13 de dezembro de 2010

Terra de instabilidade

Sam Allardyce, no começo do trabalho no Bolton: saudade de um tempo de estabilidade, ainda que sem abundância

Os proprietários indianos do Blackburn surtaram. Se Raj Koothrappali precisa ingerir bebida alcoólica para conversar com mulheres em The Big Bang Theory, os novos mandatários dos Rovers demitiram Sam Allardyce plenamente conscientes. Até por isso, a atitude soa incompreensível. Big Sam chegou ao Ewood Park na metade final de 2008-09. Salvou do rebaixamento uma equipe que parecia perdida a certa altura da temporada. Na seguinte, levou o Blackburn à ótima 10ª posição. Agora, na 13ª, cai sem nenhuma explicação. Sete a zero em Old Trafford e jogo feio, com esse orçamento, não são argumentos.

A demissão de Big Sam dos Rovers vem alguns dias depois da de Chris Hughton do Newcastle. Allardyce, vale lembrar, foi dispensado do Newcastle, há três anos, também por Mike Ashley, algoz de Hughton. Na temporada passada, Steve Bruce, do Sunderland, reagiu com desgosto à atitude da cúpula do Manchester City de mandar Mark Hughes embora: "os treinadores britânicos não têm estabilidade!". Hughton é futebolisticamente irlandês, mas também se enquadra no grupo dos caseiros. Não há, porém, perseguição aos treinadores locais. Por exemplo, Bruce, mal na temporada passada, ganhou muito tempo - talvez mais que o normal - para arrumar o Sunderland. Há certa tendência à instabilidade, um tanto maior que em outros tempos, mas tudo depende do comportamento de cada diretoria.

A do Manchester City, endinheirada, não costuma hesitar na hora de se desfazer de alguém. No entanto, a pendência atual exige muita calma. De onde vem o pedido de transferência de Tévez? Oficialmente, trata-se da antiga insatisfação com o mundo, que tem sido frequentemente manifestada há muitos anos: saudade das filhas, da cumbia. Está claro, contudo, que pode haver conselhos descabidos de seu agente, Kia Jooraabchian. Afinal, o que tem a ver uma requisição de transferência com um eventual retorno à Argentina? Tévez, no máximo, sairia para Itália ou Espanha, mais calientes, porém quase igualmente distantes de Florencia e Katie.

Kia à parte, Tévez é um profissional ambíguo. É quase perfeito em campo, mas tem feito uma algazarra - não no sentido Adriano do negócio - fora dele. Carlitos é o principal jogador e o capitão do City. O time venceu o West Ham sem ele, mas não se sustentará na corrida pelo título e pode ter problemas na luta pelo quarto posto caso ele vá embora. Não é possível, com uma ou duas aquisições em janeiro, forjar o encaixe ao time e a capacidade prática de Tévez, uma espécie de MVP da Premier League. A princípio, a diretoria disse "não" ao pedido do argentino. O ideal é dialogar muito, como fez o United com Rooney, para evitar sua saída por conta de uma possível confusão de bastidores. O fato é que o caso de Robinho, problemático e ineficiente em Eastlands, não pode ser equiparado ao do capitão.

Aliás, o Manchester United, inspirado pelo capitão Vidic e seu parceiro Ferdinand, derrotou o Arsenal por 1 a 0 e descolou uma ótima vantagem na liderança. Os Red Devils, com normais 70,8% de rendimento, podem, por exemplo, abrir nove pontos para o Chelsea se vencerem em Stamford Bridge e aproveitarem os três pontos do jogo que não disputaram. Invicto e sólido, mas tendo produzido menos exibições impressionantes que os outros quatro postulantes, o United é o melhor time de um primeiro turno marcado pelos vacilos do Arsenal e a queda do Chelsea, vertiginosa, mas claramente passageira.

Imagem: BBC

Um comentário:

Dantas disse...

Mas um bom tecnico livre no mercado.
United deve sair de ferias tranquilo, e voltara muito motivado, será que Giggs e Scholes iram ganhar um presente de dispedida ???