6 de janeiro de 2010

O problema da asa direita

Capello esteve no San Siro, mas precisa dar atenção a outros estádios e opções

Conforme desejava Fabio Capello, David Beckham retornou ao Milan. No primeiro jogo da nova etapa no San Siro, o meia foi uma das mais importantes peças no ótimo triunfo rossonero por 5 a 2 diante do Genoa. A contusão de Pato durante os treinos forçou a utilização de Beckham pela ponta direita, de onde habitualmente saem seus eficazes cruzamentos. Ademais, a abundante oferta de jogadores ingleses acostumados à faixa central do meio de campo induz o treinador italiano a encarar o reforço milanista como um right winger, posição natural do ex-ídolo do Manchester United.

Capello aprecia as características de Beckham. O eventual caráter crucial das bolas paradas indica que, se o camisa 32 do Milan mantiver a boa forma, certamente estará na Copa. Hoje, porém, ele não é titular. Aaron Lennon, do Tottenham, está em sua melhor temporada. São nove assistências na Premier League e, sobretudo, uma ousadia que tem atormentado os laterais-esquerdos adversários. Se Beckham está a um passo da África do Sul, Lennon já pode planejar o safari. Assim, o provável preenchimento das vagas da "asa direita" deve aguçar a capacidade de Capello de reinventar a composição do elenco inglês.

O site oficial da Premier League promove uma enquete sobre quem foi o melhor jogador do mês de dezembro no campeonato. Uma das opções é James Milner, do Aston Villa. Isso indica o ótimo momento do meia, um dos líderes do interessante plantel à disposição de Martin O'Neill. Assim como Lennon, Milner foi revelado pelo Leeds United e construiu sua carreira como right winger. Isso significa que ficará fora da Copa?

Não, definitivamente. O jogador do Villa possui dotes distintos em relação aos de Lennon. Talvez esteja mais próximo do estilo de jogo de Beckham. É muito técnico e tem como principal virtude a facilidade em bater na bola. Felizmente, ele facilita o trabalho de Capello por ser muito versátil. Com a chegada de Stewart Downing (outro candidato a uma vaga na Copa) ao Villa Park, Milner passou a atuar pela faixa central do meio de campo, sendo uma espécie de substituto de Gareth Barry. Ademais, pode perfeitamente ser escalado no lado esquerdo. Desta forma, ele foi o destaque inglês no amistoso contra o Brasil.

Sem precisar sair de Birmingham, encontramos outra peça que merece muita atenção. Ashley Young é o melhor jogador do Aston Villa nas últimas temporadas e deve ser tratado como nome certo para a Copa. Atualmente - para deixar Capello ainda mais hesitante -, Young joga aberto pelo lado direito do meio de campo. O lado positivo é a constante movimentação do jogador, apto a ser incluído em várias funções na convocação.

Outro jogador que merece menção é Shaun Wright-Phillips, o melhor do Manchester City até certo ponto da temporada. Está abaixo de todos os supracitados, é bem verdade, mas precisa ser considerado por sempre fornecer ao time um notável dinamismo através de suas velocíssimas investidas pela ponta direita. Mais distante da África está Theo Walcott, do Arsenal. Ao contrário de 2006, quando Sven-Goran Eriksson o convocou sem que precisasse jogar, a presença na próxima Copa está atrelada a um fantástco desempenho na segunda metade da temporada. Não acredito.

Proponho agora um exercício que considero sempre válido. Respeitando o que se vê hoje, os 23 que eu convocaria para a Copa são os seguintes:

Goleiros: Joe Hart, Robert Green, Ben Foster

Laterais: Glen Johnson, Ashley Cole, Micah Richards, Leighton Baines

Zagueiros: John Terry, Rio Ferdinand, Matthew Upson e Joleon Lescott

Meias: Aaron Lennon, Frank Lampard, Gareth Barry, Steven Gerrard, David Beckham, James Milner, Tom Huddlestone e Ashley Young (com pesar por não incluir Joe Cole)

Atacantes: Wayne Rooney, Jermaine Defoe, Peter Crouch e Darren Bent (com pesar por não incluir Michael Owen)

Imagem: The Independent

4 comentários:

Anônimo disse...

Shaun Wright-Phillips E Joe Cole não podem ficar de fora ..Tom Huddlestone e Ashley Young sairiam.
E na lateral esquerda o Bride não ficaria de fora também.

Daniel Leite disse...

A inclusão de Huddlestone está ligada à necessidade de alguém mais combativo, com ótima presença física no meio de campo. As outras divergências são frutos de diferentes preferências e interpretações das fases e potenciais dos jogadores. Abraço!

Lucas Fernandes disse...

Daniel, a Inglaterra vem se mostrando uma concorrente em potencial para as grandes seleções, como Brasil, Espanha e Argentina (caso consiga ter comando e escalação), por exemplo.

Gostaria de ver um meio formado por Barry, Gerrard e Lampard formando o trio de volantes, com Cole aberto pela esquerda e Lennon pela direita.

A dupla de zagueiros da Inglaterra é a melhor do mundo: Terry e Ferdinand. Mas as opções defensivas substitutas e os goleiros ainda não inspiram aquela confiança.

E até gosto do Crouch, o goleador robótico, mas levaria Michael Owen, por tudo que ainda pode render (mesmo estando muito abaixo dos tempos de Liverpool).

Abraços e muito sucesso aqui no Ortodoxo e Moderno.

Daniel Leite disse...

Valeu, Lucas!

Um abraço.