Diziam os teóricos da famosa Escola de Frankfurt que a "Indústria Cultural" promove alterações sutis em seus produtos, divulgadas de forma enfática nas embalagens. A intenção seria a apresentação de uma "falsa novidade", que induzisse os consumidores à compra de um artigo que, em sua essência, não mudou nada. É por esse caminho que o Fulham pretende seguir. De técnico novo, o clube tem praticamente o mesmo elenco da temporada passada, que ignorou o fim da Premier League (ficou com a 12º posição) por conta da jornada na Liga Europa, que culminou no fantástico segundo lugar. Os torcedores esperam que o clube se comporte como uma empresa da "Indústria Cultural", de modo que o novo treinador seja uma espécie de embalagem modificada que apresente os mesmos resultados dos últimos anos.
Várias antigas promessas na Inglaterra estão no elenco: Bobby Zamora (Brighton), Damien Duff (Blackburn), Paul Konchesky (Charlton), Simon Davies (Peterborough), Andy Johnson (Crystal Palace) e o capitão Danny Murphy (Crewe) são exemplos. Embora sejam bons jogadores, nenhum deles atingiu o nível a que se propunham no início da carreira. Alguns chegaram ao Craven Cottage antes do treinador Roy Hodgson, que, a partir de janeiro de 2008, começou a transformar o clube.
À exceção de Damien Duff, no Fulham há apenas um ano, eles participaram do processo que tirou o time da virtual condenação ao rebaixamento para levá-lo à decisão da Liga Europa. Agora no Liverpool, Hodgson não estará mais ao lado dessas peças, que, além de manterem o senso coletivo que inspirou o sucesso dos Cottagers nos últimos anos, terão a responsabilidade de retomarem parte do brilho a eles atribuído há uma década.
Quem vai conduzi-los é Mark Hughes. Após uma série de especulações (e algumas negativas) envolvendo Bob Bradley, Sven-Goran Eriksson e Martin Jol, a cúpula do clube decidiu dar uma nova chance na Premier League ao treinador galês, que, após trabalhos consistentes na seleção galesa e no Blackburn, fracassou no Manchester City. Hughes não é o melhor dos treinadores vinculados ao Fulham nos últimos tempos. Seus times nunca foram tão disciplinados quanto a seleção ianque de Bradley ou tão vitoriosos quanto a Lazio 1999-00, de Eriksson. Ainda assim, o ex-treinador do Blackburn é uma opção segura.
Ex-treinador do Blackburn porque o clímax de sua carreira foi no Ewood Park. Logo na segunda temporada pelos Riversiders, em 2005-06, após vitórias sobre Arsenal, Chelsea e Manchester United na Premier League, Hughes conseguiu a sensacional sexta posição, que deu aos campeões ingleses de 1995 uma vaga na então Copa da UEFA. Esse sucesso veio a partir da montagem de um ótimo elenco com muito pouco dinheiro: Bentley, Warnock, Santa Cruz, Nelsen, Samba e McCarthy custaram, juntos, apenas oito milhões de libras ao Blackburn, que sempre se manteve na primeira metade da tabela durante a gestão do Sparky.
Hughes recuperou potenciais e re-construiu um elenco sem tantos recursos. Ainda que tenha sido tachado de entusiasta do "jogo sujo" por conta das características de seu Blackburn, o galês reúne as habilidades de que o Fulham precisa para obter uma posição confortável na Premier League. Além dos nomes mencionados no início do artigo, serão importantíssimos o zagueiro norueguês Hangeland, o winger húngaro Gera e o meia estadunidense Dempsey, pilares do time vice-campeão da Liga Europa. Por ora, o único reforço é o zagueiro Senderos, que substitui a grande revelação do clube nos últimos tempos: Chris Smalling, agora no Manchester United.
Mesmo que o clube tenha mantido quase todos os jogadores da saga europeia, a única forma de o Fulham seguir realmente bem é surpreendendo. Não que uma posição na metade superior seja improvável. A questão passa por como o time conseguiu obter sucesso nas últimas temporadas: eventualmente superando adversários duros, com elencos muito mais fortes. A missão de Hughes passa por atribuir consistência ao time, mas também por assegurar a diversão dos torcedores. Afinal, foram eles quem mais gostaram de outra enfática vitória (virou hábito) sobre o Manchester United: "Por que vocês não vêm jogar aqui todo fim de semana?", gritavam aos jogadores dos Red Devils, após o triunfo por 3 a 0 no Craven Cottage, em 19 de dezembro de 2009.
Imagem: The Guardian
Várias antigas promessas na Inglaterra estão no elenco: Bobby Zamora (Brighton), Damien Duff (Blackburn), Paul Konchesky (Charlton), Simon Davies (Peterborough), Andy Johnson (Crystal Palace) e o capitão Danny Murphy (Crewe) são exemplos. Embora sejam bons jogadores, nenhum deles atingiu o nível a que se propunham no início da carreira. Alguns chegaram ao Craven Cottage antes do treinador Roy Hodgson, que, a partir de janeiro de 2008, começou a transformar o clube.
À exceção de Damien Duff, no Fulham há apenas um ano, eles participaram do processo que tirou o time da virtual condenação ao rebaixamento para levá-lo à decisão da Liga Europa. Agora no Liverpool, Hodgson não estará mais ao lado dessas peças, que, além de manterem o senso coletivo que inspirou o sucesso dos Cottagers nos últimos anos, terão a responsabilidade de retomarem parte do brilho a eles atribuído há uma década.
Quem vai conduzi-los é Mark Hughes. Após uma série de especulações (e algumas negativas) envolvendo Bob Bradley, Sven-Goran Eriksson e Martin Jol, a cúpula do clube decidiu dar uma nova chance na Premier League ao treinador galês, que, após trabalhos consistentes na seleção galesa e no Blackburn, fracassou no Manchester City. Hughes não é o melhor dos treinadores vinculados ao Fulham nos últimos tempos. Seus times nunca foram tão disciplinados quanto a seleção ianque de Bradley ou tão vitoriosos quanto a Lazio 1999-00, de Eriksson. Ainda assim, o ex-treinador do Blackburn é uma opção segura.
Ex-treinador do Blackburn porque o clímax de sua carreira foi no Ewood Park. Logo na segunda temporada pelos Riversiders, em 2005-06, após vitórias sobre Arsenal, Chelsea e Manchester United na Premier League, Hughes conseguiu a sensacional sexta posição, que deu aos campeões ingleses de 1995 uma vaga na então Copa da UEFA. Esse sucesso veio a partir da montagem de um ótimo elenco com muito pouco dinheiro: Bentley, Warnock, Santa Cruz, Nelsen, Samba e McCarthy custaram, juntos, apenas oito milhões de libras ao Blackburn, que sempre se manteve na primeira metade da tabela durante a gestão do Sparky.
Hughes recuperou potenciais e re-construiu um elenco sem tantos recursos. Ainda que tenha sido tachado de entusiasta do "jogo sujo" por conta das características de seu Blackburn, o galês reúne as habilidades de que o Fulham precisa para obter uma posição confortável na Premier League. Além dos nomes mencionados no início do artigo, serão importantíssimos o zagueiro norueguês Hangeland, o winger húngaro Gera e o meia estadunidense Dempsey, pilares do time vice-campeão da Liga Europa. Por ora, o único reforço é o zagueiro Senderos, que substitui a grande revelação do clube nos últimos tempos: Chris Smalling, agora no Manchester United.
Mesmo que o clube tenha mantido quase todos os jogadores da saga europeia, a única forma de o Fulham seguir realmente bem é surpreendendo. Não que uma posição na metade superior seja improvável. A questão passa por como o time conseguiu obter sucesso nas últimas temporadas: eventualmente superando adversários duros, com elencos muito mais fortes. A missão de Hughes passa por atribuir consistência ao time, mas também por assegurar a diversão dos torcedores. Afinal, foram eles quem mais gostaram de outra enfática vitória (virou hábito) sobre o Manchester United: "Por que vocês não vêm jogar aqui todo fim de semana?", gritavam aos jogadores dos Red Devils, após o triunfo por 3 a 0 no Craven Cottage, em 19 de dezembro de 2009.
Imagem: The Guardian
Um comentário:
Depois do que vimos nesta temporada, se os jogadores se manterem esforçados como foram e se Zamora nao tiver mas tantas lesões acho que o Fulham pode manter o nivel.
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