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13 de abril de 2011

Crítica: Tottenham 0 x 1 Real Madrid

A terrível falha de Gomes acabou com o sonho do Tottenham de chegar às semifinais da Liga dos Campeões

*Texto também publicado no Quatro Tiempos

Sabendo que reverter a diferença de quatro era uma missão bem difícil, o Tottenham entrou em campo tentando ao menos manter a sua honra na Liga dos Campeões. Os ingleses até buscaram o gol e dificultaram a tarefa do Real Madrid; porém, não conseguiram evitar a derrota, que veio através de uma grande falha de Gomes que calou a maior parte do White Hart Lane.

Necessitando de muitos gols para passar de fase mas sem ter muito o que mudar no time, por sempre escalar uma equipe ofensiva, Harry Redknapp apenas trocou Sandro pelo experiente Huddlestone, recuperado de contusão, ao mesmo tempo em que preferiu Pavlyuchenko ao invés de Defoe, em má fase, para substituir Crouch, expulso no primeiro jogo. Já José Mourinho, sem precisar se arriscar, foi um pouco mais cauteloso do que de costume: o treinador colocou Arbeloa na lateral esquerda, avançou Marcelo para o meio e deixou Di María no banco. Em tese, a alteração tinha o objetivo de dar maior segurança para aquele setor, por onde o veloz Lennon ataca. Mas havia uma peça a ser ainda mais temida.

Bale, jogando pela esquerda, é a principal arma ofensiva do Tottenham, e todos sabem muito bem disso. Não à toa, os Spurs começaram a partida armando suas jogadas exatamente por ali, forçando o galês a se confrontar contra Sergio Ramos. O winger até se saiu bem no duelo; porém, suas jogadas não deram em muita coisa. Devido a isso, os principais lances do início do jogo foram dois pênaltis cavados pelos londrinos – um por Bale, outro por Modric - e acertadamente não marcados pela arbitragem.

Embora Cristiano Ronaldo tentasse levar certo perigo em cima de Assou-Ekotto e Özil, geralmente livre por causa dos espaços deixados pelo Tottenham no meio, buscasse puxar alguns ataques, a proposta do Real Madrid era clara. Os espanhóis procuravam não se arriscar tanto e cadenciar o jogo trocando o maior número de passes seguros possíveis, para manter a posse de bola e não dar muitas chances ao perigoso ataque do adversário. A estratégia deu certo, fazendo com que a equipe inglesa tivesse seu ímpeto ofensivo contido em diversos momentos; porém, também tornou os merengues um time pragmático e sem brilho, apenas esperando os contra-ataques para matar o jogo. A tática, no entanto, poderia ter dado certo já nos primeiros minutos, se os comandados de Mourinho tivessem maior capricho.

Ao mesmo tempo em que Bale tentava ser útil para o Tottenham, o time sofria com as exibições apagadas de Lennon e van der Vaart. Porém, quando estes finalmente apareceram, criaram a jogada de maior perigo dos Spurs, aos 25 minutos, que terminou com uma bola isolada por Pavlyuchenko, livre de marcação, num raro momento de vacilo dos espanhóis. Os Spurs chegaram ao gol já no final da primeira etapa, quando Modric ajeitou de cabeça para Bale acertar uma bela finalização, mas o gol foi corretamente invalidado devido ao fato do croata estar impedido.

O placar final da primeira etapa, sem gols, havia sido incômodo para o Tottenham, que, com a dura missão de marcar pelo menos quatro gols na forte e concentrada equipe de Mourinho, precisaria praticamente de um milagre para se classificar. Porém, as pretensões dos anfitriões foram por água abaixo logo aos cinco minutos do segundo tempo: Cristiano Ronaldo arriscou seu típico chute com certa curva de muito longe, e Gomes, na tentativa de fazer uma fácil defesa com rapidez para já dar início a uma nova jogada, acabou deixando a bola escapar de suas mãos e engolindo um grande frango. O brasileiro se firmou no Tottenham há um tempo, mas provou porque é conhecido por ser um arqueiro de defesas fantásticas e de inesperadas falhas terríveis, até mesmo em jogos em que era o melhor do time.

O gol, obviamente, foi como um baque para os londrinos, que precisariam de incríveis seis gols em menos de 40 minutos. A princípio, o time da casa até tentou esboçar uma reação. Porém, aos 12 minutos, após outro bom lance de van der Vaart (curiosamente, as duas únicas jogadas do holandês resultaram nas melhores chances dos Spurs) Pavlyuchenko errou uma cabeçada fácil, na frente de Casillas. Naquela que foi a sua segunda chance desperdiçada, o russo, mal na tentativa de substituir Crouch, decretou: o milagre era impossível, até porque o Tottenham deveria ter uma eficácia que não estava tendo na partida. Redknapp ainda tirou o apagado Lennon e colocou Defoe, deixando o time com dois atacantes, mas isso não foi o suficiente.

A partir daí, o que se viu foi um Real Madrid ainda mais tranquilo, apenas tocando a bola e acelerando o jogo quando o Tottenham cedia contra-ataques, que não foram poucos – porém, todos foram desperdiçados devido ao preciosismo dos merengues. José Mourinho acertadamente tirou seus principais jogadores que estavam pendurados, entre eles Cristiano Ronaldo, e aproveitou a oportunidade para dar ritmo de jogo a Kaká e Benzema. Aliás, o brasileiro, em um perigoso chute de fora da área, quase foi responsável por outra falha de Gomes, inseguro desde o gol sofrido. Enquanto isso, os londrinos foram se apagando cada vez mais, principalmente quando Bale sumiu do jogo, e deram seu último suspiro num chute de van der Vaart aos 41 minutos.

Enquanto o Real Madrid comemorava a classificação para as semifinais (algo que não conseguiam desde a temporada 2002/03), os jogadores do Tottenham eram aplaudidos pelos seus torcedores. Não era para menos. Uma das sensações da atual edição, o clube teve uma campanha fantástica na Liga dos Campeões, com grandes jogos e vitórias – principalmente contra a Inter em White Hart Lane e o Milan em San Siro – que entraram para história do clube. Devem celebrar a sua passagem pelo torneio, ao mesmo tempo em que os espanhóis devem agradecer a José Mourinho pelos feitos que estão sendo conquistados ultimamente.

Tottenham 0 x 1 Real Madrid

Tottenham: Gomes, Corluka, Dawson, Gallas e Assou-Ekotto; Huddlestone (Sandro), Modric (Kranjcar), Lennon (Defoe) e Bale; van der Vaart; Pavlyuchenko.

Real Madrid: Casillas, Sergio Ramos (Granero), Ricardo Carvalho, Albiol e Arbeloa; Xabi Alonso (Benzema), Khedira, Özil, Cristiano Ronaldo (Kaká) e Marcelo; Adebayor.

Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA)

Cartões Amarelos: Ricardo Carvalho e Granero (MAD)

Imagem: BBC

5 de abril de 2011

Crítica: Real Madrid 4 x 0 Tottenham

Adebayor, ex-atacante do Arsenal, grande rival do Tottenham, foi um dos responsáveis pelo massacre em cima dos Spurs ao marcar dois gols

Texto de Rodrigo Zuckerman, do Quatro Tiempos

Contra o Lyon, o Real Madrid quebrou o estigma de amarelar nas oitavas de finais da Liga dos Campeões da Uefa e avançou de fase pela primeira vez em seis anos. Porém, a maior afirmação de que o Real Madrid de Mourinho é outro veio hoje no duelo contra o Tottenham: a vitória de 4 a 0 colocou os merengues a um passo de uma semifinal que já não vem desde de 2003/2004, quando os blancos acabaram eliminados pela Juventus. Tudo bem que o Tottenham sentiu muito a falta de um centroavante de ofício desde os 15 minutos do primeiro tempo, quando Crouch foi expulso de uma maneira estabanada, e a falta de Lennon, que sentiu uma lesão no aquecimento. Porém, não há nenhum mérito para tirar desta vitória madridista: os onze chutes a gol contra apenas um dos londrinos representam bem o que foi a partida.

Mourinho fez mistério durante toda a semana. Na sexta-feira, na coletiva pré-jogo contra o Sporting Gijón, havia assegurado que Benzema, Marcelo e Cristiano Ronaldo não estariam aptos à partida de ida contra o Tottenham. Entretanto, o paradigma mudou após a derrota para o Sporting Gijón no sábado, que praticamente confirmou o Barcelona como campeão espanhol desta temporada. Sem saída após a péssima partida feita, Mourinho não teve outro jeito: convocou Marcelo e Cristiano Ronaldo para o duelo, assim como Kaká. Nas quatro linhas, o português, apesar do gol, não foi brilhante, enquanto que o brasileiro ditou o ritmo da partida. Dono de uma excelente atuação, Marcelo não teve trabalho com Van der Vaart, que havia provocado seu ex-time antes do jogo.

A atuação mais surpreendente ficou por conta de Sergio Ramos. O lateral direito fez uma partida que lembrou aquele lateral de 2007/2008 e apesar de algumas desatenções com Gareth Bale, muito veloz, soube conter bem o galês na bola. Pepe, por sua vez, não deixou de cometer suas faltas bobas e acabou recebendo um cartão amarelo em um dos ataques do camisa três do Spurs, o que o tira do jogo da volta no WHL. Escalado no 4-2-3-1, toda a tática de Harry Redknapp foi por água abaixo logo nos primeiros minutos. Primeiro, aos três, quando Özil levantou e Adebayor testou firme para as redes de Gomes, que acabou enganado por Modric, que não afastou uma bola fácil. Depois, aos quinze, quando Crouch, com os nervos à flor da pele, cometeu falta em Marcelo, recebeu o segundo cartão amarelo e foi para os vestiários mais cedo.

Na parte ofensiva, o Real Madrid era infinitamente melhor, mas faltava ser mais incisivo. Özil, como alertávamos na prévia, parecia estar em outro mundo e foi facilmente batido por Sandro. Cristiano Ronaldo, por sua vez, sentiu um pouco a falta de ritmo e não levou muito perigo à meta de Gomes em boa parte da primeira etapa. Assou-Ekotto parecia nervoso e tomou um baile de Di María, um dos melhores em campo, enquanto Adebayor levava clara vantagem pelo alto. O togolês, que vinha fazendo más partidas, deu a volta por cima e foi ovacionado pela torcida merengue presente no Bernabéu.

No intervalo, Redknapp tentou concertar o erro de Peter Crouch. Sacou um decepcionante Van der Vaart, bem vaiado pelos aficionados merengues, para colocar Defoe. Assim, Modric passou a jogar mais aberto pela direita e Bale, que - estranhamente - passou os primeiros trinta minutos da primeira etapa na direita, passou a atuar com mais contundência pela esquerda. Percebendo isso, Mourinho resolveu sacar Khedira, muito ofensivo hoje, para colocar em campo Lass Diarra, que ficou responsável pela cobertura da marcação do galês. À medida que os minutos passavam, o volume de jogo do Real Madrid só crescia e o segundo gol não tardou a chegar. Aos 12 minutos, Marcelo fez boa jogada pra cima de Gallas e cruzou na medida para Adebayor, novamente em vantagem pelo alto, cabecear no canto direito de Gomes, que nada pôde fazer. A partir daí, a torcida madridista, que já fazia muita festa, inflamou o Bernabéu e foi ao delírio aos 26 minutos, quando um onipresente e incansável Di María recebeu de Özil, que subiu de produção, e, com extrema categoria, acertou um feliz chute no ângulo direito do goleiro brasileiro.

Com os 3 a 0, Mourinho deu chances a Kaká e Higuaín, para ganharem ritmo. O brasileiro mostrou vontade e até ensaiou algumas de suas características arrancadas. E foi a partir de uma jogada do meio-campista brasileiro que Cristiano Ronaldo sacramentou a partida. Kaká tabelou com Marcelo e, de esquerda, cruzou na medida para Cristiano Ronaldo, que, de primeira, acertou um belo chute de direita, chegando ao seu quinto gol nesta edição da Champions. A de se destacar a contribuição de Gomes no gol do gajo.

O resultado dará uma injeção extra de ânimo para o Real Madrid para a continuidade da temporada. Se, na Liga Espanhola, Mourinho parece ter jogado a toalha, a equipe continua muito viva e concentrada na principal competição europeia, sem contar a final da Copa do Rei contra o Barcelona, aquele que pode ser seu adversário numa histórica semifinal. Na coletiva, os jogadores seguraram a euforia, mas não há como esconder: o Real Madrid deu um sólido passo para a semifinal da Liga dos Campeões da Uefa.

Real Madrid 4x0 Tottenham
Real Madrid: Casillas; Sérgio Ramos, Pepe, Ricardo Carvalho e Marcelo; Xabi Alonso, Khedira (Lass Diarra), Özil e Di María (Kaká); Cristiano Ronaldo e Adebayor (Higuaín)
Tottenham: Gomes; Corluka (Bassong), Gallas, Dawson e Assou-Ekoto; Sandro, Modric, Lennon, Van der Vaart (Defoe) e Bale; Crouch
Árbitro: Felix Brych (ALE)
Cartão amarelo: Pepe e Adebayor (REA) Van der Vaart e Defoe (TOT)
Cartão vermelho: Crouch (TOT)

4 de abril de 2011

Prévia: Real Madrid x Tottenham

Um dos grandes nomes do Tottenham na temporada, Modric será um dos responsáveis por tentar levar os Spurs às semifinais da Liga dos Campeões

A primeira meta de José Mourinho no comando do Real Madrid foi cumprida. Após seis eliminações seguidas nas oitavas-de-finais da Uefa Champions League, o maior campeão da competição voltou a avançar de fase, após eliminar o Lyon, e espera continuar firme na disputa pela orelhuda. Para isso, terá que passar pelo surpreendente Tottenham, que na atual edição, superou a atual campeã Inter na fase de grupos e eliminou o Milan de Ibrahimovic nas oitavas de final. Nos dois únicos confrontos entre as duas equipes na história, o Real Madrid eliminou os londrinos na Copa Uefa de 1984/85, após empatar no Bernabéu e ganhar em White Hart Lane. Naquela temporada, o Real Madrid se sagraria o campeão da competição, após derrotar a Inter de Milão na final em Liverpool.

Para o grande confronto entre Real Madrid, sempre favorito, e Tottenham, sensação da competição, contamos, assim como na prévia de Arsenal x Barcelona, com a parceria dos amigos do blog Quatro Tiempos, especializado no futebol espanhol. Confira a prévia da partida e depois, nos dois sites, a análise dos confrontos. Quem escreve sobre os merengues é Rodrigo Zuckerman.

A temporada até aqui
Real Madrid: Invictos durante três meses na temporada, o Real Madrid vinha liderando a Liga Espanhola e passando por cima de seus adversários na Champions (com vitórias convincentes ante Milan e Ajax), mas voltou a sucumbir no superclássico contra o Barcelona, principal ponto de mudança na postura da equipe. A partir daí, a relação entre Mourinho e Valdano, dirigente do time, passou a se azedar por um único motivo: a contratação de mais um centroavante. Sem Higuaín por quatro meses (que operou o joelho), Valdano defendia a tese de que Benzema poderia ser mais utilizado para mostrar serviço, enquanto que Mou passou a não confiar mais no francês, que vinha recebendo muitas chances, mas não conseguia aproveitá-las. Hoje, porém, a história mudou: o franco-argelino é um dos jogadores mais fundamentais do Real Madrid e Adebayor, que acabou contratado, ainda não justificou os 3,5 milhões de euros pago por seu empréstimo e muito provavelmente não será comprado em definitivo ao término da temporada. Na Liga Espanhola, as chances de títulos pode ter chegado ao fim após a derrota para o Sporting Gijón, que sacramentou a perda da invencibilidade caseira de Mourinho em campeonatos nacionais que durava nove anos. Oito pontos atrás do Barcelona, o time de Chamartin concentrará suas forças na Champions e na Copa del Rey, onde terá um duro desafio: enfrentará o arquirrival Barcelona, no Mestalla.

Tottenham: Capitaneados pela excelente contratação de Rafael van der Vaart e pelo crescimento assustador de Gareth Bale, o Tottenham faz boa campanha na Premier League. Sempre tentando se manter entre os quatro primeiros colocados, vem batendo de frente com os times do Big Four e finalmente derrotou um desses clubes fora de casa, quando venceu o grande rival Arsenal de virada por 3 a 2. Porém, o rendimento dos Spurs caiu no último mês: os londrinos não vencem há quatro rodadas. É verdade que, além de três dessas partidas terem sido disputadas fora de White Hart Lane, a equipe sofreu por ter o seu departamento médico lotado. Porém, os jogos foram justamente contra os quatro últimos colocados do campeonato; logo, mesmo sem todos os titulares, o Tottenham poderia ter conseguido melhores resultados, ainda mais tendo boas opções no banco, principalmente do meio para frente. Com a queda, os comandados de Harry Redknapp se encontram na 5ª posição, a cinco pontos do 4ª colocado Chelsea. Por isso, parece prudente se doar ainda mais na Liga dos Campeões, onde o clube faz uma campanha memorável: depois de mostrar ao mundo quem é Bale e vencer a Inter de Milão em casa de forma incontestável, garantindo o primeiro lugar do grupo, eliminou o Milan nas oitavas de final com direito a vitória em San Siro.

Pontos fortes
Real Madrid: A grande novidade desta LC tem justamente a ver com a campanha do Real Madrid. Após muitas temporadas atuando de maneira medrosa, que irritava seus aficionados, José Mourinho chegou e conseguiu transformar a mentalidade dos jogadores merengues. As partidas contra o Milan, nas quais o Real Madrid jogou com a faca nos dentes e enorme inteligência tática, foi o divisor de águas na história recente do clube na principal competição europeia. Nas oitavas, principalmente na volta, contra o Lyon, o Real Madrid não deu espaço para uma nova eliminação e atuou de maneira agressiva. Parte destes méritos se deve também a mudança feita pelo técnico no esquema tático da equipe, que encontrou no 4-2-3-1 seu módulo mais equilibrado e eficiente. A ousadia do português contrasta e muito com a covardia que exibia Pellegrini em suas alterações previsíveis. Na linha de três da meiuca, Di Maria, Özil e Cristiano Ronaldo deram conta do recado durante o primeiro semestre, com um futebol rápido, inteligente e coletivo. Com as baixas de Cristiano Ronaldo, Benzema e Marcelo, o turco-alemão será o principal nome do duelo no Bernabéu. A ênfase no conjunto é algo bastante prezado por Mourinho, que trabalhou para construir uma mentalidade coletiva e de sacrifício por pontos sempre valiosos.

Tottenham: O Tottenham tem uma das melhores linhas de meio campo da Inglaterra, se não a melhor, graças à qualidade dos jogadores e à abundante mão-de-obra que Harry Redknapp possui para montar o meio. Com Bale e Lennon sofrendo com problemas físicos e não atuando em todos os jogos, Modric vem se tornado cada vez mais a principal peça desse setor: o croata tem se mostrado cada vez mais sensacional e é um dos melhores organizadores de jogo da Inglaterra. Além de contar com van der Vaart mais a frente (responsável pela utilização do 4-4-1-1, sendo o elo do meio com o ataque) e com Pienaar e Kranjcar como úteis reservas, o treinador dos Spurs ganhou recentemente uma grata opção: com poucas opções para a faixa central, ele apostou em Sandro, que vem correspondendo muito bem. Depois de mostrar dificuldades para se adaptar ao ritmo corrido do futebol inglês, o brasileiro conseguiu uma série de grandes atuações e, com grande poder de marcação, pode até desbancar Huddlestone quando este voltar de contusão.

Pontos fracos
Real Madrid: O ponto fraco do Real Madrid talvez esteja no seu ponto mais forte para a partida. Sem Cristiano Ronaldo, Benzema e Marcelo para o jogo da ida, Özil e Di María serão os condutores da equipe, assim como Higuaín, retornando de lesão. Porém, os dois jogadores saíram-se terríveis no principal jogo do Real Madrid na temporada: no superclássico contra o Barcelona, os dois foram nulos e sucumbiram a Busquets, Piqué e Puyol. O turco-alemão caiu como uma graça no esquema de Mourinho e comparações com Zidane são inevitáveis, mas ainda falta provar mais. Contra o Lyon, nas oitavas-de-finais, também passou nulo na ida, e na volta, só acordou quando os merengues já tinham a classificação nas mãos. Outro problema é o desgaste do elenco num momento crucial na temporada. Mourinho, nem um pouco afeito a rodízio de jogadores, contribui um pouco para este desgaste ao dar pouco descanso para os titulares em momentos importantes da temporada. Fato é que jogar cansado contra uma equipe veloz como o Tottenham pode ser mortal caso os jogadores não ocupem bem os espaços em campo. As laterais também preocupam. Ainda que o futebol de Marcelo tenha evoluido bastante, o brasileiro ainda carece na marcação (um dos principais motivos por Mourinho utilizar Arbeloa em jogos mais pesados). Sergio Ramos vive uma temporada de altos e baixos e não consegue mostrar a segurança de duas/três temporadas atrás. O espanhol será o marcador direto de Bale e a possibilidade da torcida do Tottenham cantar taxi for Sergio Ramos existe.

Tottenham: A preocupação natural é o setor defensivo. Se, naturalmente, os wingers do Tottenham são o destaque do time, os laterais são o elo fraco: Corluka é não mais que regular e Assou-Ekotto, embora faça boa temporada, marca muito mal – algo péssimo para quem terá de marcar jogadores do Real Madrid. Gomes também preocupa: sua fase mais instável já passou, mas ele ainda se mostra um goleiro propenso a erros numa partida em que esteja sendo o melhor do jogo. Já seca de gols de Defoe e as contusões que assolam o clube são as preocupações secundárias. O atacante inglês, uma máquina de fazer gols na temporada passada, vem fazendo uma campanha muito abaixo do seu nível. Enquanto isso, os problemas físicos dificultam demais a tarefa de Harry Redknapp na montagem da equipe: Bale e van der Vaart, por exemplo, caíram de produção desde que se machucaram e tiveram que retornar longe da forma ideal – sendo que o galês volta e meia precisa retornar ao departamento médico. Mas o problema maior está na defesa: com Hutton, Gallas, King, Woodgate e Kaboul machucados, o inglês tem de se virar para escalar o setor defensivo – tanto que, no último jogo, contra o Wigan, só possuía dois zagueiros em totais condições de jogo.

Expectativas
Real Madrid: Diferentemente da temporada passada, onde gastou além das contas, o mercado do Real Madrid foi cirúrgico, mas trouxe jogadores que soube fixar seu lugar no time titular (à exceção de Canales e Pedro Leon). A principal contratação não joga, mas deu jeito no time. José Mourinho já chegou mudando a equipe e estruturou o Real Madrid num 4-2-3-1, com uma defesa bem sólida que as anteriores, formada por Ricardo Carvalho e Pepe, e uma linha de três extremamente ofensiva no meio-campo, formada por Özil, Di Maria e Cristiano Ronaldo. Como o título da Liga ficou extremamente difícil após o último final de semana, quando o Real Madrid tropeçou em casa para o Sporting Gijón e deixou o Barcelona abrir oito pontos de vantagem, os blancos devem apostar tudo nos dois confrontos contra o Tottenham. Se nas últimas partidas da Liga, os comandados de Mourinho têm mostrado certa preguiça, não há dúvidas de que na Champions, a raça e a disposição prevalecerá, tornando o duelo mais atrativo.

Tottenham: A presença de Schalke 04 e Shakhtar entre os oito classificados permitiu ao Tottenham sonhar com confrontos mais tranquilos nas quartas de final e uma eventual passagem para as semifinais. Porém, o sorteio cruel fez com que os Spurs voltassem ao pensamento inicial: o objetivo era chegar às quartas de final, e o que viesse após isso seria lucro. O clube de Londres é o azarão por diversos motivos (por exemplo, o adversário possui um elenco melhor e está embalado pelo fim do tabu na competição e por ter José Mourinho) e ainda sofre com contusões que, se não prejudicam a montagem do time, fazem com que jogadores voltem fora da forma ideal. Porém, tirando o horroroso primeiro tempo feito contra a Inter de Milão em Giuseppe Meazza, na fase de grupos, o Tottenham tem mostrado uma excelente capacidade de se superar, se motivar e se concentrar na competição. É nessa rotina que os ingleses se agarram para superar os espanhóis.

Prováveis escalações
Real Madrid: Casillas; Sergio Ramos, Pepe, Ricardo Carvalho, Arbeloa; Xabi Alonso, Khedira; Di María, Özil, Granero; Higuaín (Adebayor).

Tottenham: Gomes, Corluka, Dawson, Bassong (Gallas) e Assou-Ekotto; Lennon, Sandro, Modric, Bale (Pienaar); van der Vaart; Crouch.

Imagem: Zimbio