10 de dezembro de 2009

A íntima relação entre gols e janeiro

Elizabeth II segue para a Espanha e deve acertar com van Nistelrooy

Janeiro será um mês de revelações na Premier League. A partir das manobras no mercado de transferências, conheceremos os clubes afundados na miséria, os dispostos a cometer loucuras por uma posição melhor e, especialmente, os treinadores mais inocentes na elaboração dos elencos durante o verão europeu.

No último quesito, os mais espertalhões foram as raposas felpudas Harry Redknapp, do Tottenham, e Alex Ferguson, do Manchester United. Os elencos de Spurs e Red Devils não têm carências evidentes. O United só vai atrás do experiente zagueiro Sol Campbell porque um cometa passou sobre Manchester e lesionou simultaneamente Ferdinand, Vidic, Evans e Brown. O plantel do Manchester City também é abastado, porém em virtude do infinito dinheiro à disposição. Mark Hughes não parece ser um gestor de recursos comparável a Max Gehringer.

Mesmo Carlo Ancelotti, do Chelsea, parece ter cometido um erro. Ele terá de inventar um companheiro para Anelka durante a Copa das Nações Africanas, quando Drogba e Kalou estarão em Angola. Para tanto, pode confiar mais no excelente jovem Daniel Sturridge, ex-Manchester City, ou adotar o 4-3-3 com Joe Cole e Malouda pelas pontas. E, obviamente, orar para Anelka manter-se saudável.

Os campeões da inocência, porém, são Arsène Wenger e Rafa Benítez. A princípio, os times de Arsenal e Liverpool são ótimos. Ambos têm meias criativos e conseguem se sustentar com apenas um atacante. O problema é que os centroavantes em questão, dos quais os conjuntos dependem demasiadamente, são Robin van Persie e Fernando Torres, que às vezes parecem sofrer de osteoporose precoce.

Conforme todos previam, os dois enfrentam lesões relativamente graves. Resultado? Os Gunners (não) se viram com Eduardo, Bendtner e o anão de jardim Arshavin, enquanto os Reds descarregam toda a responsabilidade por gols nas costas do pálido francês David Ngog.

Por isso, as duas equipes já procuram reforços ofensivos. O capitão do Arsenal, Francesc Fàbregas, pede um centroavante "com as características de Didier Drogba". Sem chance de contratar alguém tão competente, Wenger pensa no francês André-Pierre Gignac (Tolouse), que se destacou em alguns jogos pela seleção de Raymond Domenech, e no poste Carlton Cole, do West Ham.

O Liverpool, por sua vez, tem objetivos mais humildes. Após cogitar o competente uruguaio Luís Suárez, do Ajax, Rafa Benítez já se contentaria com uma iminente troca interna: o descontente holandês Ryan Babel iria para o Tottenham, e o encostado russo Roman Pavlyuchenko jogaria em Anfield Road.

Contudo, como as coisas em janeiro não funcionam tão abertamente quanto em agosto, todas as equipes da Premier League que precisam de um atacante (segundo rumores, Liverpool e Arsenal em menor escala) concentram-se num mesmo objetivo: Ruud van Nistelrooy, jogado para escanteio no Real Madrid após uma dúzia de lesões. A Inglaterra quer de volta a antiga máquina goleadora do Manchester United. Parece até questão diplomática.

Além de Reds e Gunners, estariam interessados no holandês Sunderland (com Kenwyne Jones e Darren Bent, é difícil de entender), Fulham, Blackburn, Bolton e Birmingham. Chamo a atenção para o Birmingham, do excelente treinador escocês Alex McLeish. Se ele conseguir acrescentar van Nistelrooy a seu humilde, porém disciplinado elenco, uma vaga na próxima Liga Europa pode ser um objetivo real, ainda que estranho. Por ora, os Blues ocupam a nona posição.

O West Ham, muito abaixo das expectativas, prepara uma aposta alternativa. O treinador italiano Gianfranco Zola, talvez pensando na possível perda de Carlton Cole (ou em sua atual contusão), estuda a contratação de Adriano, do Flamengo. Seria gratuita, mas também inusitada. Associar o Imperador à exigência londrina de pontualidade e disciplina não é uma fórmula das mais seguras.

Mas ele pode acertar em cheio, sim. Os Hammers têm excelentes valores que atuam pelos lados do campo: Hines, Stanislas, Diamanti, Behrami e Jiménez. Esses jogadores serão ainda mais úteis se criarem jogadas para Adriano, um finalizador de primeira classe. Caso Carlton Cole fique, melhor ainda! Seria uma nova edição das torres gêmeas, à moda San Antonio Spurs nos tempos de Tim Duncan e David Robinson.

Diante disso, é impossível dissociar o mês de janeiro de um eventual aumento no número de gols de algumas equipes. As principais carências dos elencos da Premier League são ofensivas, e o mercado de inverno promete adicionar atacantes à competição. Que Terry, Vidic, Lescott, Skrtel e Vermaelen estejam preparados.

Imagem: O Globo

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2 comentários:

O autor disse...

Sobre o Manchester, não sei se seria uma boa contratar o Campbell. Apesar de ainda ter a mesma precisão nos desarmes, perdeu velocidade e está, cada vez mais, lento e pesado. Não sei se resolveria o problema do United. Creio que eles precisariam de um zagueiro mais jovem, com mais chances de dar certo, se é que me entende...

Abraços

Daniel Leite disse...

O Campbell seria uma solução imediata, um antídoto contra a necessidade de escalar algum garoto da base perante as lesões de Vidic, Ferdinand, Evans e de todos os laterais-direitos. Mas ele não deve acertar. Concordo que talvez não fosse uma grande opção, mesmo para as próximas partidas. Ainda que Ferguson tenha acertado em cheio quando contratou Henrik Larsson para o ataque em circunstâncias semelhantes. Até mais!