O dia 19 de dezembro não foi dos melhores para o treinador do Sunderland. Steve Bruce teve de lamentar a derrota por 4 a 3 diante do Manchester City e a inusitada demissão de Mark Hughes. O ex-comandante do Wigan levantou a bandeira do corporativismo e condenou a atitude da cúpula dos Citizens, que não teria dado a Hughes o tempo necessário para ele fazer o time funcionar. "Não se constrói uma equipe em 18 meses ou numa janela de transferências", explica. Felizmente, Bruce não vive no Brasil para analisar a duração dos contratos e o não cumprimento deles.
Ele não pode dizer que seu colega galês foi vítima de azar, ainda que tenha cruzado com os Black Cats. O nível de investimento na Premier League deixou de ser compatível com excessiva paciência. O exemplo do Manchester City é muito claro. As várias contratações foram perfeitas, e o retorno dos gastos precisa ser visto já na próxima temporada. Em suma, é teoricamente inaceitável que, com o Liverpool em grave crise, os Sky Blues não consigam uma vaga na Liga dos Campeões.
Como Hughes não foi bem na temporada passada e estava longe de atribuir solidez à defesa e escapar de empates em jogos simples, foi demitido de maneira justa. O ex-atacante do Manchester United não tem o lastro de Alex Ferguson ou mesmo de Rafa Benítez e, por isso, não era imune a crises que, em outros exemplos, seriam controláveis. Por outro lado, a forma como se desenvolveu o processo pode ser contestada. Não são questões éticas, mas meramente futebolísticas as que estão em pauta neste artigo.
A outra queixa de Steve Bruce é uma compreensível patriotada. Embora tenha desejado boa sorte ao italiano Roberto Mancini, substituto de Hughes, ele acredita que os treinadores britânicos precisam de "uma grande chance". O mercado da bola, entretanto, não é nacionalista. Se os clubes da Premier League têm muito dinheiro, buscarão os melhores do mundo. Mesmo assim, é possível dar um pouco de razão a Bruce. Do eixo britânico fora da Inglaterra, vêm alguns técnicos exepcionais. Os escoceses David Moyes, ainda que em temporada fraca no Everton, e Alex McLeish, do Birmingham, e o norte-irlandês Martin O'Neill, do Aston Villa, têm trabalhos muito consistentes (ou de sensacional início, como no caso de McLeish).
O 'Neill, por exemplo, já é tratado como um dos possíveis substitutos do escocês Alex Ferguson no Manchester United. Além disso, o treinador do Villa também tem sido alvo de especulações que o ligam ao Liverpool. Ou seja, o dinamismo de que Bruce reclama pode provocar o processo inverso: o espanhol Benítez daria lugar ao britânico O'Neill. Por outro lado, já que estamos falando da Premier League inglesa, os treinadores da casa merecem grandes chances?
Obviamente, não sou adepto do determinismo para dizer que todo manager inglês é fraco. Ora, cada um trabalha por si. Mas a verdade é que a fase para os treinadores da Inglaterra é terrível. O fracasso recente de Steve McClaren, que não levou o English Team ao Euro 2008, foi somente o emblema de uma escassez de mentes brilhantes na classe. O próprio McClaren, hoje no holandês Twente e no Middlesbrough entre 2001 e 2006, e Sam Allardyce, treinador do Blackburn e de notável sucesso no Bolton entre 1999 e 2007, eram os nomes mais promissores há alguns anos. Allardyce teve cinco desastrosos meses do Newcastle e encerrou sua carreira em grandes clubes antes que ela começasse de fato.
Atualmente, a Premier League tem apenas seis treinadores ingleses: Phil Brown (Hull City), Gary Megson (Bolton), Roy Hodgson (Fulham), Harry Redknapp (Tottenham), Sam Allardyce (Blackburn) e Steve Bruce (Sundeland). Destes, Hodgson e Redknapp são de longe os melhores. Bruce, por sua vez, parece ter ótimo potencial. Outros sete comandantes são dos demais países do Reino Unido ou da Irlanda. Assim, o técnico do Sunderland precisa entender que os sete "estrangeiros de fato" não estão na Inglaterra porque são facínoras. Eles apenas são competentes e demandados por clubes que mergulharam num padrão muito exigente de competição.
Imagem: Daily Mirror
Ele não pode dizer que seu colega galês foi vítima de azar, ainda que tenha cruzado com os Black Cats. O nível de investimento na Premier League deixou de ser compatível com excessiva paciência. O exemplo do Manchester City é muito claro. As várias contratações foram perfeitas, e o retorno dos gastos precisa ser visto já na próxima temporada. Em suma, é teoricamente inaceitável que, com o Liverpool em grave crise, os Sky Blues não consigam uma vaga na Liga dos Campeões.
Como Hughes não foi bem na temporada passada e estava longe de atribuir solidez à defesa e escapar de empates em jogos simples, foi demitido de maneira justa. O ex-atacante do Manchester United não tem o lastro de Alex Ferguson ou mesmo de Rafa Benítez e, por isso, não era imune a crises que, em outros exemplos, seriam controláveis. Por outro lado, a forma como se desenvolveu o processo pode ser contestada. Não são questões éticas, mas meramente futebolísticas as que estão em pauta neste artigo.
A outra queixa de Steve Bruce é uma compreensível patriotada. Embora tenha desejado boa sorte ao italiano Roberto Mancini, substituto de Hughes, ele acredita que os treinadores britânicos precisam de "uma grande chance". O mercado da bola, entretanto, não é nacionalista. Se os clubes da Premier League têm muito dinheiro, buscarão os melhores do mundo. Mesmo assim, é possível dar um pouco de razão a Bruce. Do eixo britânico fora da Inglaterra, vêm alguns técnicos exepcionais. Os escoceses David Moyes, ainda que em temporada fraca no Everton, e Alex McLeish, do Birmingham, e o norte-irlandês Martin O'Neill, do Aston Villa, têm trabalhos muito consistentes (ou de sensacional início, como no caso de McLeish).
O 'Neill, por exemplo, já é tratado como um dos possíveis substitutos do escocês Alex Ferguson no Manchester United. Além disso, o treinador do Villa também tem sido alvo de especulações que o ligam ao Liverpool. Ou seja, o dinamismo de que Bruce reclama pode provocar o processo inverso: o espanhol Benítez daria lugar ao britânico O'Neill. Por outro lado, já que estamos falando da Premier League inglesa, os treinadores da casa merecem grandes chances?
Obviamente, não sou adepto do determinismo para dizer que todo manager inglês é fraco. Ora, cada um trabalha por si. Mas a verdade é que a fase para os treinadores da Inglaterra é terrível. O fracasso recente de Steve McClaren, que não levou o English Team ao Euro 2008, foi somente o emblema de uma escassez de mentes brilhantes na classe. O próprio McClaren, hoje no holandês Twente e no Middlesbrough entre 2001 e 2006, e Sam Allardyce, treinador do Blackburn e de notável sucesso no Bolton entre 1999 e 2007, eram os nomes mais promissores há alguns anos. Allardyce teve cinco desastrosos meses do Newcastle e encerrou sua carreira em grandes clubes antes que ela começasse de fato.
Atualmente, a Premier League tem apenas seis treinadores ingleses: Phil Brown (Hull City), Gary Megson (Bolton), Roy Hodgson (Fulham), Harry Redknapp (Tottenham), Sam Allardyce (Blackburn) e Steve Bruce (Sundeland). Destes, Hodgson e Redknapp são de longe os melhores. Bruce, por sua vez, parece ter ótimo potencial. Outros sete comandantes são dos demais países do Reino Unido ou da Irlanda. Assim, o técnico do Sunderland precisa entender que os sete "estrangeiros de fato" não estão na Inglaterra porque são facínoras. Eles apenas são competentes e demandados por clubes que mergulharam num padrão muito exigente de competição.
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