Ao vencer os playoffs do Championship em 2008/09, o Burnley voltou à primeira divisão da Inglaterra após 33 anos. A dramaticidade do retorno e a humildade do elenco induziram os críticos a apostar que os Clarets dificilmente escapariam do rebaixamento nesta temporada. Entretanto, o ótimo desempenho em casa - que inclui vitória sobre o Manchester United e empate com o Arsenal - tem mantido a equipe fora do indesejável grupo dos que deixarão a Premier League. Por isso, parece fácil entender por que, como lembra o jornalista britânico Phil McNulty, um grupo de 833 adeptos do Facebook "acredita" que o treinador do Burnley, Owen Coyle, é Deus.
A cúpula do Bolton, aliás, também aprecia o trabalho desse escocês de 43 anos. Após uma série de maus resultados, entre os quais está o empate em casa com o Burnley no Boxing Day, o eternamente contestado Gary Megson foi destituído do cargo de treinador dos Trotters. As especulações de que o comandante dos Clarets seria o substituto são crescentes. Há quem diga que os laços afetivos podem inclinar Coyle à mudança. Durante sua passagem pelo Reebok Stadium como jogador, entre 1993 e 1995, ele marcou 12 gols em 54 jogos.
Abandonando a análise imediata e pensando de forma mais ampla, parece claro que o Bolton representaria, de fato, uma importante evolução na carreira de Coyle. Os Wanderers estão na Premier League há nove temporadas ininterruptas, enquanto o Burnley ainda precisa avançar se não quiser dividir seus anos entre o primeiro e o segundo níveis do futebol inglês. Exatamente por interpretar a iminente troca dessa maneira, o escocês parece ter embarcado nas negociações. Mesmo assim, a atual reputação do treinador, as perspectivas de evolução (reitero que estamos falando de alguém de 43 anos) e o desenho da temporada mostram que a permanência no Turf Moor pode ser a decisão mais sábia.
Honestamente, é difícil definir qual dos dois times tem maiores perspectivas de permanência na Premier League. Hoje, o Burnley está quatro posições e dois pontos acima, mas o Bolton (na zona de rebaixamento) disputou dois jogos a menos. Mas não é essa a questão-chave. Lembremos de um caso local. Estevam Soares fazia ótima temporada no Barueri, que não indicava que poderia ser ameaçado pelo rebaixamento. Não obstante, o treinador aceitou o convite do Botafogo, clube inegavelmente maior, mas sob sério risco de disputar a Série B na temporada seguinte.
Agora, é fácil concluir que Estevam, após salvar o Botafogo do rebaixamento na última rodada, escolheu o melhor caminho. Contudo, um fracasso em General Severiano simplesmente anularia o bom trabalho na Grande São Paulo, onde ele poderia ficar até o fim da temporada 2009 para, enfim, assumir um grande clube. Toda mudança com o campenonato em andamento precisa ser muito bem calculada. No exemplo de Coyle, o destino pode castigá-lo de forma ainda mais enfática.
Ainda que os Clarets não obtenham o passaporte para a próxima Premier League, Coyle certamente permanecerá no primeiro escalão, visto que seus precoces resultados já chamam a atenção dos críticos, e a sua imagem diante dos torcedores do Burnley é muito positiva. Por outro lado, a queda com o Bolton representaria um claro insucesso aos olhos do mercado, mesmo que sua culpa fosse mínima. Se conhece a história do revolucionário russo Vladimir Ilitch Lenin, Owen Coyle certamente se lembrará de dar um passo atrás (ou ficar onde está) para depois dar dois à frente.
Imagem: site oficial da Football League
A cúpula do Bolton, aliás, também aprecia o trabalho desse escocês de 43 anos. Após uma série de maus resultados, entre os quais está o empate em casa com o Burnley no Boxing Day, o eternamente contestado Gary Megson foi destituído do cargo de treinador dos Trotters. As especulações de que o comandante dos Clarets seria o substituto são crescentes. Há quem diga que os laços afetivos podem inclinar Coyle à mudança. Durante sua passagem pelo Reebok Stadium como jogador, entre 1993 e 1995, ele marcou 12 gols em 54 jogos.
Abandonando a análise imediata e pensando de forma mais ampla, parece claro que o Bolton representaria, de fato, uma importante evolução na carreira de Coyle. Os Wanderers estão na Premier League há nove temporadas ininterruptas, enquanto o Burnley ainda precisa avançar se não quiser dividir seus anos entre o primeiro e o segundo níveis do futebol inglês. Exatamente por interpretar a iminente troca dessa maneira, o escocês parece ter embarcado nas negociações. Mesmo assim, a atual reputação do treinador, as perspectivas de evolução (reitero que estamos falando de alguém de 43 anos) e o desenho da temporada mostram que a permanência no Turf Moor pode ser a decisão mais sábia.
Honestamente, é difícil definir qual dos dois times tem maiores perspectivas de permanência na Premier League. Hoje, o Burnley está quatro posições e dois pontos acima, mas o Bolton (na zona de rebaixamento) disputou dois jogos a menos. Mas não é essa a questão-chave. Lembremos de um caso local. Estevam Soares fazia ótima temporada no Barueri, que não indicava que poderia ser ameaçado pelo rebaixamento. Não obstante, o treinador aceitou o convite do Botafogo, clube inegavelmente maior, mas sob sério risco de disputar a Série B na temporada seguinte.
Agora, é fácil concluir que Estevam, após salvar o Botafogo do rebaixamento na última rodada, escolheu o melhor caminho. Contudo, um fracasso em General Severiano simplesmente anularia o bom trabalho na Grande São Paulo, onde ele poderia ficar até o fim da temporada 2009 para, enfim, assumir um grande clube. Toda mudança com o campenonato em andamento precisa ser muito bem calculada. No exemplo de Coyle, o destino pode castigá-lo de forma ainda mais enfática.
Ainda que os Clarets não obtenham o passaporte para a próxima Premier League, Coyle certamente permanecerá no primeiro escalão, visto que seus precoces resultados já chamam a atenção dos críticos, e a sua imagem diante dos torcedores do Burnley é muito positiva. Por outro lado, a queda com o Bolton representaria um claro insucesso aos olhos do mercado, mesmo que sua culpa fosse mínima. Se conhece a história do revolucionário russo Vladimir Ilitch Lenin, Owen Coyle certamente se lembrará de dar um passo atrás (ou ficar onde está) para depois dar dois à frente.
Imagem: site oficial da Football League
2 comentários:
Cara, parabéns pelo blog. Geralmente a gente ouve falar só dos grandes ingleses, mesmo nos blogs dedicados a isso. Acho legal o que vocês estão fazendo por aqui. Abraço!
Valeu, Braitner! A proposta do blog é atribuir espaço a todos os clubes e fatos "relevantes", ainda que respeitando as naturais e devidas proporções. Exatamente por ser adepto dessa "filosofia", devo recomendar o QuattroTratti (cujo link está na seção "Fique de Olho" deste blog) aos fãs do calcio que passarem por aqui. Abraço!
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