15 de fevereiro de 2011

Prévia: Arsenal x Barcelona

No último jogo, brilhou Messi, com quatro gols. E agora? (101 great goals)

*Texto também publicado no Quatro Tiempos

O sorteio da Champions League marcou o decantado encontro entre Arsenal e Barcelona por mais um ano consecutivo (na temporada passada, o confronto foi nas quartas-de-finais). As duas equipes, que fizeram a final da competição em 2005-06 – onde o Barcelona sagrou-se bi-campeão -, são assiduamente elogiadas por praticarem um futebol bonito e vistoso, mas com uma diferença significativa: enquanto o Arsenal joga bonito mas sucumbe na hora decisiva, os azulgrenais conseguem unir o útil ao agradável e são vitoriosos. Na temporada passada, os Gunners foram engolidos por um Lionel Messi inspirado e mais uma vez ficaram no quase na competição europeia. O Barcelona, por sua vez, parou na retranca montada por José Mourinho nas semifinais e não conseguiu a manutenção do título europeu e o sonhado (ou obsessivo, segundo Mourinho) troféu no Santiago Bernabéu.

Se classificará o mágico Barcelona, comandado por Messi, Iniesta, Xavi, Pedro e Villa, ou Arsenal, que "calar a boca dos críticos" e vencer um time grande na Champions? A prévia deste grande confronto – um dos mais esperados das oitavas de finais – foi feita em parceria com os amigos do Quatro Tiempos, blog especializado no futebol espanhol. Acompanhe a prévia de Arsenal x Barcelona e depois, nos dois endereços, o resumo do embate. Victor Mendes conta os detalhes dos espanhóis.


A temporada até aqui
Arsenal: No geral, a temporada é satisfatória. O Arsenal vem fazendo boa campanha na Premier League, estando na segunda posição e a quatro pontos do líder Manchester United. O bom momento vivido pela equipe é animador: os Gunners não perdem desde 13 de dezembro, quando foram batidos pelo Manchester United por 1 a 0; desde então, foram seis vitórias e três empates. Porém, o clube poderia até mesmo estar na ponta caso não tivesse tido alguns tropeços inaceitáveis, como as derrotas para West Brom e Newcastle em casa e os empates contra Wigan e Newcastle (quando chegou a estar vencendo por 4 a 0) fora. Nas copas, o desempenho é bom: os comandados de Wenger decidirão a final da Carling Cup contra o Birmingham e terão a chance de conquistar seu primeiro título desde 2005, além de terem um confronto tranquilo pela quinta rodada da FA Cup, contra o Leyton Orient, da terceira divisão, fora de casa. A decepção é a participação na Champions League: se enfrentará o Barcelona, é somente porque conseguiu a proeza de ser o segundo no grupo mais fraco da competição, com direito a derrotas para Shakhtar e Braga.

Barcelona: Líder da liga com cinco pontos de vantagens para o Real Madrid, podemos considerar que o Barcelona deu a voltar por cima na temporada. Os blaugranas começaram a temporada como favorito a tudo que disputasse, por ter a base da seleção campeã mundial e Lionel Messi em seu plantel. Mas - acreditem - logo se tornou uma incógnita. Por causa da má preparação de jogadores que participaram da Copa, o Barcelona mostrou-se uma equipe cansada em campo e chegou a perder pontos contra Hércules e Mallorca na Liga, além de empates contra Rubin Kazan e Copenhague na Champions, o que já faziam uma parte de seus torcedores (além da crítica) ficarem com um pé atrás com a equipe. Porém, os preparadores físicos já avisavam que a equipe só chegaria ao seu auge entre outubro e dezembro. E acertaram na mosca: durante esse período, o Barcelona voltou a animar, e seu trio de ataque, tímido até então, começou a ficar avassalador. No superclássico, o Barcelona abusou do bom futebol e aplicou ao seu rival histórico uma manita. Na Copa del Rey, o Barça teve dificuldades para eliminar o Athletic Bilbao, mas avançou graças ao critério de desempate e está na final do torneio, onde enfrenta o Real Madrid.

Pontos fortes
Arsenal: Reconhecidamente um time técnico, o Arsenal preza pelo domínio da posse de bola e acaba se destacando por um estilo vistoso – não a toa é a equipe que pratica o futebol mais atraente da Inglaterra. Logo, o setor ofensivo é o ponto forte da equipe. O poderio dos Gunners começa pelo seu meio-campo. Fabregas continua em ótima forma, mas agora ganhou a companhia de dois ótimos nomes: Wilshere, um dos maiores talentos ingleses recentes, e Song, que evoluiu absurdamente na atual temporada, sendo o meia mais marcador e aparecendo bem lá na frente. No ataque, o destaque é van Persie: o holandês vem atuando muito bem atuando centralizado e, com 10 gols já em 2011, rapidamente se tornou o vice-artilheiro da equipe. O artilheiro, aliás, é Nasri, outro que cresceu demais. Ora no meio, ora como winger pelo lado esquerdo, o francês se tornou, junto com Fabregas, o dono do time. Porém, se machucou pela FA Cup e não enfrentará o Barcelona no jogo de ida.

Barcelona: A saída de Ibrahimovic, contratação mais cara da história do clube culé, chegou a fazer falta durante os primeiros jogos da temporada, mas acabou sendo assimilada com naturalidade graças a rápida adaptação de Villa à equipe. Sem o sueco, mas com o Guaje, Pedro e Messi, o Barcelona apresenta grande variação tática e pode atuar de diferentes formas, embora jogue mais frequentemente no 4-3-1-2, com Messi fazendo o papel de enganche (jogando atrás de Pedro e Villa), ou no 4-3-2-1, com Messi de falso nove. Quanto aos setores da equipe, destacam-se o meio-campo e o ataque. O futebol de Busquets ascendeu muito após a Copa e o canterano, que pecava por erros infantis, está mais maduro, dando segurança e participando bem dos ataques. Destacam-se também a visão de jogo privilegiada de Xavi, a técnica, qualidade e imprevisibilidade de Iniesta, os gols decisivos de Pedro e Villa e o poder de decisão de Messi.

Pontos fracos
Arsenal: A defesa é claramente o ponto fraco da equipe. O miolo de zaga não é dos mais seguros, e a contusão de Vermaelen deixa o setor ainda mais vulnerável: Koscielny até dá conta do recado, mas Squillaci vem se provando um zagueiro cada vez menos confiável – tanto que foi barrado pelo não mais que regular Djorou. O lateral-esquerdo Clichy possui sérios problemas para defender. E para piorar, os Gunners não possuem um grande goleiro: Szczesny parece ser melhor do que o fraco Fabianski, mas, embora não tenha falhado gravemente, ainda é uma figura que não passa tanta segurança, principalmente por causa da sua imaturidade. Esses problemas, contra um time com o poderio ofensivo como o do Barcelona, podem ser fatais – e o confronto no Camp Nou na última edição da competição já mostrou isso. Atrapalha também o fato de alguns reservas estarem em má fase, limitando as escolhas do time: Bendtner está mal, Chamakh ainda é irregular, Rosicky não reedita boas atuações do passado e Arshavin só melhorou um pouco após assumir a vaga do contundido Nasri – porém, longe de suas atuações logo após sua contratação.

Barcelona: Difícil citar um ponto fraco nessa equipe quase perfeita do Barcelona. Mas o Barcelona da era Guardiola costuma passar por momentos de dificuldade quando enfrenta equipes que procuram desempenhar a mesma função que os blaugranas estão acostumados a exercer: atacar e dominar o jogo. Contra Inter de José Mourinho, a partida no Camp Nou ficou marcada pelo muro armado pelo técnico de Setubal, mas no Meazza os meneghino derrotaram o Barcelona de uma maneira pouca vista antes, escancarando o problema que o Barcelona passa quando é atacado. Outras fraquezas da equipe sobressai quando o adversário pressiona a saída de bola, obrigando Piqué, Puyol ou Busquets a darem chutões para frente, e quando Xavi sofre uma forte marcação. Mesmo dispondo de outros jogadores decisivos, o Barcelona perde em criação quando seu maestro é bem marcado. Na épica semifinal da temporada passada, Mourinho soube anular as peças-chaves do time da Catalunha: asfixou Xavi e não deixou Messi receber perto da área.

Expectativas
Arsenal: Embora as declarações de Arsene Wenger mostrem segurança e confiança, uma análise fria da situação mostra que o Arsenal é o azarão para esse confronto. As equipes possuem estilos parecidos, mas os Gunners parecem ser inferiores em todos os quesitos. A chance dos ingleses está na possibilidade de se fazer duas partidas sólidas e perfeitas, a exemplo do que a Internazionale fez contra o Barça na temporada passada. Porém, isso talvez seja uma tarefa difícil para uma equipe que peca pela imaturidade do jovem elenco e pelo frágil setor defensivo. A garantia é de que Fabregas e cia não passarão o tempo todo encolhidos e tentarão sair para o jogo sempre que possível, tornando a partida agradável de ser vista.

Barcelona: Apesar de ser ligeiramente favorito, Guardiola tenta tirar a pressão do Barcelona a cada coletiva e sempre muda o discurso, dizendo que o confronto é parelho e não há favorito. Sem muita confiança em Milito (apesar do apelo feito para o argentino continuar no time) e com a baixa de Puyol praticamente confirmada, Guardiola resolveu improvisar Abidal, abrindo uma brecha para a titularidade de Maxwell na latera esquerdal, e o francês não tem decepcionado: vem jogando com uma consistência surpreendente no miolo de zaga. Há duas semanas, no confronto contra o Atlético de Madrid, Abidal anulou Agüero, principal jogador rojiblanco na temporada. Por mais que o Barcelona seja favorito por todo futebol que tem mostrado nos últimos anos, o Arsenal é um grande europeu e vai para a partida com um sentimento de revanche, pelos recentes resultados entre as duas equipes. Não há dúvidas que os dois jogos serão os mais esperados da temporada europeia até o momento.

Prováveis escalações
Arsenal: Szczesny; Sagna, Koscielny, Djorou e Clichy; Song, Wilshere e Fabregas; Walcott, Arshavin e van Persie.

Barcelona: Víctor Valdés; Daniel Alves, Piqué, Abidal, Maxwell; Busquets, Xavi, Iniesta; Messi; Pedro, Villa.

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