7 de maio de 2010

Reparos para evitar o fiasco

No tempo de Juande Ramos, a Champions era uma utopia para Levy

Sempre que algum time alheio ao grupo recentemente tratado como Big Four chega à Champions, há certa desconfiança quanto a seu desempenho. A última vez que isso aconteceu foi em 2005/06. Quarto colocado da Premier League na temporada anterior (uma posição à frente do Liverpool, campeão europeu), o Everton fez jus à postura cética. Com duas derrotas para o Villarreal (que, aliás, seria eliminado pelo Arsenal somente nas semifinais), os Toffees caíram ainda na fase preliminar da Liga dos Campeões.

Esse problema, por sinal, é recorrente na Inglaterra. Várias equipes demonstram muita força em âmbito local, mas decepcionam de modo retumbante em competições continentais. Curiosamente, os dois exemplos recentes de sucesso fora do Big Four são de equipes sem tantos recursos: o Middlesbrough em 2006 e o Fulham em 2010. Portanto, casos como a precoce eliminação do Aston Villa pelo Rapid Viena e a surpreendente queda do Everton diante do Sporting, ambos na Liga Europa, preocupam os torcedores do Tottenham, enfim classificado à Champions após algumas temporadas de insucesso nesse aspecto.

As novas regras impostas pela UEFA e a pobre trajetória europeia devem exigir muito do Tottenham na primeira metade da Liga dos Campeões. Se os Spurs não roubarem a terceira posição do Arsenal e, portanto, tiverem de jogar a fase preliminar, a tendência é que precisem enfrentar um confronto difícil. Ademais, caso siga adiante, o conjunto londrino pode não ser favorito a uma das vagas de seu grupo.

No balanço entre forças dos elencos, expectativas e desempenhos, Harry Redknapp é o melhor treinador da temporada inglesa. O presidente Daniel Levy certamente confia no comandante técnico. Mas não deve acreditar tanto em algumas peças de sua equipe. A defesa central, por exemplo, precisa ser reforçada. Ainda que King e Woodgate sejam tecnicamente ótimos, pressupor a saúde deles representa um risco que Redknapp não quer correr. Gary Cahill, do Bolton, seria uma opção interessante para acompanhar o ascendente Dawson.

As laterais também precisam de reparos. A decepção com Alan Hutton, emprestado ao Sunderland, atribui muita responsabilidade a Corluka pela direita. Mesmo com a cobertura do zagueiro/lateral Kaboul, é necessário considerar outras opções. Caso o Chelsea pense na contratação de um lateral-direito, a aquisição de Ivanovic - ou mesmo de Bosingwa - seria muito bem-vinda. Na esquerda, Assou-Ekotto não é confiável o bastante para o patamar que o Tottenham atingiu. Como a escalação de Bale na lateral representaria um risco defensivo e um desperdício de qualidade ofensiva, a demanda por um reforço no setor precisa ser encarada seriamente. Leighton Baines, do Everton, provavelmente adoraria disputar a Champions.

No meio-campo, a situação é bem mais tranquila. O Tottenham é um dos melhores no quesito. Lennon e Bale oferecem explosão e muita habilidade pelas pontas, Huddlestone garante uma postura combativa e boa capacidade de finalização, e Modric é muito eficiente na criação das jogadas. No ataque, o panorama também é positivo. Entretanto, a incerteza de Redknapp no fim da temporada quanto ao duelo entre Pavlyuchenko e Crouch sinaliza que Defoe precisa de um parceiro um pouco mais regular. A consciência em White Hart Lane já deve estar pesada por conta do não-aproveitamento de Darren Bent. Mas os tempos são outros, e Levy certamente não pretende manter o hábito de recontratar jogadores.

Foto: Getty Images

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