Quando, no primeiro turno, Terry cabeceou para o fundo do gol de van der Sar, o Chelsea abria cinco pontos de vantagem para o Manchester United. Agora, a seis rodadas do fim da Premier League 2009-10, os Red Devils, na liderança, recebem os Blues para confronto que pode ganhar contornos de decisão do campeonato. Como ambos têm pela frente jogos muito pesados, um empate não será bem-vindo mesmo para o Manchester United, à frente do Chelsea por um ponto. Quatro pontos atrás do conjunto de Alex Ferguson, o Arsenal espera por um tropeço mútuo para retomar o fôlego na corrida pelo título.
O Manchester United é, talvez ao lado do Everton, o time mais consistente do segundo turno. Desde janeiro, com raras exceções, a equipe de Old Trafford tem atropelado os pequenos e vencido as batalhas contra os grandes. No entanto, o maior dos últimos reveses gera desconfiança no noroeste inglês. A lesão de Rooney não deve tirá-lo da temporada ou da Copa, mas pode roubar do United a chance da "tríplice coroa" (ainda que aleijada, com a conquista da Carling em vez da FA Cup). Os Red Devils terão momentos cruciais, na Champions e na liga nacional, sem aquele que tem decidido tudo desde agosto.
Ainda assim, é certo que os mancunianos serão adversários duríssimos para os Blues. Com Vidic e Ferdinand em forma, a defesa fica muito mais segura. No meio-campo, a tendência é que joguem Fletcher, Carrick, Valencia, Nani e, na ligação imediata com o ataque, Park. À exceção de Carrick, todos estão em excelente fase. Isolado, Berbatov terá de vencer sua habitual apatia. Se repetir a atuação da goleada por 4 a 0 sobre o Bolton, quando Rooney foi poupado, o búlgaro já será útil e pode suplantar parte da carência ofensiva proporcionada pela ausência do Shrek.
Contudo, o Chelsea, que se recuperou de momento instável com duas goleadas (5 a 0 sobre o Portsmouth e 7 a 1 diante do ótimo Aston Villa), será um oponente respeitável, ainda que em Old Trafford. A confirmação dessa expectativa depende muito de Malouda, autor de nove gols em 2010. O francês passa por fase espetacular, tendo aparentemente superado a deficiência que o atormentou durante a maior parte da carreira: a finalização. Pendente à esquerda, Malouda terá a chance de explorar a lentidão de Gary Neville. Outro que deve estar bem confiante é Lampard. Após marcar quatro vezes contra o Villa, o sobrinho de Harry Redknapp parece, enfim, pronto para o protagonismo em uma temporada que não era tão brilhante.
Será fundamental, aliás, o trabalho do meio-campo do Chelsea. Mesmo com Rooney em grande forma antes da lesão, é essencialmente por ali que o Manchester United vencia seus jogos. Mikel e Ballack precisam ficar atentos à dinâmica de Fletcher, em temporada sensacional, e Park, sempre decisivo em jogos duros. Pelas pontas, além do duelo entre Neville e Malouda, haverá o embate entre os franceses Anelka, que constantemente cai pelo lado direito do ataque, e Evra. Aqui, o ex-lateral do Monaco deve levar vantagem. A tendência também é favorável ao United em Nani x Paulo Ferreira e Valencia x Zhirkov. Sem Ivanovic e Ashley Cole, os Blues perdem muito defensivamente.
Em compensação, Terry e Alex somam forças suficientes para dificultar o jogo de Berbatov e as velozes incursões de Park. O fato de Ancelotti já não precisar se aventurar com Hilário ou Turnbull também é confortante. Na outra ponta, Drogba deve voltar de modo impetuoso. Nas seis partidas do campeonato em que ele não foi titular, o Chelsea marcou 25 gols (incluindo as duas goleadas mais expressivas: 7 a 2 sobre o Sunderland e 7 a 1 contra o Aston Villa). Além disso, o marfinense precisa de uma atuação mais convincente, compatível com sua brilhante temporada, após a ineficácia contra Lúcio e a Internazionale no confronto que eliminou os Blues da Champions.
É muito difícil escapar da lógica do equilíbrio em partidas desse porte. Por outro lado, ainda não houve empates em jogos entre equipes do Big Four. Aliás, o Chelsea venceu todos os quatro encontros contra United, Arsenal ou Liverpool. Apesar do retrospecto e das goleadas recentes, é necessário que o time de Ancelotti trate o jogo de amanhã como um ultimato, a oportunidade derradeira de manter boas chances na luta pelo título. Em 2010 instável, os Blues precisam, na mais tenebrosa das hipóteses, empatar. E têm à disposição um cenário favorável: recuperação na hora certa, lesão de Rooney e maior tempo de descanso e treinamento (o United jogou na terça-feira, pela Liga dos Campeões).
Prováveis escalações:
Manchester United (4-4-1-1): van der Sar; Neville, Vidic, Ferdinand, Evra; Valencia, Fletcher, Carrick (Giggs), Nani; Park; Berbatov
Chelsea (4-4-2): Cech; Paulo Ferreira, Alex, Terry, Zhirkov; Mikel, Ballack, Malouda, Lampard; Anelka, Drogba
Palpite: Manchester United 1 x 1 Chelsea
Imagens: Team Talk, AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário