22 de dezembro de 2009

O curioso caso de Robbie Keane

Robbie Keane revive seus dias de Liverpool

A temporada não começou bem para Robbie Keane. A contratação de Peter Crouch pelo Tottenham ampliou a concorrência no ataque, e as fracas atuações rapidamente suscitaram contestações à imunidade do irlandês no onze inicial dos Spurs. Ele calou temporariamente os críticos ao marcar quatro gols na vitória por 5 a 0 sobre o Burnley, mas estava clara a queda de rendimento. Enquanto Luka Modric estava fora do time, Redknapp chegou a adaptar Keane pelo lado esquerdo do meio de campo. Contudo, o bom desempenho de Niko Kranjcar, o retorno de Modric e os gols de Peter Crouch - que passou a acompanhar Defoe à frente - deixaram o líder da equipe sem espaço. Para piorar, problemas disciplinares puseram em xeque seu posto de capitão.

Vale lembrar que a reputação de Keane no Tottenham é boa. Entre 2002 e 2008, o irlandês acumulou 197 jogos e 80 gols pelo clube. No retorno a Londres em janeiro de 2009, o atacante recebeu um importante voto de confiança do treinador Harry Redknapp, que o nomeou capitão do time, cargo que já havia exercido durante sua primeira passagem por White Hart Lane em virtude das constantes lesões do zagueiro Ledley King. Ainda que em ritmo de readaptação, Keane foi um dos líderes da recuperação dos Spurs na segunda metade da Premier League.

A situação atual, porém, não é confortável. Harry Redknapp nutre, com razão, a expectativa de que o time pode chegar entre os quatro primeiros do campeonato e garantir vaga na Liga dos Campeões. Por isso, deixou bem claro que não permitiria confraternizações durante o futebolisticamente movimentado fim de ano. Keane desobedeceu ao chefe e organizou secretamente uma ousada festa em Dublin, à qual compareceram outros 15 jogadores dos Spurs. No jogo seguinte ao encontro, o Tottenham sofreu a pior derrota da temporada: 1 a 0 para o Wolverhampton em Londres.

O caso veio à tona na semana passada, e Redknapp ameaçou punir severamente os envolvidos. Mas mudou de ideia. Apenas determinou que os jogadores fizessem doações a uma instituição de caridade. Além disso, o treinador garantiu que, "quando iniciar os jogos, Robbie Keane será o capitão do time". Paira certa sensação de impunidade e um temor de que o clube possa perder o rumo. Todavia, a excelente vitória contra o Blackburn no último sábado indica que a campanha não deve sofrer grandes reveses.

O maior prejudicado é o próprio Robbie Keane. Ainda capitão, mas sem a confiança de antes, o jogador vive um momento inusitado. O irlandês passa às condições de "líder dos baderneiros" e, como na última rodada, de opção para o segundo tempo. Mesmo deixando de lado a festa em Dublin, é estranho que um reserva seja o capitão do time. A menos que ocupe status incontestável no clube, casos de Alessandro Del Piero na Juventus e, até a temporada passada, Paolo Maldini no Milan.

A princípio, Redknapp escolhe a continuidade, ao contrário do que costuma fazer o rival Arsène Wenger. Quando Thierry Henry deixou o Arsenal, Gilberto Silva tinha tudo para ser o próximo capitão, uma vez que, se o francês não jogava, sempre recebia a faixa. Entretanto, ao planejar-se para 2007/08, Wenger percebeu que Gilberto seria reserva de Mathieu Flamini e decidiu nomear capitão o zagueiro William Gallas. Na temporada passada, Gallas fez declarações polêmicas envolvendo os jovens do elenco. O treinador não hesitou em determinar que o novo líder da equipe seria Francesc Fàbregas, então com 21 anos.

Especulações indicam que Aston Villa e Sunderland podem capturar o irlandês na próxima abertura do mercado de transferências. Talvez seja uma solução conveniente para o problema, ainda que represente uma notável perda no plantel. Nesse caso, Redknapp poderá passar a faixa de capitão ao zagueiro Michael Dawson, uma vez que Jonathan Woodgate e Ledley King raramente estão em forma.

A péssima interrupção da jornada de Keane em White Hart Lane


Há um ano e meio, Liverpool e Tottenham fecharam um péssimo negócio. Os Reds pagaram aos Spurs 19 milhões de libras por Robbie Keane, que chegava a Anfield para fazer companhia ao outrora isolado no ataque Fernando Torres. Os primeiros jogos do irlandês foram desastrosos. Depois, porém, Keane chegou a marcar gols importantes, como os dos empates por 1 a 1 diante de Atlético de Madrid e Arsenal. No entanto, havia um desentendimento entre o jogador e Rafa Benítez.

Quando, em janeiro deste ano, o Tottenham ofereceu 12 milhões de libras (que poderiam chegar a 16), o Liverpool não hesitou em acertar a transferência no último dia da janela do mercado de inverno. O Liverpool perdeu dinheiro e viu sua grande aposta naufragar. O Tottenham, embora tenha auferido certo lucro financeiro, interrompeu por seis meses a passagem de um ídolo pelo clube e enfrentou muitas dificuldades no início da temporada - alguém se lembra do desempenho de Juande Ramos em 2008/09? Robbie Keane, por sua vez, perdeu a chance de se consolidar no ataque de um dos favoritos ao título e o rumo de uma carreira que parecia ascendente.

Imagem: The Sun

2 comentários:

Waltinho Oliveira disse...

Bom dia amigos, tenho vcs no twitter e passarei a visitá-los com mais frequência. Parabéns pelo trabalho.
O Keane é um líder, um ídolo, agradeço o que fez pelos Spurs, mas futebol é momento, e não se ganha jogos apenas com nomes, ganha-se jogos com jogadores que decidem, e nesse momento Crouch e Defoe tem decidido, e quem tem jogado muito é o Lennon, uma pena ter se contundido. Talvez para o Keane, novos ares sejam bons, assim como foi para o Bent.
Quero ver o que o velho vai fazer para armar o time agora. Será que vai jogar com Modric e Kranjcar? Ou vai entrar com Bentley.

Abraços

Waltinho Oliveira disse...

Meu português hoje tá uma maravilha...kkkkkkkkk