Ninguém se esquecerá do dia em que Carragher agregou ídolos, arrecadou dinheiro para caridade e marcou um gol para o Everton
A nobreza da iniciativa não reside apenas na arrecadação de dinheiro para a Fundação Carragher 23. Quando Jamie, após 14 temporadas de serviços prestados ao Liverpool, decidiu organizar um jogo para relembrar sua ainda ativa trajetória, ninguém duvidou que ele poderia reunir os mais improváveis personagens. Aos 32 anos, Carra se notabilizou por ser um dos maiores torcedores-jogadores da história do clube de Merseyside. Em meados de 2004-05, por exemplo, ele respondeu a uma pergunta capciosa de um repórter de modo apaixonante para os torcedores dos Reds:
- Você consideraria uma transferência para um clube maior do que o Liverpool?
- Quem é maior do que o Liverpool?
Àquela altura, o Liverpool não tinha mesmo o melhor dos elencos. Era a primeira temporada de Rafa Benítez em Anfield, e Michael Owen, o grande ídolo recente do clube, havia deixado Merseyside para se aventurar no Real Madrid. Carragher também se adaptava. Após vários anos na lateral direita, ele foi deslocado à defesa central por Benítez. A formação com Biscan, Traoré, Henchoz, Hamann, Smicer, Kewell e Baros não poderia ir muito longe, pensavam. Na Premier League, uma decepcionante quinta posição, atrás do Everton. Mas a sensação dos torcedores do Liverpool ao fim daquela jornada esteve distante de qualquer coisa negativa. O incrível título da Liga dos Campeões sobre o Milan fez muita gente retornar no tempo, analisar e maximizar o valor daquelas palavras do zagueiro, que, por essas e outras, é o jogador preferido dos torcedores.
Fato é que, apesar dessa postura, Carragher era, quando criança, torcedor do Everton. Por isso e para mobilizar a cidade de Liverpool em torno de um jogo de finalidade caritativa, o zagueiro decidiu ligar para David Moyes e convidá-lo a ser o "oponente" do dia. Admirador de Carra, o escocês aceitou prontamente. "Desde que me tornei treinador dos Toffees, sempre reconheci Carragher como um excepecional profissional e jogador", justificou. Assim, Moyes reuniu o grupo mais forte que poderia, incluindo alguns ex-jogadores de Goodison Park, como Francis Jeffers - não que ele seja o símbolo de um grupo forte.
O outro desafio de Carragher seria resgatar antigas referências do Liverpool. E ele o fez brilhantemente. Apesar da ausência de Robbie Fowler, comprometido com os australianos do Perth Glory, o zagueiro convenceu muita gente boa (ou nem tanto) a fazer parte da festa: Jerzy Dudek, Gary McAllister, Steve Finnan, Stephen Warnock, Danny Murphy, Jason McAteer, Luis García, Emile Heskey (o homem do "nem tanto") e Michael Owen. Sim, o fantástico artilheiro do Liverpool entre 1996 e 2004, tachado de traidor pelos torcedores por conta do "sim" a Alex Ferguson na temporada passada, voltou a vestir a camisa do clube. Após insistentes clamores de Carragher para que não houvesse vaias ao atacante, Anfield o recebeu muito bem - de forma justa, diga-se. Owen teve seus melhores anos em Merseyside e, no patamar em que estava sua carreira, não poderia recusar o convite do United.
Steven Gerrard, é claro, não perdeu a festa. Na seleção inglesa, ele pediu licença a Capello e foi a Anfield para jogar por 10 minutos.
Liverpool XI 4 x 1 Everton XI
O combinado do Liverpool venceu facilmente, o que não diz absolutamente nada. Foi verdadeiramente interessante ver Luis García marcando novamente em Anfield e Joe Cole enfim comemorando seu primeiro gol pelo clube. Ainda assim, esse é o tipo de jogo que não se leva a sério em certos aspectos. Mesmo Carragher, profissional à última potência, não encarou a partida como algo importante do ponto de vista competitivo. Afinal, ele marcou duas vezes de pênalti: uma para o Liverpool, outra para o Everton. O fato de ele ter celebrado um gol "pelos Toffees" agradou a todos os torcedores. A metade azul de Merseyside diz que Carra "reconheceu a grandeza do Everton". A vermelha considera que o zagueiro "não concedeu ao rival a oportunidade de marcar seu próprio gol".
Um pouco mais sobre Carragher
Não se trata de um jogador brilhante. Até por isso, é impressionante o fato de ele concentrar tantas atenções. Carragher viveu a melhor temporada de sua carreira justamente em 2004-05, quando foi, disparadamente, o melhor zagueiro da Champions. Quando lateral-direito, sua principal qualidade é a intensidade na marcação. No apoio, é apenas esforçado. Na seleção inglesa, Carra, ofuscado por Campbell, Terry e Ferdinand, quase sempre foi limitado ao setor. Assim, não tem uma grande história internacional. Embora ainda tenha bola para ser titular do Liverpool, Carragher já vive um período decadente. Sua temporada anterior, por exemplo, foi fraca. Mesmo assim, um jogo e um post dedicados a ele representam o reconhecimento ao caráter e à lealdade de um grande profissional.
Ao Liverpool Echo, Carragher revelou seu "Liverpool dos sonhos", incluindo apenas jogadores que estiveram ao seu lado: Reina; Finnan, Henchoz, Hyppia, Riise; McManaman, Gerrard, Xabi Alonso, Barnes; Fowler, Owen.
Inglaterra 4 x 0 Bulgária
Apesar de o grande destaque do jogo ter sido o já tarimbado Defoe, o bom desempenho em Wembley na abertura da fase de qualificação à Euro 2012 foi a definitiva prova de que Capello não precisa - aliás, não deve - ter medo de renovar a seleção de forma significativa. Não há razões plausíveis para reeditar o papelão do ciclo passado: fazer muito pelas Eliminatórias com jovens valores, chegar à Copa, acovardar-se diante da chance de escalar /convocar os melhores (Joe Hart, Ashley Young, Adam Johnson, por exemplo) simplesmente porque lhes faltava experiência e, bizarramente, recorrer a figuras como Emile Heskey. É preciso manter certas referências - como o capitão Gerrard - e rechear o grupo com os melhores jogadores à disposição, jovens ou não. A renovação é natural e deve ser baseada neste preceito: "se Hart é e está melhor do que Green, não há motivos para escalar o segundo". Ainda dá tempo de o italiano, que parece meio perdido, retomar o bom trabalho.
Imagens: Liverpoolfc.tv
- Quem é maior do que o Liverpool?
Àquela altura, o Liverpool não tinha mesmo o melhor dos elencos. Era a primeira temporada de Rafa Benítez em Anfield, e Michael Owen, o grande ídolo recente do clube, havia deixado Merseyside para se aventurar no Real Madrid. Carragher também se adaptava. Após vários anos na lateral direita, ele foi deslocado à defesa central por Benítez. A formação com Biscan, Traoré, Henchoz, Hamann, Smicer, Kewell e Baros não poderia ir muito longe, pensavam. Na Premier League, uma decepcionante quinta posição, atrás do Everton. Mas a sensação dos torcedores do Liverpool ao fim daquela jornada esteve distante de qualquer coisa negativa. O incrível título da Liga dos Campeões sobre o Milan fez muita gente retornar no tempo, analisar e maximizar o valor daquelas palavras do zagueiro, que, por essas e outras, é o jogador preferido dos torcedores.
Fato é que, apesar dessa postura, Carragher era, quando criança, torcedor do Everton. Por isso e para mobilizar a cidade de Liverpool em torno de um jogo de finalidade caritativa, o zagueiro decidiu ligar para David Moyes e convidá-lo a ser o "oponente" do dia. Admirador de Carra, o escocês aceitou prontamente. "Desde que me tornei treinador dos Toffees, sempre reconheci Carragher como um excepecional profissional e jogador", justificou. Assim, Moyes reuniu o grupo mais forte que poderia, incluindo alguns ex-jogadores de Goodison Park, como Francis Jeffers - não que ele seja o símbolo de um grupo forte.
O outro desafio de Carragher seria resgatar antigas referências do Liverpool. E ele o fez brilhantemente. Apesar da ausência de Robbie Fowler, comprometido com os australianos do Perth Glory, o zagueiro convenceu muita gente boa (ou nem tanto) a fazer parte da festa: Jerzy Dudek, Gary McAllister, Steve Finnan, Stephen Warnock, Danny Murphy, Jason McAteer, Luis García, Emile Heskey (o homem do "nem tanto") e Michael Owen. Sim, o fantástico artilheiro do Liverpool entre 1996 e 2004, tachado de traidor pelos torcedores por conta do "sim" a Alex Ferguson na temporada passada, voltou a vestir a camisa do clube. Após insistentes clamores de Carragher para que não houvesse vaias ao atacante, Anfield o recebeu muito bem - de forma justa, diga-se. Owen teve seus melhores anos em Merseyside e, no patamar em que estava sua carreira, não poderia recusar o convite do United.
Steven Gerrard, é claro, não perdeu a festa. Na seleção inglesa, ele pediu licença a Capello e foi a Anfield para jogar por 10 minutos.
Liverpool XI 4 x 1 Everton XI
O combinado do Liverpool venceu facilmente, o que não diz absolutamente nada. Foi verdadeiramente interessante ver Luis García marcando novamente em Anfield e Joe Cole enfim comemorando seu primeiro gol pelo clube. Ainda assim, esse é o tipo de jogo que não se leva a sério em certos aspectos. Mesmo Carragher, profissional à última potência, não encarou a partida como algo importante do ponto de vista competitivo. Afinal, ele marcou duas vezes de pênalti: uma para o Liverpool, outra para o Everton. O fato de ele ter celebrado um gol "pelos Toffees" agradou a todos os torcedores. A metade azul de Merseyside diz que Carra "reconheceu a grandeza do Everton". A vermelha considera que o zagueiro "não concedeu ao rival a oportunidade de marcar seu próprio gol".
Um pouco mais sobre Carragher
Não se trata de um jogador brilhante. Até por isso, é impressionante o fato de ele concentrar tantas atenções. Carragher viveu a melhor temporada de sua carreira justamente em 2004-05, quando foi, disparadamente, o melhor zagueiro da Champions. Quando lateral-direito, sua principal qualidade é a intensidade na marcação. No apoio, é apenas esforçado. Na seleção inglesa, Carra, ofuscado por Campbell, Terry e Ferdinand, quase sempre foi limitado ao setor. Assim, não tem uma grande história internacional. Embora ainda tenha bola para ser titular do Liverpool, Carragher já vive um período decadente. Sua temporada anterior, por exemplo, foi fraca. Mesmo assim, um jogo e um post dedicados a ele representam o reconhecimento ao caráter e à lealdade de um grande profissional.
Ao Liverpool Echo, Carragher revelou seu "Liverpool dos sonhos", incluindo apenas jogadores que estiveram ao seu lado: Reina; Finnan, Henchoz, Hyppia, Riise; McManaman, Gerrard, Xabi Alonso, Barnes; Fowler, Owen.
Inglaterra 4 x 0 Bulgária
Apesar de o grande destaque do jogo ter sido o já tarimbado Defoe, o bom desempenho em Wembley na abertura da fase de qualificação à Euro 2012 foi a definitiva prova de que Capello não precisa - aliás, não deve - ter medo de renovar a seleção de forma significativa. Não há razões plausíveis para reeditar o papelão do ciclo passado: fazer muito pelas Eliminatórias com jovens valores, chegar à Copa, acovardar-se diante da chance de escalar /convocar os melhores (Joe Hart, Ashley Young, Adam Johnson, por exemplo) simplesmente porque lhes faltava experiência e, bizarramente, recorrer a figuras como Emile Heskey. É preciso manter certas referências - como o capitão Gerrard - e rechear o grupo com os melhores jogadores à disposição, jovens ou não. A renovação é natural e deve ser baseada neste preceito: "se Hart é e está melhor do que Green, não há motivos para escalar o segundo". Ainda dá tempo de o italiano, que parece meio perdido, retomar o bom trabalho.
Imagens: Liverpoolfc.tv
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