26 de fevereiro de 2010

Pelo resgate de uma tradição

Sempre povoada pelos reservas das grandes equipes, a Carling Cup - a popular Copa da Liga - costuma oferecer boas chances a clubes em abstinência de títulos. Em 2004, por exemplo, o Middlesbrough, ao derrotar o Bolton na decisão do torneio, enterrou a sina de jamais ter levantado troféus de primeiro escalão em 128 anos de história. Neste domingo, o Aston Villa enfrenta o Manchester United em Wembley a fim de quebrar uma incômoda série sem celebrações: a última conquista do conjunto de Birmingham foi em 1996, justamente na Copa da Liga. O trinitino Dwight Yorke (foto), ídolo no Villa Park e em Old Trafford, marcou um dos gols da vitória por 3 a 0 sobre o Leeds United naquela final.

Se você é apegado a tradições, está autorizado a acreditar na equipe de Martin O'Neill. Com cinco taças, o clube é o segundo maior vencedor da Copa da Liga, sendo superado apenas pelo heptacampeão Liverpool. Na única decisão disputada por Aston Villa e Manchester United, em 1994, os Lions garantiram o título com um ótimo triunfo por 3 a 1. Ademais, o desempenho recente do Villa diante dos oponentes do próximo domingo é favorável. Em 2009-10, vitória por 1 a 0 em Old Trafford e empate por 1 a 1 no Villa Park.

Contudo, os Red Devils vivem sua melhor fase na temporada, têm mais recursos e certamente se esforçarão bastante para sacramentar os efeitos da vitória sobre o Manchester City nas semifinais. De todo modo, o Aston Villa pode explorar várias vertentes do jogo para impedir o segundo título consecutivo do United no torneio. Os Lions têm a defesa mais eficiente da Premier League e, curiosamente, uma série de opções ofensivas. Após uma sequência escassa de gols, a equipe derrotou o Bunrley por 5 a 2 no último domingo e parece ensaiar o equilíbrio que pode lhe render a Copa da Liga.

No confronto contra os Clarets, aliás, uma das armas de Martin O'Neill ficou bem evidente. Ashley Young e Downing marcaram os três primeiros gols do Aston Villa através da intensa movimentação a partir dos flancos. As posições dos wingers não são bem demarcadas. Acostumado a atuar pela esquerda durante os tempos de Middlesbrough, Downing teve de se habituar aos princípios de O'Neill, que lhe oferece o lado direito em vários momentos de uma partida.

Neste domingo, especialmente, isso deve ser feito com maior frequência. Como indicou o ex-treinador Graham Taylor, com duas passagens pelo Villa, em análise publicada no site da BBC, o fato de Young ser destro cria uma grande dificuldade defensiva para Rafael, uma vez que o winger se torna imprevisível, podendo perfeitamente ignorar a linha de fundo e alterar o curso da jogada para o meio. Por isso, Young deve cair muito pelo lado esquerdo.

Mais à frente, Agbonlahor também pode se apresentar pelos flancos, sem dispensar sua capacidade para marcar. Com 11 gols, o jovem atacante lidera a lista de artilheiros do Villa na Premier League. O colega na linha ofensiva pode ser Carew ou Heskey. Como os dois fazem temporada fraca, não seria absurdo pensar no 4-3-3, com Young e Downing adiantados e Delph (ótima revelação do Leeds United) ou Sidwell compondo o meio de campo com Milner e Petrov. Entretanto, parece claro que O'Neill prefere manter uma referência ofensiva com boa força física, o que também impõe dificuldades ao United, posto que a equipe trabalha muito com cruzamentos para a área.

Na faixa central, a novidade dos últimos meses é Milner, winger no Leeds, no Newcastle e no Aston Villa, mas já perfeitamente adaptado à função antigamente exercida por Gareth Barry. Outro ponto interessante é a eficiência de Dunne e Collins, que devem ter o auxílio do essencialmente defensivo Cuéllar pela direita, na dura missão de conter o ímpeto de Wayne Rooney. Em dois jogos nesta temporada, a retaguarda de O'Neill foi muito bem. A manutenção desse desempenho é, por sinal, imprescindível a uma equipe que precisa fazer um jogo quase perfeito para encerrar o período de 14 anos sem títulos.

Foto: Site oficial do Aston Villa

2 comentários:

Leandrus disse...

Se o Aston Villa fizer uma grande partida como quando derrotaram os Red Devils nessa temporada, eles terão grandes chances de conquistar o título da Copa da Liga logo mais. O problema é que Rooney está endiabrado: tranquilamente um dos melhores do mundo no momento, está sendo capaz de resolver qualquer partida e ainda "carregar nas costas" jogadores em má fase ou que não aparecem tanto, como Berbatov e Park.

Agora, eu torço por uma vitória do Aston Villa. Não por antipatia ao Man Utd, mas porque esse título será muito mais importante ao Villa, que não ganha nada há tempos, do que para o Manchester, que vem de conquistas muito mais gloriosas, como os títulos da Premier League e da UCL. O título da Copa da Liga, por ser o de menor prestígio, mal seria comemorado pelos jogadores da equipe de Ferguson - assim como mal foi comemorado na temporada passada, curiosamente diante de um clube que também comemoria muito mais o título, no caso o Tottenham.

Ateh!

Daniel Leite disse...

Confesso, Leandrus, que também torci pelo Villa. Não apenas pelo valor que seria atribuído à conquista, mas especialmente pelo trabalho de Martin O'Neill, que já merece um fruto mais concreto. De todo jeito, é nosso dever ressaltar que o United mereceu a Copa da Liga.

Até mais!