3 de janeiro de 2011

A carapuça serviu?

Mesmo tendo conseguido bons resultados nas últimas rodadas - um deles contra os Wolves de Mick McCarthy -, West Ham de Avram Grant não apresentou uma grande evolução em campo

Com apenas doze pontos conquistados em dezessete jogos, o West Ham, na metade de dezembro, encontrava-se na última posição. Diante desse quadro, surgiram boatos de que um ultimato havia sido dado ao técnico Avram Grant, cobrando do israelense bons resultados nos jogos contra Blackburn, Fulham e Everton – sendo que os dois primeiros seriam jogados fora de casa.

Coincidência ou não, os resultados apareceram depois do possível ultimato. Na sequência citada, os Hammers se saíram bem: empataram com o Blackburn em 1 a 1, derrotaram o Fulham em pleno Craven Cottage por 3 a 1 e empataram com o Everton também por 1 a 1 – um resultado notável, pois o West Ham havia jogado 48 horas antes, enquanto os Toffees estavam devidamente descansados. Depois disso, os londrinos sacramentaram sua reação ao derrotar o concorrente direto Wolverhampton por 2 a 0. A impressão que ficou é a de que o ultimato havia sido benéfico, dado os feitos consideráveis conquistados no fim de 2010/começo de 2011: quatros jogos sem perder, oito dos últimos doze pontos conquistados e fuga da zona do rebaixamento, posto do qual não havia saído desde o início da temporada.

Porém, os resultados, embora positivos, não significam que a equipe teve uma grande evolução nos últimos dias. Mais do que isso, aliás: encobertam graves problemas do West Ham de Avram Grant e até mesmo de Gianfranco Zola, técnico da temporada passada. A equipe continua cometendo graves erros defensivos; é excessivamente dependente de Scott Parker, meia que faz praticamente tudo na equipe e, sabe-se lá como, não é constantemente pretendido por times mais fortes; possui dificuldade para encontrar outros bons meias, principalmente pelos lados do campo; e não possui atacantes com um bom poder de finalização.

A verdade é que a boa sequência de resultados do West Ham veio muito por mais por aproveitar os erros dos adversários. Porém, isso não quer dizer que os Hammers passaram o tempo todo apostando nos erros dos rivais, e sim que falhas muitas vezes gritantes dos oponentes resultaram em gols dos londrinos. Tentos contra Everton e Wolves foram marcados através de jogadores do time oposto mandando a bola contra o próprio patrimônio, enquanto erros cruciais do Fulham consagraram Carlton Cole e Frederic Piquionne. Tentos que, aliás, em certos momentos saíram enquanto a equipe de Grant era dominada. Ou seja: de certa forma, os resultados positivos não vieram por tanto mérito dos Irons.

O jogo contra o Fulham, aliás, foi uma grande prova disso. Sem Parker, e consequentemente, sem criatividade e chegada ao ataque, os Hammers marcaram graças a falhas inacreditáveis dos adversários, que facilitaram a tarefa de Cole e Piquionne nos três gols ao praticamente entregarem a bola nos pés dos atacantes rivais já diante do goleiro Schwarzer. Já o tento marcado pelos Cottagers, que contou com grande participação da zaga dos visitantes, mostrou os defeitos da defesa de Grant, quando Aaron Hughes subiu sozinho e cabeceou para as redes enquanto a zaga assistia a tudo passivamente. Foi uma partida que, embora tenha ajudado o West Ham conquistar uma vitória importante fora de casa, continuou escancarando as suas recorrentes dificuldades e, de certa forma, diminuiu o brilho do seu feito.

De qualquer forma, alguns jogadores brilharam nesses últimos jogos – caso contrário, o West Ham não conseguiria bons resultados nem mesmo contando com vastos erros dos adversários. A atuação de um jogador merece ser destacada, talvez até mais do que a de Parker: Robert Green. O goleiro fadado a más lembranças da última Copa do Mundo literalmente fechou o gol nas últimas partidas, mais notadamente contra o Fulham e contra os Wolves, quando, mesmo em casa, os Hammers tiveram alguma dificuldade para se impor diante de um dos elencos mais enfraquecidos da Premier League. Grande parte da melhora do time até aqui se deve a ele. Outro jogador que merece ser citado é o jovem Freddie Sears, que foi chamado de volta do seu empréstimo do Scunthorpe para ganhar um lugar no time titular e inclusive marcar um gol contra os Wanderers.

Porém, isso é muito pouco se Faubert e Behrami continuam sem resolver o problema do lado direito, se Ilunga e Spector – a atípica atuação contra o Manchester United pela Carling Cup não conta – continuam falhando pelo lado esquerdo, se Barrera e Luis Boa Morte não levam ao time ao ataque pelo lado os campos e se Cole, Piquionne e Obinna desperdiçam milhares de chances em todos os jogos. Esses problemas já são duradouros – tanto que a espinha dorsal formada por Green, Upson e Parker já se mostrou insuficiente para colocar o time na metade da tabela.

É por isso que reforços são bem vindos. E a diretoria do West Ham, mesmo ainda convivendo com problemas financeiros, faz muito bem ao olhar com carinho para a janela de transferências, que acabou de ser aberta. Até agora, diz-se que os Hammers estão perto de contratar Steve Sidwell, meia do Aston Villa, e de conseguirem o empréstimo de Robbie Keane, atacante do Tottenham, e Wayne Bridge, lateral-esquerdo do Manchester City. Todos bons nomes e que adicionariam muito a áreas carentes do time – principalmente os dois últimos. Que continuem assim, porque o clube precisa.

Imagem: Zimbio

2 comentários:

Dantas disse...

Otimos nomes, tomara que de certo, Hammers rebaixados seria muito triste, para Keane é uma boa chance para jogar mas.

Leandrus disse...

O empréstimo certamente faria bem a Keane, Dantas. Além do mais, ele sobraria no ataque, e muito provavelmente seria uma das primeiras escolhas para a posição. Sem espaço nos Citizens, uma mudança para Londres também faria muito bem a Bridge.

Ateh!