Mourinho deixou Ancelotti boquiaberto porque voltou ao Stamford Bridge
do mesmo jeito que o deixou: vencendo
do mesmo jeito que o deixou: vencendo
Texto gentilmente cedido pelo QuattroTratti
Por Nelson Oliveira:
A Inter pisou pela primeira vez no gramado de Stamford Bridge para uma partida oficial válida por competições europeias como uma equipe grande. E deixou o estádio do Chelsea da mesma maneira, após desempenhar seu melhor futebol no jogo mais importante da temporada nerazzurra, até então. De maneira surpreendente, José Mourinho escalou uma Inter bastante ofensiva, que desde os primeiros minutos tomou a iniciativa do jogo e sufocou os londrinos, um tanto atônitos com o que estava acontecendo. Carlo Ancelotti e sua equipe certamente não imaginariam enfrentar uma Inter tão "bem-resolvida" em relação a seu trauma referente a Liga dos Campeões. A mentalidade que Mourinho conseguiu passar ao elenco foi o principal trunfo que a Inter teve para eliminar o forte Chelsea e avançar às quartas-de-final da competição, quatro anos após Roberto Mancini classificar os meneghini pela última vez.
Desde o sorteio das oitavas-de-final da Liga dos Campeões, José Mourinho era o nome do duelo entre Chelsea e Inter, por motivos óbvios. Sua volta ao Stamford Bridge, onde só perdeu uma vez durante toda sua gestão, por vezes parecia mais aguarada do que a própria partida em si. Percebendo que as atenções dos meios de comunicação recairiam justamente sobre este fato, Mourinho usou uma tática bastante inteligente para desviar as atenções de seu time, que passa por um período ruim na Serie A. Ao concentrar o foco da mídia sobre si e seu retorno ao estádios dos Blues, o técnico de Setúbal pôde preparar seu time sem que este ficasse pressionado pela aproximação do Milan no campeonato italiano e evitando maiores estragos, caso explodissem novas polêmicas relativas a Mario Balotelli. Para isto, ajudou também o silêncio à imprensa decretado pelo presidente Massimo Moratti desde a polêmica que envolveu a Inter e a arbitragem de Paolo Tagliavento em Inter x Sampdoria. Na parte mais prática do trabalho, Mourinho declarou após a partida: "já conhecia o ambiente do estádio e sabia que se nos defendêssemos o jogo todo, não conseguiríamos manter o 0 a 0.", afirmou o português. Mourinho ainda declarou ter assistido a partida de ida "sete ou oito vezes".
Logo após o apito inicial, a formação italiana já aparentava uma postura completamente diferente da que teve em anos anteriores, quando entrava perdida e acovardada em campo. Desta vez, a Inter revolucionava a partir da escalação: foi a campo da maneira mais solta possível, com três atacantes apoiados por Sneijder. Os nerazzurri ficavam mais tempo com a bola, graças a participação de Eto'o e Pandev, que recuavam ao meio-campo para ajudar os meias a manter a bola distante do gol defendido por Júlio César. Ancelotti, por sua vez, não efetuou nenhuma mudança no esquema do Chelsea e também não pareceu ter conseguido mexer com os brios dos jogadores. Os Blues até atacaram, mas a defesa da Inter estava tão atenta quanto na partida de ida, travando os chutes assim que saíam. Foi o que aconteceu em duas das chances mais claras do Chelsea no jogo: em uma delas, Drogba aproveitou sobra da defesa interista e, da entrada da área chutou com força, mas Maicon cortou. Pouco antes, Ballack chutara rasteiro, mas a bola passou a direita de Júlio César.
Mas a primeira meia hora de jogo foi melhor para a Inter, embora o time pouco tenha chutado ao gol defendido por Turnbull, terceiro goleiro do Chelsea. Os italianos trabalhavam melhor a bola e mantinham a maior parte das ações do jogo em seu campo de ataque graças a ótima partida de Sneijder, o que assegurava a classificação e deixava o tempo correr. Eto'o ainda teve chance de dificultar o trabalho do Chelsea, mas não aproveitou o erro de Terry no tempo de bola e cabeceou meio sem jeito uma bola vinda de bom cruzamento de Maicon. Os quinze minutos finais do primeiro tempo foram os mais difíceis para a equipe visitante, que sofreu com uma maior pressão do Chelsea. Em uma de suas raras aparições no jogo, Anelka recebeu bom passe elevado de Zhirkov e tentou dar um tapa rasteiro na bola, mas Júlio César desviou com os pés e Thiago Motta completou o corte. Também houve espaço para a polêmica: os Blues pediram pênalti sobre Ivanovic e Drogba em duas cobranças de escanteio, mas o árbitro Wolfgang Stark ignorou. Os interistas também reclamaram de um impedimento mal marcado de Milito, em um lance bem mais difícil que os que aconteceram na área nerazzurra.
No segundo tempo, o Chelsea voltou um pouco mais focado do que na primeira etapa, mas a Inter continuava muito bem postada na defesa. Porém, a única boa chance dos donos da casa apareceu com sete minutos, com um belo chute de Malouda, que fez Júlio César se esticar todo e colocar a bola para escanteio. Na partida, o francês confirmou mais uma vez que deixou de lado a alcunha pejorativa de "jogador tático". Ele compensou a má partida de Zhirkov, deu trabalho a Maicon e se mostrou uma das principais válvulas de escape da equipe de Ancelotti. Malouda foi o único jogador do trio de ataque inglês a levar algum perigo a Júlio César. Anelka e Drogba (mais uma vez) foram anulados por Lúcio e Samuel, que tem formado uma das duplas de defesa mais sólidas da Europa. No meio-campo, Lampard teve mais uma atuação apagada e sucumbiu à marcação de Cambiasso.
À medida que o jogo ia passando e a Inter continuava jogando bem, a confiança do time de Mourinho só aumentava. Aos 17 minutos da segunda etapa, Ancelotti colocou Joe Cole no lugar de Zhirkov, para tentar chegar ao gol da classificação, e colocou Malouda na lateral esquerda. Antes de deixar o gramado, o russo havia salvado o os Blues por duas vezes, desarmando Eto'o e Pandev, que tinham chances bastante claras de marcar. A partir da entrada do meia inglês, o Chelsea perdeu completamente o controle do meio-campo e sofreu com um Sneijder impossível, auxiliado por Stankovic. O sérvio entrou no lugar de Pandev quando Mourinho percebeu que poderia dominar o meio-campo com a entrada de mais um jogador naquele setor, o que anulou a substituição feita pelo ex-técnico do Milan e confirmou a vitória tática do português no jogo de hoje. O primeiro chute a gol da Inter veio aos 20, com Milito, que aproveitou sobra após cobrança de escanteio e girou chutando rasteiro, para a defesa de Turnbull. O argentino teve uma chance ainda mais clara minutos depois, quando recebeu passe longo de Sneijder e, cara a cara com Turnbull, chutou torto.
Sneijder estava mesmo com os pés calibrados e continuava servindo os atacantes da Inter com lançamentos e passes cada vez mais precisos, que originaram as chances mais claras do jogo. Motta quase abriu o placar quando aproveitou cruzamento do holandês para cabecear, mas a bola passou por cima do gol inglês. A equipe nerazzurra jogava com mais agressividade e o gol parecia questão de tempo. E ele veio claro, a partir de Sneijder. Lampard errou um passe bobo no meio-campo, que a Sneijder logo soube transformar em perigo para os Blues. O holandês percebeu a corrida de Eto'o nas costas de Ivanovic e o encontrou com um lindo lançamento. O atacante dominou no peito e, na saída de Turnbull, bateu forte no cantinho, para comemorar junto com a torcida da Inter, que se encontrava logo atrás do gol do Chelsea. Jogada trabalhada por dois dos jogadores contratados nesta temporada especialmente para a Liga dos Campeões, quando a diretoria da Inter queria dar mais qualidade e poder de decisão a equipe.
A partir de então, a torcida italiana, que já fazia mais barulho que a inglesa, calou definitivamente o estádio. No fim do jogo, Motta ainda "cavou" a expulsão de Drogba, ao trombar com o marfinense e levar um pisão quando estava caído e, depois, Eto'o perdeu a chance de ampliar a vitória, na noite que já chamada de Special One pela imprensa europeia. Apesar de ter dito que não iria comemorar caso a Inter vencesse seu ex-clube, Mourinho avisou que festejou nos vestiários e ainda saiu com uma frase de efeito, no final do jogo e na sua volta às entrevistas: "Mourinho nunca perde no Stamford Bridge."
O próprio Chelsea não perdia em casa na LC desde 2006, quando o Barcelona de Ronaldinho venceu a equipe treinada pelo próprio Mourinho, o que qualifica ainda mais o feito da Inter e de Mourinho, que demoliu no confronto o time que ele mesmo começou a construir. De uma só vez, o time parece ter deixado para trás o carma europeu, com sua melhor partida na temporada e a superioridade perante os ingleses - um dos times favoritos ao título. Com isto, acabou dando um recado para o Milan, com quem disputa ponto a ponto a Serie A. Se os rossoneri podem se aproveitar do empenho da Inter na competição para lutar pelo título nacional, o Chelsea deve tentar o mesmo contra o Manchester United, na Premier League.
Desde o sorteio das oitavas-de-final da Liga dos Campeões, José Mourinho era o nome do duelo entre Chelsea e Inter, por motivos óbvios. Sua volta ao Stamford Bridge, onde só perdeu uma vez durante toda sua gestão, por vezes parecia mais aguarada do que a própria partida em si. Percebendo que as atenções dos meios de comunicação recairiam justamente sobre este fato, Mourinho usou uma tática bastante inteligente para desviar as atenções de seu time, que passa por um período ruim na Serie A. Ao concentrar o foco da mídia sobre si e seu retorno ao estádios dos Blues, o técnico de Setúbal pôde preparar seu time sem que este ficasse pressionado pela aproximação do Milan no campeonato italiano e evitando maiores estragos, caso explodissem novas polêmicas relativas a Mario Balotelli. Para isto, ajudou também o silêncio à imprensa decretado pelo presidente Massimo Moratti desde a polêmica que envolveu a Inter e a arbitragem de Paolo Tagliavento em Inter x Sampdoria. Na parte mais prática do trabalho, Mourinho declarou após a partida: "já conhecia o ambiente do estádio e sabia que se nos defendêssemos o jogo todo, não conseguiríamos manter o 0 a 0.", afirmou o português. Mourinho ainda declarou ter assistido a partida de ida "sete ou oito vezes".
Logo após o apito inicial, a formação italiana já aparentava uma postura completamente diferente da que teve em anos anteriores, quando entrava perdida e acovardada em campo. Desta vez, a Inter revolucionava a partir da escalação: foi a campo da maneira mais solta possível, com três atacantes apoiados por Sneijder. Os nerazzurri ficavam mais tempo com a bola, graças a participação de Eto'o e Pandev, que recuavam ao meio-campo para ajudar os meias a manter a bola distante do gol defendido por Júlio César. Ancelotti, por sua vez, não efetuou nenhuma mudança no esquema do Chelsea e também não pareceu ter conseguido mexer com os brios dos jogadores. Os Blues até atacaram, mas a defesa da Inter estava tão atenta quanto na partida de ida, travando os chutes assim que saíam. Foi o que aconteceu em duas das chances mais claras do Chelsea no jogo: em uma delas, Drogba aproveitou sobra da defesa interista e, da entrada da área chutou com força, mas Maicon cortou. Pouco antes, Ballack chutara rasteiro, mas a bola passou a direita de Júlio César.
Mas a primeira meia hora de jogo foi melhor para a Inter, embora o time pouco tenha chutado ao gol defendido por Turnbull, terceiro goleiro do Chelsea. Os italianos trabalhavam melhor a bola e mantinham a maior parte das ações do jogo em seu campo de ataque graças a ótima partida de Sneijder, o que assegurava a classificação e deixava o tempo correr. Eto'o ainda teve chance de dificultar o trabalho do Chelsea, mas não aproveitou o erro de Terry no tempo de bola e cabeceou meio sem jeito uma bola vinda de bom cruzamento de Maicon. Os quinze minutos finais do primeiro tempo foram os mais difíceis para a equipe visitante, que sofreu com uma maior pressão do Chelsea. Em uma de suas raras aparições no jogo, Anelka recebeu bom passe elevado de Zhirkov e tentou dar um tapa rasteiro na bola, mas Júlio César desviou com os pés e Thiago Motta completou o corte. Também houve espaço para a polêmica: os Blues pediram pênalti sobre Ivanovic e Drogba em duas cobranças de escanteio, mas o árbitro Wolfgang Stark ignorou. Os interistas também reclamaram de um impedimento mal marcado de Milito, em um lance bem mais difícil que os que aconteceram na área nerazzurra.
No segundo tempo, o Chelsea voltou um pouco mais focado do que na primeira etapa, mas a Inter continuava muito bem postada na defesa. Porém, a única boa chance dos donos da casa apareceu com sete minutos, com um belo chute de Malouda, que fez Júlio César se esticar todo e colocar a bola para escanteio. Na partida, o francês confirmou mais uma vez que deixou de lado a alcunha pejorativa de "jogador tático". Ele compensou a má partida de Zhirkov, deu trabalho a Maicon e se mostrou uma das principais válvulas de escape da equipe de Ancelotti. Malouda foi o único jogador do trio de ataque inglês a levar algum perigo a Júlio César. Anelka e Drogba (mais uma vez) foram anulados por Lúcio e Samuel, que tem formado uma das duplas de defesa mais sólidas da Europa. No meio-campo, Lampard teve mais uma atuação apagada e sucumbiu à marcação de Cambiasso.
À medida que o jogo ia passando e a Inter continuava jogando bem, a confiança do time de Mourinho só aumentava. Aos 17 minutos da segunda etapa, Ancelotti colocou Joe Cole no lugar de Zhirkov, para tentar chegar ao gol da classificação, e colocou Malouda na lateral esquerda. Antes de deixar o gramado, o russo havia salvado o os Blues por duas vezes, desarmando Eto'o e Pandev, que tinham chances bastante claras de marcar. A partir da entrada do meia inglês, o Chelsea perdeu completamente o controle do meio-campo e sofreu com um Sneijder impossível, auxiliado por Stankovic. O sérvio entrou no lugar de Pandev quando Mourinho percebeu que poderia dominar o meio-campo com a entrada de mais um jogador naquele setor, o que anulou a substituição feita pelo ex-técnico do Milan e confirmou a vitória tática do português no jogo de hoje. O primeiro chute a gol da Inter veio aos 20, com Milito, que aproveitou sobra após cobrança de escanteio e girou chutando rasteiro, para a defesa de Turnbull. O argentino teve uma chance ainda mais clara minutos depois, quando recebeu passe longo de Sneijder e, cara a cara com Turnbull, chutou torto.
Sneijder estava mesmo com os pés calibrados e continuava servindo os atacantes da Inter com lançamentos e passes cada vez mais precisos, que originaram as chances mais claras do jogo. Motta quase abriu o placar quando aproveitou cruzamento do holandês para cabecear, mas a bola passou por cima do gol inglês. A equipe nerazzurra jogava com mais agressividade e o gol parecia questão de tempo. E ele veio claro, a partir de Sneijder. Lampard errou um passe bobo no meio-campo, que a Sneijder logo soube transformar em perigo para os Blues. O holandês percebeu a corrida de Eto'o nas costas de Ivanovic e o encontrou com um lindo lançamento. O atacante dominou no peito e, na saída de Turnbull, bateu forte no cantinho, para comemorar junto com a torcida da Inter, que se encontrava logo atrás do gol do Chelsea. Jogada trabalhada por dois dos jogadores contratados nesta temporada especialmente para a Liga dos Campeões, quando a diretoria da Inter queria dar mais qualidade e poder de decisão a equipe.
A partir de então, a torcida italiana, que já fazia mais barulho que a inglesa, calou definitivamente o estádio. No fim do jogo, Motta ainda "cavou" a expulsão de Drogba, ao trombar com o marfinense e levar um pisão quando estava caído e, depois, Eto'o perdeu a chance de ampliar a vitória, na noite que já chamada de Special One pela imprensa europeia. Apesar de ter dito que não iria comemorar caso a Inter vencesse seu ex-clube, Mourinho avisou que festejou nos vestiários e ainda saiu com uma frase de efeito, no final do jogo e na sua volta às entrevistas: "Mourinho nunca perde no Stamford Bridge."
O próprio Chelsea não perdia em casa na LC desde 2006, quando o Barcelona de Ronaldinho venceu a equipe treinada pelo próprio Mourinho, o que qualifica ainda mais o feito da Inter e de Mourinho, que demoliu no confronto o time que ele mesmo começou a construir. De uma só vez, o time parece ter deixado para trás o carma europeu, com sua melhor partida na temporada e a superioridade perante os ingleses - um dos times favoritos ao título. Com isto, acabou dando um recado para o Milan, com quem disputa ponto a ponto a Serie A. Se os rossoneri podem se aproveitar do empenho da Inter na competição para lutar pelo título nacional, o Chelsea deve tentar o mesmo contra o Manchester United, na Premier League.
Chelsea 0-1 Inter
Chelsea: Turnbull; Ivanovic, Alex, Terry, Zhirkov (Kalou); Ballack (Joe Cole), Mikel, Lampard; Anelka, Drogba, Malouda.
Inter: Júlio César; Maicon, Lúcio, Samuel, Zanetti; Cambiasso, Thiago Motta (Materazzi), Sneijder (Mariga); Pandev (Stankovic), Milito, Eto'o.
Árbitro: Wolfgang Stark, da Alemanha.
Gol: Eto'o.
Cartões amarelos: Malouda, Drogba e Alex (Chelsea); Eto'o, Thiago Motta, Lúcio e Júlio César (Inter).
Cartão vermelho: Drogba (Chelsea)
Foto: Getty Images
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