A semana que antecede o clímax da temporada foi lamentável para o Arsenal. A equipe de Arsène Wenger, que liderava a Premier League até o último sábado, perdeu duas posições após o natural empate com o Aston Villa, em Birmingham, e as vitórias caseiras de Chelsea e Manchester United. Os Red Devils, aliás, não superaram os Gunners apenas na tabela, mas também no mercado de transferências. O United anunciou na última terça-feira a contratação do zagueiro Chris Smalling, de 20 anos. Após impressionar pelo Fulham, o jovem valor preferiu o Old Trafford ao Emirates e estará à disposição de Alex Ferguson a partir de 2010/11.
Ainda sobre a sequência de reveses, Nicklas Bendtner resolveu aplicar um golpe psicológico nos torcedores. Com a contusão de Eduardo da Silva e a iminente escalação no confronto contra o Manchester United do próximo domingo, o atacante dinamarquês assegura que "será o 'número 1' do Arsenal e levará o clube ao título". Atrelar as possibilidades de conquista ao desempenho de Bendtner não é, certamente, um bom sinal. Assim como a contusão de Thomas Vermaelen contra o Aston Villa. O zagueiro belga, um dos grandes destaques da temporada, teve suspeita de fratura na perna, o que não se confirmou. De todo modo, Sol Campbell deve ter a indigesta missão de substituí-lo e parar Wayne Rooney.
A função de Campbell será capital, uma vez que o embate, ao contrário do que sugeriu Arsène Wenger, significa muito para o campeonato. O Chelsea lidera a Premier League com 52 pontos em 22 jogos. Manchester United, com 50, e Arsenal, com 49, disputaram 23 partidas. Obviamente, soaria pretensioso afirmar categoricamente que o clássico definirá o principal adversário dos Blues na corrida pelo título, uma vez que cada equipe disputará pelo menos mais 14 jogos. No entanto, o crucial momento da temporada de fato sugere isso. Ainda mais quando pensamos na situação dos Gunners, que, após o encontro com o United, terão pela frente o complicadíssimo clássico contra o Chelsea no Stamford Bridge.
Para alcançar a necessária vitória, Arsène Wenger deve lançar mão de um 4-3-3 bastante ofensivo. Na provável formação da defesa, apenas Campbell não é titular. Certamente, o camaronês Alexandre Song, de volta da Copa Africana de Nações, ainda não volta à equipe, apesar de ser, com sobras, o jogador do elenco que mais evoluiu desde 2008/09. Assim, Denílson é recuado à cabeça-de-área para liberar o capitão Fàbregas, com mais propensão ao ataque nesta temporada, e o jovem galês Ramsey, meia técnico que habitualmente substitui o espanhol.
No ataque, a presença de Bendtner na vaga recentemente ocupada por Eduardo da Silva ao menos fornece uma referência física que não esteve à disposição de Wenger na temporada. Pela direita, Rosicky, além de criar, precisa conter os avanços de Evra. À esquerda, Arshavin pode aproveitar as deficiências defensivas do lateral-direito brasileiro Rafael (se este for mesmo escalado), que cometeu dois pênaltis no intervalo de um mês.
Quanto ao Manchester United, é possível que vejamos mais do mesmo. Insatisfeito com Berbatov e Owen e confiante na autossuficiência de Rooney no ataque, Alex Ferguson deve insistir no 4-5-1, costumeiramente adotado pelo escocês em jogos complicados. Até por essa tendência à cautela, seria irresponsável afirmar que Rafael será a escolha para a lateral-direita. Wes Brown talvez seja chamado a segurar Arshavin. Vidic deve voltar de lesão, mas ainda não reeditará a parceria com o suspenso Ferdinand. Evans é o substituto mais óbvio.
No meio-de-campo, setor que deu a vitória ao United contra o City pela Carling Cup, Ferguson pode repetir a formação com Scholes, Fletcher e Carrick, este mais avançado. À frente, Rooney não está efetivamente sozinho. Valencia e Giggs pelas laterais e, especialmente, os três meias centrais chegam constantemente para finalizar. Vale lembrar que essa espécie de movimentação fez do right winger Cristiano Ronaldo uma máquina de marcar gols (42) em 2007/08.
No duelo do primeiro turno, o Manchester United venceu por 2 a 1 em Old Trafford, mas o Arsenal dominou a maior parte do jogo. No entanto, as curvas de desempenho se chocaram. O United está longe de jogar muito bem, mas alcançou um patamar próximo da maturidade na temporada. As atuações de Wayne Rooney atingiram, definitivamente, o nível a que Fàbregas e Drogba haviam chegado há algum tempo.
Apesar de as características do Shrek demandarem um companheiro ofensivo, a fase dele não exige isso. Com o inglês em ótima forma, Ferguson, como dito, sente-se absolutamente seguro para apostar num meio de campo mais forte. Por isso, apesar da coleção de lesões na defesa e de algumas decepções individuais, os Red Devils do fim de janeiro são os mais confiáveis desde agosto. Ainda não é o bastante para superar o Chelsea, mas permite à equipe competir em todos os outros níveis.
O Arsenal também está em boa fase. Não é, porém, um momento consistente. E não é preciso discorrer tanto sobre os motivos que levam a crítica a desconfiar dos Gunners. O elenco enfrenta no momento sete contusões, índice superior apenas ao do West Ham entre os clubes da Premier League. Essa inconstância está estampada em alguns problemas enfrentados no Emirates. Os dois últimos jogos caseiros revelaram fragilidades defensivas e certa dificuldade para controlar o jogo em alguns mometos. Refiro-me ao empate diante do Everton, de domínio dos Toffees, e à vitória contra o Bolton, quando o conjunto de Owen Coyle abriu 2 a 0 nos primeiros minutos.
Convenhamos: estes problemas provavelmente retornarão à tona no domingo. Com Campbell na defesa e um meio de campo pouco combativo (como deve acontecer), a boa fase de Rooney e os ataques em bando promovidos pelo Manchester United podem ser decisivos. A minha impressão é de que uma vitória do Arsenal depende completamente de uma grande atuação de Fàbregas. O espanhol terá, ao mesmo tempo, de dominar a faixa central e ser muito criativo para um time encantador, porém, aparentemente, refém de alguns desfalques.
Palpite: Arsenal 1 x 2 Manchester United
Imagens: The Sun e Independent
3 comentários:
Vai ser um jogão, com duas equipes que terão a responsabilidade de vencer para não deixar o Chelsea escapar. Acredito que o momento do United é melhor e Rooney deverá levar os Reds Devils a vitória amanhã. Abraços.
Dito e feito, Guilherme.
Grande abraço!
Foi uma vitória justa do Man Utd sobre o Arsenal...
Blog Águia de Ouro
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