O Manchester United quase se complicou na partida contra o Blackburn. Enquanto Kuszczak substituía muito mal Van der Sar e passava insegurança ao seu time, jogadores essenciais como Nani, Giggs e Hernandez eram figuras apagadas em Ewood Park. Por sorte, o desastrado goleiro Robinson garantiu um pênalti ao adversário, que permitiu aos Red Devils empatarem o jogo e garantirem o título.
Um título, aliás, muito merecido. Um dos grandes trunfos dessa equipe foi não ter dependido necessariamente de um jogador para decidir o campeonato. Enquanto Nani (líder de assistências da competição), Berbatov (ainda artilheiro do campeonato) e Giggs capitanearam o time no começo da Premier League, Rooney, Chicharito, Valencia e o já citado meia galês foram essenciais de janeiro para cá. Além disso, os mancunianos tiveram em Van der Sar, Ferdinand e Vidic um trio que formou pilar espetacular na defesa. Dessa forma, após uma leve “Rooneydependência” na temporada passada, o time soube distribuir muito melhor suas responsabilidades em campo e não ter de ficar preso às expectativas do desempenho sensacional de um específico jogador.
Outro fator essencial foi o fato de esse time ter tido uma eficiência impressionante durante a temporada, algo que compensou a falta de brilho de todo o conjunto. Não foram poucas as vezes em que o Manchester United parecia estar jogando mal e pior do que adversário, tanto em casa quanto fora de seus domínios. Porém, atuando de forma segura e conseguindo aproveitar o máximo de chances criadas, os Red Devils certamente conquistaram muitos pontos importantíssimos na briga pelo campeonato.
Talvez foram esses pontos considerados preciosos que tanto ajudaram o Manchester United e tanto fizeram falta a seus rivais. Enquanto os Red Devils coletaram o máximo de pontos possíveis, jogassem bem ou mal (e foi justamente por isso que se especulava tanto um título invicto da equipe de Alex Ferguson), os seus principais adversários sucumbiram diante de longas secas ou períodos de muita irregularidade.
Veja o Arsenal, por exemplo. Foram tantos resultados negativos após a traumática perda da Copa da Liga seguida de eliminações na Champions League e na FA Cup que a equipe não só foi ultrapassada pelo Manchester United como ficou bem distante desta. Se os Gunners tivessem mantido um desempenho no mínimo aceitável, poderiam até mesmo estar conquistando o título – é bom lembrar que o time de Wenger chegou a derrotar os Red Devils no confronto semana de algumas semanas.
O Chelsea foi pelo mesmo caminho. Um desempenho sofrível entre novembro e começo de fevereiro fez com que as chances de título diminuíssem – e a excelente sequência de resultados desde março mostrou que, se os Blues não tivessem vacilado tanto, estariam brigando pela primeira posição, talvez até a frente do Manchester United. Até mesmo o Manchester City teria sorte melhor se não tivesse perdido tantos pontos de janeiro para cá, ao mesmo tempo em que tropeçavam nas convicções defensivas e contestáveis de Roberto Mancini.
Todos esses períodos de crise dos concorrentes do Manchester United foram essenciais para a equipe de Alex Ferguson. Dessa forma, ela pode se recuperar aos poucos do início não tão bom de temporada, quando quase sempre empatavam fora de Old Trafford mas pelo menos não perdiam, ao contrário do que aconteceu com seus rivias. Isso, porém, não tira os méritos dos Red Devils, que foram a equipe mais regular do campeonato e soube aproveitar os tropeços dos rivais para galgar postos na tabela até alcançar a liderança e não mais larga-la.
Enfim, Blackpool? – Após quase três meses sem vencer, o Blackpool derrotou o Bolton em casa por 4 a 3. Porém, a vitória pode ter vindo tardia. Os Tangerines, com 39 pontos, continuam na zona de rebaixamento e terão de buscar um resultado positivo contra o Manchester United em Old Trafford na última rodada. Podem aproveitar o desleixo dos Red Devils? Sem dúvida. Mas também podem esbarrar na solidez que a equipe da casa deverá manter, ainda que só os reservas joguem. Se isso acontecer, bater a frágil defesa do conjunto de Ian Holloway será fácil demais.
Sempre dá para piorar – De certa forma, o problema do Arsenal não foi ter perdido por 2 a 1 em casa, mas sim ter sido derrotado pelo Aston Villa, equipe extremamente irregular e sem mais nada a fazer no campeonato. De qualquer maneira, o resultado evidencia o péssimo momento dos Gunners após a perda da Copa da Liga: de lá para cá, foram só 2 vitórias em 10 jogos. E o que era ruim pode ficar pior: a equipe de Wenger corre o risco de ser ultrapassado pelo Manchester City e terminar a Premier League em 4º. Ou seja: não bastasse o final de temporada ruim, o clube ainda pode ter de disputar a “repescagem” da Champions League. Caso isso realmente ocorra, cabeças vão rolar, principalmente entre jogadores já desgastados dentro do elenco, como Bendtner, Diaby, Denilson e mais alguns...
Imagem: Zimbio
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