18 de novembro de 2010

Com o Pires na mão?

Habitualmente adversários, Friedel e Pires agora somam forças e idades (76 anos) no Villa Park

Robert Pires, aos 37 anos, está de volta à Inglaterra. Gérard Houllier resgatou o compatriota da aposentadoria, e o antigo winger do Arsenal agora presta serviços ao Aston Villa. Pires esteve no Highbury entre 2000 e 2006. O francês era peça fundamental de um time vencedor e encantador, que conquistou, por exemplo, a Premier League de 2003-04 com campanha invicta. O protagonista era Thierry Henry, mas Robert também levantou um troféu individual no norte de Londres: o de jogador do ano pelos jornalistas ingleses, em 2001-02. Infelizmente para Houllier, a referência mais precisa de Pires não é geográfica, mas cronológica. Os últimos quatro anos, no Villarreal, foram somente razoáveis.

Exatamente por isso, o contrato dele com o Villa é de apenas seis meses. O assistente técnico Gary McAllister (que foi jogador de Houllier no Liverpool) vê o negócio como "uma grande oportunidade para os mais jovens". Pires, de fato, pode ensinar muito. São dois títulos na Premier League, três na FA Cup e, de quebra, uma Copa do Mundo. Por outro lado, Houllier imagina não ter contratado apenas um currículo, mas alguém que possa contribuir para tirar os Lions da nona posição no campeonato. A atitude do treinador francês não chega a ser desesperada, mas a aposta em Pires parece ter um quê de impotência para atrair contratações mais seguras.

O Aston Villa tem três entraves: a confiança cega em uma defesa com Collins e Dunne, os meias centrais na enfermaria e a ausência de um bom finalizador. Agbonlahor não atende a este quesito; Heskey e Carew não têm atendido a quesitos. E Pires não é a solução para nenhum dos problemas em questão. Imaginando o que fazia no Highbury, ele reforça o setor mais abastado do time: o dos wingers. Ashley Young e Downing são excelentes, e o jovem Albrighton tem evoluído muito bem. Tanto que Young é, nesta temporada, escalado à frente da linha dos quatro meias, o que abriu espaço a Albrighton pela direita.

Está claro que Pires não deve jogar, em intensidade e posicionamento, como na época de Arsenal. Wenger costumava colocá-lo à esquerda, com Ljungberg no flanco oposto. No Villa, ele pode cumprir função similar à de van der Vaart no Tottenham, no suporte a um atacante único. Isso, supõe-se, nos segundos tempos. Por ora, é difícil acreditar que um jogador de 37 anos, inativo desde maio, chega com fôlego para barrar um Albrighton em plena forma.

A expectativa é de que Pires seja, no Villa, mais uma voz da experiência, como quer McAllister, e um jogador de rotação, para ajudar Houllier na movimentação do elenco. Não se pode exigir mais. Na Inglaterra, as aventuras pós-Arsenal de alguns nomes daquela geração vitoriosa não representam um bom modelo: Ljungberg no West Ham, Lauren no Portsmouth e Vieira no Manchester City não foram (ou não é, no exemplo de Vieira) exatamente um sucesso. Pires pode começar a escrever uma história um pouco diferente a partir de domingo, contra o Blackburn.

Imagem: BBC

4 comentários:

Dantas disse...

Acredito que Pires pode contribuir, talvez se fizessem ele jogar um pouco mas recuado, tipo um segundo volante, poderia dar certo, vendo Scholes fazer bons jogos porque nao acreditar em Pires.

Daniel Leite disse...

Ele tem categoria e senso de organização, Dantas. O problema é quando o Aston Villa não tiver a bola. Scholes sabe jogar por ali, é naturalmente combativo. Pires recuado - sobretudo ao lado de Petrov, quando o búlgaro retornar - é um risco defensivo. Mas a ideia não pode ser descartada.

Abraço.

Dantas disse...

Pensei que ele poderia dar certo, assim como vi Giggs jogando por ali algumas vezes, acredito na sua inteligencia e experiencia para escala-lo mas recuado, e Petrov faz falta.
Mas esta correto em dizer que o Aston Villa nao contratou por necessidade na posiçao, precisam muito de um atacante mas regular, acho Zamora, Bent ou ate mesmo Bendtner poderiam ser boas opçoes para janeiro, Bendtner nao vem jogando muito né ???
Chamakh vem dando conta do recado, ou esperava mas dele ???

Vlw, Daniel, Tudo de bom.

Daniel Leite disse...

Sim, o Aston Villa precisa de outro atacante. Talvez seja mais interessante capturá-lo no mercado externo. Bent, o melhor dos que você citou, parece financeiramente inviável.

Chamakh teve um início até certo ponto desapontador, mas já foi decisivo em algumas ocasiões. Por exemplo, no Molineux, contra o Wolverhampton, marcou os dois gols do jogo. O marroquino precisa ser mais consistente, ainda que esse período de adaptação à Premier League fosse previsível.

Abraço.