

É verdade que os três times não representam a nata do futebol inglês - somente o rival do Liverpool briga por vaga em competições europeias. Da mesma forma, no momento, somente o rebaixamento dos Toffees seria tão trágico quanto a recente queda do Newcastle, caso seja levado em consideração o quesito qualidade do elenco. Porém, ainda assim não são dignos de estarem todos na zona de rebaixamento, mesmo sabendo-se que apenas três rodadas foram disputadas.

No caso de Everton e West Ham, ambos possuem conjuntos bons demais para estarem ali. É incontestável a qualidade do elenco a disposição de David Moyes: um time que possui nomes como Cahill, Arteta, Fellaini, Baines, Jagielka, Howard e Heitinga tem totais condições de brigar até mesmo pela última vaga para a UCL, como tem feito recentemente. Já os Hammers, embora ainda povoado de estorvos como McCarthy e Faubert, têm chances de assegurar um tranquilo lugar no meio da tabela com uma base formada por Green, Upson, Hitzlsperger, Cole e, obviamente, o excelente meia Parker. Ou seja: se não perderem o controle emocional diante de novos tropeços, logo deverão subir na tabela - embora a equipe londrina talvez tenha mais dificuldades para isso, já que ainda precisa acertar sua insegura defesa, que já sofreu nove gols após apenas três jogos disputados.

Já o Stoke... não, não sairá desse texto que o clube possui um bom time - até porque, estranhamente, um dos seus melhores jogadores, o turco Tuncay Sanli, costuma começar as partidas no banco. Porém, é uma equipe que dificilmente é batida em casa - onde só jogou uma vez até agora e foi derrotado pelo Tottenham após ter um gol erroneamente não validado. E com um ataque surpreendentemente bem reforçado por Gudjohnsen e Jones, também deve se recuperar, desde que mantenha a tradição de jogar bem em seus domínios.

David Moyes sabe que pode contar com bons jogadores para se recuperar na tabela, mas certamente não esperava uma sequência de jogos tão incômoda

Dada a mínima qualidade de seus elencos, os três times citados têm tudo para logo se reerguerem e jogarem times mais fracos, como West Bromwich, Blackpool, Wigan e até mesmo o até agora surpreendente Wolves, para a parte de baixo da tabela. Porém, eles possuem uma inimiga: a tabela, que prevê alguns confrontos bem difíceis para todos nas próximas rodadas. Inclusive, ela foi bem cruel para o Everton: nos seus próximos seis jogos, receberá Manchester United, Newcastle e Liverpool, e deixará a cidade para enfrentar Fulham, Birmingham e Tottenham. Por favor, não me perguntem se quem a preparou foi um torcedor dos Reds.

Imagem: Daily Mirror

21 de abril de 2010

We miss you

O gol de Eto'o em Stamford Bridge fomentou várias discussões na Inglaterra

Em semana de Champions, fala-se de Champions. Enquanto todos ponderam sobre a possibilidade de a Internazionale eliminar o Barcelona, discutem o poder de decisão de Robben ou comparam o Lyon de 2010 ao Porto de 2004, as equipes inglesas vivem presas em seu universo particular, alheias aos grandes debates. Certa vez, disse aqui que a primeira ausência de clubes da Premier League em uma semifinal de Liga dos Campeões desde 2003 não caracteriza sequer um princípio de crise no futebol local. Embora ainda acredite nisso, é preciso analisar algumas questões para entender o que faltou aos britânicos nesta temporada.

Uma delas é o êxodo de jogadores. Ainda que os grandes clubes ingleses não sejam essencialmente vendedores, houve recentemente algumas perdas que soaram fundamentais para o fracasso. Atraídos por propostas mirabolantes, forçados a negociar por conta da vontade dos jogadores ou equivocados na avaliação do potencial dos atletas, os maiores times da Inglaterra perderam peças que podem ter representado a diferença entre o sucesso e o fracasso. O Ortodoxo e Moderno prepara, então, uma seleção formada por jogadores - e treinador - que recentemente (ou nem tanto) deixaram a Premier League e fazem falta a seus ex-clubes:

Jens Lehmann, Stuttgart, ex-Arsenal. O auge de Lehmann já passou há algum tempo, como sugeriu Wenger ao promover Almunia em 2007-08. Ainda assim, aos 40 anos, o goleiro da espetacular campanha doméstica de 2003-04 e da aventura europeia em 2005-06 seria útil no Emirates. O atual trio de arqueiros não passa qualquer espécie de segurança e ratifica o erro de avaliação do treinador francês. Mesmo experiente, Almunia, que até ensaia bons momentos, comete erros inexplicáveis. Em ainda maior escala, o jovem Fabianski já aterrorizou os torcedores do Arsenal em várias ocasiões, como nos estádios do Dragão, contra o Porto, e DW, diante do Wigan, no último domingo. Mannone, por sua vez, é um goleiro à moda Saulo (ex-Santos, hoje no Ituano).

Lucas Neill, Galatasaray, ex-Everton. O australiano não é exatamente brilhante. Aliás, ele integra esta coletânea apenas por conta da escassez de bons laterais-direitos que tenham recentemente deixado a Inglaterra (poucos estão na Premier League, por sinal). A venda de Neill para a Turquia foi, nesse sentido, deveras estranha. Em janeiro, o Everton ainda não havia se recuperado do péssimo início de temporada. Um dos maiores problemas de David Moyes era justamente a falta de jogadores de defesa, e Neill era constantemente improvisado na zaga central. Mesmo assim, o capitão dos Socceroos foi negociado com o Galatasaray por uma quantia ínfima, após apenas 15 partidas pelo Everton. Apesar da boa forma do time, os torcedores dos Toffees certamente ficam com a sensação de que o australiano poderia ter sido importante no confronto contra o Sporting, responsável pela eliminação do clube na Liga Europa.

Olof Mellberg, Olympiacos, ex-Aston Villa. Mellberg deixou o Villa Park, rumo a Turim, há duas temporadas. Da Juventus, o especialista em jogadas aéreas foi para o Oympiacos, da Grécia. A defesa do Villa parecia ter se acertado nesta edição da Premier League, mas muita gente desconfiava da parceria entre Richard Dunne e James Collins. Até que, em 27 de março, o Chelsea goleou os Lions por 7 a 1 e desmistificou uma solidez que parece depender mais do sistema de jogo, de laterais defensivos e da contribuição de Ashley Young e Downing do que exatamente da competência da dupla de zaga. Por isso, a experiência do sueco seria importante para Martin O'Neill. Em grandes jogos, como o supracitado, ou na desastrosa eliminação ainda na primeira fase da Liga Europa, para o Rapid Viena.

Gerard Piqué, Barcelona, ex-Manchester United. A princípio, o retorno de zagueiro a Barcelona, há duas temporadas, parecia compreensível. O sucesso do United já era embalado por Ferdinand e Vidic, o catalão Piqué queria jogar regularmente, e Evans era tratado como uma boa revelação. Mas hoje a avaliação não é essa. Ferdinand e Vidic sofrem constantemente com lesões, Evans não se mostrou tão seguro, e o Barcelona percebeu que ganhou um defensor de primeira classe. Se tivessem preservado Piqué, os Red Devils teriam um elenco muito mais seguro, um excelente zagueiro com 23 anos e a liberdade de ganhar muito dinheiro com a venda Vidic (caso fosse necessário) sem preocupação imediata com reposição. A precoce saída do espanhol parece fruto de um erro de avaliação de potencial.

John Arne Riise, Roma, ex-Liverpool. O forte lateral-esquerdo norueguês jogou em Anfield por sete anos. No fim de sua jornada em Liverpool, Riise não estava bem e já não era mais consistente do que Fábio Aurélio. Por isso, em 2008, o irmão mais velho de Bjorn Helge (do Fulham) foi negociado com a Roma. No Stadio Olimpico, o lateral reencontrou sua vocação ofensiva e é um dos destaques dos giallorossi na corrida pelo título da Serie A. Se ainda estivesse no Liverpool, Riise seria titular sem qualquer espécie de discussão. Com Fábio Aurélio quase sempre lesionado, Rafa Benítez foi obrigado a promover definitivamente o argentino Insúa, que muito evoluiu desde o início da temporada, mas ainda não transmite confiança aos scousers.

Cristiano Ronaldo, Real Madrid, ex-Manchester United. Talvez ele não faça mais falta do que fariam os 94 milhões de euros arrecadados com sua venda. Mesmo assim, Ronaldo representa para o United a diferença entre a real possibilidade de sucesso em todas as competições e um iminente fracasso na temporada. Felizmente para Ferguson, o equatoriano Antonio Valencia tem atendido completamente às expectativas. Além disso, Rooney abraçou o papel de protagonista, e Nani se recuperou a ponto de invadir o onze inicial do escocês em jogos importantíssimos, como o de Old Trafford de duas semanas atrás, contra o Bayern. Entretanto, ninguém pode substituir Cristiano Ronaldo e o seu magnífico repertório, que passa pelo posicionamento na asa direita, arrancadas, dribles e, especialmente, gols de todas as formas.

Xabi Alonso, Real Madrid
, ex-Liverpool. O elenco dos Reds é praticamente o mesmo da temporada passada. Houve algumas aquisições, como as de Glen Johnson e Aquilani, e outras vendas, como as de Arbeloa e Alonso. Então, o que pode explicar a diferença entre duas e dez derrotas ou entre 75 e 56% de aproveitamento? O volante espanhol é um dos melhores do mundo na combinação de poder de marcação e capacidade de organização. Xabi está, certamente, entre os três jogadores da década em Anfield. Além disso, é imprescindível ao sucesso do 4-2-3-1 de Benítez, esquema que melhor funcionou no Liverpool nos últimos tempos, mas que dependia de uma perfeita composição e de um jogador que fizesse a saída de bola parecer simples. Com Alonso, o Liverpool lutou pelo título até a 37ª rodada. Sem ele, não deve chegar ao penúltimo fim de semana da temporada com chances de classificação à próxima Champions.

Didier Zokora, Sevilla, ex-Tottenham. O volante marfinense chegou ao Ramón Sánchez Pizjuán em 2009, por nove milhões de euros. Como várias outras desta lista, a venda de Zokora ao Sevilla é compreensível. O Tottenham apostava, corretamente, no desenvolvimento de suas peças com características semelhantes às do africano: Tom Huddlestone e o hondurenho Wilson Palacios. Ambos são titulares de Harry Redknapp e fazem temporada satisfatória. Contudo, os Spurs carecem de experiência em 2009-10. A baixa média de idade, sobretudo no meio-campo, deu ao time um positivo caráter jovial, mas também o deixou propenso a tropeços inexplicáveis. As duas derrotas para o Wolverhampton na Premier League e a eliminação da FA Cup pelo Portsmouth são bons exemplos. Zokora seria uma liderança importante nesse sentido.

Arjen Robben, Bayern, ex-Chelsea. Desde a venda de Robben para o Real Madrid, o Chelsea não tem um winger de classe mundial. Apesar da impressionante evolução de Malouda, o holandês seria protagonista em Stamford Bridge (em qualquer lugar, aliás). A propensão a lesões não tira o brilho de um jogador que se habituou a decidir todos os jogos realmente importantes para o Bayern. Se o negócio com os madridistas foi um erro, a omissão no momento em que o craque foi colocado na lista de transferências pelos espanhóis também parece equivocada. Robben é bicampeão inglês pelos Blues e seria o homem certo a conduzi-los ao primeiro título na Liga dos Campeões.

Diego Forlán, Atlético de Madrid, ex-Manchester United. Se dependesse exclusivamente de seu desempenho em Old Trafford, Forlán não deveria passar perto desta lista. Após um ótimo desempenho no Independiente, da Argentina, Alex Ferguson decidiu apostar no uruguaio, que, em dois anos, marcou apenas 17 gols em 95 partidas pelo United, números insignificantes diante dos 150 gols em 210 jogos de seu contemporâneo Ruud van Nistelrooy. Forlán integra esta seleção porque, entre Villarreal e Atlético de Madrid, foi duas vezes artilheiro da Liga Espanhola e Chuteira de Ouro da Europa. Diego tem um instinto goleador que seria o complemento perfeito a Rooney e evitaria o constante aborrecimento com Berbatov.

Thierry Henry, Barcelona, ex-Arsenal. O caso do principal artilheiro da história do Arsenal é semelhante ao de Lehmann. Henry não vive boa fase, mas seria fundamental para Wenger. Depois que saiu do Emirates, em 2007, o atacante francês abriu uma lacuna que, com alguma dificuldade, foi preenchida por Adebayor. Após a saída do togolês, van Persie foi adaptado à função de centroavante. Deu certo, mas a tendência do holandês a graves lesões não permitiu sua efetivação definitiva. Por isso, quando olhamos para Bendtner (que até tem surpreendido nas últimas rodadas) e pensamos sobre o potencial e a identificação de Henry com o clube, é difícil não concluir que o principal nome da equipe nos últimos tempos seria essencial às pretensões nesta temporada.

José Mourinho, Internazionale, ex-Chelsea.
Carlo Ancelotti realiza bom trabalho em Stamford Bridge, mas é difícil que faça os torcedores se esquecerem de José Mourinho, o melhor treinador do mundo no conceito de muita gente. Apesar de ter se limitado a títulos nacionais durante sua passagem pelo Chelsea, o português criou um padrão de solidez e invencibilidade caseira que fez dos Blues o maior clube da Inglaterra em meados da última década. Para intensificar o sentimento de saudade, Mourinho tem conduzido a Internazionale de forma brilhante nesta edição da Champions. Com a eliminação da equipe londrina justamente pelo conjunto do Special One, é impossível ficar indiferente ao campeão europeu de 2004.

Imagens: Football Talk, Telegraph, The Guardian, Henry Goal

21 de fevereiro de 2010

O colapso e a ressurreição

Na 13ª rodada da Premier League, o Sunderland, em casa, venceu o Arsenal por 1 a 0. O resultado ratificava o impacto de Darren Bent no Stadium of Light e o ótimo começo dos Black Cats, prévio consenso entre os críticos como a potencial surpresa da temporada. No mesmo dia 21 de novembro de 2009, o Everton visitou Old Trafford e confirmou sua péssima arrancada em 2009/10. Sem oferecer a habitual resistência de outras épocas, os Toffees permitiram ao Manchester United confortáveis 3 a 0. Depois daquele fim de semana, o Sunderland abriu cinco pontos em relação ao Everton. A ambição do clube do norte inglês fazia Steve Bruce trabalhar movido pelo sonho de chegar a uma competição europeia. Enquanto isso, em Liverpool, David Moyes começava a pensar em alternativas para manter alguma distância da zona do rebaixamento.

A temporada do Sunderland tinha tudo para ser boa porque o clube, endinheirado, fez as contratações certas, montou sua "espinha dorsal". Para a defesa, chegou Michael Turner, principal responsável pela boa campanha do Hull no primeiro turno de 2008/09. A dupla com Anton Ferdinand prometia muito. Steve Bruce construiu a parceria de volantes com duas excelentes aquisições: Lee Cattermole, que havia despertado o interesse do Liverpool, e o capitão Lorik Cana, albanês de ótimas temporadas pelo Olympique de Marselha. Para acompanhar o trinitino Kenwyne Jones no ataque, foi contratado Darren Bent, relegado no Tottenham, mas ainda respeitável. No começo, tudo deu certo. Cattermole foi um dos melhores meias centrais do primeiro turno, Bent disputava a artilharia, e a defesa era relativamente sólida. O empate em Old Trafford contra o Manchester United e as vitórias caseiras diante de Liverpool e Arsenal indicavam o sucesso dos gatos pretos.

Para o Everton, ao contrário, as previsões eram mesmo tenebrosas. Após a controversa transferência de Joleon Lescott para o Manchester City, a equipe ficou defensivamente órfã. A despedida do irreconhecível zagueiro, aliás, foi desastrosa: em Liverpool, os Toffees perderam por 6 a 1 para o Arsenal na primeira rodada. A saída de Lescott e a sequência de lesões entre os defensores obrigaram David Moyes a montar sua equipe baseado em outra mentalidade, menos voltada à solidez. Com Distin, Yobo e Jagielka indisponíveis, o treinador escocês chegou a lançar mão de uma parceria central com dois laterais-direitos. Tony Hibbert, fraco mesmo quando na lateral, e Lucas Neill, contratado pelo Galatasaray em janeiro, chegaram a formar a zaga do Everton em algumas rodadas. Ofensivamente, o conjunto sofria com a indisciplina à tupiniquim de Jô e as dificuldades na criação, setor um tanto robotizado pelos estilos de Fellaini e Cahill. Não havia, enfim, boas perspectivas.

A propósito, você se lembra da 13ª rodada? O segundo turno da Premier League teve neste fim de semana a jornada equivalente. No sábado, o Sunderland voltou a enfrentar o Arsenal, enquanto o Everton teve um árduo desafio em Liverpool contra o Manchester United. A equipe de Steve Bruce foi novamente pálida, perdeu por 2 a 0 no Emirates e manteve o jejum de vitórias, em vigor justamente desde a 13ª rodada. O conjunto de David Moyes, por sua vez, impôs a Alex Ferguson sua quarta derrota na história do confronto. Apesar do pobre histórico contra o United nos últimos tempos, a vitória de ontem, por 3 a 1, será recordada por muito tempo como um dos melhores desempenhos do Everton em vários anos. Após Berbatov marcar o primeiro gol do jogo, os Toffees controlaram as ações e sufocaram os aparentemente exaustos Red Devils.

Obviamente, muito mudou nos dois lados. Hoje, o Everton, ainda punido pelo péssimo primeiro turno, é o oitavo colocado com 38 pontos. O Sunderland, que já corre algum risco de queda ao Championship, ocupa a 14ª posição. Nos últimos 13 jogos, os do jejum, os Black Cats marcaram míseros seis pontos, enquanto o Everton conquistou 23. Por quê? A tese sobre o Sunderland não é muito forte. Ficou claro, no início da péssima sequência, que o time sentia falta da combatividade de Cattermole, lesionado durante várias rodadas. A defesa perdeu a solidez de outrora e concedeu ao Chelsea, por exemplo, sete gols em apenas uma partida. Outro problema são os wingers. A contribuição de Reid, Malbranque e Richardson desabou em relação ao começo da temporada. Ainda assim, é pouco para explicar tamanha queda. Até pela falta de motivos palpáveis, a posição de Steve Bruce no clube parece ameaçada.

O segredo da recuperação do Everton está no encaixe do novo esquema. A grande vitória sobre o Manchester United provou que David Moyes não depende apenas de seus principais jogadores. Fellaini, que, à frente da zaga, voltou à ótima forma da última temporada, e Cahill não jogaram. Donovan, desta vez, não esteve tão bem. O 4-1-4-1 também funcionou com a zaga reserva - Distin e Heitinga -, Arteta como primeiro volante, Bilyaletdinov pela direita e Pienaar na faixa central, ao lado de Osman. Os jovens Gosling e Rodwell, que decidiram a partida do sábado, estão à disposição e são suficientemente bons para, quando Moyes quiser, estarem entre os titulares. Ainda vale destacar o fantástico momento de Saha, já com 13 gols. No fim das contas, o treinador escocês do Everton ratificou seu alto patamar ao reinventar um consagrado esquema, outrora baseado quase exclusivamente em princípios defensivos, para superar uma das maiores dificuldades em oito anos no Goodison Park.

Fotos: Site oficial do Sunderland, Zimbio

18 de fevereiro de 2010

Impunidade

Em semana de vitórias e falhas inglesas, golaço de Bobby Zamora salvou o Fulham contra o ainda favorito Shakhtar

A saga inglesa no mata-mata das copas europeias começou relativamente bem. Na Liga dos Campeões, o Manchester United venceu o Milan no San Siro e, com três gols na conta, dificilmente terá a classificação posta em xeque em Old Trafford. O Arsenal, por sua vez, perdeu para o Porto por 2 a 1 no Estádio do Dragão, mas ainda enxerga claramente a possibilidade de qualificação à próxima fase. Na Liga Europa, três vitórias caseiras: Everton 2 x 1 Sporting, Liverpool 1 x 0 Unirea, Fulham 2 x 1 Shakhtar. Contudo, a fria indicação dos resultados não supera a inquietação pelos vários erros cometidos pelos conjuntos da Premier League. Na próxima semana, o Chelsea visita a Internazionale pela Champions e, certamente, não terá o direito de falhar. Assim como não o terão todos os ingleses em fases mais agudas. Adiante, posturas preguiçosas ou desatentas não permanecerão impunes.

Há dois meses, quando foram sorteados os emparelhamentos dos 16-avos de final da Liga Europa, o Everton enfrentava um árduo período, que atribuía ao Sporting o favoritismo no confronto. Contudo, após a chegada de Donovan, David Moyes descobriu o 4-1-4-1, com o norte-americano e Pienaar pelos lados do meio de campo, e os Toffees, no âmbito doméstico, passaram a vencer os pequenos e equilibrar - ou mesmo dominar - os jogos contra os grandes. Por isso e pela instável temporada dos Leões, os ingleses assumiram a condição de principais candidatos à classificação. O Everton ratificou o raciocínio ao abrir 2 a 0, mas uma falha de Distin reduziu drasticamente a vantagem. O zagueiro francês cometeu um pênalti desnecessário, concedeu um gol aos visitantes portugueses e foi expulso, erro grave para um time que não sabe se contará com alguns de seus defensores na segunda partida - Senderos e Jagielka ainda se recuperam de lesões.

Na Champions, o Manchester United construiu o resultado contra o Milan através de um segundo tempo irrepreensível. No entanto, a primeira etapa foi um espetáculo de lambanças defensivas. Deixando de lado os erros de marcação pelas laterais, aqui destaco as falhas de Scholes na saída de bola. À frente da zaga, o volante do United não acertou passes simples e cedeu espaço, posses e chances aos rossoneri. Os 3 a 2 foram maravilhosos, mas os Red Devils poderiam ter sofrido uma avalanche de gols nos minutos iniciais. Felizmente, Leonardo prefere Huntelaar a Inzaghi, atacante mítico na Liga dos Campeões.

O Arsenal, por sua vez, cometeu três equívocos capitais. No começo do encontro com o Porto, o goleiro Fabianski permitiu, de modo ridículo, o gol de Varela. Mais tarde, Campbell recuou inutilmente ao arqueiro polonês. O reserva da baliza dos Gunners dominou com as mãos e, após a marcação da infração, entregou a bola ao inconveniente árbitro Martin Hansson de modo tolo, determinando o gol-relâmpago dos portistas. Dois pontos a considerar: 1) Quando Campbell foi contratado, esperava-se quase todo tipo de falha, mas as infantilidades estavam descartadas para um zagueiro de 35 anos. Estávamos enganados; 2) Wenger não poderia ter formado seu elenco de goleiros com Almunia, Fabianski e Mannone.

A quinta-feira de Liga Europa reservou aos ingleses duas vitórias com sabores distintos. O Liverpool recebeu o Unirea em confronto entre refugos da Champions. Com conduta negligente e desanimados pelo ingresso na segunda competição continental, os Reds se limitaram a uma vitória simples sobre os romenos. O único gol scouser saiu de forma inusitada: após cruzamento de Babel, maior decepção do time na temporada, Daniel Pacheco, o menos experientes dos avantes, escorou para o contestadíssimo N'Gog marcar de cabeça. O Fulham, porém, teve triunfo maiúsculo no Craven Cottage: 2 a 1 sobre o Shakhtar, último vencedor da Copa da UEFA. Ainda assim, os Cottagers foram controlados pelos ucranianos na maior parte do jogo, na mais sólida sugestão de que a vaga às oitavas-de-final deve ficar no Leste Europeu.

Imagem: Telegraph

6 de fevereiro de 2010

O melhor Liverpool da temporada

Em conjunto, espírito e desempenhos individuais. O Liverpool jamais foi brilhante em 2009/10, mas o último derby do Merseyside da temporada (a menos que as equipes se encontrem na Liga Europa) já foi carinhosamente registrado pela história por conta de sua assustadora intensidade, lamentavelmente às vezes disfarçada de violência. O jogo de Anfield se adivinhava equilibrado. Os Reds, embora viessem de sucessivas partidas esteticamente irritantes, atravessavam um momento sólido, tendo sofrido apenas um gol nos últimos seis compromissos na Premier League. Desde a chegada de Landon Donovan, o Everton encontrou sua formação ideal, de forma que visualizar os Toffees em seu calendário tornou-se uma situação desagradável para qualquer time.

Ainda sem Fernando Torres, Rafa Benítez montou o Liverpool no costumeiro 4-2-3-1, com Reina; Carragher, Kyrgiakos, Agger, Insua; Mascherano, Lucas; Kuyt, Gerrard, Maxi Rodríguez; N'Gog. David Moyes, por sua vez, insistiu no esquema de sucesso recente, o 4-1-4-1, com Fellaini imediatamente à frente da zaga: Howard; Phil Neville; Heitinga, Distin, Baines; Fellaini; Donovan, Osman, Cahill, Pienaar; Saha. No primeiro terço do jogo, sobressaíram-se os sistemas defensivos e as ríspidas entradas. A tendência ao caos culminou na polêmica expulsão de Kyrgiakos, após dividida com Fellaini. Minha impressão é de que, além do zagueiro grego, o próprio Fellaini e Pienaar fizeram o bastante para merecerem a exclusão do jogo ainda no primeiro tempo.

Durante uma hora de superioridade numérica, o Everton se limitou a duas oportunidades claras, com Cahill, no fim do primeiro tempo, e Yakubu, nos acréscimos do segundo. Os nove homens de linha dos Reds se dispuseram no 4-4-1. Gerrard, Maxi Rodríguez e Kuyt foiram recuados, Carragher passou à defesa central, e Mascherano tornou-se lateral-direito (conforme ilustra a figura acima). A eficiência do esquema, que anulou o oponente e proporcionou algumas boas chances de gol, foi impulsionada pelos excelentes desempenhos individuais. O jogo homogêneo do Liverpool, com os dez titulares não-expulsos em grande forma, ainda não havia sido visto na temporada. Mesmo na vitória por 2 a 0 sobre o Manchester United, houve exceções à ótima exibição.

No derby do Merseyside, o único aspecto a lamentar é a atuação de Ryan Babel, que substituiu o cansado N'Gog (que, respeitando suas limitações, foi muito bem). Após envolver-se em entreveros com Rafa Benítez, o winger holandês parece viver uma crise de confiança que já o qualifica como um dos maiores fracassos recentes do futebol inglês. Por outro lado, seu compatriota Dirk Kuyt superou o mau início de temporada. Na ausência de Torres, como right winger (caso do derby) ou centroavante, ele foi a principal peça ofensiva da equipe em janeiro. Após marcar hoje, Kuyt chega à marca de quatro gols contra o Everton, três deles no Goodison Park.

Outro importante mentor da vitória foi Steven Gerrard, que, após contusões e algumas atuações contestáveis, retomou seu estilo de jogo intenso e de imposição técnica. Maxi Rodríguez, por sua vez, deu a Benítez uma alternativa de categoria superior à de Riera para o lado esquerdo. O sistema defensivo, incluindo Lucas e sua boa dinâmica, foram especialmente corretos após a expulsão de Kyrgiakos, a quem - acreditem - atribui-se a melhora da retaguarda do Liverpool nas últimas rodadas. Mas, apesar das outras menções honrosas, o homem do jogo foi Javier Mascherano (que marcou no encontro do Goodison Park), impecável no duro duelo com Steven Pienaar pelo lado direito da defesa.

Quanto ao Everton, as considerações também são positivas. Contudo, os Toffees sofreram hoje por conta de um paradoxo: o retorno de Mikel Arteta é muito bem-vindo, mas a saída forçada de Fellaini, que deu vaga ao espanhol, acabou por ser determinante para a queda na capacidade de combate do meio de campo e, portanto, para a vitória do Liverpool. Mesmo assim, a equipe jogou como poderia, com boas alternativas laterais - Donovan pela direita e Pienaar pela esquerda - e Cahill, sempre muito perigoso pelo alto, aproximando-se de Saha. Apesar da derrota no derby, a fase do time de David Moyes ainda deve ser interpretada de forma muito otimista.

Você pode conferir a análise completa da rodada no podcast da próxima segunda-feira.

Foto: Telegraph

16 de janeiro de 2010

Constrangedor

Robinho sinaliza necessidade de recomeçar sua vida futebolística

O acompanhamento em tempo real dos jogos de futebol pela britânica BBC merece diversos elogios. É informativo ao extremo, bem-humorado e, sobretudo, revelador de certas verdades. Durante Everton 2 x 0 Manchester City, por exemplo, Jonathan Stevenson, responsável pelas atualizações do dia, transformou um fato aparentemente irrelevante numa bela síntese da atuação de Robinho: "Ótimo controle de bola de Roberto Mancini na beira do campo. Agora, podemos dizer que ele já fez mais do que Robinho esta noite".

O jornalista Phil McNulty, também da BBC, endossou o comentário do colega no Twitter, logo após o brasileiro, que havia substituído Roque Santa Cruz no início do jogo, ser trocado por Wright Phillips: "Corajosa e totalmente correta decisão de Mancini. A atuação de Robinho foi uma vergonha". Em outro momento, McNulty destacou que o jogador "nunca pareceu interessado, evitou divididas e não contribuiu quase nada". A antiga revelação do Santos permaneceu em campo por 53 minutos, tempo que serviu apenas para intensificar as piadas e a preocupação em torno de seus desempenhos recentes.

Apesar do insistente discurso de Roberto Mancini em defesa do atacante, a situação é digna de sérias reflexões. Fisicamente mal, o Rei das Pedaladas é a sétima opção ofensiva do Manchester City. Tevez, Adebayor, Bellamy, Petrov, Santa Cruz e, acredite, Mwaruwari têm sido utilizados mais frequentemente. Após um período de inatividade, Robinho participou de nove jogos na temporada e não marcou. Em 2008/09, quando contribuiu com 14 gols, o brasileiro já era contestado por conta dos absurdos 32 milhões de libras que sua contratação custou ao clube de Eastlands. Agora, porém, a questão é outra.

Em virtude do investimento caudaloso, o Manchester City já não pode mais salvar o negócio. A aposta em Robinho parece, definitivamente, equivocada. Os debates envolvem, sobretudo, a carreira do jogador. Seu vínculo com os Sky Blues se estende por mais duas temporadas e meia. Como não há no mundo clube disposto a compensar boa parcela dos gastos dos Sky Blues com o brasileiro, uma transferência é, por ora, impossível. Ou seja, as palavras do treinador italiano são mais oriundas da necessidade do que de verdadeiras intenções. Quero dizer que o atacante permanecerá em Manchester porque não há alternativas melhores.

Por outro lado, Robinho parece fadado ao fracasso nesta temporada. Não existem motivos para Roberto Mancini ignorar os bons desempenhos de seus outros atacantes em benefício da maior contratação da história do futebol inglês. Com o grande desafio da conquista de uma vaga na próxima Liga dos Campeões, não há tempo a perder. A tendência é que os minutos do brasileiro fiquem mais escassos. Amparado pelo tempo de contrato, o jogador deve encarar 2010/11 como uma temporada-chave para dar razão a Emerson Leão, seu fã incondicional após 2002, ou a Franz Beckenbauer, um de seus mais ferrenhos críticos.

Em virtude dessa propensão à inatividade, o panorama na Seleção Brasileira é ainda mais assustador. A atitude mais conveniente seria a convocação e rebaixamento a um plano secundário. Dunga talvez faça com Robinho o que Scolari fez com Luizão em 2002. O sentimento de gratidão não o permite ignorá-lo, mas o momento não o autoriza a encará-lo como protagonista ou mesmo titular. Ainda assim, os brasileiros que acompanham a Premier League sabem que seria dolorosa a inclusão do atacante do Manchester City na lista dos que vão à África do Sul, uma vez que isso implicaria uma notável ausência. De Ronaldinho ou Pato, por exemplo.

Em compensação...

Landon Donovan mudou o Everton. Apesar do curto prazo de validade e da prematura estreia, o ianque já é muito útil aos Toffees. Além da contribuição técnica, Donovan deu a David Moyes a opção tática de que ele precisava para reerguer o time de Goodison Park. Sem Mikel Arteta (com quem já não se pode mais contar), Marrouane Fellaini assumia, ao lado de Tim Cahill, pesadas responsabilidades ofensivas. Demasiadamente adiantado, o volante belga não conseguia repetir as atuações da temporada passada, que motivaram a metade azul de Liverpool a comprar perucas na mesma proporção que os torcedores do Cleveland Cavaliers.

Após a chegada do norte-americano, porém, Fellaini joga imediatamente à frente dos zagueiros e foi o principal jogador das duas últimas - e ótimas - partidas do Everton, contra Arsenal e Manchester City. O jogador de ascendência marroquina tem ótimo passe e, na ausência de vários zagueiros e de Jack Rodwell, conseguiu devolver ao time a solidez que notabilizou o conjunto de David Moyes em temporadas passadas.

Outro jogador a melhorar o nível de suas exibições foi Steve Pienaar. Aberto pela esquerda ou próximo de Louis Saha, o sul-africano tem sido decisivo. O revezamento tático envolvendo o amigo de Joel Santana, Donovan e Leon Osman confunde os sistemas de marcação e aumenta sensivelmente a produção ofensiva. Os Toffees de 2010 controlam oponentes fortes e já não precisam temer o rebaixamento.

Imagem: Telegraph