Na 13ª rodada da Premier League, o Sunderland, em casa, venceu o Arsenal por 1 a 0. O resultado ratificava o impacto de Darren Bent no Stadium of Light e o ótimo começo dos Black Cats, prévio consenso entre os críticos como a potencial surpresa da temporada. No mesmo dia 21 de novembro de 2009, o Everton visitou Old Trafford e confirmou sua péssima arrancada em 2009/10. Sem oferecer a habitual resistência de outras épocas, os Toffees permitiram ao Manchester United confortáveis 3 a 0. Depois daquele fim de semana, o Sunderland abriu cinco pontos em relação ao Everton. A ambição do clube do norte inglês fazia Steve Bruce trabalhar movido pelo sonho de chegar a uma competição europeia. Enquanto isso, em Liverpool, David Moyes começava a pensar em alternativas para manter alguma distância da zona do rebaixamento.
A temporada do Sunderland tinha tudo para ser boa porque o clube, endinheirado, fez as contratações certas, montou sua "espinha dorsal". Para a defesa, chegou Michael Turner, principal responsável pela boa campanha do Hull no primeiro turno de 2008/09. A dupla com Anton Ferdinand prometia muito. Steve Bruce construiu a parceria de volantes com duas excelentes aquisições: Lee Cattermole, que havia despertado o interesse do Liverpool, e o capitão Lorik Cana, albanês de ótimas temporadas pelo Olympique de Marselha. Para acompanhar o trinitino Kenwyne Jones no ataque, foi contratado Darren Bent, relegado no Tottenham, mas ainda respeitável. No começo, tudo deu certo. Cattermole foi um dos melhores meias centrais do primeiro turno, Bent disputava a artilharia, e a defesa era relativamente sólida. O empate em Old Trafford contra o Manchester United e as vitórias caseiras diante de Liverpool e Arsenal indicavam o sucesso dos gatos pretos.
Para o Everton, ao contrário, as previsões eram mesmo tenebrosas. Após a controversa transferência de Joleon Lescott para o Manchester City, a equipe ficou defensivamente órfã. A despedida do irreconhecível zagueiro, aliás, foi desastrosa: em Liverpool, os Toffees perderam por 6 a 1 para o Arsenal na primeira rodada. A saída de Lescott e a sequência de lesões entre os defensores obrigaram David Moyes a montar sua equipe baseado em outra mentalidade, menos voltada à solidez. Com Distin, Yobo e Jagielka indisponíveis, o treinador escocês chegou a lançar mão de uma parceria central com dois laterais-direitos. Tony Hibbert, fraco mesmo quando na lateral, e Lucas Neill, contratado pelo Galatasaray em janeiro, chegaram a formar a zaga do Everton em algumas rodadas. Ofensivamente, o conjunto sofria com a indisciplina à tupiniquim de Jô e as dificuldades na criação, setor um tanto robotizado pelos estilos de Fellaini e Cahill. Não havia, enfim, boas perspectivas.
A propósito, você se lembra da 13ª rodada? O segundo turno da Premier League teve neste fim de semana a jornada equivalente. No sábado, o Sunderland voltou a enfrentar o Arsenal, enquanto o Everton teve um árduo desafio em Liverpool contra o Manchester United. A equipe de Steve Bruce foi novamente pálida, perdeu por 2 a 0 no Emirates e manteve o jejum de vitórias, em vigor justamente desde a 13ª rodada. O conjunto de David Moyes, por sua vez, impôs a Alex Ferguson sua quarta derrota na história do confronto. Apesar do pobre histórico contra o United nos últimos tempos, a vitória de ontem, por 3 a 1, será recordada por muito tempo como um dos melhores desempenhos do Everton em vários anos. Após Berbatov marcar o primeiro gol do jogo, os Toffees controlaram as ações e sufocaram os aparentemente exaustos Red Devils.
Obviamente, muito mudou nos dois lados. Hoje, o Everton, ainda punido pelo péssimo primeiro turno, é o oitavo colocado com 38 pontos. O Sunderland, que já corre algum risco de queda ao Championship, ocupa a 14ª posição. Nos últimos 13 jogos, os do jejum, os Black Cats marcaram míseros seis pontos, enquanto o Everton conquistou 23. Por quê? A tese sobre o Sunderland não é muito forte. Ficou claro, no início da péssima sequência, que o time sentia falta da combatividade de Cattermole, lesionado durante várias rodadas. A defesa perdeu a solidez de outrora e concedeu ao Chelsea, por exemplo, sete gols em apenas uma partida. Outro problema são os wingers. A contribuição de Reid, Malbranque e Richardson desabou em relação ao começo da temporada. Ainda assim, é pouco para explicar tamanha queda. Até pela falta de motivos palpáveis, a posição de Steve Bruce no clube parece ameaçada.
O segredo da recuperação do Everton está no encaixe do novo esquema. A grande vitória sobre o Manchester United provou que David Moyes não depende apenas de seus principais jogadores. Fellaini, que, à frente da zaga, voltou à ótima forma da última temporada, e Cahill não jogaram. Donovan, desta vez, não esteve tão bem. O 4-1-4-1 também funcionou com a zaga reserva - Distin e Heitinga -, Arteta como primeiro volante, Bilyaletdinov pela direita e Pienaar na faixa central, ao lado de Osman. Os jovens Gosling e Rodwell, que decidiram a partida do sábado, estão à disposição e são suficientemente bons para, quando Moyes quiser, estarem entre os titulares. Ainda vale destacar o fantástico momento de Saha, já com 13 gols. No fim das contas, o treinador escocês do Everton ratificou seu alto patamar ao reinventar um consagrado esquema, outrora baseado quase exclusivamente em princípios defensivos, para superar uma das maiores dificuldades em oito anos no Goodison Park.
Fotos: Site oficial do Sunderland, Zimbio
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