Alex Ferguson entrou em campo com uma escalação muito arriscada para o confronto contra o Arsenal na FA Cup. Afinal, um setor inteiro foi formado por Rafael, O’Shea, Gibson e Fábio, sendo que este quarteto não estava escalado na defesa e sim no meio campo. Com um time teoricamente priorizando a defesa, tudo poderia dar errado. Mas não foi bem assim.
Como de costume, o Arsenal teve um grande domínio territorial, pressionando mais e tendo maior posse de bola. Mas eram justamente as saídas de Rafael e Fábio, os laterais escalados no meio, uma das grandes válvulas de escape dos Red Devils, junto com Rooney. Os brasileiros jogavam pelos lados e volta e meia se deslocavam para a parte central do campo, como pode ser visto no gol do lateral-esquerdo de origem.
Foi esse time, com dois laterais de origem jogando mais a frente e uma defesa que mais parece uma fortaleza, que derrotou o Arsenal; é, inclusive, algo que pode ser repetido daqui para frente. E fica a dica: nunca duvide do Manchester United. Ele pode quase nunca brilhar e fornecer ao torcedor inúmeras partidas entediantes, mas Sir Alex Ferguson sabe como montar um time competitivo. Cheio de desfalques – tanto por contusões quanto por poupar jogadores para a Champions League – o ilustre escocês montou uma equipe que foi capaz de colocar os Gunners no bolso, se defendendo bem e saindo muito bem no contra-ataque, mesmo com peças que todos, a primeira vez, contestaram.
Duvidar, porém, é a atitude que muitos voltarão a ter com o Arsenal a partir de hoje. Tudo por causa da última quinzena, trágica para o clube. Se antes os londrinos estavam na disputa por quatro títulos, agora se veem restritos a apenas um. E sob a desconfiança de muita gente: afinal, a taxa de amarelão retornou.
Há, entretanto, outras conclusões a se tirar sobre as derrotas do Arsenal. Até porque isso já é um tema batido, mal empregado (amarelar, sentido bem mais forte, é diferente de dizer que o time tem problemas para dominar grandes decisões) e nem sempre correto. Por exemplo, o que aconteceu em Barcelona, de certa forma, foi algo normal – afinal, não há nada de errado em perder para os fantásticos espanhóis. O problema foi a maneira como os ingleses jogaram, discutível para um time que não sabe se defender tão bem – porém, não foi uma coisa absolutamente condenável.
Uma coisa que, por exemplo, muita gente não percebe é que, não só as últimas derrotas mas a temporada toda mostra quem há alguns jogadores do Arsenal em que não se pode mais confiar – principalmente grandes promessas que não conseguiram vingar. Diaby (que já chegou a ser considerado um novo Vieira), Clichy, Bendtner, Eboue e Rosicky estão cada vez mais numa descendente cruel. Denilson, depois de mostrar que poderia se tornar um ótimo volante, está indo pelo mesmo caminho, com uma queda de rendimento e uma simplicidade preocupante no seu jogo.
Atuações ruins desses jogadores volta e meia acabam pesando nas costas daqueles que vão bem, como Nasri, Wilshere, Van Persie e Fabregas, principais nomes do time. Mas quando as coisas apertam, nem sempre esses quatro e mais um grupo de jogadores úteis dão jeito. E é aí que vem a questão: Arsene Wenger precisa contratar melhor. É sabido que ele o Arsenal não tem o poderio financeiro de um Chelsea ou de um Manchester United, mas sempre sobra dinheiro para fazer pelo menos uma contratação decente.
Entra aí a questão de ter jogadores mais tarimbados. Wenger precisa mais de jogadores desse tipo. Formar times com jogadores jovens e técnicos é uma ótima ideia, mas também é bom ter alguém mais experiente, alguém que ao menos saiba comandar o time e se torne uma liderança por lá. Disso o Arsenal necessita e muito, e o seu técnico precisa pensar em opções desse porte.
Técnico que, aliás, não pode ser demitido de forma alguma. Pode-se ter algumas restrições à sua maneira de comandar o clube e à sua política de contratações, mas é inegável que ele capitaneou uma revolução no clube e tem méritos pela posição de respeito do Arsenal no cenário atual do futebol inglês. Perdê-lo de bobeira seria um erro sem tamanho.
Imagem: BBC
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