O Arsenal de Henry, Vieira e Pires fez história no começo da década passada. Na época, os Gunners se estabeleceram como uma das principais equipes da Europa e ganharam uma boa quantidade de títulos, sendo que o principal foi a conquista da Premier League da temporada 2003-04 de forma invicta – isso tudo praticando um futebol muito vistoso, tornando os comandados de Wenger um dos times mais agradáveis de se assistir.
A substituição dessa geração pela de Fabregas, van Persie e Nasri manteve o futebol vistoso. Porém, havia uma grande crítica a ela: a falta de títulos e uma enorme incapacidade de decidir grandes jogos. O momento atual do Arsenal, entretanto, dava sinais de mudanças no clube, que se mantem a caça do Manchester United na Premier League, sobrevive na disputa contra o Barcelona na Champions League e teria pela frente um inferior Birmingham na final da Carling Cup. Mas a situação pode reverter novamente.
Não vamos desmerecer o Birmingham: a vitória por 2 a 1 em cima dos Gunners e o título foram merecidos. Os Blues conseguiram jogar de igual para igual com o Arsenal durante a maior parte do tempo, tiveram em Foster um goleiro muito confiável e aproveitaram muito bem suas chances. Porém, é inegável que o revés dos londrinos foi decepcionante. Mais do que isso, no entanto, ele reabre antigas feridas, gerando discussões sobre antigos defeitos que persistem em rondar Emirates Stadium.
O maior deles é, obviamente, a extrema dificuldade do Arsenal em ter sucesso em jogos decisivos. E, com a derrota no último domingo, defender o time dessa acusação se torna uma tarefa ainda mais difícil. A derrota para o Birmingham, uma equipe com maiores limitações e menos recursos, prova que há um grave problema enfrentado pelos jogadores da equipe em partidas importantes. Até porque isso não é de hoje, como mostram eliminações recentes para Barcelona, Manchester United e Liverpool na Champions League e a perda da mesma Carling Cup para o Chelsea em 2007.
Há também o problema da defesa. A falha tremenda de Koscielny no gol do título e o equívoco de Djorou no primeiro gol (deixou Zigic livre na área ao esquecer de marca-lo) mostra que este é realmente o setor mais fraco do Arsenal, ainda mais fragilizado com a contusão do belga Vermaelen. Não que o francês seja ruim e que o suíço não tenha evoluído nessa temporada, mas as pretensões dos Gunners realmente sugerem uma contratação impactante para o miolo da zaga há um tempo – até porque a aquisição de Squillaci vem se mostrando um mal negócio.
O erro de Koscielny, no entanto, não foi o único que determinou o segundo gol dos Blues; o do jovem goleiro Szczesny, numa falha de comunicação com o seu zagueiro, também pesou, obviamente. Essa falha veio em péssima hora: o Arsenal, que tem sérios problemas no gol desde que Lehmann não atua em bom nível, parecia ter encontrado no polonês seu homem certo para o gol; porém, errou justo na partida em que tinha tudo para se firmar na posição. O caso aqui, porém, é de muita calma, já que ele demonstrou que tem um enorme potencial para se consagrar na equipe – tanto que vinha sendo um dos melhores debaixo das traves em atividade na Terra da Rainha. Logo, seria inoportuno criticá-lo somente por causa da má tradição dos goleiros recentes dos Gunners, agravada por Almunia, Fabianski e Mannone.
Tudo o que Szczesny precisa no momento é de força e ajuda para superar o momento difícil. O que não é exclusividade dele: isso deverá acontecer com todo o elenco. A vitória em cima do Birmingham, o título que não vem há seis anos e a oportunidade de quebrar os tabus que insistem em seguir o clube pareciam tão certos que o insucesso do domingo pode ter efeitos catastróficos justo numa fase extremamente importante para a equipe. Arsene Wenger terá de ter uma habilidade de recuperar seus jogadores maior do que a de revelar jovens talentos, para que a pressão que virá misturada ao trauma da perda recente não estrague o restante da temporada dos londrinos.
Imagem: The Guardian
Um comentário:
O problema do Arsenal é investir em um bom jogador, mas tarimbado para este tipo de jogo. Acalmar o time e tal. Fàbregas ou os outros jovens/formados lá não são talhados para isso. Wenger tem que pensar mais em título, não em somente formar jogadores e experimentá-los a toda hora. O Arsenal precisa de investimentos mais impactantes no time, um Drogba, por exemplo.
Postar um comentário