18 de fevereiro de 2010

Impunidade

Em semana de vitórias e falhas inglesas, golaço de Bobby Zamora salvou o Fulham contra o ainda favorito Shakhtar

A saga inglesa no mata-mata das copas europeias começou relativamente bem. Na Liga dos Campeões, o Manchester United venceu o Milan no San Siro e, com três gols na conta, dificilmente terá a classificação posta em xeque em Old Trafford. O Arsenal, por sua vez, perdeu para o Porto por 2 a 1 no Estádio do Dragão, mas ainda enxerga claramente a possibilidade de qualificação à próxima fase. Na Liga Europa, três vitórias caseiras: Everton 2 x 1 Sporting, Liverpool 1 x 0 Unirea, Fulham 2 x 1 Shakhtar. Contudo, a fria indicação dos resultados não supera a inquietação pelos vários erros cometidos pelos conjuntos da Premier League. Na próxima semana, o Chelsea visita a Internazionale pela Champions e, certamente, não terá o direito de falhar. Assim como não o terão todos os ingleses em fases mais agudas. Adiante, posturas preguiçosas ou desatentas não permanecerão impunes.

Há dois meses, quando foram sorteados os emparelhamentos dos 16-avos de final da Liga Europa, o Everton enfrentava um árduo período, que atribuía ao Sporting o favoritismo no confronto. Contudo, após a chegada de Donovan, David Moyes descobriu o 4-1-4-1, com o norte-americano e Pienaar pelos lados do meio de campo, e os Toffees, no âmbito doméstico, passaram a vencer os pequenos e equilibrar - ou mesmo dominar - os jogos contra os grandes. Por isso e pela instável temporada dos Leões, os ingleses assumiram a condição de principais candidatos à classificação. O Everton ratificou o raciocínio ao abrir 2 a 0, mas uma falha de Distin reduziu drasticamente a vantagem. O zagueiro francês cometeu um pênalti desnecessário, concedeu um gol aos visitantes portugueses e foi expulso, erro grave para um time que não sabe se contará com alguns de seus defensores na segunda partida - Senderos e Jagielka ainda se recuperam de lesões.

Na Champions, o Manchester United construiu o resultado contra o Milan através de um segundo tempo irrepreensível. No entanto, a primeira etapa foi um espetáculo de lambanças defensivas. Deixando de lado os erros de marcação pelas laterais, aqui destaco as falhas de Scholes na saída de bola. À frente da zaga, o volante do United não acertou passes simples e cedeu espaço, posses e chances aos rossoneri. Os 3 a 2 foram maravilhosos, mas os Red Devils poderiam ter sofrido uma avalanche de gols nos minutos iniciais. Felizmente, Leonardo prefere Huntelaar a Inzaghi, atacante mítico na Liga dos Campeões.

O Arsenal, por sua vez, cometeu três equívocos capitais. No começo do encontro com o Porto, o goleiro Fabianski permitiu, de modo ridículo, o gol de Varela. Mais tarde, Campbell recuou inutilmente ao arqueiro polonês. O reserva da baliza dos Gunners dominou com as mãos e, após a marcação da infração, entregou a bola ao inconveniente árbitro Martin Hansson de modo tolo, determinando o gol-relâmpago dos portistas. Dois pontos a considerar: 1) Quando Campbell foi contratado, esperava-se quase todo tipo de falha, mas as infantilidades estavam descartadas para um zagueiro de 35 anos. Estávamos enganados; 2) Wenger não poderia ter formado seu elenco de goleiros com Almunia, Fabianski e Mannone.

A quinta-feira de Liga Europa reservou aos ingleses duas vitórias com sabores distintos. O Liverpool recebeu o Unirea em confronto entre refugos da Champions. Com conduta negligente e desanimados pelo ingresso na segunda competição continental, os Reds se limitaram a uma vitória simples sobre os romenos. O único gol scouser saiu de forma inusitada: após cruzamento de Babel, maior decepção do time na temporada, Daniel Pacheco, o menos experientes dos avantes, escorou para o contestadíssimo N'Gog marcar de cabeça. O Fulham, porém, teve triunfo maiúsculo no Craven Cottage: 2 a 1 sobre o Shakhtar, último vencedor da Copa da UEFA. Ainda assim, os Cottagers foram controlados pelos ucranianos na maior parte do jogo, na mais sólida sugestão de que a vaga às oitavas-de-final deve ficar no Leste Europeu.

Imagem: Telegraph

2 comentários:

Papo de Pub - Futebol Inglês disse...

Fala, cara!

A vitória do Fulham me surprendeu, não esperava que o time inglês fosse vencer nenhum dos dois jogos contra um dos favoritos ao título.

Já o Liverpool não tem jeito, vai ser esse futebol pelo resto da temporada. Não me entra na cabeça o Rafa Benítez insistir tanto com o Ngog. Mas deve classificar, difícil imaginar o Liverpool não fazendo um gol fora, até porque o jogo sequer será em Urziceni, mas sim em Bucareste.

Não me entra na cabeça também o Leonardo preterir tanto o Inzaghi no time. Pô, o cara é matador, seria meu titular fácil, ainda que Borriello faça boa temporada. Mas preteri-lo a Huntelaar é piada de mau gosto...

Sobre os goleiros do Arsenal, até acho Almunia bom goleiro (e nada além disso), mas realmente não dá pra ter uma trinca de goleiros com Almunia, Fabianski e Mannone. E, pelas partidas que já vi dos dois reservas, Mannone me pareceu mais seguro até.


Abraços!

Daniel Leite disse...

O problema capital envolvendo os goleiros do Arsenal é a inconstância. Todos, mesmo o Fabianski, têm potencial interessante, mas, em algum momento, falham de forma retumbante. Até por isso, associar Almunia, o vértice experiente do triângulo de arqueiros, à seleção inglesa soa um tanto bizarro. Definitivamente, Wenger precisa cuidar desta questão no próximo mercado de transferências.

Abraços!