25 de novembro de 2010

Candidatura enganosa

Wenger revolucionou o Arsenal. Agora, ele precisa se reinventar

O Arsenal, mais uma vez, goleou uma equipe portuguesa em Londres e perdeu em terreno lusitano em seu grupo na Champions. Há dois anos, 4 a 0 sobre o Porto no Emirates e troco parcial dos azuis e brancos, por 2 a 0, no Estádio do Dragão. Desta vez, o surpreendente Braga, que havia levado 6 a 0 na Inglaterra, superou os de Wenger por 2 a 0 em Portugal. Há sistemáticas oito temporadas, o Arsenal enfrenta adversários teoricamente simples na fase de grupos.

No entanto, como em dois dos últimos três anos, deixou a liderança escapar. Sim, porque é muito improvável que o Shakhtar, três pontos à frente, não vença o Braga em Donetsk, na última rodada. Além de ver distantes o primeiro posto e a perspectiva um oponente fraco nas oitavas-de-final, os Gunners ainda precisam derrotar o Partizan para eliminar completamente a chance de os minhotos, pontuando na Ucrânia, proporcionarem uma desastrosa eliminação.

Curiosamente, o Arsenal de Wenger faz valer a máxima da "competição diferente", independente de desempenhos paralelos. Na Premier League, o conjunto acumula mais pontos fora (aproveitamento de 67%) do que em casa (57%). Na Champions, a lógica é atropelar os adversários no Emirates e cair em terreno inimigo. Arsène, para explicar o que acontece em âmbito doméstico, adota o tradicional discurso de "o adversário vem fechado; fora, temos espaço para jogar". Os oponentes da Champions são frágeis, e os outros ambientes, estranhos. Na Inglaterra, a defesa não suporta os contra-ataques. Na Europa continental, o ataque não cumpre seu papel.

O Arsenal se redimensionou em pouco tempo. O time mais espetacular da história do clube, consistente de 2001 a 2004, tinha várias referências. Este não tem. Depende muito de Fàbregas. O espanhol é a autêntica liderança que se impõe pelo estilo de jogo. Não é, aos 23 anos, capitão por acaso. A propensão de Cesc a contusões, porém, apresenta-se como o primeiro obstáculo a esse sistema: serão mais duas semanas fora de combate. Nasri, que faz ótima temporada, deve voltar a ser jogado aos leões na organização. Com ou sem lesões - e elas sempre vêm -, a excessiva dependência não é compatível com o eterno discurso de "chegou a hora". E aqui a questão deixa de ser a demasiada juventude. Nossos olhos se voltam à atitude de clube vendedor.

É irresistível a sensação de que Touré e Adebayor, liberados para o Manchester City em 2009, podem representar a diferença entre o título e mais uma temporada de ótimas exibições e inexplicáveis escorregões. O Arsenal, de Squillaci, Koscielny e Chamakh, tem pontos fracos fatais: defende-se mal e pode não decidir quando precisa. A lesão de Vermaelen, no início do mês, também pesa. Mas nada torna aceitáveis os nove gols sofridos em sete jogos em casa. Em três destes, aliás, o Arsenal não pontuou: com sete gols marcados, West Bromwich, Newcastle e Tottenham venceram no Emirates. Um índice plausível de sete pontos levaria o Arsenal ao primeiro posto da Premier League, com cinco de vantagem para os hoje líderes Chelsea e Manchester United.

Aliás, um Chelsea titubeante e um United sem referência representam a melhor chance de o Arsenal ganhar o campeonato. O eventual título seria o primeiro desde 2005*, quando os Gunners conquistaram a FA Cup, um hábito na primeira metade da década. Sim, são cinco anos de fracassos, da Carling Cup à Champions (ainda que, em 2006, a jornada europeia tenha sido excelente). Hoje, entretanto, é impossível destituir o Chelsea do posto de favorito (ainda evidente, para ser honesto).

Não se pode, é claro, descartar o Arsenal, mesmo limitado à mediocridade da manutenção de um elenco, pequeno, cheio de jovens que às vezes não completam seu ciclo de evolução - há quanto tempo o grupo tem baixa média de idade? Sem Touré e Adebayor, os Gunners não têm o que até o Liverpool de Hicks e Gillett ostentava: um zagueiro forte (Skrtel) e um atacante poderoso (Torres). O Bolton, com Knight e Elmander, também parece mais bem atendido nesse aspecto. E o Arsenal, com quem podia contar há algumas temporadas? Campbell e Henry.

Outro ponto que chama a atenção é a postura de Wenger. Ele parece se sentir impotente, como se estivesse dirigindo seu time em uma estreita avenida sem saída de apenas uma mão. Extremamente irritado, como quando atirou contra o chão uma garrafa d'água, no terceiro gol do Tottenham no sábado (assistir ao vídeo abaixo), o treinador argumenta superficialmente, quase como um adepto do chororô. Rosicky, Arshavin e van Persie em fase difícil (física, clínica ou técnica) tornam suas opções escassas. Walcott, que poderia ajudar a superar o velho e mau aproveitamento que nunca renderá mais do que a terceira posição, teve a sequência quebrada por lesão.

O Arsenal, hoje terceiro e a dois pontos da liderança, ainda pode ser campeão inglês. Mas nada indica que um resultado surpreendente representaria o sucesso das escolhas de Wenger, de postura autossuficiente, de alguém que pode prescindir de alguns de seus principais nomes sem tanta resistência - Fàbregas, claramente, é um caso peculiar. Lembre-se do título espanhol do insosso Real Madrid de Capello há quatro temporadas: com 23 vitórias, oito derrotas e 76 pontos. O de Pellegrini não levou o título com 31 vitórias e 96 pontos. Esse Arsenal não é, quero dizer, melhor que o de cinco anos atrás, por exemplo. Um eventual - e improvável - sucesso será fruto, sim, dos bons recursos desse time, mas também dos constantes tropeços de Chelsea e United e da imaturidade de Manchester City e Tottenham como candidatos ao título.

*O Arsenal, é claro, pode conquistar uma das copas nacionais. Na Carling Cup, enfrenta o Wigan nas quartas-de-final.




Imagens: Wikipedia, Independent, The Mirror

2 comentários:

Dantas disse...

Concordo inteiramente com o texto, Wenger esta olhando demais para franceses, nao que sejam ruins mas existem melhores.
O lucro apresentado no ano passado pode ter elevado ainda mais seu nivel, mas nao de treinador, e sim de vendedor, talvez a diretoria prefira assim, e torçam para uma consequencia favoravel a cada temporada.

Rodrigo Carvalho disse...

APRESENTADORA TEM BOCA FECHADA COM FITA,AO VIVO NA TV:


APÓS A VITÓRIA DO GOIÁS SOBRE O PALMEIRAS ,CALANDO O PACEMBU,COMENTARISTA DE UMA TV DE GOIÂNIA-GO,A FONTE TV,DURANTE O PROGRAMA PAPO DE BOLA,TEM "LITERALMENTE" A BOCA FECHADA:

FOI COLOCADO UMA FITA PRA CALAR A COMENTARISTA,QUE,APESAR DE SER ESMERALDINA DISSE QUE O GOIÁS NÃO SE CLASSIFICARIA:

http://digaofutebol.blogspot.com/2010/11/comentarista-de-goiania-ten-boca.html

E,SE ISSO OCORRESSE ELA TERIA A BOCA LACRADA COM ESPARADRAPO.

E,ASSIM ACONTECEU,AO VIVO NA FONTE TV,DE GOIÂNIA!


WWW.DIGAOFUTEBOL.BLOGSPOT.COM