Martin O'Neill luta para evitar a reedição das últimas temporadas: baixa expectativa, primeiro turno empolgante, derrotas em março e fim decepcionante
Não fossem algumas circunstâncias, a temporada 2009-10 do sexto colocado Aston Villa teria sido extremamente positiva. Os 64 pontos acumulados pelo conjunto de Martin O'Neill superaram as expectativas de agosto passado. A defesa remontada, com as chegadas de Dunne, Collins e Warnock, a transferência de Barry para o Manchester City e a escassez de peças ofensivas não sugeriam que o treinador norte-irlandês conseguiria conduzir a equipe a um real desafio por um posto na Liga dos Campeões. No fim das contas, ele ficou a seis pontos da quarta posição, que, com um pouco mais de profundidade no elenco, poderia ter ficado com o time de Birmingham.
A contratação de Downing foi o estopim para a criatividade de Martin O'Neill. Após algumas rodadas, quando o reforço se recuperou de lesão, o ex-treinador do Celtic promoveu um poderoso revezamento pelas pontas entre o antigo winger do Middlesbrough e o excelente Ashley Young. Os dois foram abertos, sem que se fixassem em um dos lados, no meio-campo mais ousado da temporada passada. O novo capitão Petrov, homem de cofiança de O'Neill desde os tempos de Escócia, foi posicionado na meia central ao lado do deslocado Milner, que se adaptou rapidamente à nova função e foi o principal jogador do Villa no ano. Mesmo sem nenhum grande marcador e com dois wingers incisivos, o 4-4-2 foi mantido, com Carew - ou Heskey - e Agbonlahor à frente.
Incrivelmente, esse Aston Villa teve a grande defesa do campeonato até a 32ª rodada, quando o Chelsea lhes impôs uma pesada goleada por 7 a 1. O vexame em Stamford Bridge se juntou a mais um desastroso mês de março, o dos rotineiros fracassos da gestão O'Neill. Ainda que eliminados na fase preliminar da Liga Europa pelo Rapid Viena, os Lions tiveram de enfrentar uma dura sequência de jogos em virtude das ótimas campanhas nas Copas da Liga e da Inglaterra. O ponto fundamental dessa história é que a trajetória cíclica da equipe nos últimos anos não é apenas coincidência.
Sem tanto dinheiro, o clube não garimpa muitos grandes reforços e, eventualmente, perde jogadores importantes. Mesmo assim, O'Neill reinventa seu sistema e impressiona a maioria dos críticos. Que atire a primeira pedra quem, ao fim do primeiro turno da temporada passada, não colocaria o Aston Villa na lista dos três melhores times do campeonato. No primeiro turno, Chelsea, Manchester United (em Old Trafford) e Liverpool (em Anfield) caíram diante dos Villans. Mesmo os céticos, sejam os nefastos da corrente "a Espanha sempre 'amarela'" ou aqueles que previam o colapso do time, admitiam isso.
O problema é a falta de profundidade. Sem Ashley Young, por exemplo, Martin O'Neill teria de recorrer a um meia central, que pode ser Sidwell, e deslocar Milner a um dos flancos. Se Downing também se lesionasse, o jovem Marc Albrighton seria a única opção para a posição. Na defesa, não há grandes opções, sobretudo no banco. Dunne até surpreendeu muita gente e, em certa medida, fez uma temporada satisfatória. Mesmo assim, a parceria com Collins não é tão segura quanto parece, como sugeriram as últimas rodadas, que levaram o Villa da primeira à quarta posição entre as defesas do campeonato. Os bons desempenhos do defensivo Cuéllar, pela direita, e de Warnock, reserva de Ashley Cole na Copa, pela esquerda, também contribuíram muito para a solidez até a 32ª jornada.
Praticamente sem reservas de boa qualidade, o time e o esquema se desgastam a certa altura, que geralmente coincide com março. O mês impôs à equipe, entre 2006 e 2010, 16 jogos sem vitória. Maldição à parte, será possível mensurar a ambição da cúpula do Aston Villa para 2010-11 através da resistência a eventuais novas investidas por Milner. Ao recusar uma proposta de 20 milhões de libras do Manchester City pelo meia, a diretoria estabelece que o clube não está disposto a perder terreno em troca dos sedutores cheques mancunianos. No entanto, apenas a manutenção do elenco não será suficiente na luta pelo quarto lugar, objetivo ousado, porém acessível se pensarmos nas últimas temporadas. O Villa precisa de peças de reposição para possíveis lesões e, especialmente, de atacantes mais eficazes.
Por ora, sem esses jogadores, parece fundamental que Martin O'Neill reinvente, mais uma vez, seu sistema de jogo. Assim como Milner, Fabian Delph é cria do Leeds United. Após ser preparado pelo norte-irlandês durante um ano, talvez seja o momento de sua promoção ao time titular. No 4-3-3, o meio-campo, sem marcadores inatos, ficaria mais seguro, Young e Downing teriam mais liberdade, e o time conviveria com as limitações de apenas um atacante. Se O'Neill adotar o esquema, o time ficará mais leve e terá, novamente, boas chances de surpreender no primeiro turno. Entretanto, o mês de março e o fim da temporada só serão agradáveis se o clube gastar bastante até 31 de agosto.
Possível formação titular: Friedel; Cuéllar, Dunne, Collins, Warnock; Petrov, Delph, Milner; Ashley Young, Agbonlahor, Downing.
Imagem: The Guardian
A contratação de Downing foi o estopim para a criatividade de Martin O'Neill. Após algumas rodadas, quando o reforço se recuperou de lesão, o ex-treinador do Celtic promoveu um poderoso revezamento pelas pontas entre o antigo winger do Middlesbrough e o excelente Ashley Young. Os dois foram abertos, sem que se fixassem em um dos lados, no meio-campo mais ousado da temporada passada. O novo capitão Petrov, homem de cofiança de O'Neill desde os tempos de Escócia, foi posicionado na meia central ao lado do deslocado Milner, que se adaptou rapidamente à nova função e foi o principal jogador do Villa no ano. Mesmo sem nenhum grande marcador e com dois wingers incisivos, o 4-4-2 foi mantido, com Carew - ou Heskey - e Agbonlahor à frente.
Incrivelmente, esse Aston Villa teve a grande defesa do campeonato até a 32ª rodada, quando o Chelsea lhes impôs uma pesada goleada por 7 a 1. O vexame em Stamford Bridge se juntou a mais um desastroso mês de março, o dos rotineiros fracassos da gestão O'Neill. Ainda que eliminados na fase preliminar da Liga Europa pelo Rapid Viena, os Lions tiveram de enfrentar uma dura sequência de jogos em virtude das ótimas campanhas nas Copas da Liga e da Inglaterra. O ponto fundamental dessa história é que a trajetória cíclica da equipe nos últimos anos não é apenas coincidência.
Sem tanto dinheiro, o clube não garimpa muitos grandes reforços e, eventualmente, perde jogadores importantes. Mesmo assim, O'Neill reinventa seu sistema e impressiona a maioria dos críticos. Que atire a primeira pedra quem, ao fim do primeiro turno da temporada passada, não colocaria o Aston Villa na lista dos três melhores times do campeonato. No primeiro turno, Chelsea, Manchester United (em Old Trafford) e Liverpool (em Anfield) caíram diante dos Villans. Mesmo os céticos, sejam os nefastos da corrente "a Espanha sempre 'amarela'" ou aqueles que previam o colapso do time, admitiam isso.
O problema é a falta de profundidade. Sem Ashley Young, por exemplo, Martin O'Neill teria de recorrer a um meia central, que pode ser Sidwell, e deslocar Milner a um dos flancos. Se Downing também se lesionasse, o jovem Marc Albrighton seria a única opção para a posição. Na defesa, não há grandes opções, sobretudo no banco. Dunne até surpreendeu muita gente e, em certa medida, fez uma temporada satisfatória. Mesmo assim, a parceria com Collins não é tão segura quanto parece, como sugeriram as últimas rodadas, que levaram o Villa da primeira à quarta posição entre as defesas do campeonato. Os bons desempenhos do defensivo Cuéllar, pela direita, e de Warnock, reserva de Ashley Cole na Copa, pela esquerda, também contribuíram muito para a solidez até a 32ª jornada.
Praticamente sem reservas de boa qualidade, o time e o esquema se desgastam a certa altura, que geralmente coincide com março. O mês impôs à equipe, entre 2006 e 2010, 16 jogos sem vitória. Maldição à parte, será possível mensurar a ambição da cúpula do Aston Villa para 2010-11 através da resistência a eventuais novas investidas por Milner. Ao recusar uma proposta de 20 milhões de libras do Manchester City pelo meia, a diretoria estabelece que o clube não está disposto a perder terreno em troca dos sedutores cheques mancunianos. No entanto, apenas a manutenção do elenco não será suficiente na luta pelo quarto lugar, objetivo ousado, porém acessível se pensarmos nas últimas temporadas. O Villa precisa de peças de reposição para possíveis lesões e, especialmente, de atacantes mais eficazes.
Por ora, sem esses jogadores, parece fundamental que Martin O'Neill reinvente, mais uma vez, seu sistema de jogo. Assim como Milner, Fabian Delph é cria do Leeds United. Após ser preparado pelo norte-irlandês durante um ano, talvez seja o momento de sua promoção ao time titular. No 4-3-3, o meio-campo, sem marcadores inatos, ficaria mais seguro, Young e Downing teriam mais liberdade, e o time conviveria com as limitações de apenas um atacante. Se O'Neill adotar o esquema, o time ficará mais leve e terá, novamente, boas chances de surpreender no primeiro turno. Entretanto, o mês de março e o fim da temporada só serão agradáveis se o clube gastar bastante até 31 de agosto.
Possível formação titular: Friedel; Cuéllar, Dunne, Collins, Warnock; Petrov, Delph, Milner; Ashley Young, Agbonlahor, Downing.
Imagem: The Guardian
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