5 de abril de 2011

Crítica: Real Madrid 4 x 0 Tottenham

Adebayor, ex-atacante do Arsenal, grande rival do Tottenham, foi um dos responsáveis pelo massacre em cima dos Spurs ao marcar dois gols

Texto de Rodrigo Zuckerman, do Quatro Tiempos

Contra o Lyon, o Real Madrid quebrou o estigma de amarelar nas oitavas de finais da Liga dos Campeões da Uefa e avançou de fase pela primeira vez em seis anos. Porém, a maior afirmação de que o Real Madrid de Mourinho é outro veio hoje no duelo contra o Tottenham: a vitória de 4 a 0 colocou os merengues a um passo de uma semifinal que já não vem desde de 2003/2004, quando os blancos acabaram eliminados pela Juventus. Tudo bem que o Tottenham sentiu muito a falta de um centroavante de ofício desde os 15 minutos do primeiro tempo, quando Crouch foi expulso de uma maneira estabanada, e a falta de Lennon, que sentiu uma lesão no aquecimento. Porém, não há nenhum mérito para tirar desta vitória madridista: os onze chutes a gol contra apenas um dos londrinos representam bem o que foi a partida.

Mourinho fez mistério durante toda a semana. Na sexta-feira, na coletiva pré-jogo contra o Sporting Gijón, havia assegurado que Benzema, Marcelo e Cristiano Ronaldo não estariam aptos à partida de ida contra o Tottenham. Entretanto, o paradigma mudou após a derrota para o Sporting Gijón no sábado, que praticamente confirmou o Barcelona como campeão espanhol desta temporada. Sem saída após a péssima partida feita, Mourinho não teve outro jeito: convocou Marcelo e Cristiano Ronaldo para o duelo, assim como Kaká. Nas quatro linhas, o português, apesar do gol, não foi brilhante, enquanto que o brasileiro ditou o ritmo da partida. Dono de uma excelente atuação, Marcelo não teve trabalho com Van der Vaart, que havia provocado seu ex-time antes do jogo.

A atuação mais surpreendente ficou por conta de Sergio Ramos. O lateral direito fez uma partida que lembrou aquele lateral de 2007/2008 e apesar de algumas desatenções com Gareth Bale, muito veloz, soube conter bem o galês na bola. Pepe, por sua vez, não deixou de cometer suas faltas bobas e acabou recebendo um cartão amarelo em um dos ataques do camisa três do Spurs, o que o tira do jogo da volta no WHL. Escalado no 4-2-3-1, toda a tática de Harry Redknapp foi por água abaixo logo nos primeiros minutos. Primeiro, aos três, quando Özil levantou e Adebayor testou firme para as redes de Gomes, que acabou enganado por Modric, que não afastou uma bola fácil. Depois, aos quinze, quando Crouch, com os nervos à flor da pele, cometeu falta em Marcelo, recebeu o segundo cartão amarelo e foi para os vestiários mais cedo.

Na parte ofensiva, o Real Madrid era infinitamente melhor, mas faltava ser mais incisivo. Özil, como alertávamos na prévia, parecia estar em outro mundo e foi facilmente batido por Sandro. Cristiano Ronaldo, por sua vez, sentiu um pouco a falta de ritmo e não levou muito perigo à meta de Gomes em boa parte da primeira etapa. Assou-Ekotto parecia nervoso e tomou um baile de Di María, um dos melhores em campo, enquanto Adebayor levava clara vantagem pelo alto. O togolês, que vinha fazendo más partidas, deu a volta por cima e foi ovacionado pela torcida merengue presente no Bernabéu.

No intervalo, Redknapp tentou concertar o erro de Peter Crouch. Sacou um decepcionante Van der Vaart, bem vaiado pelos aficionados merengues, para colocar Defoe. Assim, Modric passou a jogar mais aberto pela direita e Bale, que - estranhamente - passou os primeiros trinta minutos da primeira etapa na direita, passou a atuar com mais contundência pela esquerda. Percebendo isso, Mourinho resolveu sacar Khedira, muito ofensivo hoje, para colocar em campo Lass Diarra, que ficou responsável pela cobertura da marcação do galês. À medida que os minutos passavam, o volume de jogo do Real Madrid só crescia e o segundo gol não tardou a chegar. Aos 12 minutos, Marcelo fez boa jogada pra cima de Gallas e cruzou na medida para Adebayor, novamente em vantagem pelo alto, cabecear no canto direito de Gomes, que nada pôde fazer. A partir daí, a torcida madridista, que já fazia muita festa, inflamou o Bernabéu e foi ao delírio aos 26 minutos, quando um onipresente e incansável Di María recebeu de Özil, que subiu de produção, e, com extrema categoria, acertou um feliz chute no ângulo direito do goleiro brasileiro.

Com os 3 a 0, Mourinho deu chances a Kaká e Higuaín, para ganharem ritmo. O brasileiro mostrou vontade e até ensaiou algumas de suas características arrancadas. E foi a partir de uma jogada do meio-campista brasileiro que Cristiano Ronaldo sacramentou a partida. Kaká tabelou com Marcelo e, de esquerda, cruzou na medida para Cristiano Ronaldo, que, de primeira, acertou um belo chute de direita, chegando ao seu quinto gol nesta edição da Champions. A de se destacar a contribuição de Gomes no gol do gajo.

O resultado dará uma injeção extra de ânimo para o Real Madrid para a continuidade da temporada. Se, na Liga Espanhola, Mourinho parece ter jogado a toalha, a equipe continua muito viva e concentrada na principal competição europeia, sem contar a final da Copa do Rei contra o Barcelona, aquele que pode ser seu adversário numa histórica semifinal. Na coletiva, os jogadores seguraram a euforia, mas não há como esconder: o Real Madrid deu um sólido passo para a semifinal da Liga dos Campeões da Uefa.

Real Madrid 4x0 Tottenham
Real Madrid: Casillas; Sérgio Ramos, Pepe, Ricardo Carvalho e Marcelo; Xabi Alonso, Khedira (Lass Diarra), Özil e Di María (Kaká); Cristiano Ronaldo e Adebayor (Higuaín)
Tottenham: Gomes; Corluka (Bassong), Gallas, Dawson e Assou-Ekoto; Sandro, Modric, Lennon, Van der Vaart (Defoe) e Bale; Crouch
Árbitro: Felix Brych (ALE)
Cartão amarelo: Pepe e Adebayor (REA) Van der Vaart e Defoe (TOT)
Cartão vermelho: Crouch (TOT)

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