10 de maio de 2010

Às avessas

Jason Scotland e seu inegável talento para marcar gols

Campeão incontestável, o Chelsea domina a lista dos melhores na temporada da Premier League. Drogba foi o artilheiro, e Lampard, o líder em assistências. Em categoria subjetiva, Malouda foi o jogador que mais evoluiu em relação a 2008-09. Do Manchester United, Rooney ostenta o título de melhor jogador da temporada. James Milner, do Aston Villa, foi o mais competente entre os jovens.

Diante disso, a eventual melhor seleção do campeonato é formada por Given; Ivanovic, Terry, Vermaelen, Evra; Fàbregas, Milner, Lampard; Tévez, Drogba, Rooney. O time que mais superou as expectativas foi o Birmingham. Já o melhor treinador, Harry Redknapp. As contratações do ano foram a de Darren Bent pelo Sunderland e a de Tévez pelo Manchester City. Quanto a esses aspectos, a visão é quase consensual. Mas e sobre os piores da temporada, as grandes decepções, os verdadeiros fiascos? O Ortodoxo e Moderno separou alguns destaques negativos:

Fiasco individual: Robinho. Lesionado durante as primeiras rodadas e emprestado ao Santos em janeiro, Robinho jogou apenas 10 partidas. No entanto, um autêntico fiasco não é construído apenas por um desempenho fraco, mas também por uma postura inadequada. Autor de um gol na temporada por todas as competições - contra o Scunthorpe pela Copa da Inglaterra -, o brasileiro reeditou em 2009-10 seu tradicional comportamento antiprofissional ao forçar sua saída e, através dessa atitude, admitir mais um fracasso pessoal. Com Adam Johnson no elenco, Robinho parece dispensável ao City na próxima temporada. Mas, certamente, não será entregue de bandeja ao Santos.

Fiascos coletivos: Liverpool e West Ham. Após acumular 86 pontos em 2008-09, marca que acaba de dar o título ao Chelsea, o Liverpool carregava a responsabilidade de lutar pelo título. Com a sétima posição, limitou-se a uma melancólica herança de vaga na Liga Europa. Os reforços Glen Johnson e Aquilani sucumbiram com insistentes problemas físicos, e Rafa Benítez pagou muito caro por não seguir um princípio básico de formação de elenco: contar com dois jogadores decentes por posição. Com o propenso a contusões Fernando Torres sobrecarregado, a tragédia, ilustrada pelas jogadas de David N'Gog, era anunciada.

Os Hammers, por sua vez, eram um dos conjuntos mais promissores da Inglaterra. Sob a batuta de Zola, a jovem equipe londrina esteve muito próxima da sétima posição no ano passado, rendimento que lhe garantiria um posto na Liga Europa - a vaga, por sinal, ficou com o Fulham, finalista da competição europeia. Em 2009-10, porém, o West Ham só não naufragou por conta da incompetência do Hull City, que, ao demitir Phil Brown, praticamente abriu mão de suas chances de escapar do rebaixamento. Com um inexplicável pacotão ofensivo em janeiro (Ilan, incrivelmente, deu certo), sequências de derrotas e um trabalho completamente perdido de Zola e da diretoria, a temporada em Upton Park deve ser esquecida rapidamente.

Pior treinador: Brian Laws. A missão de Laws não era fácil, convenhamos. A saída Owen Coyle, tratado pelos torcedores do Burnley como uma entidade divina, e a fragilidade do elenco, o pior da Premier League, deixavam os Clarets em situação difícil na corrida contra o rebaixamento. Ainda assim, não pode ser igonorado o fato de Laws não ter conseguido manter a única característica louvável do time: a boa campanha em casa. Com apenas três vitórias desde que assumiu o comando técnico, Laws estendeu ao Turf Moor o péssimo desempenho como visitante e tornou a queda inevitável. Ainda que o excelente triunfo sobre o Tottenham na última rodada quase tenha feito essa "láurea" ficar entre Benítez e Zola.

Pior jogador de time pequeno: Jason Scotland. Scotland precisou de 27 finalizações para, a 4 de abril, comemorar seu unico gol na Premier League - algo que Robinho não pôde desfrutar nessa temporada. Sem habilidade e instinto goleador, o trinitino forçou a contratação de um pacotão ofensivo e, para a alegria dos torcedores dos Latics, não foi visto em campo com frequência nas últimas rodadas.

Pior jogador de time grande: Lukasz Fabianski. Não é preconceito, juro. Fabianski está aqui simplesmente porque não transmite nenhuma segurança à defesa do Arsenal. O goleiro polonês até tem potencial, mas, vez ou outra, parece estar fora de sintonia. Apesar das recorrentes falhas do titular Almunia, é Fabianski o principal emblema da desastrosa formação do elenco de goleiros por Arsène Wenger.

Pior contratação: Alberto Aquilani. O italiano chegou a mostrar, no fim da temporada, por que foi contratado. Ainda assim, os 20 milhões de euros nele investidos e o ano desastroso do Liverpool não permitem que o Efeito Tostines envolvendo Aquilani passe em branco: ele não tinha ritmo porque não jogava e não jogava porque não tinha ritmo. A reflexão nos leva a atribuir boa parte desse "galardão" a Rafa Benítez.

Pior atuação: Nicklas Bendtner, em Arsenal 3 x 1 Burnley. Houve tantas atuações defensivamente horrorosas, que a sucessão de gols perdidos por Bendtner a seis de março, no Emirates Stadium, chamou a atenção. O dinamarquês desperdiçou, no mínimo, quatro claríssimas oportunidades de forma impressionante. Embora tenha sido um desempenho sem graves consequências, foi também o que mais chamou a atenção.

Pior árbitro: Phil Dowd.
Aos 47 anos, fora de forma e tecnicamente fraco, Dowd substitui o "eterno" Rob Styles. Além de trabalhar em 30 jogos na Premier League, ele esteve na decisão da Carling Cup.

Imagens: Zimbio, Telegraph, Times

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