Primeiras temporadas de Berbatov em Old Trafford lhe renderam associações com a frustrante jornada de Robinho no Manchester City
O fantástico hat-trick de Dimitar Berbatov contra o Liverpool, o primeiro dele pelo clube, não deve, evidentemente, ser encarado como previsível. O último jogador do United a marcar três gols nos Reds havia sido o atacante Stan Pearson, que logrou seu hat-trick no distante 11 de setembro de 1946. Mas é preciso que se diga: o búlgaro não tirou uma grande exibição da cartola, à moda Obina-2009, por exemplo. Já com seis gols na Premier League, Berba é, ao lado de Scholes, o grande jogador do início de temporada dos Red Devils.
Mesmo assim, várias visões extremadas sobre Berbatov vêm à tona. Visões que devem ser respeitadas, mas que, como quaisquer outras, merecem ser discutidas. Duas correntes chamam a atenção: a do "Liverpool está mal mesmo, hein? Hat-trick do Berbatov?" e a do "ah, sempre disse que ele é fantástico". É claro que os exageros podem ser caricatos, mas o debate é, ainda assim, muito válido.
O primeiro ponto diz respeito à negociação que tirou Berbatov do White Hart Lane. Se o Manchester United quis pagar 30 milhões de libras por ele em 2008, o problema é de Alex Ferguson. O atacante não pode carregar eternamente o fardo por conta de um mercado inflacionado e de uma atitude contestável do manager escocês, que tomaria qualquer decisão minimamente ponderada para não perdê-lo para o Arsenal, interessado no búlgaro àquela época.
O fato é que Berbatov mereceu a maioria das críticas que recebeu durante seus dois primeiros anos em Old Trafford. Discussões sobre seu real valor à parte, muitas vezes ficavam evidentes a postura preguiçosa e a falta de entusiasmo mesmo no momento de, por exemplo, comemorar um gol. Aliás, ele marcou 46 vezes em seu par de temporadas no Tottenham. Pelo United, foram apenas 26 em período equivalente. Além disso, o papel de coadjuvante sob as exibições do isolado Rooney, que se sacrificava e, mesmo assim, arrebentava na temporada passada, depõe contra Berbatov. Ainda mais pela transferência de Tevez para o Manchester City, claramente motivada pela confiança que Ferguson mantinha no búlgaro, que mal dava retorno. Elogiá-lo, agora, pelas temporadas passadas soaria oportunista.
Entretanto, dois anos ruins são suficientes apenas para colocar em xeque sua posição na equipe (especialmente com a chegada do ascendente Chicharito), mas não para duvidar permanentemente da capacidade técnica de Berbatov, um atacante com ótima média de gols na carreira e um vasto repertório de jogadas, mesmo fora da área. A referência da BBC ao triunfo dos Red Devils é, nesse aspecto, perfeita: "rejuvenescimento de Berbatov continua, e seu brilhante hat-trick dá ao Manchester United uma vitória totalmente merecida contra o Liverpool". Rejuvenescimento: é esse o ponto.
Apesar do resgate de seu bom jogo, Berbatov ainda precisa de grandes exibições durante um período bem maior para justificar definitivamente sua contratação - não exatamente o que ela custou aos cofres de Old Trafford - pelo Manchester United. Se não lhe exigirem desempenhos ou números similares aos de Cantona e van Nistelrooy, ele tem tudo para ratificar sua capacidade com uma boa temporada. Sempre respeitando seus próprios padrões.
Imagem: A Bola
Um comentário:
Sempre gostei dele, nas temporadas passadas era nitido que estava sem motivaçao, mas nesta parece estar mas confiante.
Tem tudo pra se consagrar.
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