30 de setembro de 2009

Violento problema inglês

O hooliganismo surgiu na Inglaterra na década de 60 e teve maior destaque na de 70. Essa prática logo se misturou ao futebol. Ela se baseava na violência em grande escala por parte das torcidas durante as partidas e ganhou destaque quando os jogos passaram a ser televisionados.

A palavra “Hooligan” sempre foi associada ao Street Punk inglês, porém teve seu sentido corrompido. Do significado de apenas “arruaceiros”, Hooligan é hoje um culto à rua, ao futebol, aos copos e, principalmente, à confusão. Parece que hoje em dia, para ser que seja configurada a ação de um Hooligan, tem que obrigatoriamente haver sangue.

Misturando paixão pelo clube com a vontade de fazer vandalismo, os adeptos dessa prática foram responsáveis por diversos episódios lamentáveis na história do futebol inglês. Um exemplo é a final da Liga dos Campeões de 85, entre Liverpool e Juventus, em que morreram mais de trinta pessoas nos confrontos entre torcidas; outro exemplo é a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, em que ingleses e alemães promoveram quebra-quebra; há ainda a tragédia de Hillsborough-1989.

Para conter esses maus torcedores, desde 12 de agosto de 2005 os hooligans que causarem problemas em jogos na Inglaterra ou no País de Gales podem perder seus passaportes e serem banidos de entrar em qualquer estádio.

Mesmo com atitudes como essa, além da instalação de câmeras nos estádios e o reforço da segurança, os ingleses não conseguiram acabar com os torcedores violentos, mas somente afastá-los dos estádios. Dificilmente eles deixarão de existir, pois são parte da cultura futebolística inglesa. A alternativa que resta é tentar contê-los. Afastados dos estádios, os hooligans se enfrentam em situações específicas, em confrontos fora dos palcos das partidas, até mesmo em dias nos quais não há jogo.

Exemplo recente de que os holligans estão vivos e ativos na Inglaterra é o confronto entre torcedores de West Ham e Millwall, em 25 Agosto 2009. Essas cenas fazem reviver os atos violentos dos anos 60, 70 e 80, como a Tragédia de Heysel-1985 e a de Hillsborough-1989.

Em partida válida pela Copa da Liga entre West Ham e Millwall, os torcedores dessas equipes - considerados dos mais violentas da Inglaterra - protagonizaram uma verdadeira batalha tanto dentro como fora do estádio.


Com a maior rivalidade entre torcidas, o “East London Derbyé considerado o clássico mais sangrento da capital britânica. A história desse clássico é marcada pela violência antes mesmo do apito inicial. No confronto de agosto, houve uma briga generalizada entre torcedores nas imediações do Upton Park (aliás, o único de grande porte na Inglaterra que tem uma boa distância do gramado e muros mais altos na lateral justamente para evitar invasões ou minimizá-las) que durou mais de uma hora, até que os policiais conseguissem conter os ânimos. Como resultado dessa batalha, diversos feridos, um esfaqueado e duas prisões. De acordo com a polícia inglesa, vários torcedores fanáticos passaram pela barreira policial com armas, pedras e garrafas e protagonizaram um sangrento confronto, considerado “o maior ato de hooliganismo dos últimos 30 anos”.

Casos como esse revelam a tradição de violência da torcida inglesa (e de diversas outras partes do globo – no Brasil é muito forte também) e a dificuldade que existe para afastar esses maus elementos do cenário futebolístico, que movimenta a paixão de tantas as pessoas e mexe com sonhos. Embora sejam os que mais avançaram no sentido de eliminá-los, muito ainda resta aos ingleses para acabar com o tradicional torcedor hooligan, que faz parte do futebol da Terra da Rainha.




Para saber mais sobre Hooligans, leia:

- "Entre os Vândalos", livro do jornalista americano Bill Buford

- "Relatório Taylor", do jornalista Ubiratan Leal

Veja:

- "I.D. - Fúria nas Arquibancadas", obra da BBC

- "Green Street Hooligans"

- "The Football Factory", filme sobre um grupo de fãs violentos do Chelsea


3 comentários:

Fernando Gonzaga disse...

os hooligans nunca deixaram de existir, apenas são inibidos na Premier League, mas em competições alheias ou em jogos da seleção inglesa eles sempre acabam aparecendo...

abraço!!

Leandrus disse...

É verdade o que o Fernando disse. Lembro de ver um documentário sobre a atuação dos hooligans na Copa de 2006 e lá diziam que eles estavam afastados da Premier League, mas ainda agiam nas séries menores.

Aliás, esse documentário me deixou bastante assustado na época, porque eu pensava que esse era um caso já resolvido, mas as cenas que vi me provaram o contrário: ainda causavam muita desordem por aí. Na Copa de 2014, creio que a polícia brasileira terá de achar uma maneira eficiente de lidar com tais indivíduos, senão terá sérios problemas.

Ateh!

Daniel Leite disse...

É verdade, Leandrus. Como o treinador do English Team não será Steve McClaren, é provável que a seleção esteja na Copa. E, nós sabemos, aos torcedores ingleses violentos não se impõe nenhum obstáculo. Por isso, será necessário mesmo um cuidado especial. Até mais.