27 de maio de 2011

Prévia: Barcelona x Manchester United

Na decisão de 2009, Ferdinand, num raro vacilo, apenas assistiu Messi sacramentar a vitória e o título do Barcelona. Dois anos depois, as duas equipes voltam a se encontrar em uma final de Champions League

Neste sábado, Barcelona e Manchester United entram em campo para o décimo jogo oficial entre as equipes válido por competições da Uefa - a segunda final de Champions League. Porém, a partida deste sábado terá um sabor mais especial para os Red Devils: a chance de uma vingança pela derrota na final de Roma em 2008/2009. A reedição da final de duas temporadas atrás não terá tantas diferenças no onze inicial das duas equipes, mas alguns jogadores em foco naquela partida não estarão em campo em Wembley.

Naquele 27 de maio de 2009, no Olímpico de Roma, o Barcelona abriu o placar com um incansável Eto'o, que fazia sua última partida pelo clube da Catalunha. O gol contra os mancunianos, com direito a um drible desconcertante em Vidic, encerrou um lindo ciclo do Rei Leão com os azulgrenás, que resolveram fazer do camaronês uma "moeda de troca" para contratar Ibrahimovic. No lado inglês, Cristiano Ronaldo era a grande esperança da equipe, mas, diferentemente de Eto'o, passou em branco nos noventa minutos e, uma semana depois, anunciou sua ida para o Real Madrid.

Mais uma vez, contamos com a grande colaboração de Victor Mendes, do blog Quatro Tiempos, que trata do futebol espanhol, para falar do Barcelona. Confira a prévia da esperada final entre Barcelona x Manchester United e depois, nos dois endereços, o resumo do embate.

A temporada até aqui
Barcelona: Campeão da Liga e melhor equipe do mundo, o Barcelona chega à final como o grande favorito. Após algumas más partidas no início de temporada, sobretudo pela lesão de Messi, figura-chave desta equipe, o Barcelona foi se achando de pouco em pouco na temporada e exercendo o futebol envolvente já conhecido por todos. Escalado no 4-3-1-2, com Messi jogando atrás de Villa e Pedro, como um enganche, o Barcelona passou a primeira parte da temporada conseguindo bons resultados e conquistando por diversas vezes a famosa manita, como no superclássico do Camp Nou e as vitórias ante Real Sociedad e Espanyol. No segundo semestre, o rendimento caiu, muito por causa da acomodação na liderança da Liga, mas a margem de derrota ainda era pequena. Após ser vice na Copa e sobreviver na LC na maratona de superclássicos, o doblete (Liga + Champions) é a pequena obsessão de um time que já está na história, sobretudo por ser a base da seleção campeão mundial e ter Messi, que a cada jogo quebra marca atrás de marca. Na temporada, o argentino já foi às redes 52 vezes, mas, com a cabeça na final, acabou deixando o português Cristiano Ronaldo disparar na artilharia da Liga Espanhola.

Manchester United: Para quem pouco se reforçou e começou a temporada levemente ofuscado pelos seus rivais, até que o clube se saiu muito bem. Os Red Devils conquistaram a Premier League com uma rodada de antecedência e de forma merecida. É verdade que a equipe teve lá seus problemas: pouquíssimas vezes brilhou durante os jogos, teve um início de campeonato vacilante, quando empataram demais fora de casa, e encarou uma reta final de jogos mais difícil do que o esperado. Porém, o time de Alex Ferguson foi mais regular do que seus adversários e a que menos pontos bobos desperdiçou, o que foi essencial para que o time conquistasse o campeonato nacional. Essencial, aliás, também foi a subida de produção de alguns jogadores: Nani e Berbatov finalmente floresceram, sendo fantásticos no apoio a Giggs na primeira metade da temporada, enquanto Rooney estava em má fase. Quando o atacante inglês retornou à boa forma, pode ainda contar com o rápido amadurecimento de Chicharito Hernandez, formando com o mexicano uma dupla essencial para os resultados positivos do Manchester United em 2011. Ajudados por um excelente setor defensivo, esse conjunto alcançou vários de seus objetivos e agora busca o double que não pode ser formado antes, já que o time foi derrotado pelo Manchester City na semifinal da Copa da Inglaterra.

Pontos fortes
Barcelona: A saída de Ibrahimovic, contratação mais cara da história do clube culé, chegou a fazer falta durante os primeiros jogos da temporada, mas acabou sendo assimilada com naturalidade graças a rápida adaptação de Villa à equipe. Sem o sueco, mas com o Guaje, Pedro e Messi, o Barcelona apresenta grande variação tática e pode atuar de diferentes formas, embora jogue mais frequentemente no 4-3-1-2, com Messi fazendo o papel de enganche (jogando atrás de Pedro e Villa), ou no 4-3-2-1, com Messi de falso nove. Quanto aos setores da equipe, destacam-se o meio-campo e o ataque. O futebol de Busquets ascendeu muito após a Copa e o canterano, que pecava por erros infantis, está mais maduro, dando segurança e participando bem dos ataques. Destacam-se também a visão de jogo privilegiada de Xavi, a técnica, qualidade e imprevisibilidade de Iniesta, os gols decisivos de Pedro e Villa e o poder de decisão de Messi.

Manchester United: Uma das grandes forças dos Red Devils está no aspecto mental: a equipe costuma lidar muito bem com as decisões e possui uma veia vencedora incrível. Já no que se refere ao elenco, o conjunto do Manchester United é tão forte e coeso que é difícil citar apenas um setor ou um jogador. A defesa é forte demais, principalmente porque conta Van der Sar, um goleiro experiente e muito seguro, e uma zaga que é uma das melhores do mundo – Ferdinand é um líder nato e Vidic tem um poder de marcação muito alto. No meio campo, Giggs – agora também podendo ser escalado como um meia central – é o maestro de sempre, Valencia voltou de contusão atuando melhor do que antes, e Nani, líder de assistências na Premier League (18), finalmente justificou a grande quantia gasta em sua contratação. Já no ataque, Rooney, embora ainda um pouco distante da excelente forma da temporada anterior, voltou a jogar em bom nível, enquanto Chicharito Hernandez, embora enrolado com a bola nos pés, já mostrou em pouco tempo que tem o faro de gols, principalmente nos grandes jogos. Por fim, ainda há uma grande arma utilizada por Ferguson nas partidas decisivas: o sul-coreano Park. Dono de muita velocidade e comprometimento em campo, ele está sempre ponto para anular uma peça fundamental da equipe adversária e ainda ajudar no ataque. E o principal: enquanto geralmente é menosprezado, cumpre muito bem seu papel. Ele pode ser, por exemplo, o responsável por limitar a presença de Daniel Alves no ataque e ainda armar o jogo nas costas do brasileiro.

Pontos fracos
Barcelona: Difícil citar um ponto fraco nessa equipe quase perfeita do Barcelona. Mas o Barcelona da Era Guardiola costuma passar por momentos de dificuldade quando enfrenta equipes que procuram desempenhar a mesma função que os blaugranas estão acostumados a exercer: atacar e dominar o jogo. Contra Inter de José Mourinho, a partida no Camp Nou ficou marcada pelo muro armado pelo técnico de Setubal, mas no Meazza os meneghino derrotaram o Barcelona de uma maneira pouca vista antes, escancarando o problema que o Barcelona passa quando é atacado. Outras fraquezas da equipe sobressai quando o adversário pressiona a saída de bola, obrigando Piqué, Puyol ou Busquets a darem chutões para frente, e quando Xavi sofre uma forte marcação. Mesmo dispondo de outros jogadores decisivos, o Barcelona perde em criação quando seu maestro é bem marcado. Na épica semifinal da temporada passada, Mourinho soube anular as peças-chaves do time da Catalunha: asfixou Xavi e não deixou Messi receber perto da área.

Manchester United: É difícil apontar fraquezas numa equipe tão bem balanceada. Porém, elas estão presentes. Esta equipe, acima de tudo, não tem brilho, o que pode prejudicar os ingleses quando estes precisarem criar alguma oportunidade de gol, sobretudo se estiverem perdendo. Embora o Manchester United tenha sido muito bem sucedido na atual temporada, poucas vezes esse time convenceu em campo. Muito disso ocorre pela falta de um jogador mais criativo na equipe, sobretudo na faixa central do meio campo, já que Carrick, Fletcher e Scholes, atletas que por ali podem ser escalados, estão longe de se destacar por causa deste fundamento. Aliás, uma das razões para Giggs, já no final da campanha, ter sido escalado por ali pode ter sido justamente a necessidade de ter alguém com maior habilidade. Também é importante destacar o elo fraco da defesa dos Red Devils, que é o lado direito. Tanto Rafael quanto Fábio não sabem marcar muito bem – e para desespero de Ferguson, é o segundo, que vem sendo titular atualmente, quem menos sabe proteger seu posto. Por conta disso, não é improvável apostar na escalação de O’Shea por ali, uma jogador bem limitado mas que dá conta do recado na marcação.

Expectativas
Barcelona: Desta vez, o favoritismo de 2009 está nas mãos do Barcelona. O time que deve ir a campo na final de sábado não foi definido por Josep Guardiola, embora todos, até Abidal, que se recuperou de um tumor no fígado, estejam disponíveis. Na primeira coletiva da semana, Guardiola não quis falar sobre a escalação que irá a campo, mas deixou no ar a possibilidade de escalar Mascherano ao lado de Piqué, deslocando Puyol para a lateral esquerda. Segundo o treinador, seria arriscado demais escalar Abidal e Puyol, que se ficaram muito tempo parados, em uma partida tão decisiva como esta. Pedro, que vem reclamando de fortes dores musculares, também é dor-de-cabeça para o treinador: se o canário não jogar, a opção mais plausível será a titularidade de Keita, com Iniesta sendo adiantado para a ponta esquerda e Villa para a direita.

Manchester United: Por mais que esse time tenha uma veia vencedora, o Manchester United entra na final como azarão – bem mais do que em 2009. Como os catalães muitas vezes parecem imbatíveis, a questão que fica é a seguinte: o que Sir Alex Ferguson fará para anular o Barcelona? Há algumas boas alternativas: explorar o jogo pelos flancos com Nani, Park ou Valencia; optar por um esquema mais conservador, reforçando a marcação na faixa central e deixando Rooney como único atacante; e por aí vai. Porém, a verdade é que as alternativas parecem muito bonitas no papel, mas extremamente difíceis de serem executadas. Por isso, a única coisa que se tem certeza é que todos os titulares terão de ter uma exibição perfeita para derrotar este grande esquadrão. O resto fica a cargo do mestre escocês.

Prováveis escalações
Barcelona: Víctor Valdés, Daniel Alves, Piqué, Mascherano (Puyol), Puyol (Abidal); Busquets, Xavi, Iniesta; Messi; Pedro, Villa.

Manchester United: Van der Sar, Fábio (O’Shea), Ferdinand, Vidic, Evra; Valencia, Carrick, Giggs, Park; Rooney, Chicharito (Nani).

Imagem: BBC

24 de maio de 2011

Chicharito: de aposta a peça-chave

Sem os mesmos holofotes de seus companheiros, Javier Hernán é peça-chave do atual time do Manchester United


Quando Javier Hernández foi contratado pelo Manchester United, a imprensa mexicana qualificou a ida daquele mexicano, que poucos conheciam na época, para a Inglaterra como estrondosa e espetacular. A imprensa inglesa, porém, não deu o mesmo alarde à transferência. Com isso, Chicharito chegou ao United como uma grande incógnita, uma verdadeira aposta.

Perto de ter se transferido para o PSG, em 2009, o clube francês só não o contratou pelo fato de acreditar que um jogador com um preço tão baixo (o passe de Chicharito, na época, valia cerca de 1 milhão de dólares) não seria de boa qualidade. Senso assim, para a felicidade dos torcedores Red Devils, a transferência não vingou.

Com a iminente recusa do PSG, Chicharito seguiu no Chivas, conquistando cada vez mais o status de ídolo da torcida mexicana. O atacante foi ganhando também o interesse de diversos clubes; o Manchester, porém, não titubeou, foi mais rápido e contratou o jogador.

Chegando com o status de aposta, Hernández necessitou de um jogo para crescer dentro do United. A Supercopa da Inglaterra, conquistada no início da temporada, sobre o grande rival Chelsea, presenciou uma atuação de gala de Chicharito, que logo foi ganhando a confiança de Fergunson.

Enquanto seu maior concorrente pela vaga na equipe titular, Dimitar Berbatov, anotava hat-tricks diante de equipes pequenas e de qualidade ruim (embora também tenha feito o mesmo contra o Liverpool), Hernández decidia clássicos e jogos importante. Não tardou para o mexicano ser a preferência de Fergunson...

O dinamismo e movimentação de Chicharito aliou-se perfeitamente a estrela intocável, Wayne Rooney, quando este voltou à sua boa fase. O atacante mexicano acabou tornando-se peça-chave do time Red Devil, sendo que, com sua ausência, o estilo de jogo do Manchester é totalmente diferente.

Scott Parker e Gareth Bale foram eleitos os melhores da Premier League, mas em eficiência e importância, por que não escolher Chicharito? É uma boa discussão a ser iniciada.

23 de maio de 2011

Os melhores da temporada

Tevez foi o artilheiro da Premier League e um dos melhores jogadores do campeonato

Com o fim da Premier League, é hora de relembrar os grandes nomes da temporada. O blog montou aqui a seleção dos 11 melhores, seguida de outra lista de jogadores que também se destacaram no campeonato. Há também a lembrança aos técnicos que se destacaram. Abaixo, os escolhidos:

Edwin Van der Sar (goleiro, Manchester United) – Incrível como um jogador com 40 anos conseguiu atuar em grande estilo durante toda a temporada. Extremamente seguro, falhou raríssimas vezes – talvez seus únicos tropeços tenham sido no empate em 2 a 2 contra o West Brom em Old Trafford. Assim como Ferdinand e Vidic, foi essencial para que o time tomasse poucos gols durante a temporada.

Rafael (lateral-direito, Manchester United) – A escolha aqui foi difícil. Rafael atuou apenas 16 vezes e ainda foi preterido após uma expulsão boba contra o Tottenham e uma contusão no meio da temporada. Porém, a falta de concorrência em comparação aos outros times e as boas atuações enquanto foi titular, mostrando uma ótima dosagem entre força ofensiva e defensiva, fazem com que seu nome seja lembrado aqui.

Nemanja Vidic (zagueiro, Manchester United) – Ratificou a condição de um dos melhores zagueiros do mundo com uma temporada brilhante. Deu conta do recado enquanto Ferdinand esteve machucado liderando a defesa da equipe, ajudando no amadurecimento de Smalling e cobrindo os erros de Evans. Quando Ferdinand retornou de contusão, formou um verdadeiro paredão na defesa com o inglês. Não a toa, devido a sua grande contribuição aos titulares, tornou-se, de forma merecida, o capitão dos Red Devils.

Vincent Kompany (zagueiro, Manchester City) – Os Citizens podem ter outros zagueiros mais badalados, principalmente pela dificuldade em contratá-los, mas Kompany claramente se sobressaiu dentre todos. Com uma capacidade de marcação tão impressionante quanto a de Vidic, tornou um dos nomes indispensáveis do Manchester City, mesmo sem ter o mesmo prestígio de seus companheiros Tevez e David Silva, por exemplo.

Leighton Baines (lateral-esquerdo, Everton) – Um dos únicos jogadores da Premier League a ter atuado em todos os jogos, Baines foi essencial para a boa campanha do Everton. Quando todos os grandes nomes dos Toffees estavam machucados, o lateral se tornou um dos líderes da equipe, comandando o clube, junto com Leon Osman, a uma grande recuperação em 2011. Seus 11 passes para gols, aliás, comprovam isso. Por isso, não dá para entender como foi preterido por um Ashley Cole na escolha o time do ano, já que o jogador do Chelsea esteve bem abaixo das expectativas na temporada.

Scott Parker (meia, West Ham) – O West Ham foi rebaixado, mas não se pode esquecer da grande campanha de Parker; afinal, se quando o meia jogava, já era difícil de prever uma vitória dos londrinos, quando não entrava em campo, a derrota era quase certa. Motorzinho do meio campo dos Hammers, marcava, ajudava na saída de bola e ainda aparecia na frente para marcar belos gols. De quebra, de tanto jogar bem, finalmente cavou uma vaga entre os titulares do English Team.

Jack Wilshere (meia, Arsenal) – O jovem inglês mostrou que a experiência no Bolton fez muito bem a ele. Em sua primeira temporada completa pelo Arsenal, foi o dono do meio campo do Arsenal, superando até mesmo o irregular Fabregas. Com muita habilidade, bom poder de marcação e boa capacidade de conduzir o time ao ataque, mostrou que pode ser escalado de diversas formas. Se os Gunners precisam construir a equipe em torno de alguém, talvez não seja em cima de Fabregas, e sim de Wilshere.

Samir Nasri (meia, Arsenal) – Sem dúvidas um dos jogadores que mais cresceram nessa temporada. Enquanto Fabregas não estreava no campeonato, assumiu com maestria a condição de condutor da equipe. Quando o espanhol retornou ao time titular, se saiu muito bem como winger. Sua leve queda de rendimento após a fatídica perda da Carling Cup não apagou o brilho de sua campanha: com 10 gols marcados, foi um dos melhores jogadores na Terra da Rainha.

Rafael van der Vaart (meia, Tottenham) – Era meio difícil acreditar que acrescentaria muito ao Tottenham; afinal, o holandês não estava na melhor fase de sua carreira e os Spurs já possuíam um meio campo muito bom. Porém, Redknapp ajustou seu 4-4-2 para um 4-4-1-1, o que caiu como uma luva para van der Vaart. Jogando como homem de ligação entre o meio e o ataque, provou que sua barata contratação foi excelente, marcando 13 vezes e dando 9 passes decisivos. Também caiu de rendimento em 2011, mas ainda assim não perde vaga por aqui.

Nani (meia, Manchester United) – Um dos melhores jogadores do campeonato, também foi um dos que mais cresceram nessa temporada em relação às anteriores. Com 9 gols e 18 assistências (líder nesse quesito), foi um dos comandantes do Manchester United, principalmente enquanto Rooney não se reencontrava. Dessa forma, finalmente justificou os 25 milhões de euros gastos na sua contratação e provou que pode ser muito mais do que um típico jogador cai-cai.

Carlos Tevez (atacante, Manchester City) – Sem dúvidas o grande nome do Manchester City. Com 21 gols na temporada e 6 assistências, muitas vezes salvou os Citizens e a pele de Roberto Mancini pelas críticas à sua mentalidade defensiva. Aliás, Carlitos deve ser elogiado por outro motivo: se saiu bem demais mesmo jogando como único atacante, embora, mesmo já tendo atuado assim pelo Mancheter United, não tenha tanto porte físico para isso. Também perdeu folego na reta final do campeonato, mas ainda assim se sobressaiu em relação aos demais.

Alex Ferguson (técnico, Manchester United) – Sempre há críticas às suas escolhas, mas mostrou sua veia vencedora levando os Red Devils, poucas vezes considerados favoritos, ao título. Tem que respeitar.

Menções honrosas:

Bem Foster (goleiro, Birmingham) – O Birmingham, mesmo tendo conquistado a Carling Cup, caiu. Porém, o clube teria caído bem antes e não teria conquistado a copa nacional se não tivesse sido pelas ótimas intervenções de Foster, o melhor dos Blues na temporada.

Gary Cahill (zagueiro, Bolton) – Fez mais uma boa temporada pelo agora emergente Bolton. A diferença é que dessa vez já chega a ser cotado para ser contratado por Arsenal ou Liverpool.

Brede Hangeland (zagueiro, Fulham) – Não é uma nome badalado, mas também fez uma temporada muito boa e foi uma peça fundamental entre os titulares de Mark Hughes.

Youssuf Mulumbu (meia, West Brom) – Um dos jogadores mais importantes dos Baggies, foi incansável no seu trabalho de marcação no meio campo, provando porque é um do jogadores favoritos dos torcedores.

Luka Modric (meia, Tottenham) – Deu muita qualidade à saída de bola dos Spurs e foi a cabeça pensante na faixa central do meio. Sua grande atuação no jogo contra o Manchester United em White Hart Lane fez com que surgissem comentários de que era a peça que faltava no meio campo dos Red Devils, que carecem de qualidade pelo centro.

Charlie Adam (meia, Blackpool) – Foi o principal responsável pela resistência do Blackpool na Premier League. Um verdadeiro comandante do meio campo dos Tangerines, marcou 12 vezes e deu 9 assistências. Sem ele, sua equipe perdia mais da metade da sua força.

Gareth Bale (meia, Tottenham) – Não foi tão bem quanto a escolha para melhor do campeonato sugeriu, já que, além de ter passado um tempo machucado, seu maior brilho foi pela Champions League. Ainda assim, com 7 gols marcados, se saiu bem.

Ryan Giggs (meia, Manchester United) - A idade, incrivelmente, não o cansa. Brilhou ofensivamante junto com Nani e Berbatov durante a primeira metade de campeonato e se reinventou jogando na faixa central do meio na segunda parte da Premier League.

Robin van Persie (atacante, Arsenal) – Tem muitos méritos por ter marcado 17 gols e talvez ter sido o único a não ter tido uma queda de rendimento após a perda da Carling Cup. Se não tivesse passado tanto tempo na enfermaria, poderia ter sido artilheiro do campeonato.

Peter Odemwingie (atacante, West Brom) – Uma das maiores surpresas da Premier League, marcou 15 gols e deu 9 assistências. Além disso, sua contratação teve uma excelente relação custo/benefício, já que custou apenas 1 milhão de euros. Se não fosse por ele, os Baggies poderiam ter continuado com a fama de ioiô da Inglaterra.

Darren Bent (atacante, Sunderland/ Aston Villa) – 17 gols distribuídos entre as equipes pelas quais atuou ajudou o Sunderland a ter um ótimo aproveitamento na primeira parte do campeonato e salvou o Aston Villa de um trágico rebaixamento.

Dimitar Berbatov (atacante, Manchester United) – Foi artilheiro com 21 gols, mas seus tentos foram mal distribuídos entre 3 hat-tricks e exibições ruins. De qualquer forma, foi essencial durante a ausência de Rooney e a ambientação de Chicharito ao clube.

Javier ‘Chicharito’ Hernandez (atacante, Manchester United) – Outra grande surpresa. Ambientou-se rapidamente ao clube e, marcando diversos gols decisivos, logo se tornou muito importante aos Red Devils. Com 13 gols feitos, foi a melhor contratação da temporada.

Owen Coyle (técnico, Bolton) – Revitalizou o Bolton, mudando completamente o estilo de jogo da equipe e transformando um conjunto entediante em um dos mais legais de se ver. Pena que alguns equívocos levaram o time apenas a 14ª posição.

Ian Holloway (técnico, Blackpool) – Mostrou que equipes pequenas e com orçamento limitadíssimo não devem se restringir apenas a se defender. Por pouco, não manteve os Tangerines na Premier League.

22 de maio de 2011

Descuidos fatais

Evatt marcou o gol contra que praticamente decretou o descenso do Blackpool; porém, a dura realidade do rebaixamento pode ter chegado bem antes ao clube

Acabou o encanto do Blackpool. A derrota para o Manchester United por 4 a 2 decretou o rebaixamento do clube. Após uma grande campanha na primeira metade de campeonato, com grandes atuações sobretudo fora de casa que levaram a equipe à 9ª posição, os Tangerines foram muito mal em 2011. Só para se ter uma ideia, a equipe de Ian Holloway perdeu 12 e venceu apenas 3 dos 20 jogos disputados nesse ano.

O principal motivo para uma queda tão grande de rendimento foi a atuação do setor defensivo. Extremamente frágil e sempre muito desprotegido, principalmente por causa do estilo ofensivo da equipe, ele concedeu 78 gols, o que fez com que o Blackpool tivesse de longe a defesa mais vazada da Premier League. Dessa maneira, ficou difícil para o ataque do time compensar lá na frente, ainda mais quando o estilo kamikaze dos Seasiders, que atacavam a todo custo, ficou manjado.

Aqui, um adendo. A crítica a má postura defensiva da equipe não significa que Blackpool deveria adotar um esquema mais cauteloso, jogando na defesa, exatamente como um time pequeno faz. O grande mérito de Ian Holloway foi justamente surpreender seus adversários tentando sempre buscar o ataque. Se não fosse isso, os Tangerines poderiam ter reeditar o Derby County da temporada 2007/08, rebaixado com apenas 1 vitória em 38 jogos. Porém, não custava nada tomar um pouco mais de cuidado com a marcação em alguns momentos.

Porém, esse não foi o único problema do Blackpool. A quantidade de gols sofridos pela equipe nos últimos minutos de várias partidas foi impressionante, o que revela também um falta de concentração muito grande por parte do time. Esse é um retrospecto a ser muito lamentado, já que dois pontos já seriam suficientes para livrar os Tangerines do descenso. Abaixo, você confere as partidas em que o conjunto de Holloway se descuidou e desperdiçou pontos importantes nos últimos lances; a partir daí, será fácil perceber o quão próximo os Seasiders estiveram próximo de permanecer na Premier League.

Blackpool 2 x 2 Fulham (29/08) – Os Tangerines estavam próximos de vencer no seu primeiro jogo em casa, mas Etuhu fez questão de empatar o jogo aos 42 minutos do 2º tempo.

Blackpool 1 x 2 Blackburn (25/09) – Emerton marcou já nos acréscimos o gol que decretou a primeira derrota dos Seasiders em casa –a primeira de muitas.

Aston Villa 3 x 2 Blackpool (10/11) – No polêmico jogo em que Holloway poupou praticamente todos os seus titulares, seu time concedeu o gol da vitória apenas aos 44 minutos da 2ª etapa.

Bolton 2 x 2 Blackpool (27/11) – Após estarem perdendo por 2 a 0, os Wanderers foram atrás do empate e conseguiram um ponto precioso já aos 44 do 2º tempo, através de Mark Davies.

Blackpool 1 x 2 Birmingham (04/01) – Aqui começou o declínio do Blackpool. Nessa partida, Dann marcou o gol da vitória aos 44 do 2º tempo.

West Brom 3 x 2 Blackpool (15/01) – Pouco após empatar a partida, os Tangerines permitiram o gol de Odemwingie a 3 minutos do fim.

Blackpool 2 x 3 Manchester United (25/01) – Não bastasse ter sofrido o empate após sair vencendo por 2 a 0, o Blackpool viu Berbatov marcar o gol da vitória aos 43 do 2ª tempo.

Blackburn 2 x 2 Blackpool (19/03) – O Blackpool já começava a entrar numa situação complicada no campeonato, e uma vitória contra um adversário direto na luta contra o descenso era fundamental. Porém, Hoillet empatou a partida já nos acréscimos.

Tottenham 1 x 1 Blackpool (07/05) – Há quase três meses sem vencer, o Blackpool precisava urgentemente da vitória. Ela viria de forma improvável se Defoe não tivesse empatado já aos 44 minutos da 2ª etapa.

Imagem: BBC

16 de maio de 2011

Ajuda fundamental

A força do elenco do Manchester United foi essencial para o título dos Red Devils; porém, a equipe também deve agradecer a ajuda dos próprios adversários

O Manchester United quase se complicou na partida contra o Blackburn. Enquanto Kuszczak substituía muito mal Van der Sar e passava insegurança ao seu time, jogadores essenciais como Nani, Giggs e Hernandez eram figuras apagadas em Ewood Park. Por sorte, o desastrado goleiro Robinson garantiu um pênalti ao adversário, que permitiu aos Red Devils empatarem o jogo e garantirem o título.

Um título, aliás, muito merecido. Um dos grandes trunfos dessa equipe foi não ter dependido necessariamente de um jogador para decidir o campeonato. Enquanto Nani (líder de assistências da competição), Berbatov (ainda artilheiro do campeonato) e Giggs capitanearam o time no começo da Premier League, Rooney, Chicharito, Valencia e o já citado meia galês foram essenciais de janeiro para cá. Além disso, os mancunianos tiveram em Van der Sar, Ferdinand e Vidic um trio que formou pilar espetacular na defesa. Dessa forma, após uma leve “Rooneydependência” na temporada passada, o time soube distribuir muito melhor suas responsabilidades em campo e não ter de ficar preso às expectativas do desempenho sensacional de um específico jogador.

Outro fator essencial foi o fato de esse time ter tido uma eficiência impressionante durante a temporada, algo que compensou a falta de brilho de todo o conjunto. Não foram poucas as vezes em que o Manchester United parecia estar jogando mal e pior do que adversário, tanto em casa quanto fora de seus domínios. Porém, atuando de forma segura e conseguindo aproveitar o máximo de chances criadas, os Red Devils certamente conquistaram muitos pontos importantíssimos na briga pelo campeonato.

Talvez foram esses pontos considerados preciosos que tanto ajudaram o Manchester United e tanto fizeram falta a seus rivais. Enquanto os Red Devils coletaram o máximo de pontos possíveis, jogassem bem ou mal (e foi justamente por isso que se especulava tanto um título invicto da equipe de Alex Ferguson), os seus principais adversários sucumbiram diante de longas secas ou períodos de muita irregularidade.

Veja o Arsenal, por exemplo. Foram tantos resultados negativos após a traumática perda da Copa da Liga seguida de eliminações na Champions League e na FA Cup que a equipe não só foi ultrapassada pelo Manchester United como ficou bem distante desta. Se os Gunners tivessem mantido um desempenho no mínimo aceitável, poderiam até mesmo estar conquistando o título – é bom lembrar que o time de Wenger chegou a derrotar os Red Devils no confronto semana de algumas semanas.

O Chelsea foi pelo mesmo caminho. Um desempenho sofrível entre novembro e começo de fevereiro fez com que as chances de título diminuíssem – e a excelente sequência de resultados desde março mostrou que, se os Blues não tivessem vacilado tanto, estariam brigando pela primeira posição, talvez até a frente do Manchester United. Até mesmo o Manchester City teria sorte melhor se não tivesse perdido tantos pontos de janeiro para cá, ao mesmo tempo em que tropeçavam nas convicções defensivas e contestáveis de Roberto Mancini.

Todos esses períodos de crise dos concorrentes do Manchester United foram essenciais para a equipe de Alex Ferguson. Dessa forma, ela pode se recuperar aos poucos do início não tão bom de temporada, quando quase sempre empatavam fora de Old Trafford mas pelo menos não perdiam, ao contrário do que aconteceu com seus rivias. Isso, porém, não tira os méritos dos Red Devils, que foram a equipe mais regular do campeonato e soube aproveitar os tropeços dos rivais para galgar postos na tabela até alcançar a liderança e não mais larga-la.


Enfim, Blackpool? – Após quase três meses sem vencer, o Blackpool derrotou o Bolton em casa por 4 a 3. Porém, a vitória pode ter vindo tardia. Os Tangerines, com 39 pontos, continuam na zona de rebaixamento e terão de buscar um resultado positivo contra o Manchester United em Old Trafford na última rodada. Podem aproveitar o desleixo dos Red Devils? Sem dúvida. Mas também podem esbarrar na solidez que a equipe da casa deverá manter, ainda que só os reservas joguem. Se isso acontecer, bater a frágil defesa do conjunto de Ian Holloway será fácil demais.

Sempre dá para piorar – De certa forma, o problema do Arsenal não foi ter perdido por 2 a 1 em casa, mas sim ter sido derrotado pelo Aston Villa, equipe extremamente irregular e sem mais nada a fazer no campeonato. De qualquer maneira, o resultado evidencia o péssimo momento dos Gunners após a perda da Copa da Liga: de lá para cá, foram só 2 vitórias em 10 jogos. E o que era ruim pode ficar pior: a equipe de Wenger corre o risco de ser ultrapassado pelo Manchester City e terminar a Premier League em 4º. Ou seja: não bastasse o final de temporada ruim, o clube ainda pode ter de disputar a “repescagem” da Champions League. Caso isso realmente ocorra, cabeças vão rolar, principalmente entre jogadores já desgastados dentro do elenco, como Bendtner, Diaby, Denilson e mais alguns...

Imagem: Zimbio