Manchester United campeão da Carling Cup. Chelsea e Everton na decisão da Copa da Inglaterra. Assim, a temporada passada da Premier League foi marcada por um intenso concurso pela sétima posição, suficiente para garantir vaga na primeira Liga Europa. Os pleiteantes eram Tottenham, West Ham, o já abastado Manchester City e o Fulham, que, nas temporadas anteriores, havia se notabilizado por lutar sucessivamente contra o rebaixamento. Com 53 pontos, dois de vantagem sobre os rivais londrinos, o clube do sudoeste de Londres obteve o bilhete para sua segunda aventura continental. Boa parcela da conquista deve ser atribuída a Roy Hodgson, que, de modo surpreendente, chegou ao Craven Cottage em 2007, quando as ambições so clube se limitavam à manutenção na Premier League.
A mera obtenção da vaga já espantava. O que dizer, pois, sobre a trajetória dos Cottagers na Liga Europa? A dimensão da vitória por 4 a 1 sobre a Juventus em Londres está estampada no perfil do clube na versão inglesa da Wikipedia. A histórica virada mereceu citação logo no texto de apresentação do clube. Antes disso, a equipe já havia eliminado o Shakhtar Donetsk, último vencedor da Copa da UEFA. Quando, em dezembro, falei sobre os sorteios dos confrontos nas competições europeias, destacava o quão cruéis com o Fulham foram as bolinhas. Agora, após duas qualificações surpreendentes, não é demasiado otimismo dizer que a equipe pode chegar à final. O Wolfsburg, adversário das quartas-de-final, e o Hamburgo, eventual oponente nas semifinais, não são equipes muito superiores.
Na Premier League, a campanha do Fulham é mais tímida do que na temporada passada. Por ora, são 38 pontos em 29 jogos, aproveitamento de 43, 6%. Em 2008-09, os 53 pontos em 38 partidas caracterizaram um rendimento de 46,5%. A décima posição torna plausível a afirmação de que a equipe não tem qualquer possibilidade de reeditar a façanha de 2009. De todo jeito, a distância para a zona de rebaixamento, endossada pela recuperação após o mau início de campeonato, prova que os Cottagers chegaram a outro estágio. Aqui, vale destacar um aspecto diferente em relação ao discurso quase uniforme sobre o momento do clube.
Elogiar o Fulham não é apenas questão de santificar Hodgson. Mesmo que com a ajuda do treinador, os bons valores do time afloraram nas últimas temporadas. O goleiro australiano Mark Schwarzer, finalista da Copa da UEFA em 2006 com o Middlesbrough, tem se apresentado de modo muito seguro. Assim como o zagueiro norueguês Brede Hangeland, um dos melhores da Premier League. Esporadicamente seu parceiro, o jovem Chris Smalling chamou a atenção do Manchester United e trocará Craven Cottage por Old Trafford na próxima temporada.
No meio-campo, a experiência impulsiona o sucesso. O capitão Danny Murphy é muito consistente (aliás, é lamentável que Jimmy Bullard, no Hull City desde janeiro de 2009, não seja seu parceiro), e Damien Duff encontrou um lugar onde pode ser muito importante. Após quatro anos no West Bromwich, o winger húngaro Zoltán Gera também é peça fundamental para Hodgson. Entretanto, os dois jogadores que melhor representam o crescimento do Fulham são Clint Dempsey e Bobby Zamora. O ianque, algo conhecido no Brasil pelo gol na final da Copa das Confederações, evoluiu demais, de modo que o golaço por cobertura contra a Juve não soa estranho. Zamora, por sua vez, tem sido tão eficaz, que parece merecer vaga na seleção inglesa.
Ainda assim, é impossível falar sobre o Fulham e não trazer novamente à tona o nome de Hodgson. Não há na Premier League um treinador que consiga lidar tão bem com as limitações de seu elenco. Mesmo Tony Pulis, do Stoke City, não soube criar alternativas suficientes para não depender tanto da força de Rory Delap. Por isso, não duvido do sucesso dos Cottagers na Liga Europa. O desempenho continental deles, aliás, já é a maior demonstração de força do futebol inglês na temporada.
Fotos: Daily Mail, PremierLeague.com
2 comentários:
Depois do que vi do Hodgson na Serie A, acho estranho vê-lo sendo tão elogiado. :P
Penso o mesmo sobre o fato de o Steve McClaren ser elogiado na Holanda depois do que ele aprontou na seleção inglesa. Abraço.
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