Texto de Leonardo Sacco, do Quattro Tratti
Não deu. Mais uma vez. Jogando com a necessidade de reverter um péssimo resultado conquistado às custas de uma atuação ainda pior, o Milan não conseguiu sair do zero com o Tottenham, fora de casa, e sucumbiu diante do time inglês, dando adeus à Liga dos Campeões. Não se pode negar que desta vez o panorama do duelo foi totalmente diferente do visto em seu primeiro jogo, mas os rossoneri mais uma vez deixaram de lado o time que lidera o Italiano para dar lugar à uma equipe nervosa e que cometeu erros cruciais para a eliminação que já parecia anunciada. Enquanto isso, os Spurs não brilharam como em San Siro, mas fizeram o suficiente para assegurar a inédita classificação.
Sem poder contar com o suspenso Gattuso, Massimo Allegri quebrou a cabeça para montar seu sistema de meio-campo. As especulações sobre uma possível entrada de Boateng no lugar de Robinho só terminaram uma hora antes do duelo, quando as escalações oficiais foram divulgadas. Surpreendente, o técnico rossonero optou por ousar. Tanto o brasileiro quanto o ganês ganharam chance entre os titulares, com Seedorf e Flamini completando o meio-campo e Pato e Ibrahimovic fechando o ataque de um 4-3-3 que de cara deixou clara a proposta ofensiva do Milan no White Hart Lane. Já Harry Redknapp confirmou as previsões feitas no dia anterior: van der Vaart, recuperado de contusão, iniciou o jogo entre os titulares.
A princípio a opção de Allegri se mostrou inteligente dentro do panorama da partida. Precisando do gol para levar o jogo à prorrogação, os rossoneri dominaram completamente a primeira etapa. Contando com a ausência de Gareth Bale, que por se recuperar de lesão começou entre os suplentes, o Milan se impôs e teve maior posse de bola, sem, no entanto, conseguir concretizar o domínio nos mais do que necessários gols. A imagem perfeita para a situação ficou por conta de uma finalização de Robinho, que viu Gallas salvar praticamente em cima da linha o que seria o primeiro tento rossonero.
O gol evitado pelo defensor francês fechou o primeiro tempo, enquanto a entrada de Bale no lugar de Van der Vaart – que provou estar longe de sua condição física ideal - deu a tônica ao segundo. Com o galês atuando pela direita e Aaron Lennon investindo com velocidade pela direita, o Tottenham conseguiu conter o domínio italiano, organizando melhor a partida a seu favor. E enquanto os craques do Spurs passavam a fazer a diferença, o principal jogador rossonero na temporada, Ibrahimovic, seguia sumido em campo, deixando de ser o ponto de desequilíbrio para se tornar quase que um fardo.
Com a demora para a saída do gol, o Milan passou a atuar cada vez mais no ataque - ao passo que o Tottenham ficava cada vez mais recuado, investido apenas em rápidos contra-ataques. Com Merkel e Strasser entrando no final do jogo, Seedorf, até então principal jogador da equipe, passou a fazer papel semelhante a de um primeiro volante. As investidas, porém, terminavam em um ataque sem inspiração, com Robinho e Pato desperdiçando as chances criadas ou parando em belas intervenções de Gomes. O desespero, então, tomou conta dos rossoneri, sepultando de vez qualquer chance.
O Milan, agora, dá as mãos para a Roma e o Napoli, dando adeus à Europa e deixando toda a energia restante para o Campeonato Italiano. Melhor para a Internazionale, que hoje completou 108 anos e teve como presente a eliminação do maior rival e a honra de, novamente, ser o único time a representar a Itália em competições europeias - os nerazzurri ainda não disputaram a volta contra o Bayern de Munique e também se encontram em situação difícil. Um presente para metade de Milão, que faz a outra metade triste. Enquanto isso, a alegria dos londrinos foi apenas estendida: um dia após ver o grande rival Arsenal ser eliminado pelo Barcelona, os torcedores dos Tottenham puderam comemorar a classificação de seu time para as quartas de final na primeira vez em que os Spurs participam da Champions League.
Ficha do jogo:
Tottenham: Gomes, Corluka, Gallas, Dawson e Assou-Ekotto; Lennon, Sandro, Modric e Pienaar (Jenas); van der Vaart (Bale); Crouch (Pavlyuchenko).
Milan: Abbiati, Abate, Nesta, Thiago Silva e Jankulovski (Antonini); Flamini (Strasser), Seedorf e Boateng (Merkel); Robinho, Pato e Ibrahimovic.
Árbitro: Frank De Bleeckere
Cartões amarelos: Jankulovski, Flamini e Pato (Milan)
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