Impressões muito precipitadas podem ser tiradas da partida entre Inter de Milão e Tottenham, principal jogo envolvendo um time inglês pela terceira rodada da Champions League. Quem não viu o jogo e soube apenas da vitória dos italianos por apertados 4 a 3 pensa que os espectadores em San Siro acompanharam uma partida épica. Já aqueles que viram mas não acompanham a Premier League ou nunca ou pouco haviam visto o Tottenham jogar provavelmente ficaram imaginando como um time fraco como os Spurs chegou à fase de grupos da UCL - afinal, os ingleses chegaram a estar perdendo por 4 a 0 ainda no primeiro tempo. Porém, a história não é bem assim.
Primeiramente, é inegável que o desempenho dos comandados de Redknapp foi péssimo, extremamente manchado por um primeiro tempo de dar pena, que foi e talvez será a pior exibição da equipe em toda a temporada - a não ser que consigam sair novamente para o intervalo perdendo por 4 a 0, exatamente como aconteceu ontem. A atuação defensiva foi simplesmente deplorável, o que ficou ainda mais escancarado quando Gomes foi expulso, logo aos oito minutos, seis após o Tottenham levar o primeiro gol. A Inter jogava como queria, deixando principalmente o zagueiro Gallas tonto - tanto que o francês falhou no primeiro e no quarto gols, além de ter tido muito trabalho como Eto'o. O show de horrores ficou evidente na terceira comemoração dos nerazzurri, quando tocaram a bola como quiseram no meio de toda a defesa inglesa, o que culminou no belo gol de Stankovic, após um corte errado de Huddlestone.
O mapa da mina, entretanto, foram as laterais. Hutton e Assou-Ekotto foram simplesmente desastrosos. Enquanto o camaronês - uma das maiores avenidas vistas na Copa do Mundo - inadmissivelmente tomou uma bola nas costas que fez Gomes cometer cometer pênalti em Biabiany e ser expulso, o escocês levou um verdadeiro baile de Phillipe Coutinho, sendo literalmente entortado pelo brasileiro na defesa e chegando ao cúmulo de ser facilmente desmarcado pelo mesmo no seu campo de ataque. Foi tão mal que convenceria Mano Menezes a escalar o garoto como titular da seleção brasileira por um bom tempo, além de fazer os vascaínos chorarem de raiva por terem perdido o jovem talento tão cedo.
Porém, para aqueles que nunca haviam visto o Tottenham jogar, sobretudo os que acompanham o Campeonato Italiano e decidiram acompanhar a partida por causa do lado italiano no confronto, é necessário dizer uma coisa: a equipe londrina não é ruim, embora tenha feito de tudo para provar o contrário no fatídico primeiro tempo. Afinal, não dá para duvidar de um time emergente no competitivo futebol inglês, que roubou do milionário Manchester City a última vaga para a atual UCL, que está empatado em número de pontos com Arsenal e Manchester United na Premier League e que possui em seu elenco excelentes nomes, como Defoe, Modric e, obviamente, Bale.
É por isso que, embora o setor defensivo reconhecidamente seja o ponto fraco da equipe, a pífia atuação do conjunto foi atípica. Se não fosse, o clube não estaria na Liga dos Campeões, e sim, no máximo, na Liga Europa. Isso se não estivesse, como nos maus tempos de Juande Ramos, na parte de baixo da tabela da Premier League. Aliás, tal competição nacional, é bom repetir, não mandaria um time tão desqualificado, tendo outros emergentes de qualidade, como Everton, Aston Villa e Manchester City - deixemos um Liverpool em cacos para ser considerado num outro dia. Junte-se a esse atípico mau desempenho a uma trágica atuação de Crouch no ataque e a um dia inspirado da Inter, e é possível entender por que tantos gols foram marcados pelos italianos.
Mas ainda falta saber por que os ingleses marcaram três vezes. Gols que, aliás, só serviram para enganar os desavisados: afinal, o segundo tempo foi extremamente sonolento, com a Inter, já acomodada, levando os 45 minutos finais em banho-maria e o seu adversário pouco ameaçando a meta de Júlio César. Além disso, dois gols dos Spurs foram marcados já nos acréscimos, quando pouco poderia ser feito.
Porém, a reação serviu para mostrar para a Europa quem é Gareth Bale. Assim como Lennon, o galês foi o único que se salvou da tendência à mediocridade do seu time, sendo responsável por um hat-trick e por salvar a honra do Tottenham. Foram três tentos que mostraram toda a qualidade do winger: muita rapidez, habilidade e uma bomba na perna esquerda foram suficientes para provar que é um dos grandes talentos da sua posição e que o Tottenham não conseguirá segurá-lo - fatalmente irá para um clube maior.
Em suma, uma análise cuidadosa não só da partida como da forma recente do Tottenham mostra que o time não é ruim como pareceu, mas que também não mereceu marcar tantos gols. Se uma lição deve ser guardada desse jogo, é que o clube não pode continuar tendo tantos apagões: além de não ter sido a primeira vez que isso aconteceu (a outra foi na fase anterior da UCL, contra o Young Boys), o time acaba não sendo muito bem visto por isso, o que é prejudicial para a sua reputação. E é bom lembrar que nem sempre Bale salva. Mas contratar outro lateral-esquerdo salva...
Dentro da normalidade: Como já era de se esperar, todos os outros ingleses venceram sem maiores dificuldades na UCL. Os destaques foram o belo gol de Zhirkov na vitóra do Chelsea em cima do Spartak Moscou fora de casa e a longa saudação dos torcedores do Arsenal ao atacante Eduardo, agora no Shakhtar, na vitória dos Gunners em cima dos ucranianos.
Imagem: BBC
Primeiramente, é inegável que o desempenho dos comandados de Redknapp foi péssimo, extremamente manchado por um primeiro tempo de dar pena, que foi e talvez será a pior exibição da equipe em toda a temporada - a não ser que consigam sair novamente para o intervalo perdendo por 4 a 0, exatamente como aconteceu ontem. A atuação defensiva foi simplesmente deplorável, o que ficou ainda mais escancarado quando Gomes foi expulso, logo aos oito minutos, seis após o Tottenham levar o primeiro gol. A Inter jogava como queria, deixando principalmente o zagueiro Gallas tonto - tanto que o francês falhou no primeiro e no quarto gols, além de ter tido muito trabalho como Eto'o. O show de horrores ficou evidente na terceira comemoração dos nerazzurri, quando tocaram a bola como quiseram no meio de toda a defesa inglesa, o que culminou no belo gol de Stankovic, após um corte errado de Huddlestone.
O mapa da mina, entretanto, foram as laterais. Hutton e Assou-Ekotto foram simplesmente desastrosos. Enquanto o camaronês - uma das maiores avenidas vistas na Copa do Mundo - inadmissivelmente tomou uma bola nas costas que fez Gomes cometer cometer pênalti em Biabiany e ser expulso, o escocês levou um verdadeiro baile de Phillipe Coutinho, sendo literalmente entortado pelo brasileiro na defesa e chegando ao cúmulo de ser facilmente desmarcado pelo mesmo no seu campo de ataque. Foi tão mal que convenceria Mano Menezes a escalar o garoto como titular da seleção brasileira por um bom tempo, além de fazer os vascaínos chorarem de raiva por terem perdido o jovem talento tão cedo.
Porém, para aqueles que nunca haviam visto o Tottenham jogar, sobretudo os que acompanham o Campeonato Italiano e decidiram acompanhar a partida por causa do lado italiano no confronto, é necessário dizer uma coisa: a equipe londrina não é ruim, embora tenha feito de tudo para provar o contrário no fatídico primeiro tempo. Afinal, não dá para duvidar de um time emergente no competitivo futebol inglês, que roubou do milionário Manchester City a última vaga para a atual UCL, que está empatado em número de pontos com Arsenal e Manchester United na Premier League e que possui em seu elenco excelentes nomes, como Defoe, Modric e, obviamente, Bale.
É por isso que, embora o setor defensivo reconhecidamente seja o ponto fraco da equipe, a pífia atuação do conjunto foi atípica. Se não fosse, o clube não estaria na Liga dos Campeões, e sim, no máximo, na Liga Europa. Isso se não estivesse, como nos maus tempos de Juande Ramos, na parte de baixo da tabela da Premier League. Aliás, tal competição nacional, é bom repetir, não mandaria um time tão desqualificado, tendo outros emergentes de qualidade, como Everton, Aston Villa e Manchester City - deixemos um Liverpool em cacos para ser considerado num outro dia. Junte-se a esse atípico mau desempenho a uma trágica atuação de Crouch no ataque e a um dia inspirado da Inter, e é possível entender por que tantos gols foram marcados pelos italianos.
Mas ainda falta saber por que os ingleses marcaram três vezes. Gols que, aliás, só serviram para enganar os desavisados: afinal, o segundo tempo foi extremamente sonolento, com a Inter, já acomodada, levando os 45 minutos finais em banho-maria e o seu adversário pouco ameaçando a meta de Júlio César. Além disso, dois gols dos Spurs foram marcados já nos acréscimos, quando pouco poderia ser feito.
Porém, a reação serviu para mostrar para a Europa quem é Gareth Bale. Assim como Lennon, o galês foi o único que se salvou da tendência à mediocridade do seu time, sendo responsável por um hat-trick e por salvar a honra do Tottenham. Foram três tentos que mostraram toda a qualidade do winger: muita rapidez, habilidade e uma bomba na perna esquerda foram suficientes para provar que é um dos grandes talentos da sua posição e que o Tottenham não conseguirá segurá-lo - fatalmente irá para um clube maior.
Em suma, uma análise cuidadosa não só da partida como da forma recente do Tottenham mostra que o time não é ruim como pareceu, mas que também não mereceu marcar tantos gols. Se uma lição deve ser guardada desse jogo, é que o clube não pode continuar tendo tantos apagões: além de não ter sido a primeira vez que isso aconteceu (a outra foi na fase anterior da UCL, contra o Young Boys), o time acaba não sendo muito bem visto por isso, o que é prejudicial para a sua reputação. E é bom lembrar que nem sempre Bale salva. Mas contratar outro lateral-esquerdo salva...
Dentro da normalidade: Como já era de se esperar, todos os outros ingleses venceram sem maiores dificuldades na UCL. Os destaques foram o belo gol de Zhirkov na vitóra do Chelsea em cima do Spartak Moscou fora de casa e a longa saudação dos torcedores do Arsenal ao atacante Eduardo, agora no Shakhtar, na vitória dos Gunners em cima dos ucranianos.
Imagem: BBC
7 comentários:
Perfeita a crônica.
Sem mais.
Quero lembrar aqui daquela serie que fizeram no inicio da temporada cujo nome foi Big Seven.
O que aconteceu no jogo de ontem ja estava escrito naquele texto de meses atraz, e no comentario mostramos onde o Tottenham deveria ter investido.
Esse é o Link da serie BIG SEVEN.
http://ortodoxoemoderno.blogspot.com/2010/07/se-o-tottenham-nao-perder-timidez-no.html
Matheus, obrigado pelo comentário!
Dantas, é verdade o que disse. O que foi escrito naquele texto parece ter sido um aviso a Redknapp. Sabe-se lá porque deixando a lateral-esquerda de lado, o inglês só contratou Gallas depois disso. Pelo que vimos ontem, era melhor não ter contratado ninguém.
Ateh!
O Bale detonou o lado direito da defesa do Inter, que aliás, ficou pior no setor após a saída do Mouinho. Que acertou a defesa do Real.
Quanto ao Tottenham, não é um time consistente pro continente. Oitavas está de bom tamanho ao atual elenco.
André, acredito que, pelo elenco que possui, realmente o Tottenham deverá ficar satisfeito caso apenas chegue nas oitavas. Dependendo do confronto que tiver nessa fase, até dá para passar para as quartas; a partir daí, o que vier é lucro.
Porém, os Spurs possuem elenco suficiente para conquistar a Liga Europa. É só ver os times que venceram a competição recentemente. O problema é que, para chegar a tal competição nesse momento, só se o clube ficasse em 3º no seu grupo da UCL, o que entendo que seria uma enorme decepção para o clube, já que parecem ter mais time que Werden Bremen e Twente.
Ateh!
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