2 de dezembro de 2010

O Arsenal agradece

Arsène Wenger pode até tentar, mas não consegue esconder a alegria de ver o Manchester United fora da Carling Cup. O Arsenal, agora, é considerado o grande favorito ao título

Se há alguém que deve agradecer pelos resultados da Carling Cup, este é Arsène Wenger. Com a eliminação do Manchester United - e, em menor grau, com a do Aston Villa -, o Arsenal é o grande favorito ao título. Com a competição já nas semifinais, os Gunners têm a grande chance de quebrar a incômoda marca de cinco anos sem conquistas.

Porém, nada disso seria possível sem a ajuda do West Ham. E os Hammers, últimos colocados da Premier League, foram fantásticos ao aproveitarem a chance que tiveram de golpear os Red Devils, que jogaram com um time majoritariamente reserva. Sir Alex Ferguson pode ser um dos treinadores mais "reclamões" que o futebol já viu, mas esteve coberto de razão ao lamentar o efeito que teve o gol anulado do West Ham marcado por Obinna, que abriria o placar em Upton Park. Segundo o escocês, o tento, mesmo anulado, representou a mudança que viria a acontecer no jogo.

Até então, o Manchester United era melhor na partida, criava mais e já havia colocado uma bola na trave. Porém, o gol anulado acabou dando confiança ao time da casa. Foi a partir daí que o West Ham, mesmo sem ser brilhante, conseguiu sair mais para o jogo, marcando quatro gols e definitivamente colocando tal jogo na história recente do clube.

E se o West Ham marcou quatro vezes, pode-se dizer que isso ocorreu graças àquele que talvez possa ser considerado o maior problema da equipe de Ferguson na temporada: o sistema defensivo. Todos os gols da equipe do ainda ameaçado Avram Grant saíram através de falhas de jogadores de defesa, algo que já custou alguns pontos preciosos desperdiçados na Premier League (como nos improváveis empates contra West Brom, em casa, e Everton, fora) e que agora resultou numa pesada derrota - incrível e curiosamente, a primeira na temporada.

A diferença é que dessa vez as falhas passaram do âmbito coletivo para o individual. No primeiro gol, O'Shea e Fletcher deixaram Spector livre para marcar. No segundo, um escorregão de Fábio foi decisivo para nova finalização certeira de Spector. No terceiro, Evans perdeu facilmente o duelo aéreo para Carlton Cole. E no derradeiro gol, Evans sofreu um drible de Cole: desmoralizante, de tão fácil que foi. A conclusão que ficou é que, atualmente, os Red Devils precisam mais do que nunca da presença de Vidic e Ferdinand em campo, pois os outros já mostraram que não dão conta do recado.

Não se pode, no entanto, deixar de parabenizar o nigeriano Obinna. O atacante não fez nenhum gol, mas participou dos quatro e ainda infernizou a já fragilizada defesa adversária. De longe o melhor em campo, o ex-jogador da Inter de Milão faz boa temporada e desafoga o ótimo mas sobrecarregado Parker, que não atuou na terça.

Enquanto isso, o Arsenal derrotou o Wigan por tranquilos 2 a 0 no Emirates Stadium, carimbando sua vaga para a semifinal e, como já dito, ganhando a condição de grande favorito ao título. E como se não bastasse a saída dos Red Devils, o Arsenal ainda ganhou um belo presente: nas semifinais, irá enfrentar o Ipswich Town, time da 2ª divisão inglesa (Championship), comandado pelo lendário Roy Keane. Vindo de quatro derrotas consecutivas na competição nacional e estando em uma perigosa 17ª posição, os Tractor Boys não deverão impor muitas dificuldades ao time de Wenger. Sendo assim, é muito provável que chegue à final, onde encontraria um de dois times que não fazem boa temporada: Birmingham e West Ham, que estão em 14º e 20º na Premier League, respectivamente. Presente maior do que esse, só se já colocassem o troféu na devida galeria dos Gunners.

Reoxigenação - Uma coisa é certa: para o bem da competição, será bom não ter o Manchester United como campeão. Isso porque os Red Devils, até mesmo por terem conquistado recentemente títulos da Champions League e da Premier League, não dão o merecido valor ao torneio.

Isso ficou visível nos dois últimos anos, quando Ferguson levou seu time à conquista da competição: enquanto Tottenham e Aston Villa escalaram força máxima e ainda assim perderam, o Man Utd preferiu mandar a campo um time misto, poupando titulares importantes. De quebra, em certos momentos nem pareciam ter conquistado mais um título, e sim apenas ganhado um grande jogo. Para o bem do torneio, então, será uma boa ver times menores e que dão mais valor a tal conquista no topo - até mesmo o Arsenal, time grande, mas que não levanta um troféu desde 2005.

Só isso? - Não seria muito surpreendente um resultado negativo dos ingleses na tentativa de abrigar a Copa do Mundo de 2018. Após algumas acusações da imprensa britânica a certos escândalos na Fifa nos últimos dias, houve quem visse nos episódios o naufrágio da outrora favorita candidata a sediar o Mundial.

Pois bem, a escolhida pela Fifa acabou sendo a Rússia. Mas o que chamou a atenção foi que a ex-favorita Inglaterra foi praticamente massacrada na votação, sendo a primeira candidata eliminada com míseros dois votos. E isso tudo depois de Joseph Blatter muito elogiar a apresentação dos ingleses. Retaliação? Bem, a verdade é que, para quem até há pouco tempo estava tão bem na disputa e depois passou a ser mal vista por ter "atacado" (não sem razão) a entidade-mor do futebol, o inexpressivo desempenho é muito suspeito...

Imagem: Daily Mail

2 comentários:

Dantas disse...

Será que dessa vez vai ???
Diz ai Daniel, desde 2005 o Arsenal este ve em quantas finais, se esteve.

Daniel Leite disse...

Champions em 2005-06 e Carling Cup em 2006-07.