2 de outubro de 2009

The Special One

No próximo domingo, a Premier League oferece a seus fãs um jogo marcado por uma enorme rivalidade nos últimos anos: Chelsea x Liverpool. A intensificação do choque entre Blues e Reds não foi somente obra do dinheiro de Roman Ambramovich. Para tanto, também contribuiu um confiante português.

Ele é bom, costuma treinar equipes boas e faz questão de divulgar isso. José Mário dos Santos Félix Mourinho é filho de goleiro, mas jamais conseguiu fazer sucesso como futebolista. Entretanto, deixando de lado a chuteira e abraçando a prancheta, Mourinho é um dos mais bem-sucedidos profissionais do mundo da bola.

Digamos que o setubalense tenha aprendido com alguém muito competente: Sir Bobby Robson, que faleceu há pouco mais de dois meses. Mourinho acompanhou Robson, como tradutor e depois como treinador adjunto, no Sporting, no Porto e no Barcelona.

Em 2000, como treinador interino, Mourinho teve uma rápida e boa experiência no Benfica, para depois assumir o União de Leiria. Destacou-se e, em janeiro de 2002, foi chamado para substituir Octávio Machado no Porto. Terminou a temporada na terceira colocação, mas, taxativo, garantiu na época seguinte que levaria os Dragões ao título nacional (o vídeo é muito divertido!).



Arrogante, bem-humorado ou realista? Não sei dizer. Apenas afirmo que Mourinho cumpriu e ultrapassou a promessa, sendo bicampeão português e vitorioso na Copa da UEFA 2002/03. Além disso, em 2003/04, venceu de forma brilhante a Liga dos Campeões, sua maior conquista em todos os aspectos. A Península Ibérica havia ficado pequena para a "prepotência consciente" e a competência do treinador. Ele era o homem a levar o recém-abastado Chelsea, de Roman Abramovich, a tempos de glórias.

E assim o fez. O lusitano foi bicampeão da Premier League, de forma a dar aos Blues seus primeiros títulos no campeonato nacional após 50 anos. Em sua coletiva de apresentação no clube, dizia ser o Special One, ou seja, um treinador muito competente, com capacidades especiais. E ele sempre acaba por fazer jus a suas afirmações. Além dos dois troféus na Premier League, Mourinho levou também uma Copa da Inglaterra, duas Copas da Liga e uma Supercopa da Inglaterra.

Sua grande frustração, certamente, foi não ter levado os Blues à conquista da Liga dos Campeões. Os insucessos na competição europeia, o vice-campeonato inglês em 2006/07 e a personalidade forte do treinador desgastaram sua relação com o proprietário do clube, Roman Abramovich. Assim, poucos maus resultados no começo de 2007/08 foram suficientes para o rompimento da relação Mourinho-Chelsea após mais de três anos de parceria.

Na temporada seguinte, o português voltou à tona pela Internazionale. Talvez alfinetando o Chelsea, Mourinho preferiu não dizer que era especial. "Especial é a Inter", sentenciou, fazendo referência à rica história do clube, algo de que os Blues ainda não podem se orgulhar. Apesar de ter conquistado a Serie A 2008/09, está claro que o treinador ainda não chegou a seu ápice na Itália. Afinal, ele não venceu seus últimos sete jogos na Liga dos Campeões.

De toda forma, será impossível não lembrar de Mourinho quando assistirmos a Chelsea x Liverpool, no próximo domingo. Na Premier League, o português costumava levar vantagem sobre o espanhol Rafa Benítez, treinador dos Reds. Mas, na Liga dos Campeões, o trabalho nunca foi simples para o Special One, eliminado em Anfield Road em duas semifinais (2005 e 2007).

O vídeo abaixo mostra a comemoração do Liverpool após a vitória sobre os Blues na semifinal de 2005. O conjunto de Benítez era muito limitado, e o de Mourinho talvez tenha sido o melhor Chelsea de todos os tempos. Por isso, tamanha festa. Mas o que chama a atenção neste vídeo (na parte final dele, para ser mais específico) é a gentileza do treinador português, que cumprimentou vários adversários e saiu aplaudindo os torcedores locais.



O homem que pisa em outrem nas entrevistas também é capaz de belas manifestações. Daí, Mourinho ser tão popular. Controverso em algumas ações e muito competente em termos táticos e de gestão de recursos, ele é ídolo dos adeptos do Chelsea até hoje.

Foto: Daily Mail

3 comentários:

Fernando Gonzaga disse...

Chelsea e Liverpool é um grande clássico do futebol inglês...uma derrota pode sigificar muito mais do que a perda de três pontos...

abraço!!

Saulo disse...

Foi um grande jogo e o Chelsea deu um show de bola.

Paulo Pereira disse...

Demorei a comentar, mas não podia deixar de falar sobre um homem do qual sou fá assumido. Mourinho é por mim venerado. Não exagero.

Foi uma lufada de ar fresco no futebol, não só português, com o seu estilo frontal, contundente, politicamente incorrecto, longe do estereotipo normal nos discursos banais dos treinadores.

Se o Porto era já um clube que detinha a hegemonia no futebol luso, tendo inclusivé páginas brilhantes a nível europeu, sob o comando do inesquecível Pedroto e do seu delfim, Artur Jorge, Mourinho marcou de forma indelével a sua passagem pelos azuis e brancos.

Foram anos de sonho. Primeiro, com a fantástica conquista da UEFA, com um plantel criteriosamente escolhido, onde pontificavam alguns jogadores que atingiram o máximo das suas capacidades sob o comando do Special One: Derlei, Deco, Maniche, Alenichev, citando apenas alguns.

Depois, provando que a conqista não era irrepetível, deslumbrou a Europa vencendo a Champions.

O que se seguiu foi apenas a continuação de um trabalho notável. A chegada a Londres. A conquista do título, 50 anos depois. A colocação dos blues londrinos no topo, sendo hoje uma das melhores equipas mundiais.

Ficou apenas a faltar a consagração europeia. Com grande mágoa minha. Esteve quase, em duas meias-finais dramáticas com o Liverpool. Os caprichos da sorte nada quiseram com o Special One, nesses dias.

Mas Mourinho é, indubitavelmente, um treinador marcante. Do tipo "ame-se" ou "odeie-se". Ninguém lhe fica indiferente.