Em Sunderland, no Nordeste da Inglaterra, o sol não brilha como no Brasil. Mesmo assim, sob nuvens de desconfiança, Steve Bruce tem a chance de justificar sua antiga fama de treinador promissor
Não estamos falando do cearense Francisco Ernandi Lima da Silva, o primeiro brasileiro a defender um clube inglês. Mirandinha, como é mais conhecido, é nordestino por nascimento no Brasil e por adoção na Inglaterra e - por que não? - representou uma grande novidade no futebol britânico. Mas sua rápida passagem pelo Newcastle pode não ter sido tão frutífera quanto promete o ano do Sunderland, rival local dos Magpies. Após uma temporada de estreia marcada pelo começo positivo e um recheio desastroso, o treinador Steve Bruce tem os compromissos de converter o pomposo investimento em uma campanha mais respeitável e tornar os Black Cats a grande novidade de 2010-11, uma espécie de Most Improved Team em linguajar de basquete, para marcar a necessária evolução.
Estamos mesmo à procura de novidades. Pensemos sobre as surpresas da temporada passada: o colapso do Liverpool, a maior consistência do Tottenham, a incrível sequência do Birmingham, a notável recuperação do Blackburn, o ano instável do Everton e a campanha patética do West Ham. À exceção dos Spurs, todas as outras equipes já deram fortes indícios de que podem reeditar 2009-10. Ainda assim, o Tottenham não deve ter seu início tão condenado. A excessiva preocupação com o confronto diante do Young Boys pela Champions e a tradicional instabilidade, que faz o time vencer Liverpool, Chelsea e Arsenal e perder para Wolverhampton, Stoke e Wigan no mesmo terreno, abalariam qualquer noção de consistência.
Mesmo o recém-promovido Blackpool não provoca tanto alarde. É claro que os problemas internos, o elenco fraco e a postura sempre indignada do treinador Ian Holloway tornam ainda mais significativa a quarta colocação após quatro rodadas e dois triunfos como visitante. Contudo, nossa mania de associar o presente a um passado não tão remoto nos faz lembrar a trajetória do Hull City de Phil Brown em 2008-09. O limitadíssimo conjunto dos Tangerines pode seguir surpreendendo por algumas rodadas e, se o trabalho for muito bem conduzido, até escapar da relegação com algum sofrimento. Mas não pode mais do que isso.
Ao contrário do Sunderland. O começo não é exatamente animador. Apesar da árdua vitória sobre o Manchester City, os empates contra Birmingham e Wigan e a derrota diante do West Bromwich fazem esta temporada ganhar ares semelhantes aos da anterior. Mas os torcedores podem ser minimamente otimistas. Alguns terríveis problemas da temporada passada ganharam possíveis soluções, que, gradualmente, serão implantadas. A lateral direita, que fazia doer a cabeça de Bruce, forçou o clube a buscar, em janeiro, o empréstimo do escocês Alan Hutton, que tem sido um absoluto fiasco no Tottenham. Não deu certo, é claro. Agora, o recém-contratado Marcos Angeleri se apresenta como uma boa alternativa. Se fisicamente bem, o argentino, campeão da Copa Libertadores em 2009 com o Estudiantes, deve causar impacto no Stadium of Light.
O principal reforço para a defesa central, entretanto, não tranquiliza ninguém. Titus Bramble foi um dos ícones daquela horrorosa retaguarda do Wigan em 2009-10. Por estranho que pareça, ele começou relativamente bem com os Black Cats. Ainda assim, se Bramble aprontar, Nedum Onuoha, emprestado pelo Manchester City, pode oferecer mais segurança a uma zaga que ainda tem como opções Paulo da Silva, Anton Ferdinand, John Mensah e o bom Michael Turner. No meio, a perda do capitão Lorik Cana não deve ser tão sentida, uma vez que suas exibições na única temporada em Sunderland ficaram um pouco abaixo do que se esperava.
O problema aqui é Lee Cattermole. Aliás, mais uma vez o principal meio-campista do conjunto motiva complicações. Na temporada passada, os três meses em que foi desfalque por conta de lesão no joelho foram os piores do Sunderland nos últimos tempos. Claramente dependentes do meia central, os Black Cats enfrentaram uma série de 14 jogos sem vitória e chegaram a temer o rebaixamento após um início promissor. Agora, o debate envolve as expulsões. Após quatro rodadas, Cattermole já recebeu dois cartões vermelhos, contra Birmingham e Wigan. A dúvida de Steve Gabb no Twitter, sobre se Cattermole é o único jogador a ter dois nomes de animais em seu sobrenome (cat e mole - gato e toupeira), não é relevante. Mas seu perfil animalesco em campo precisa mesmo ser controlado, visto que o Sunderland não pode prescindir de sua eficiência na marcação e na saída de bola.
À frente, Bruce ganha novas e ótimas opções. Emprestado pelo Manchester United, Danny Welbeck já se destacou em algumas partidas, especialmente no segundo tempo do confronto contra o Manchester City. Apesar do estigma de jogar bem apenas pela seleção de Gana, Asamoah Gyan também é um interessantíssimo reforço. O investimento de 13 milhões de libras pode ser discutido, mas a estreia, com um belo gol no DW Stadium, é um significativo indício de que Gyan fará muito bem ao Sunderland. O abraço de Darren Bent após o gol é emblemático nesse aspecto: as responsabilidades ofensivas estão agora divididas.
A grande dificuldade de Bruce parece estar nos wingers. Os mais habilidosos, Richardson e Welbeck, são prioritariamente utilizados na lateral esquerda e no ataque, respectivamente. Se o egípcio Al-Muhammadi surpreender à direita, Malbranque até pode fechar o outro lado sem comprometer, mas ainda estamos falando de uma aposta. Ainda assim, com mais opções em quase todos os setores, Bruce não terá desculpas convincentes se reeditar a decepcionante 13ª posição da temporada passada. O conjunto tem mais recursos do que Birmingham, Stoke e Blackburn, por exemplo, e se vê na obrigação buscar um posto na primeira metade da tabela para justificar os gastos. Aí o trabalho é do treinador, que precisa provar que não está abaixo de McLeish, Pulis e Allardyce.
Imagens: Electronic Arts, Site Oficial do Sunderland, Ghana Soccernet
Estamos mesmo à procura de novidades. Pensemos sobre as surpresas da temporada passada: o colapso do Liverpool, a maior consistência do Tottenham, a incrível sequência do Birmingham, a notável recuperação do Blackburn, o ano instável do Everton e a campanha patética do West Ham. À exceção dos Spurs, todas as outras equipes já deram fortes indícios de que podem reeditar 2009-10. Ainda assim, o Tottenham não deve ter seu início tão condenado. A excessiva preocupação com o confronto diante do Young Boys pela Champions e a tradicional instabilidade, que faz o time vencer Liverpool, Chelsea e Arsenal e perder para Wolverhampton, Stoke e Wigan no mesmo terreno, abalariam qualquer noção de consistência.
Mesmo o recém-promovido Blackpool não provoca tanto alarde. É claro que os problemas internos, o elenco fraco e a postura sempre indignada do treinador Ian Holloway tornam ainda mais significativa a quarta colocação após quatro rodadas e dois triunfos como visitante. Contudo, nossa mania de associar o presente a um passado não tão remoto nos faz lembrar a trajetória do Hull City de Phil Brown em 2008-09. O limitadíssimo conjunto dos Tangerines pode seguir surpreendendo por algumas rodadas e, se o trabalho for muito bem conduzido, até escapar da relegação com algum sofrimento. Mas não pode mais do que isso.
Ao contrário do Sunderland. O começo não é exatamente animador. Apesar da árdua vitória sobre o Manchester City, os empates contra Birmingham e Wigan e a derrota diante do West Bromwich fazem esta temporada ganhar ares semelhantes aos da anterior. Mas os torcedores podem ser minimamente otimistas. Alguns terríveis problemas da temporada passada ganharam possíveis soluções, que, gradualmente, serão implantadas. A lateral direita, que fazia doer a cabeça de Bruce, forçou o clube a buscar, em janeiro, o empréstimo do escocês Alan Hutton, que tem sido um absoluto fiasco no Tottenham. Não deu certo, é claro. Agora, o recém-contratado Marcos Angeleri se apresenta como uma boa alternativa. Se fisicamente bem, o argentino, campeão da Copa Libertadores em 2009 com o Estudiantes, deve causar impacto no Stadium of Light.
O principal reforço para a defesa central, entretanto, não tranquiliza ninguém. Titus Bramble foi um dos ícones daquela horrorosa retaguarda do Wigan em 2009-10. Por estranho que pareça, ele começou relativamente bem com os Black Cats. Ainda assim, se Bramble aprontar, Nedum Onuoha, emprestado pelo Manchester City, pode oferecer mais segurança a uma zaga que ainda tem como opções Paulo da Silva, Anton Ferdinand, John Mensah e o bom Michael Turner. No meio, a perda do capitão Lorik Cana não deve ser tão sentida, uma vez que suas exibições na única temporada em Sunderland ficaram um pouco abaixo do que se esperava.
O problema aqui é Lee Cattermole. Aliás, mais uma vez o principal meio-campista do conjunto motiva complicações. Na temporada passada, os três meses em que foi desfalque por conta de lesão no joelho foram os piores do Sunderland nos últimos tempos. Claramente dependentes do meia central, os Black Cats enfrentaram uma série de 14 jogos sem vitória e chegaram a temer o rebaixamento após um início promissor. Agora, o debate envolve as expulsões. Após quatro rodadas, Cattermole já recebeu dois cartões vermelhos, contra Birmingham e Wigan. A dúvida de Steve Gabb no Twitter, sobre se Cattermole é o único jogador a ter dois nomes de animais em seu sobrenome (cat e mole - gato e toupeira), não é relevante. Mas seu perfil animalesco em campo precisa mesmo ser controlado, visto que o Sunderland não pode prescindir de sua eficiência na marcação e na saída de bola.
À frente, Bruce ganha novas e ótimas opções. Emprestado pelo Manchester United, Danny Welbeck já se destacou em algumas partidas, especialmente no segundo tempo do confronto contra o Manchester City. Apesar do estigma de jogar bem apenas pela seleção de Gana, Asamoah Gyan também é um interessantíssimo reforço. O investimento de 13 milhões de libras pode ser discutido, mas a estreia, com um belo gol no DW Stadium, é um significativo indício de que Gyan fará muito bem ao Sunderland. O abraço de Darren Bent após o gol é emblemático nesse aspecto: as responsabilidades ofensivas estão agora divididas.
A grande dificuldade de Bruce parece estar nos wingers. Os mais habilidosos, Richardson e Welbeck, são prioritariamente utilizados na lateral esquerda e no ataque, respectivamente. Se o egípcio Al-Muhammadi surpreender à direita, Malbranque até pode fechar o outro lado sem comprometer, mas ainda estamos falando de uma aposta. Ainda assim, com mais opções em quase todos os setores, Bruce não terá desculpas convincentes se reeditar a decepcionante 13ª posição da temporada passada. O conjunto tem mais recursos do que Birmingham, Stoke e Blackburn, por exemplo, e se vê na obrigação buscar um posto na primeira metade da tabela para justificar os gastos. Aí o trabalho é do treinador, que precisa provar que não está abaixo de McLeish, Pulis e Allardyce.
Imagens: Electronic Arts, Site Oficial do Sunderland, Ghana Soccernet
Um comentário:
hOJE,15 DE SETEMBRO,É ANIVERSÁRIO DO GRÊMIO > 107 ANOS DE VIDA.
VEJA A HOMENAGEM QUE FIZEMOS PARA O GRÊMIO:
http://digaofutebol.blogspot.com/2010/09/parabens-gremio-pelos-seus-107-anos-de.html
ABRAÇO
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