O primeiro jogo, o famigerado hábito de subir e, na temporada seguinte, descer e a indigesta tabela certamente deixaram o treinador Roberto Di Matteo preocupado. Mas o fato é que a derrota por 6 a 0 para o Chelsea, acompanhada de uma exibição horrorosa do goleiro Scott Carson, contraria tudo o que o West Bromwich Albion fez nas rodadas seguintes. As vitórias contra os teoricamente superiores Manchester City (pela Carling Cup), Sunderland e Birmingham e o empate diante do Tottenham no Hawthorns não são a melhor parte da história. As exibições seguras contra Liverpool e Arsenal em terrenos inimigos impressionam mais. Em Anfield, o revés por 1 a 0 foi o único golpe de sorte dos Reds na temporada, visto que os Baggies dominaram boa parcela do jogo. No Emirates, o fantástico triunfo por 3 a 2 - e o WBA abriu 3 a 0 - foi completamente merecido.
Não interessa se o goleiro do Arsenal consegue ser menos confiável do que Carson. Importa, sim, a facilidade do West Brom em articular suas jogadas. Facilidade que permitiu à equipe de Di Matteo criar inúmeras chances, ainda que com um esquema seguro, mas com forte chegada dos meias. Aliás, o 4-5-1 - com Odemwingie à frente -, que eventualmente transformava-se em 4-2-3-1, contou, durante todo o jogo, com cinco contratações fechadas no último mercado de transferências: o espanhol Pablo Ibáñez (ex-Atlético de Madrid), o irlandês Steven Reid (ex-Blackburn), o austríaco Paul Scharner (ex-Wigan), o inglês Nick Shorey (ex-Aston Villa) e o nigeriano Peter Odemwingie (ex-Lokomotiv Moscou). O raciocínio é meio reducionista, mas - vejam só - todos eles têm jogos pelas seleções de seus países. Os três primeiros chegaram ao Hawthorns sem custos. As capturas são ótimas.
O clube gastou menos de 10 milhões de libras com as nove aquisições no mercado de verão. Elas fortalecem um conjunto que vem de campanha muito sólida na segunda divisão. O West Brom, que perdeu Jonathan Greening e quatro coadjuvantes em relação à temporada passada, marcou 91 pontos e teve apenas sete derrotas em 46 jogos. A consistência durante um ano e dois meses de trabalho e o ínício de Premier League com dez pontos em seis partidas, todas contra adversários complicados, fazem-nos atribuir muito do esboço de sucesso dos Baggies ao treinador Roberto Di Matteo.
Após seis bons anos como jogador em Stamford Bridge, o comandante do West Brom integra, ao lado de Gianluca Vialli e Gianfranco Zola, uma família de treinadores italianos que coheceram o futebol inglês através do Chelsea. E Di Matteo dá toda a pinta de ser o melhor deles. A ótima campanha na League One com o Milton Keynes Dons, que, com a terceira posição na "temporada regular" em 2008-09, perdeu a vaga no Championship apenas nos playoffs, levou-o ao West Bromwich, equipe que quase sempre vai bem na segunda divisão, mas habitualmente não incomoda ninguém na Premier League. E é aí que a mentalidade de Di Matteo, que ascendeu à elite com muita facilidade, faz a diferença: "Sempre acreditei que podemos roubar pontos dos grandes. Temos a sensação de que podemos competir na liga", sentencia.
Balanceando-se entre o jogo atirado de Ian Holloway no Blackpool e a excessiva cautela - acompanhada do fatalismo contra o rebaixamento - de Mick McCarthy no Wolverhampton, Di Matteo conseguiu tornar o WBA competitivo. Apostando em uma defesa sólida (que sucumbiu apenas na primeira rodada) e na eficiente chegada dos wingers Chris Brunt e Jerome Thomas no suporte a Odemwingie, o italiano pode até sofrer goleadas, mas a tendência é que arranque muitos pontos fora do Hawthorns. Considerando que não precisa mais enfrentar Liverpool, Arsenal e Chelsea fora de casa, não é exagerada a tese de que os dez pontos conquistados já afastam o WBA do rebaixamento, único aspecto com que Di Matteo deve se preocupar.
Vale, portanto, esclarecer: os Baggies não têm bola para a primeira metade da tabela. Não parece haver, em longo prazo, maneiras de competir em pontuação com Everton, Birmingham e Sunderland, por exemplo. No entanto, a fase final da campanha não precisa assemelhar-se ao do Hull City de dois anos atrás. Com sagacidade no mercado, especialmente na captura de jogadores de outras ligas, que fatalmente aceitariam jogar no West Bromwich por conta do fator "Premier League", e correndo riscos na medida certa fora de casa, marcar mais de 40 pontos não é tarefa impossível.
Imagem: Site do WBA
Um comentário:
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