17 de julho de 2010

A responsabilidade de Hodgson

Baixo padrão de exigência e experiência em grandes jogos devem facilitar a vida de Milan Jovanovic em seus primeiros meses de Liverpool

Nos próximos dias, as atividades do blog ficam por conta da apresentação dos perfis das sete principais equipes da Premier League para a temporada 2010-11. Os recursos financeiros ou mesmo o trabalho consistente dos clubes em questão criam um abismo prévio entre eles e os outros 13 conjuntos que jogarão a divisão superior do futebol inglês. Ainda que não ignoremos nenhum time, Chelsea, Manchester United, Arsenal, Tottenham, Manchester City, Aston Villa e Liverpool justificam postagens exclusivamente dedicadas a eles. A série começa com o sétimo colocado de 2009-10, o novo clube de Roy Hodgson:

Quando Yossi Benayoun atribuiu a Rafa Benítez a responsabilidade por sua saída do Liverpool, um grande problema da gestão do espanhol veio à tona. Ainda que seja um treinador excepcional, o estudioso comandante se notabilizou, nos últimos anos em Anfield, pelas apostas controversas. Uma delas, diziam em 2007, teria sido o próprio Benayoun. Entretanto, o israelense surpreendeu os mais céticos e teve três temporadas muito positivas em Merseyside. Mesmo assim, segundo o novo jogador do Chelsea, Benítez minava sua confiança. Com Riera, que não foi exatamente um sucesso no clube, a relação teve o mesmo teor. A questão é que Rafa não compensava suas extravagâncias no mercado com um bom ambiente: após seis anos, quase ninguém o aguentava.

Por isso, sua mudança para Milão soa interessante. Após doze anos de comando estrangeiro, o Liverpool volta a ter um treinador britânico. Nesse grupo, não havia muitos nomes melhores do que Roy Hodgson, o maestro da incrível recuperação do Fulham, que tinha sua queda ao Championship anunciada há quatro temporadas. Por outro lado, a característica mais notável do trabalho de Hodgson no Craven Cottage, quando interpretada de modo pessimista, causa choro e ranger de dentes em Anfield: ele se notabilizou por fazer muito com muito pouco. A sétima posição na temporada passada, as incertezas quanto à direção do clube e a opção por Roy implicariam um redimensionamento?

Duas temporadas depois de o time se aproximar efetivamente do primeiro título na Premier League, essa é uma realidade que precisa ser afastada imediatamente. E aqui aparece a grande responsabilidade de Hodgson. Mesmo que o futuro do Liverpool dependa mais dos recursos liberados pela nova cúpula do que de qualquer outra coisa, é o treinador quem vai determinar as indicações, os vetos, a mentalidade do grupo. Nesse sentido, ele parece ter começado bem. Ao conter o ímpeto dos clubes interessados em Gerrard e Torres, o treinador começa a cumprir o mais essencial pré-requisito para pretensões mais ousadas.

A temporada patética não exige revolução. Afinal, os grandes fracassos recentes ficam restritos a ela. Sob novos gestores em todas as vertentes, o Liverpool precisa de reparos e de profundidade. Se Gerrard e Torres seguirem mesmo em Anfield, o clube mantém intocável o status imponente. A partir daí, Hodgson tem de agir de forma cirúrgica. Por exemplo, a venda de Insúa para a Fiorentina deixa o elenco sem laterais-esquerdos. Assim, a negociação pelo bom hondurenho Maynor Figueroa, do Wigan, precisa ser acelerada. Além disso, caso não possa garimpar outro jogador para a posição nas categorias de base (a princípio, não há nenhum claro destaque), o novo manager tem a obrigação de procurar uma alternativa economicamente viável.

Assim, uma etapa importante são as capturas de free agents. Até certo ponto, o Liverpool pode conservar os 10 milhões de libras oriundos das transferências de Benayoun e Insúa se agir habilmente, como na contratação sem custos do left winger Milan Jovanovic, ex-Standard Liège. Este, por sinal, chega para ser a primeira opção para a banda esquerda do meio-campo. Acostumados a Harry Kewell, Sebástian Leto, Albert Riera e Ryan Babel, os torcedores recebem de braços abertos o sérvio, um dos principais nomes de sua seleção nacional no último ciclo. Incisivo, Jovanovic deve marcar muitos gols e representar um apoio ofensivo que permita a Hodgson a disposição do time no 4-4-2 com Gerrard efetivamente no ataque, opção que, embora ignorada, ganhou muitos entusiastas até para a seleção.

O Liverpool precisa de cinco aquisições: um lateral esquerdo, um lateral versátil (sim, Arbeloa faz falta), um winger (Joe Cole é free agent, vale lembrar) e dois atacantes (especula-se Loic Remy, bom jovem francês do Nice). É fundamental que se compreenda que Torres não é uma panaceia, a solução para todos os problemas. Ele se machuca com frequência e precisa de uma cobertura decente, o que não se vê desde a infeliz venda de Robbie Keane. Outro ponto importante é a utilização dos excelentes Pacheco e Nemeth, atacantes que se destacam na base há muito tempo e não foram aproveitados por Benítez. Se Hodgson tiver essa mentalidade e os recursos para executá-la, a tendência é que o conjunto seja equilibrado e retorne à Liga dos Campeões em 2011.

Possível formação titular: Reina; Johnson, Carragher, Skrtel, Figueroa; Kuyt, Mascherano, Aquilani, Jovanovic; Gerrard, Torres.

Atualização: Com a contratação de Joe Cole, Hodgson ganha um meia extremamente habilidoso, porém fisicamente instável. Uma de suas melhores características é a versatilidade, que dará várias opções ao treinador do Liverpool. Cole pode ser um winger tradicional ou um dos três meias - em qualquer posição - de um eventual 4-2-3-1.

Imagem: A Bola

3 comentários:

Anônimo disse...

Jovanovic, de fato, é um excelente reforço. O sérvio não fez uma Copa brilhante, mas é fundamental será fundamental para esse novo time do Liverpool.

Gostaria de fazer parceria de links? O meu blog: http://boleiragemtatica.wordpress.com

Forte Abraço

Thiago Madureira de Alvarenga disse...

Parabéns, Daniel.
Este blog é do mesmo nível ou melhor do que o outro.
Vi o bertosi indicando o blog e vim dar uma olhada.
Abraços

Daniel Leite disse...

Sem dúvida, amigo. Já adicionei o endereço do blog às recomendações.

Valeu, Thiago. Gradualmente, vamos tentar intensificar o ritmo por aqui.

Abraços.