15 de dezembro de 2010

De mãos dadas no fundo do poço

Tudo o que Birmingham e Aston Villa tem feito até agora é brigar para sair da parte de baixo da tabela

A cidade de Birmingham é certamente uma das mais importantes da história do heavy metal. Afinal, de lá saíram grandes medalhões do estilo - o Black Sabbath, talvez a banda mais importante do gênero, e o Judas Priest -, além de outras bandas importantes, como o Napalm Death, precursor do grindcore. As soturnas e macabras letras e músicas da banda de Ozzy Osbourne e Toni Iommi, aliás, representam muito bem o atual momento de certos times da gloriosa cidade que atuam na Premier League.

A tabela não mente: Aston Villa e Birmingham não fazem boas campanhas na competição nacional. Após terem tido um bom desempenho na temporada passada (terminaram em 6º e 9º, respectivamente), ambos os clubes namoram a zona de rebaixamento: enquanto o Villa está na 14ª posição e com quatro pontos a mais do que o Wigan, 18º colocado, os Blues estão apenas em 16º e a dois pontos dos Latics. E pela forma atual, terão de melhorar muito se quiserem se livrar dessa incômoda posição.

Antes de tudo, é preciso reconhecer que a briga por boas posições na atual temporada é muito complicada. O fato de dois clubes - mais precisamente Tottenham e Manchester City - terem se fortalecido e estarem brigando de igual para igual com o chamado Big Four (quase reduzido a um Big Three) praticamente monopolizou a briga pelos quatro primeiros lugares. O crescimento de equipes como Bolton e Sunderland dificultou a disputa por vagas na Liga Europa. E a surpreendente resistência dos emergentes West Bromwich e Blackpool torna mais árdua a luta no bloco intermediário.

Porém, os rivais da cidade de Birmingham possuem totais condições de ao menos se localizarem no bloco intermediário. O Aston Villa, mesmo perdendo Milner para os Citizens, mantiveram a boa base dos últimos anos. E o Birmingham, que tinha um time visivelmente limitado, conquistou profundidade dentro de seu elenco com os reforços de Zigic, Beausejour e Hleb. Visto por esse lado, não era de se esperar uma queda tão brusca de ambas as equipes.

É justamente aí que entra a imprevisibilidade. Foi ela que, por exemplo, começou a minar as chances dos Lions na competição e terminou de afundar o clube mais adiante: antes do começo do campeonato, o ótimo Martin O'Neill inesperadamente deixou vago o cargo de técnico do clube; tempos depois, enquanto o Villa fazia uma campanha razoável mesmo sem o norte-irlandês no comando, uma terrível sequência de lesões assolou o elenco do time. O cenário chegou a ser tão desolador e macabro que nem Black Sabbath e bandas por eles influenciadas conseguiriam escrever letras para retratar a dramática e esquisita situação.

Brincadeiras a parte, a verdade é que o mais do que lotado departamento médico do Villa ajuda a prejudicar a campanha da equipe na competição. Se Gerard Houllier tinha suas dificuldades para montar sua formação ideal - que já não são poucas tendo que escalar Heskey ou Carew no ataque -, elas foram extremamente escancaradas a partir do momento em que o treinador se viu sem quase todos os seus meias titulares e reservas, tendo que apelar para jogadores jovens e inexperientes. Isso ajudou o time a ficar quatro jogos sem vencer, conquistando apenas um de doze pontos possíveis até que os Lions batessem o West Brom por 2 a 1 no último sábado.

Não seria exagero dizer que o Birmingham também foi atingido pela imprevisibilidade. Tendo consciência de suas limitações, os Blues foram ao mercado durante o verão. Contrataram muito bem; porém, muito tarde: Hleb, Beausejour, Derbyshire r Jiránek se juntaram a Zigic e Foster já nos últimos dias, se não no último, em que a janela estava aberta, tendo que entrar em sintonia com o clube quando a Premier League já havia começado.

E para tristeza de seus torcedores, além do outrora sólido time não ter se encontrado na competição, os reforços não vingaram. Zigic, por exemplo, entrou em campo em quase todas as partidas, mas marcou apenas duas vezes; e Hleb, um dos destaques do Arsenal anos atrás, quando não está lesionado, está longe de reeditar suas grandes atuações pelos Gunners. O fato do talentoso bielorrusso não ter se reencontrado talvez seja um dos grandes problemas da equipe, que perde a chance de tirar proveito de um jogador que talvez tenha potencial para estar em clubes muito melhores do que o Birmingham. De qualquer maneira, o meia - que está novamente machucado - vai afundando com os Blues até agora, que só conseguiram três vitórias na Premier League e conseguiram até mesmo a proeza de perder para os Wolves na última rodada.

A esperança do Birmingham é se agarrar no passado e tentar repetir o que aconteceu na temporada passada, quando, após um começo titubeante, acumulou uma série de resultados positivos durante o meio do campeonato, o que rendeu uma boa posição final ao time. Porém, tal retrospecto é tudo o que o Aston Villa não precisa: afinal, o clube é conhecido por, nas últimas temporadas, ter uma sequência incrível de resultados negativos no período entre janeiro e março. Se a tendência se confirmar, Houllier terá muito trabalho tentando tirar a equipe de uma antes improvável estadia na zona de rebaixamento.

Imagem: Birmingham Mail

2 comentários:

Anônimo disse...

O Aston Villa tem até time pra brigar pela Europa League, mas está sentindo muito a falta do Milner e o Ashley Young não vem repetindo as boas atuações da temporada passada. E, ainda por cima, o Houllier ainda quer investir em "idosos", sendo que o Villa tem tradição em usar jogadores mais novos... Tudo pesa.

@m2theu5

Leandrus disse...

Concordo que Young não vem tão bem como nas últimas temporadas. Porém, creio que suas exibições são apenas um reflexo da fase do time: se todo o conjunto não vem bem, o jovem winger também não consegue produzir mais do que em outros tempos.

Ateh!