7 de novembro de 2010

O óbvio ululante

"Penso, logo existo"

Roy Hodgson, bom observador, percebeu que o 4-2-3-1 não é uma cláusula pétrea do estatuto do Liverpool. O esquema, implantado por Rafael Benítez em 2009, realmente funcionou durante um semestre, enquanto Xabi Alonso ainda estava em Anfield. Depois, foi um fiasco. Hodgson adotou o 4-4-2, já esboçado em algumas ocasiões, desde o princípio contra o Chelsea. O Liverpool, com três desfalques pesados, foi assim escalado: Reina; Kelly, Carragher, Skrtel, Konchesky; Meireles, Lucas, Gerrard, Maxi Rodríguez; Kuyt, Torres.

O 4-4-2 agora divide com a resolução do imbróglio pela venda do clube e o crescimento de algumas peças a responsabilidade pela recuperação, as quatro vitórias consecutivas. Abaixo, listo cinco vantagens do sistema, que inspirou a ótima vitória por 2 a 0 sobre o líder do campeonato. Vale lembrar que nenhum esquema é perfeito, mas um pode ser mais adequado do que outro, dependendo dos jogadores à disposição.

1) Gerrard. O capitão faz a saída de bola, tão prejudicada desde que Xabi Alonso tomou o rumo do Santiago Bernabéu. Mas também não fica muito distante do gol, como no primeiro jogo da Premier League, quando foi um dos volantes do 4-2-3-1 que encarou o Arsenal. Contra o Chelsea, Gerrard voltava a toda reposição de bola de Reina, para organizar o time. Deu muito certo.

2) Lucas. Se Gerrard organiza, Lucas pode se preocupar com outras tarefas. Como meia central, função e direito que Benítez nunca atribuíra a ele, o brasileiro fez seu melhor jogo pelo Liverpool. Combativo, atento (roubou muitas posses) e mais veloz, ele foi um ótimo parceiro para seu capitão. Exibição irrepreensível de um jogador que, em três anos, quase sempre esteve abaixo de seu potencial.

3) Torres e Kuyt. A parceria foi muito eficiente. No 4-2-3-1, Kuyt não teria se deslocado à esquerda para fazer um lançamento espetacular ao espanhol, no lance do primeiro gol. Tanto tempo como meia direita até fez muita gente se esquecer de que o holandês é atacante - e dos bons. Se o Liverpool não tem a bola, ele volta mais do que Torres para contribuir à marcação, transformando o esquema em uma espécie de 4-4-1-1.

4) Os laterais adversários. Eles não têm paz. Quando Ancelotti lançou mão de Bosingwa para tentar explorar o jogo ofensivo pela direita, Hodgson ficou tranquilo. Ele sabia que Maxi estava lá para auxiliar o fraco Konchesky. Do outro lado, Meireles também fez seu papel. O português não é winger, e o ideal é que não jogue assim para sempre. Mas Hodgson identificou uma boa alternativa, pois ele combate o adversário com eficiência e é ágil para criar jogadas, como a do segundo gol de Fernando Torres.

5) Administração do elenco. No 4-2-3-1, faltam peças de reposição a Hodgson. Sem os negociados Sissoko, Xabi Alonso e Mascherano, não sobram muitos volantes. Meireles é subaproveitado por ali. Lucas, tão preso, nunca foi muito bem. Poulsen, sabemos, não é confiável. Assim como Spearing, que até tem potencial. É evidente que esse problema pode ser resolvido em janeiro. Mas, por ora, o Liverpool tem quatro opções contestáveis para a volância. Quando falamos em meia central, a situação é outra.

Veja o que Hodgson, então treinador da seleção finlandesa, disse ao UEFA.com sobre o 4-4-2.

Imagem: Breaking Football News

3 comentários:

Eduardo Junior disse...

O Liverpool está começando a se acertar, já são três vitórias consecutivas. Assisti boa parte do jogo contra o Chelsea e os Blues realmente foram dominados, o Liverpool teve mais posse de bola e marcava forte (exemplo, a roubada de bola no 2º gol).

Rodrigo Alves disse...

Fala aí Daniel!

Mto fera o blog!

Parabens pela postagem. Nao tenho tido tempo pra ver os jogos do liverpool, uma pena, mas q bom q estao evoluindo novamente.

As alteracoes foram mto interessantes, mas nao acho tao obvio q daria certo...o 4-2-3-1 era bom pro kuyt como ponta(marcando e apoiando), pro gerrard como meia "pensante", ruim pro torres talvez. O Lucas pra mim teria dado certo, mas realmente ta se tornando um baita primeiro volante...mas é preciso dar certa libertade q o apoio dele é bom.

Mas o futebol é isso ae! Eles ganham mto e la tem elencos fantasticos

abraço!!

Daniel Leite disse...

Valeu, Rodrigo. Abraço.