Texto gentilmente cedido pelo QuattroTratti.
Por Braitner Moreira:
Wayne Rooney, outra vez. O camisa 10 do Manchester United poderia ter definido praticamente sozinho para o Manchester United os 4 a 0 do jogo do Old Trafford, um Teatro dos Sonhos que tornou-se o maior dos pesadelos italianos. Mas o Shrek não esteva só, longe disso. Para azar do Milan, que viu-se fora da Liga dos Campeões por um acachapante 7 a 2 no resultado agregado - mesma diferença de gols (8 a 3) que tirou a Roma do torneio, no mesmo estádio, há três anos. Um Milan, tudo bem, que sentiu demais a lesão de três titulares: Nesta, Pato e Antonini. Mas que dificilmente conseguiria qualquer resultado muito diferente, mesmo com o time completo.
A missão de Leonardo era complicada. Começava tentando deixar a confiança de seus comandados em alta mesmo depois da pesada derrota no San Siro. De quebra, o time perdeu em parcelas seus três titulares: primeiro Pato, que tinha esperanças de entrar em campo, foi o primeiro a se ver fora; depois Nesta, outra vez fora ao ser vetado a 24 horas do jogo; e por último Antonini, que havia sentido a coxa contra a Roma e acabou de fora do time titular ainda mais na véspera. Péssimo para o Milan. Os substitutos Abate e Huntelaar fizeram duas das piores atuações do time na Europa, nos últimos anos. Já Jankulovski, de volta à lateral-esquerda, mostrou por que o clube tentou empurrá-lo para a rival Inter há pouco mais de um mês.
O Manchester United também tinha seus problemas, é claro. Mas vá dizer para um torcedor milanista que os Devils tinham seis ausentes entre lesão e suspensão, três deles habitualmente titulares. Quem tinha de sofrer era o Milan, claro. Afinal, os mancunianos nunca perderam uma partida continental em casa por mais de um gol de diferença. E já em Milão tinham deixado a encaminhada a primeira eliminição italiana no confronto entre as equipes, já em sua quinta edição.
Em campo, o Milan tinha uma defesa inédita e inesperada: Abate, Thiago Silva, Bonera e Jankulovski. Na frente, ainda Huntelaar perdido pela direita, mas dessa vez com Ronaldinho com mais liberdade pelo centro. Já Ferguson optou por Neville na lateral-direita para segurá-lo, um defensor mais eficiente que Rafael. Ironia: Neville, livre e solto na intermediária, cruzou para Rooney marcar o primeiro gol da partida, aos 13 minutos. O capitão subiu sozinho para armar a jogada, ao invés de ter sido acompanhado por Ronaldinho. Na área, a falha dupla de Thiago Silva e Bonera permitiu ao Shrek marcar seu terceiro gol na disputa, o terceiro de cabeça.
Os italianos bem que tentavam dominar, mas nunca de forma efetiva. No banco, as opções eram tão escassas quanto as que já jogavam. O mais jovem dos sete à disposição de Leonardo era Gattuso, com 32 anos nas costas. A impressão era de que um time moderno jogava contra outro de duas décadas atrás, perdido no tempo desde Sacchi e Capello. Todas as jogadas saíam dos pés de Pirlo ou de um esparso Ronaldinho, mais presente no primeiro tempo e bem sumido no segundo. Ofensivamente, Ambrosini chegou perto da nulidade em sua pior partida na temporada.
No intervalo, com Seedorf no lugar de um lesionado Bonera e Ambrosini como zagueiro, ao Milan restava esperar algum milagre. Complicado. Enquanto Beckham se aquecia para voltar ao Old Trafford, onde não pisava desde 2003, bastava 49 segundos do segundo tempo para outro gol de Rooney, agora em ótimo lance de Nani. Aos 14 minutos, era Park quem transformava a derrota em humilhação, depois de passe em profundidade de Scholes enquanto Ambrosini e Jankulovski apenas observavam. A entrada de Beckham bem que gerou aplausos e uma melhora no jogo milanista. Mas nada que impedisse o belo gol de Fletcher, também de cabeça, num cruzamento de Rafael.
Virar a página é obrigação para o Milan não deixar o ritmo cair e perder de vez o rumo, também na Serie A. Nem Leonardo pode ser culpado por toda a catástrofe, apesar de escolhas equivocadas para a partida - mas havia, realmente, alguma opção tão melhor à disposição? Uma enquete da Gazzetta dello Sport com cerca de 14 mil votos até aqui dá pouco mais de 11% de responsabilidade ao treinador. Enquanto mais da metade dos votantes culpa as péssimas escolhas do início do mercado do clube. Bom para o United, que se reflete bem nas palavras de Sir Alex Ferguson: não há quem escolher daqui pra frente. Quem vier, será encarado de frente. E como.
Manchester United 4x0 Milan
Manchester United: van der Sar; Neville (Rafael), Ferdinand, Vidic, Evra; Scholes, Park; Valencia, Fletcher, Nani; Rooney (Berbatov).
Milan: Abbiati; Abate (Beckham), Thiago Silva, Bonera (Seedorf), Jankulovski; Flamini, Pirlo, Ambrosini; Huntelaar, Borriello (Inzaghi), Ronaldinho.
Árbitro: Massimo Busacca, da Suíça.
Gols: Rooney (2), Park e Fletcher.
Cartões amarelos: Scholes (United); Flamini e Ronaldinho (Milan).
Foto: Getty Images
Por Braitner Moreira:
Wayne Rooney, outra vez. O camisa 10 do Manchester United poderia ter definido praticamente sozinho para o Manchester United os 4 a 0 do jogo do Old Trafford, um Teatro dos Sonhos que tornou-se o maior dos pesadelos italianos. Mas o Shrek não esteva só, longe disso. Para azar do Milan, que viu-se fora da Liga dos Campeões por um acachapante 7 a 2 no resultado agregado - mesma diferença de gols (8 a 3) que tirou a Roma do torneio, no mesmo estádio, há três anos. Um Milan, tudo bem, que sentiu demais a lesão de três titulares: Nesta, Pato e Antonini. Mas que dificilmente conseguiria qualquer resultado muito diferente, mesmo com o time completo.
A missão de Leonardo era complicada. Começava tentando deixar a confiança de seus comandados em alta mesmo depois da pesada derrota no San Siro. De quebra, o time perdeu em parcelas seus três titulares: primeiro Pato, que tinha esperanças de entrar em campo, foi o primeiro a se ver fora; depois Nesta, outra vez fora ao ser vetado a 24 horas do jogo; e por último Antonini, que havia sentido a coxa contra a Roma e acabou de fora do time titular ainda mais na véspera. Péssimo para o Milan. Os substitutos Abate e Huntelaar fizeram duas das piores atuações do time na Europa, nos últimos anos. Já Jankulovski, de volta à lateral-esquerda, mostrou por que o clube tentou empurrá-lo para a rival Inter há pouco mais de um mês.
O Manchester United também tinha seus problemas, é claro. Mas vá dizer para um torcedor milanista que os Devils tinham seis ausentes entre lesão e suspensão, três deles habitualmente titulares. Quem tinha de sofrer era o Milan, claro. Afinal, os mancunianos nunca perderam uma partida continental em casa por mais de um gol de diferença. E já em Milão tinham deixado a encaminhada a primeira eliminição italiana no confronto entre as equipes, já em sua quinta edição.
Em campo, o Milan tinha uma defesa inédita e inesperada: Abate, Thiago Silva, Bonera e Jankulovski. Na frente, ainda Huntelaar perdido pela direita, mas dessa vez com Ronaldinho com mais liberdade pelo centro. Já Ferguson optou por Neville na lateral-direita para segurá-lo, um defensor mais eficiente que Rafael. Ironia: Neville, livre e solto na intermediária, cruzou para Rooney marcar o primeiro gol da partida, aos 13 minutos. O capitão subiu sozinho para armar a jogada, ao invés de ter sido acompanhado por Ronaldinho. Na área, a falha dupla de Thiago Silva e Bonera permitiu ao Shrek marcar seu terceiro gol na disputa, o terceiro de cabeça.
Os italianos bem que tentavam dominar, mas nunca de forma efetiva. No banco, as opções eram tão escassas quanto as que já jogavam. O mais jovem dos sete à disposição de Leonardo era Gattuso, com 32 anos nas costas. A impressão era de que um time moderno jogava contra outro de duas décadas atrás, perdido no tempo desde Sacchi e Capello. Todas as jogadas saíam dos pés de Pirlo ou de um esparso Ronaldinho, mais presente no primeiro tempo e bem sumido no segundo. Ofensivamente, Ambrosini chegou perto da nulidade em sua pior partida na temporada.
No intervalo, com Seedorf no lugar de um lesionado Bonera e Ambrosini como zagueiro, ao Milan restava esperar algum milagre. Complicado. Enquanto Beckham se aquecia para voltar ao Old Trafford, onde não pisava desde 2003, bastava 49 segundos do segundo tempo para outro gol de Rooney, agora em ótimo lance de Nani. Aos 14 minutos, era Park quem transformava a derrota em humilhação, depois de passe em profundidade de Scholes enquanto Ambrosini e Jankulovski apenas observavam. A entrada de Beckham bem que gerou aplausos e uma melhora no jogo milanista. Mas nada que impedisse o belo gol de Fletcher, também de cabeça, num cruzamento de Rafael.
Virar a página é obrigação para o Milan não deixar o ritmo cair e perder de vez o rumo, também na Serie A. Nem Leonardo pode ser culpado por toda a catástrofe, apesar de escolhas equivocadas para a partida - mas havia, realmente, alguma opção tão melhor à disposição? Uma enquete da Gazzetta dello Sport com cerca de 14 mil votos até aqui dá pouco mais de 11% de responsabilidade ao treinador. Enquanto mais da metade dos votantes culpa as péssimas escolhas do início do mercado do clube. Bom para o United, que se reflete bem nas palavras de Sir Alex Ferguson: não há quem escolher daqui pra frente. Quem vier, será encarado de frente. E como.
Manchester United 4x0 Milan
Manchester United: van der Sar; Neville (Rafael), Ferdinand, Vidic, Evra; Scholes, Park; Valencia, Fletcher, Nani; Rooney (Berbatov).
Milan: Abbiati; Abate (Beckham), Thiago Silva, Bonera (Seedorf), Jankulovski; Flamini, Pirlo, Ambrosini; Huntelaar, Borriello (Inzaghi), Ronaldinho.
Árbitro: Massimo Busacca, da Suíça.
Gols: Rooney (2), Park e Fletcher.
Cartões amarelos: Scholes (United); Flamini e Ronaldinho (Milan).
Foto: Getty Images
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