Em conjunto, espírito e desempenhos individuais. O Liverpool jamais foi brilhante em 2009/10, mas o último derby do Merseyside da temporada (a menos que as equipes se encontrem na Liga Europa) já foi carinhosamente registrado pela história por conta de sua assustadora intensidade, lamentavelmente às vezes disfarçada de violência. O jogo de Anfield se adivinhava equilibrado. Os Reds, embora viessem de sucessivas partidas esteticamente irritantes, atravessavam um momento sólido, tendo sofrido apenas um gol nos últimos seis compromissos na Premier League. Desde a chegada de Landon Donovan, o Everton encontrou sua formação ideal, de forma que visualizar os Toffees em seu calendário tornou-se uma situação desagradável para qualquer time.
Ainda sem Fernando Torres, Rafa Benítez montou o Liverpool no costumeiro 4-2-3-1, com Reina; Carragher, Kyrgiakos, Agger, Insua; Mascherano, Lucas; Kuyt, Gerrard, Maxi Rodríguez; N'Gog. David Moyes, por sua vez, insistiu no esquema de sucesso recente, o 4-1-4-1, com Fellaini imediatamente à frente da zaga: Howard; Phil Neville; Heitinga, Distin, Baines; Fellaini; Donovan, Osman, Cahill, Pienaar; Saha. No primeiro terço do jogo, sobressaíram-se os sistemas defensivos e as ríspidas entradas. A tendência ao caos culminou na polêmica expulsão de Kyrgiakos, após dividida com Fellaini. Minha impressão é de que, além do zagueiro grego, o próprio Fellaini e Pienaar fizeram o bastante para merecerem a exclusão do jogo ainda no primeiro tempo.
Durante uma hora de superioridade numérica, o Everton se limitou a duas oportunidades claras, com Cahill, no fim do primeiro tempo, e Yakubu, nos acréscimos do segundo. Os nove homens de linha dos Reds se dispuseram no 4-4-1. Gerrard, Maxi Rodríguez e Kuyt foiram recuados, Carragher passou à defesa central, e Mascherano tornou-se lateral-direito (conforme ilustra a figura acima). A eficiência do esquema, que anulou o oponente e proporcionou algumas boas chances de gol, foi impulsionada pelos excelentes desempenhos individuais. O jogo homogêneo do Liverpool, com os dez titulares não-expulsos em grande forma, ainda não havia sido visto na temporada. Mesmo na vitória por 2 a 0 sobre o Manchester United, houve exceções à ótima exibição.
No derby do Merseyside, o único aspecto a lamentar é a atuação de Ryan Babel, que substituiu o cansado N'Gog (que, respeitando suas limitações, foi muito bem). Após envolver-se em entreveros com Rafa Benítez, o winger holandês parece viver uma crise de confiança que já o qualifica como um dos maiores fracassos recentes do futebol inglês. Por outro lado, seu compatriota Dirk Kuyt superou o mau início de temporada. Na ausência de Torres, como right winger (caso do derby) ou centroavante, ele foi a principal peça ofensiva da equipe em janeiro. Após marcar hoje, Kuyt chega à marca de quatro gols contra o Everton, três deles no Goodison Park.
Outro importante mentor da vitória foi Steven Gerrard, que, após contusões e algumas atuações contestáveis, retomou seu estilo de jogo intenso e de imposição técnica. Maxi Rodríguez, por sua vez, deu a Benítez uma alternativa de categoria superior à de Riera para o lado esquerdo. O sistema defensivo, incluindo Lucas e sua boa dinâmica, foram especialmente corretos após a expulsão de Kyrgiakos, a quem - acreditem - atribui-se a melhora da retaguarda do Liverpool nas últimas rodadas. Mas, apesar das outras menções honrosas, o homem do jogo foi Javier Mascherano (que marcou no encontro do Goodison Park), impecável no duro duelo com Steven Pienaar pelo lado direito da defesa.
Quanto ao Everton, as considerações também são positivas. Contudo, os Toffees sofreram hoje por conta de um paradoxo: o retorno de Mikel Arteta é muito bem-vindo, mas a saída forçada de Fellaini, que deu vaga ao espanhol, acabou por ser determinante para a queda na capacidade de combate do meio de campo e, portanto, para a vitória do Liverpool. Mesmo assim, a equipe jogou como poderia, com boas alternativas laterais - Donovan pela direita e Pienaar pela esquerda - e Cahill, sempre muito perigoso pelo alto, aproximando-se de Saha. Apesar da derrota no derby, a fase do time de David Moyes ainda deve ser interpretada de forma muito otimista.
Você pode conferir a análise completa da rodada no podcast da próxima segunda-feira.
Foto: Telegraph
Durante uma hora de superioridade numérica, o Everton se limitou a duas oportunidades claras, com Cahill, no fim do primeiro tempo, e Yakubu, nos acréscimos do segundo. Os nove homens de linha dos Reds se dispuseram no 4-4-1. Gerrard, Maxi Rodríguez e Kuyt foiram recuados, Carragher passou à defesa central, e Mascherano tornou-se lateral-direito (conforme ilustra a figura acima). A eficiência do esquema, que anulou o oponente e proporcionou algumas boas chances de gol, foi impulsionada pelos excelentes desempenhos individuais. O jogo homogêneo do Liverpool, com os dez titulares não-expulsos em grande forma, ainda não havia sido visto na temporada. Mesmo na vitória por 2 a 0 sobre o Manchester United, houve exceções à ótima exibição.
No derby do Merseyside, o único aspecto a lamentar é a atuação de Ryan Babel, que substituiu o cansado N'Gog (que, respeitando suas limitações, foi muito bem). Após envolver-se em entreveros com Rafa Benítez, o winger holandês parece viver uma crise de confiança que já o qualifica como um dos maiores fracassos recentes do futebol inglês. Por outro lado, seu compatriota Dirk Kuyt superou o mau início de temporada. Na ausência de Torres, como right winger (caso do derby) ou centroavante, ele foi a principal peça ofensiva da equipe em janeiro. Após marcar hoje, Kuyt chega à marca de quatro gols contra o Everton, três deles no Goodison Park.
Outro importante mentor da vitória foi Steven Gerrard, que, após contusões e algumas atuações contestáveis, retomou seu estilo de jogo intenso e de imposição técnica. Maxi Rodríguez, por sua vez, deu a Benítez uma alternativa de categoria superior à de Riera para o lado esquerdo. O sistema defensivo, incluindo Lucas e sua boa dinâmica, foram especialmente corretos após a expulsão de Kyrgiakos, a quem - acreditem - atribui-se a melhora da retaguarda do Liverpool nas últimas rodadas. Mas, apesar das outras menções honrosas, o homem do jogo foi Javier Mascherano (que marcou no encontro do Goodison Park), impecável no duro duelo com Steven Pienaar pelo lado direito da defesa.
Quanto ao Everton, as considerações também são positivas. Contudo, os Toffees sofreram hoje por conta de um paradoxo: o retorno de Mikel Arteta é muito bem-vindo, mas a saída forçada de Fellaini, que deu vaga ao espanhol, acabou por ser determinante para a queda na capacidade de combate do meio de campo e, portanto, para a vitória do Liverpool. Mesmo assim, a equipe jogou como poderia, com boas alternativas laterais - Donovan pela direita e Pienaar pela esquerda - e Cahill, sempre muito perigoso pelo alto, aproximando-se de Saha. Apesar da derrota no derby, a fase do time de David Moyes ainda deve ser interpretada de forma muito otimista.
Você pode conferir a análise completa da rodada no podcast da próxima segunda-feira.
Foto: Telegraph
3 comentários:
Estranho isso, mas o Everton teve chances de bater seu principal rival nos dois jogos dessa temporada na Premier League, mas perdeu os dois. No primeiro confronto, perdeu pela ineficiência do seu ataque, que dominou durante um bom tempo mas não conseguiu converter as chances em gols. Já dessa vez, sucumbiu diante de um Liverpool que teve uma atuação defensiva brilhante no segundo tempo: aquilo foi um aula de como um time deve se comportar com um a menos. Se o time tivesse atuações tão seguras como ontem quando jogasse com 11 em campo - obviamente pensando que sairiam para o jogo com competencia, o Liverpool muito melhor na Premier League.
Só me resta ficar com pena dos torcedores do Everton. Sem conquistas recentes e ainda vendo seu time perder para o rival quando pareciam ser superiores.
OBS: Ngog seria um jogador legal de se acompanhar num clube mediano, como o próprio Everton, o Fulham ou o Aston Villa. Mas num time como o Liverpool não dá. Até Crouch e Robbie Keane, dispensados pelo clube, são melhores que ele.
Ateh!
Fala, cara!
Confesso ter ficado inconformado de ver que Benítez novamente iria insistir com Ngog, sendo que vem fazendo partidas lamentáveis, de dar até um pouco de pena, enquanto Kuyt, autor da maioria dos gols dos Reds nos últimos jogos, novamente jogaria mais longe da área.
Do lado azul, o David Moyes é um grande treinador, tira do Everton além do que seu elenco pode, mas tem hora que peca pela falta de ousadia. Tendo que tirar o Fellaini, um jogador a mais e com Yakubu e Anichebe no banco, não faz sentido colocar um Arteta, meio campista e fora de ritmo, ao invés de um dos dois nigerianos, isso facilitou a vida do Liverpool, não precisaram jogar tão recuado, deu pra controlar o Everton longe da área do Reina, tanto que é bem isso que você falou, duas oportunidades em 55 minutos de superioridade numérica.
Abraços! E seu link já está em nossos parceiros!
- Sem dúvida, Leandrus. N'Gog tem muitos problemas técnicos. Poderia até ser uma alternativa ofensiva, mas, definitivamente, encará-lo como reserva imediato de um atacante brilhante, porém propenso a contusões, é um erro. Das vendas recentes, a de Crouch parece ter sido a mais infeliz.
- Taticamente, os nigerianos seriam, de fato, opções mais interessantes. Acho que Moyes não se sentiu seguro para apostar em Yakubu e Anichebe por conta da péssima fase deles. Este, aliás, nunca fornece garantias físicas. Já o primeiro atuou de forma muito decepcionante na CAN e, pior do que isso, deixou bem para trás - já no Middlesbrough, por sinal - o nível de suas ótimas temporadas pelo Portsmouth.
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