25 de abril de 2010

Talhado para o título

Sturridge pode ser campeão como coadjuvante, mas já precisa se preparar para assumir grandes responsabilidades

Após o bicampeonato inglês em 2005 e 2006, o Chelsea elevou sua reputação de mero clube endinheirado a outro patamar. À época, as contratações de Ballack e Shevchenko indicavam o novo estágio dos Blues, mas também representavam uma mudança de mentalidade potencialmente danosa. A partir de então, Abramovich passou a adotar um comportamento avesso ao de Arsène Wenger e pouco se preocupou com a aquisição de jovens jogadores. O resultado dessa política parece claro nesta temporada. Carlo Ancelotti trabalha com um time-base repleto de atletas em seus respectivos auges, mas, ao mesmo tempo, próximos do declínio em suas carreiras.

Se tratarmos Cech; Ivanovic, Carvalho, Terry, Ashley Cole; Essien, Ballack, Malouda, Lampard; Anelka e Drogba como a formação titular do Chelsea, veremos que a média de idade do conjunto é de 29,5 anos. Além disso, a variação etária entre o jogador mais velho (Ballack, 33) e o mais jovem (Ivanovic, 26) é pequena. Os fatores em questão fazem dos Blues uma equipe talhada para o título. Mas isso precisa ser executado agora, nesta temporada. A impressão é de que o futuro em Stamford Bridge é completamente nebuloso, dependente do poder e das pretensões de investimento de Abramovich e de jogadores formados no clube, como aconteceu com John Terry no fim dos anos 90.

Após o claro enfraquecimento do Manchester United e a queda vertiginosa do Liverpool, esperava-se uma temporada mais soberana do Chelsea. Com algumas contusões e um desempenho ridículo em fevereiro, o corrida pelo título se reacendeu, e a aura vencedora dos Red Devils faz boa parte dos críticos acreditarem que a taça vai, pela quarta vez consecutiva, para Old Trafford. Para tanto, o Liverpool, sem muitas esperanças na disputa pelo quarto posto e, fundamentalmente, sem Fernando Torres, precisa deter um ataque que, em poucos meses, produziu três das maiores avalanches ofensivas dos últimos tempos no futebol inglês: 7 x 2 Sunderland, 7 x 1 Aston Villa e 7 x 0 Stoke City. Isso sem precisar sequer de um gol de Drogba.

Ainda que, estranhamente, o Chelsea não consiga superar a provável preguiça do Liverpool, não proclamaria o United como campeão. O adversário da turma de Alex Ferguson na próxima rodada é o Sunderland, no Stadium of Light. No primeiro turno, em Old Trafford, Anton Ferdinand precisou marcar contra no acréscimo ao segundo tempo para dar aos Red Devils um celebrado empate. Após o apagão no início de 2010, os Black Cats retornaram à forma que aterrorizou várias equipes no primeiro turno. Foi quando Darren Bent inspirou as vitórias sobre Liverpool e Arsenal. Há algumas rodadas, o próprio Bent, que merece demais uma vaga no avião inglês para a África do Sul, foi o destaque da excelente vitória por 3 a 1 sobre o Tottenham - mesmo com duas cobranças de pênalti desperdiçadas.

Quero dizer que o Chelsea tem algumas opções para conquistar o campeonato (na última rodada, ambos os candidatos devem vencer com facilidade). Um empate entre United, sem Rooney, e Sunderland manteria, necessariamente, a liderança em Bridge. A propensão dos londrinos ao título reside na lógica, no melhor grupo de jogadores e no excelente desempenho em confrontos diretos (12 pontos contra Red Devils e Gunners). Ancelotti tem razão ao dizer que o título está nas mãos do Chelsea. A única vantagem do Manchester United é, honestamente, a tal mística que Ferguson atribuiu ao clube nas últimas duas décadas. Se jogar contra o Liverpool com intensidade semelhante à da partida contra o Stoke, o Chelsea garante seu quarto título inglês e impede a sequência consecutiva de mesmo tamanho dos rivais. A partida contra a horrorosa defesa do Wigan seria mera formalidade.

A Associação de Jogadores Profissionais da Inglaterra (PFA) considerou Wayne Rooney, do Manchester United, o Jogador do Ano. James Milner, do Aston Villa, foi eleito o melhor entre os jovens.

Imagem: Sporting Life

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